por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 13 de fevereiro de 2011

A HISTÓRIA NÃO-OFICIAL - por Ulisses Germano


 Desenho de Ziraldo



 QUEM VESTIU A CARAPUÇA
NO SACI PERERÊ?


Eu vi Saci Pererê
Deixar o feijão queimar
E fazer um fuzuê
Pelo prazer de assustar

Sendo assim, fomos achados sem querer. Cabral não sabia que existiam terras na outra margem do oceano. Então as caravelas desviaram seu caminho das Índias e num borrifar do destino  e as naus cabralinas descobriram “terra a vista!”.  À vista também foi o escambo, as trocas de mercadorias. Na Carta de Pero Vaz de Caminha sobre o achamento do Brasil, está escrito este intrigante contato entre o índio brasileiro com semi-deuses do velho mundo e seus presentes exóticos:

“(...) E daqui mandou o capitão Nicolau Coelho e Bartolomeu Dias que fossem em terra e os deixassem ir com seu arco e setas, e isso depois que fez dar a cada um sua camisa nova, sua CARAPUÇA VERMELHA...”

Gostaria que o leitor prestasse um pouco mais de atenção em relação a palavra “Carapuça”. Segundo o pai dos burros mais famoso do Brasil, Dicionário Aurélio, carapuça é uma palavra de origem italiana que significa “barrete cônico”. Descascando o texto de Caminha descobriremos que o sinônimo de “barrete” é  “cobertura que se ajusta à cabeça e que ordinariamente é feita de tecido mole e flexível; gorro, gorra.” Conclui-se, obviamente, que um dos primeiros objetos presenteados pelos portugueses ao silvícolas foi um “barrete” vermelho, isto é , um gorro vermelho que mais adiante, segundo a imaginação de alguns estudiosos no assunto, iria pertencer ao lendário menino Saci Pererê. 
++++ +++++ ++++

Quem vestir a carapuça
Irá logo dar um salto
Fuçando o dedo na fuça
Do cidadão incauto
Pode parecer bisonho
Porque ninguém furta o sonho
No arroubo do assalto

(Do cordel -A História do Espinho que furou o olho de Lampião - Ulisses Germano)



4 comentários:

socorro moreira disse...

"Ninguém furta o sonho..."
Alguns dos nossos , "nem às paredes, confessamos"!
Susto e encanto !

Beleza, Mano!

Stela disse...

A história não oficial é sempre muito mais rica.

Mas, eu gostei muito desse descascamento da Carta de Caminha, sobre o barrete vermelho dado de presente aos índios.

A lenda conta que os poderes mágicos do Saci desaparecer são dados pelo gorro vermelho.
E o danadinho apronta todas. É mais um personagem maravilhoso das lendas brasileiras.

Eita, que deu uma vontade danada de voltar a ouvir e contar as histórias de Saci, Caipora, Cumadre Florzinha, Mãe d'Agua...

socorro moreira disse...

precisamos habilitar Bisaflor , no azul...
Eu preparo a canjica pra meninada (nós!) rs

bjs

Stela disse...

Acabei de postar, já trouxe nossa Bisaflor, que ama o Azul Sonhado.