por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 2 de maio de 2011

O fino da saudade – por socorro Moreira




Crato molhado
Azul nublado
Coração nostálgico

Procurei a farda,
Livros,cadernos,
Sombrinha e capa
Viajei pelas ruas
Até uma sala de aula

Tempos úmidos
Dias compridos
-Todo mundo jovem e vivo!

Fogareiro aceso
Carne na brasa
Baião enxuto, moreno
Quartos contínuos
Rádio ligado
Barulho de vassouras
Brilhante alumínio

Gemada
Cacho de banana prata
Terço em família
Vestido branco
Mês de maio –
- o mais comprido!


Emocionada
Vejo fotos do passado
Álbum das lembranças
Nós, aquelas crianças...
Hoje
com artrose e veias quebradas

Procurei “O diário de Ana Maria”
Na falta do próprio.
Fugiu das livrarias
Como fugiram as fotonovelas
Da Tipografia Cariri.

Quadra de futsal
Quarta e sábado
Nas noites de chuva ou estio.

Fardas na praça
Pingo do meio-dia
Patamar da igreja
- Passarela dos tímidos

Ficou feia a minha cidade
Envelheceu comigo ou
 morreu com os amigos?

A POESIA DE JOSÉ AUGUSTO SIEBRA

Maio mês das flores

Maio, mês de alegria,
Mês de encanto, mês das flores,
Mês consagrado a Maria
Mês de hinos e louvores.

Maio desponta sorrindo
Com seus lampejos suaves
Qual um pólio se abrindo
Por entre o festão das aves.

Desponto o sol no nascente
Ouvindo o cantar das fontes
Beijando as gotas nitentes
Procura o cume dos montes.

Linda toalha de neve
Se estende em cima da serra
E sopra a brisa tão leve
Dando mil beijos na terra.

O sol penetrando um raio
Na choça do camponês
Vai lhe avisando que Maio
Já chega por sua vez.

Este, ufano, se levanta,
Ao próprio peito abraçado
Mirando com glória tanta
A pompa do seu roçado.

A camponesa singela
Soltando ternas cantigas,
Passeia faceira e bela,
Por entre as louras espigas.

Da branca torre erguida,
O sino a bimbalhar
Convida todos da Ermida
À Mãe de Deus louvar.

Quando a noite vem chegando
Que vai se ocultando o dia,
Vão todos se ajoelhando
Para louvar a Maria.

Lindas grinaldas de flores
Tecidas pelos fieis
Com os mais sublimes louvores
Colocadas aos seus pés.

O céu de maio é um manto
Todo bordado de estrelas
Que o mundo cheio de espanto
Nunca se cansa de vê-las.

Quando abril vai morrendo
Num meigo e terno desmaio
Vai todo o céu se movendo
Ao lindo aceno de maio.

Nasce o sol por entre os montes
Cobre-se a terra de neve
E ao sussurro das fontes
Maio desponta de leve.

Com maio nascem mil flores
Pingando gotas de orvalho
E a brisa cantando amores
Cicia no verde galho.

Um véu de neve e encanto
Engrinalda a serrania
E os passarinhos num canto
Desprendem santa harmonia.

Gotas de orvalho na relva
Forma um manto de cristal
E o perfume da selva
Vai se estendendo no val.

Colaboração de Norma hauer


CANÇÃO DO TRABALHADOR
Autor Ary Kerner Veiga de Castro
Gravação de Carlos Galhardo

Somos a voz do progresso
E do Brasil a esperança
Os nossos braços de ferro
Dão-lhe grandeza e pujança
Seja na terra fecunda,
Seja no céu ou no mar
Sempre estaremos presentes
Tendo na Pátria o olhar.

Trabalhador, Incansável e febril
O teu fervor
Exalta o Brasil
Trabalhador
Expressão verdadeira
Do lema altivo
Da nossa bandeira.

Esta canção foi lançada no dia 1° de maio de 1940, no campo do Vasco da Gama, onde o então Presidente Vargas fazia seus discursos em todos os primeiro de maio.

Demagógicos ou não, o povão adorava.
Os tempos eram outros.

EU ERA FELIZ E NÃO SABIA - Por Norma Hauer


ATAULFO ALVES


Ele nasceu em Mirai, pequena cidade no interior de Minas que se tornou grande quando ele veio ao mundo no dia 2 de maio de 1909.
Há 102 anos!
Seu nome Ataulfo Alves de Souza ou simplesmente ATAULFO ALVES.

Desde cedo interessou-se pela música, acompanhando seu pai, sanfoneiro, violeiro e repentista, conhecido na região onde trabalhava em um fazenda.
Aos dez anos perdeu o pai, a família teve de deixar a fazenda e sua mãe passou a exercer algumas profissões modestas, até que o próprio Ataulfo teve de trabalhar, ao mesmo tempo em que estudava no colégio local e, dentre seus companheiros, sobressaía por gostar de música e cantar as modinhas mineiras de sua época, cujas letras decorava ou inventava outras para as melodias conhecidas.

Por volta de 1927, já com 18 anos, veio para o Rio convidado por um médico local, que viria montar seu consultório aqui.
Já demonstrando uma elegância que o acompanharia por toda a vida, fez questão de vir para cá, ostentando um terno novo feito por sua mãe.

Mas não durou muito no emprego, uma vez que, além de trabalhar no consultório ainda fazia serviços domésticos e não nascera para isso.

Passou a morar sozinho, enquanto trabalhou como caixeiro no lugar certo: uma loja no Estácio. Não poderia parar em um lugar melhor para um futuro sambista.
Vendo os “bambas” do local, estudou bandolim e cavaquinho, ao mesmo tempo em que passara a trabalhar em uma farmácia na Rua São José, melhorou financeiramente, casou-se e continuou residindo nas redondezas.
Já existia a considerada primeira escola de samba, a “Deixa Falar”. Assim, Ataulfo e um grupo de amigos criou outra com o nome de “Fale quem Quiser”, que não conseguiu “emplacar”, mas que lhe abriu as portas do samba. Pronto, estava aberto o caminho para o compositor ATAULFO ALVES.

Compôs seus primeiros sambas e concorreu com um de nome “Tempo Perdido”a um concurso de carnaval promovido pelo Diário Carioca, ao qual vários compositores já conhecidos concorreram, como Lamartine Babo, mas foi ganho por Milton Amaral, que não era sambista.
A Ataulfo, o que interessava era entrar no meio, compor, e gravar.e isso ele conheceu quando foi apresentado ao então famoso Almirante (a maior patente do rádio) que o levou a Mr. Evans, responsável pela gravadora Victor. Assim Almirante, dentre outros sambas apresentados por Ataulfo, escolheu um de nome “Sexta-Feira”, que na realidade era uma macumba.
Abertas as portas das gravações, Ataulfo viu seu samba “Tempo Perdido”, ser gravado por Carmen Miranda, que já fizera sucesso com “Tai”, de Joubert de Carvalho.
O próprio Ataulfo, em uma entrevista declarou que o “samba não fez sucesso, mas lhe abiu as portas” e isso é o que ele desejava.
Pouco depois, teve três sambas gravados por Carlos Galhardo:”Sonho”, “Tenho Prazer”, (este recebera anteriormente o nome de “Já Fui Malandro”) e “Não Posso Crer”.Tudo em 1933, embora só fossem lançados em 1936.

Mas foi o samba “Saudade de Meu Barracão”, gravado por um cantor que pouco gravou: Floriano Belham, que de fato abriu a Ataulfo as portas do sucesso. Esse samba teve uma resposta, do próprio Ataulfo, que recebeu o nome de ” Morena Faceira”, gravado por Carlos Galhardo, na Odeon em 1936.
Nesse mesmo ano, Ataulfo compôs, com Aldo Cabral, uma valsa “A Você”, também gravada por Carlos Galhardo. Um sambista compondo valsas? Sim, para Carlos Galhardo ele compôs com Arlindo Marques Júnior, outra valsa:”Apartamento Indiscreto”, gravada na face B do disco de “Morena Faceira”.
Mas o nome de Ataulfo brilhou como cantor quando gravou o famoso samba “Ai, que Saudades da Amélia”, composto a partir de versos de Mário Lago que Ataulfo modificou sem autorização de Mário, este ficou aborrecido e passou todos os direitos a Ataulfo. “Amélia” como ficou conhecido através dos tempos, foi sucesso no carnaval de 1942

A partir daí, Ataulfo gravou vários sambas com “ suas pastoras”, tornando-se cantor famoso, ao lado de ser um compositor de vários sucessos.
Vieram “Atire a Primeira Pedra”;”Leva meu Samba”; “Pois É”;”Mulata Assanhada”;.”Rei Vagabundo”!; “Meu Pranto Ninguém Vê”; “O Bonde de São Januário”;”Boêmio Sofre Mais”; “O Amor é Mais Amor depois da Separação”;”Reminiscência”; “Errei”;”Trovador Não tem Data” (este gravado em dupla por Carlos Galhardo e Aurora Miranda); “Oh, Seu Oscar”, “Cuidado com Essa Mulher” e centenas de outros, a maioria sucesso.

Quero aqui destacar “Meus Tempos de Criança”,dedicado a sua cidade Mirai, que termina com esta frase simples, que diz tudo:
“Eu era feliz e não sabia”

Em abril de 1969 Ataulfo Alves foi submetido a uma operação cirúrgica, não resistiu e faleceu no dia 20 desse mês, sem completar 60 anos, visto que faleceu em seu “inferno zodiacal” pois nascera no dia 2 de maio de 1909. 

Norma

Pensamentos de Paulo Freire


Conhecer é tarefa de sujeitos, não de objetos. E é como sujeito e somente enquanto sujeito, que o homem pode realmente conhecer.
Paulo freire


Gosto de ser gente porque, inacabado, sei que sou um ser condicionado mas, consciente do inacabamento, sei que posso ir mais além dele. Está é a diferença profunda entre o ser condicionado e o ser determinado.
Paulo freire


"A Educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tão poucoa sociedade muda"
Paulo Freire

"O amor é uma intercomunicação íntima de duas consciências que se respeitam. Cada um tem o outro como sujeito de seu amor. Não se trata de apropriar-se do outro.”
Paulo Freire

“Para a concepção crítica, o analfabetismo nem é uma ‘chaga’, nem uma ‘erva daninha’ a ser erradicada (...), mas uma das expressões concretas de uma realidade social injusta.”
(Ação Cultural para a Liberdade, 1976)
Paulo Freire

“Desrespeitando os fracos, enganando os incautos, ofendendo a vida, explorando os outros, discriminando o índio, o negro, a mulher, não estarei ajudando meus filhos a ser sérios, justos e amorosos da vida e dos outros.”
(Pedagogia da Indignação, 2000.)
Paulo Freire

"Se a nossa opção é progressiva, se estamos a favor da vida e não da morte, da equidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente
e não de sua negação, não temos outro caminho se não viver a nossa opção.
Encarná-la, diminuindo, assim, a distância entre o que dizemos e o que fazemos"
Paulo Freire

Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante!
Paulo Freire

A Educação qualquer que seja ela, é sempre uma teoria do conhecimento posta em prática.
Paulo Freire

Os opressores, falsamente generosos, tem necessidade para que a sua "generosidade" continue tendo oportunidade de realizar-se, da permanencia da injustiça.
Paulo Freire

novalis / os hinos à noite

 
 
4

Sei agora quando será a manhã derradeira - quando a luz não afugentar mais a noite e o Amor – quando o sono for eterno e um sonho só inesgotável. Sinto em mim uma fadiga celeste – Longa e penosa foi a minha peregrinação ao Sepulcro Santo, opressiva a minha Cruz. A onda de Cristal, imperceptível aos vulgares sentidos, que jorra no seio obscuro do montículo de cujo sopé o terrestre caudal irrompe, quem dela alguma vez provou, quem esteve no cume das montanhas que delimitam o mundo e olhou para Além, para a nova terra, a morada da Noite – em verdade, esse não regressará jamais aos trabalhos deste mundo, à terra onde a Luz habita em eterna agitação.
Esse é o que levantará no alto as tendas da Paz, o que sente a ânsia e o amor e que olha para Além até que a hora entre todas bendita o faça descer ao imo da nascente – por cima, flutua o que é eterno, reflui ao sabor de tormentas; mas tudo aquilo que o contacto do amor santificou escorre dissolvido, por ocultas vias, para a região do Além e aí se mistura, como os aromas, com os seres amados para sempre adormecidos.
(…)


novalis
os hinos à noite
tradução de fiama hasse pais brandão
assírio & alvim
1998

Ataulfo Alves



Ataulfo Alves de Souza (Miraí, 2 de maio de 1909 — Rio de Janeiro, 20 de abril de 1969 foi um compositor e cantor de samba brasileiro, um dos sete filhos de um violeiro, acordeonista e repentista da Zona da Mata chamado "Capitão" Severino.

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Novalis



Georg Philipp Friedrich von Hardenberg (Schloss Oberwiederstedt, Wiederstedt, Harz, 2 de Maio de 1772 — Weißenfels, 25 de Março de 1801), Freiherr (barão) von Hardenberg, mais conhecido pelo pseudónimo Novalis, foi um dos mais importantes representantes do primeiro romantismo alemão de finais do século XVIII e o criador da flor azul, um dos símbolos mais duráveis do movimento romântico.

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Antônio Nóbrega



Antonio Carlos Nóbrega (Recife, 2 de maio de 1952) é um artista e músico brasileiro.

Filho de médico, estudou no Colégio Marista do Recife. Aos 12 anos ingressou na Escola de Belas Artes do Recife. Foi aluno do violinista catalão Luís Soler e estudou canto lírico com Arlinda Rocha.

Com sua formação clássica, começou sua carreira na Orquestra de Câmara da Paraíba em João Pessoa, onde atuou até o final dos anos 60. Na mesma época participava da Orquestra Sinfônica do Recife, onde fazia também apresentações como solista.

Como contraponto à sua formação erudita, Antonio Nóbrega participava de um conjunto de música popular com suas irmãs. "Só que a música popular que eu compunha e tocava era a das rádios e da televisão: Beatles, Jovem Guarda, a nascente MPB, Caetano Veloso, Edu Lobo".

Em 1971 Ariano Suassuna procurava um violinista para formar o Quinteto Armorial e, após ver Antônio Nóbrega tocando um concerto de Bach, lhe fez o convite que mudaria completamente sua carreira musical.

Antônio Nóbrega, que até essa ocasião tinha pouco conhecimento da cultura popular, passou a manter contato intenso com todas suas expressões como os brincantes de caboclinho, de cavalo-marinho e tantos outros, que passou a conhecer e pesquisar.

Nóbrega revelou-se um fenômeno, ao conseguir unir a arte popular com a sofisticação. É, literalmente, um homem dos sete instrumentos, capaz de cantar, dançar, tocar bateria, rabeca, violão etc. Realizou espetáculos memoráveis em teatros do Rio de Janeiro e de São Paulo, com destaques para Figural (1990) e Brincante (1992). Figural é um espetáculo em que Nóbrega, sozinho no palco, muda de roupa e de máscaras para fazer uma das mais ricas demonstrações da cultura popular brasileira e mundial.

Terminou em 12 de novembro de 2006 a temporada paulistana do espetáculo 9 de Frevereiro, e, em seguida, iniciou a temporada carioca. Este espetáculo, cujo nome é uma alusão ao carnaval pernambucano e um trocadilho com frevo, explora várias formas de se tocar frevo: com uma orquestra de sopro, com um regional, com violino e percussão etc. Também há várias das formas de se dançar frevo: com apenas um dançarino (Nóbrega) em passos estilizados de dança moderna, com vários dançarinos em passos de frevo, com e sem sombrinha e até o público todo, em ciranda de frevo. Como não poderia faltar em um espetáculo enciclopédico sobre o frevo, há pelo menos dois momentos didáticos: em um a orquestra explica várias modalidades e costumes do frevo, e Antonio Nóbrega ensina uma pessoa da platéia a dançar frevo (fazer o passo).

Nóbrega é praticamente desconhecido na televisão do Brasil. Apesar disso, seus espetáculos são extremamente concorridos.

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Leonardo da Vinci



Leonardo da Vinci ( Vinci, 15 de abril de 1452 – Amboise, 2 de maio de 1519) foi um polímata italiano, uma das figuras mais importantes do Alto Renascimento, que se destacou como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico. É ainda conhecido como o precursor da aviação e da balística. Leonardo frequentemente foi descrito como o arquétipo do homem do Renascimento, alguém cuja curiosidade insaciável era igualada apenas pela sua capacidade de invenção. É considerado um dos maiores pintores de todos os tempos e como possivelmente a pessoa dotada de talentos mais diversos a ter vivido. Segundo a historiadora de arte Helen Gardner, a profundidade e o alcance de seus interesses não tiveram precedentes e sua mente e personalidade parecem sobre-humanos para nós, e o homem em si [nos parece] misterioso e distante.

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Zé Trindade



Zé Trindade, pseudônimo de Milton da Silva Bittencourt (Salvador, 18 de abril de 1915 — Rio de Janeiro, 2 de maio de 1990) foi um ator, músico e poeta brasileiro, grande comediante de rádio, teatro, cinema e TV. Ficou famoso por jargões como "Mulheres, Cheguei!" e "Meu Negócio é Mulher".

Paulo Freire



Paulo Reglus Neves Freire (Recife, 19 de setembro de 1921 — São Paulo, 2 de maio de 1997) foi um educador e filósofo brasileiro. Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência. Autor de “Pedagogia do Oprimido”, um método de alfabetização dialético, se diferenciou do "vanguardismo" dos intelectuais de esquerda tradicionais e sempre defendeu o diálogo com as pessoas simples, não só como método, mas como um modo de ser realmente democrático. É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica.

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Augusto Boal



Augusto Pinto Boal (Rio de Janeiro, 16 de março de 1931 — Rio de Janeiro, 2 de maio de 2009) foi diretor de teatro, dramaturgo e ensaísta brasileiro, uma das grandes figuras do teatro contemporâneo internacional. Fundador do Teatro do Oprimido, que alia o teatro à ação social, suas técnicas e práticas difundiram-se pelo mundo, notadamente nas três últimas décadas do século XX, sendo largamente empregadas não só por aqueles que entendem o teatro como instrumento de emancipação política mas também nas áreas de educação, saúde mental e no sistema prisional.

Nas palavras de Boal:

O Teatro do Oprimido é o teatro no sentido mais arcaico do termo. Todos os seres humanos são atores - porque atuam - e espectadores - porque observam. Somos todos 'espect-atores'. 

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domingo, 1 de maio de 2011

Anahí







Anahí

Composição : Osvaldo Sosa Cordero / Vrs. José Fortuna

Anahí
As harpas sentidas soluçam harpejos
Que são para ti
Anahí
Seus acordes lembram a imensa bravura
Da raça Tupi
Anahí
Índia, flor agreste
Da voz tão suave como o aguahí
Anahí, Anahí
Seu vulto nos campos destaca entre as flores
Pela cor rubi

Defendendo altiva, sua valente tribo,
Foste prisioneira
Condenada à morte, já estava seu corpo
Envolto à fogueira
E enquanto as chamas
O estavam queimando
Numa flor tão linda se foi transformando
Os seus inimigos fugiram dali
E as aves ficaram
Cantando o milagre da flor de Anahí.

CANÇÃO DISTRAIDA - por Ulisses Germano


CANÇÃO DISTRAÍDA 
(Ulisses Germano)

Pra morrer basta estar vivo
Pra viver basta entender
Não importa o motivo
O viver não quer saber

Se estou triste ou alegre
Não interessa a seu ninguém
Já chorei, já tive febre
Mas agora já estou bem

Olhe a vida é assim mesmo
Cada um dá o que tem
Tem alguns vivendo a esmo
Outros passando tão bem
Toda causa tem um efeito
Todo efeito tem uma causa
Quando a coisa não tem jeito
O melhor mesmo é a pausa

E deixar que o tempo leve
A ação desta inação
Num contraste que enleve
E distraia esta canção
Ulisses Germano
Crato - dia do trabai

LEMBRANDO O MÊS DE MAIO - Por Altina Maria Siebra Paes Barreto




Mais do que ser considerado o mês das noivas, maio , para mim, representa lembranças agradáveis e inesquecíveis.

Nascida e criada numa família católica participava, nos anos sessenta, das atividades da paróquia e aprendi, desde cedo, principalmente na Cruzadinha, movimento, que, após a Primeira Comunhão, dava continuidade a nossa formação religiosa, sob a orientação do Pe. Onofre, a acompanhar todas as solenidades em homenagem à Mãe de Deus, representada pela imagem de Nossa Senhora de Fátima.

Nosso vigário, o Monsenhor Rubens, com as várias associações religiosas, sobretudo a família Cabral, organizava uma bonita festa. Diariamente, missas e novenas eram celebradas na Sé Catedral neste período Mariano. Várias imagens da Virgem Maria eram levadas para passar um dia em casa de uma família, acontecimento que nos dava a sensação de paz, de bênçãos recebidas, um verdadeiro privilégio, para quem recebia a Sua visita. Encerravam-se as homenagens, com uma enorme procissão, no último dia do mês, pelas ruas centrais da cidade, acompanhadas com orações e cantos, por milhares de religiosos fervorosos. Aquelas duas longas filas paralelas, formadas por Filhas de Maria, Filhas do Coração de Jesus, Irmãos do Santíssimo, pela própria Cruzadinha, por representantes dos diversos colégios e grupos escolares do município, pelos seminaristas, que desciam do bairro do seminário, nos dias de festas religiosas, enfim, o ritual, a banda de Seu Azul, o lindo andor,onde se colocava a santa, tudo causava uma emoção indescritível. O ponto culminante era a coroação de Nossa Senhora, realizada por uma criança ou adolescente escolhida, entre tantas que, vestidas de anjo, pareciam pertencer ao mundo celestial. Fui uma dessas eleitas. O altar construído entre os dois conjuntos de colunas da Praça da Sé, alcançando o topo dessas colunas, era uma verdadeira obra de arte das irmãs: Divane, Bernadete, Lúcia, Sara e Cléa Cabral, aprimorada a cada ano. Nele se dispunham as crianças menores. As meninas maiores eram colocadas em cima de cada coluna com uma corneta, como se estivesse emitindo o som, ao ser tocado o canto da Coroação. Os sinos da igreja badalando, os fogos de artifícios brilhando no céu, ocasionavam um sentimento de êxtase e alegria, um deslumbramento total. Operava-se um milagre. Saíamos dali com o espírito leve e o coração transbordando de paz e felicidade. O mais importante era a fé que tínhamos, a religiosidade aflorada, transmitida, sobretudo, pelo exemplo familiar.

Paralelamente, às festividades da igreja, em casa, tínhamos um outro compromisso religioso a cumprir. Todo maio, mamãe construía uma pequeno altar com 31 degraus, representando cada dia do mês, com Nossa Senhora, no alto. Na sua base era colocado um carneiro, noutro ano, um pombo, confeccionados com papel ou lã, por ela, com o nome de cada um dos filhos. Dependendo do nosso comportamento diário, íamos escalando aqueles degraus até chegar ao seu topo. Era interessante como procurávamos agir direitinho, sem arengas ou brigas, para termos a alegria de chegar, no alto... Mas claro, havia uma trela, vez ou outra, e os animaizinhos não saiam do lugar. Muitas vezes, os irmãos, que estavam para trás, quando chegava a noite e todos dormiam, iam lá no altar e faziam subir o que estava com seu nome. Mamãe estava sempre vigilante, via a sabedoria dos meninos e os colocava, novamente, no devido lugar. Todas as noites, rezávamos o terço e a ladainha em homenagem à N. Senhora. Às vezes, os meninos escapuliam para a praça, na hora das orações. É muito prazeroso lembrar esses fatos!!! 

Não sei se, atualmente faz, essas lindas celebrações continuam e se ainda causam tais sentimentos a quem os vivencia, hoje. Penso quanto o desenvolvimento tecnológico, a educação atual (ou deseducação), os meios de comunicação, têm ou não, contribuído para aproximar ou afastar as pessoas de um enriquecimento espiritual. Com os estímulos a que somos submetidas (os) ou provocadas (os)os  a darmos prioridade ao  ter e não, ao ser, inevitavelmente, chegamos a uma crise de valores,que nos perder o sentido da vida, deixando-nos sem objetivos claros, definidos e, consequentemente, nos afastando de alcançarmos: Uma Vida Plena, Feliz!

Amiga,
minhas lembranças para os amigos do Azul Sonhado.
Abraços!
 Tininha

Tanto entulho na cabeleira de Anahi - José do Vale Pinheiro Feitosa

Anahi acordou com a longa e negra cabeleira carregada de britadeiras que arruínam as comunicações. São tantas as partes britadas que Anahi resolveu ir à beira do riacho de águas transparentes que corre no fundo do seu quintal. Baixou a cabeça em direção às águas e sua cabeleira flutuou dançando com a correnteza, soltando uma a uma as britas das comunicações.

Agarradas aos pés de junco que margeiam o riacho ficaram as britas das broas de vento das tardes silenciosas de sonhos vazios. De um romantismo de arrabalde do tempo, com uma flor dessecada a marcar suas páginas e um perfume que lembra o que foi, pois hoje foi tomado pelo centro dos odores bolorentos. Um príncipe encantado, uma plebéia desencantada, uma cena de telenovela com carruagem e tudo para um país falido que ninguém sabe quem é quem.

Junto à lama podre de uma margem usada pelos transeuntes para aliviar seus intestinos ficaram as britas dos assassinos encomendados. Mesmo que matem o filho e os netos de um ditador, são do mesmo modo, assassinos de aluguel. Pagos para atirar no vigia dos poços de Petróleo em que tanta cobiça é despertada pela Otan.

A cabeleira de Anahi foi lavada da sujeira do mistério, aquele que se desmaterializou em pleno ar. Afinal a caixa preta do avião da Air France foi achada. Sob o peso esmagador das águas do mar. Agora tudo se revelará. A aviação continuará fazendo vítimas e nem a indústria de aviação e nem a aeronáutica deixará de matar. O mistério é este: avião mata. Sem culpados.

Não se entendeu como. Despregou-se do couro cabeludo de Anahi uma grande mancha. Uma enorme mancha a turvar quase todo o riacho. Mas bastava tocar na mancha e a parte tocada desapareceria. Assim como as grandes lutas do primeiro de maio, a revolta dos operários contra a mais valia. Que mais vale ainda.

No final do banho piloso quase mais nada restava nos cabelos negros que agora brilhavam ao perderem o turvo mundo das comunicações. Foi aí que as caspas do tempo que da cabeça se despregam, se espalharam na água. Era toda a cultura do medo, aquela assombração permanente que deixam cada nervo das pessoas em frangalhos. Aquela mesma assombração que promete um doente metal a metralhar todas as crianças e, impune, suicidar-se.

Anahi: as harpas sentidas solução ardente que são para ti. Teus acordes lembram a imensa bravura da raça tupi. Índia flor agreste da voz tão suave como o Aguaí.

INTERROGAR A NOITE - Barbosa Tavares





Noite. Espaço predilecto para a magna interrogação sobre a vida. Silêncio absoluto, apenas ferido por esta obsidiante questionação. Noite. Desejaria saber-me para além do naco de tempo que me coube na partilha do mistério de viver.

Não basta esta exígua serenidade, intercalada no sobressalto de nada saber, para além do sangue que crepita nas veias, nesta sede de infinito que extravasa as fronteiras da terra.

Ouso descer nas labirínticas fendas da condição humana, em busca da razão, neste sopro concedida , cuja consciência envolve numa angústia crescente.

Duvidar. Acreditar. Invocar Deus para aliviar este manto de cinza que envolve a agonia dos dias, alucinadamente esquivos, rumo ao olvido. Eis o tempo a escorrer esguio e célere por entre os dedos doridos da alma.Um homem sujeito passivo enovelado nas malhas da sua finitude, para se dar conta que, nada afinal decretou para o tempo de seus dias.

Nada tenho para represar as horas, senão um gesto de gratidão à vida pelo espectáculo do mundo, nem sempre magnificamente belo.

O tempo esvaído, esculpe na alma o sentir nítido da brevidade dos dias exauridos. Nada sei sobre as regiões do além-tempo, onde pressinto que um fio de luz abriga a consciência , vogando por entre uma sinfonia de estrelas e cânticos de anjos em tenura azul acetinados.

De que dispomos para contrapor ao inexorável fluxo temporal? Quem nos inculcou esta noção dilacerante da nossa brevidade ?

Deus não pode ter inventado um ser para lhe inculcar a angústia da finitude, sem lhe conceder menos que a verdade da esperança. Aspiramos a eternidade porque em nós deve coexistir uma partícula de infinito que aspira prevalecer para além das veredas deste pere-cível tempo.

Testemunhamos os intransponíveis mistérios da vida, mas nenhuma revelação será concedida senão pela crença. Um Deus cruel não seria o meu Deus e, no entanto, que explicação tenho eu para as dores da alma que, as do corpo já nem sequer amedrontam?

Seja Deus a superação do nosso receio de perecer, a âncora dos nosos temores, neste brevissimo lampejo de vida em que nos afadigamos com mil inutilidades.

Soubesse eu nada desejar, tal como os deuses. Contemplar a ribeira que canta na pedra o doce enlevo de ser água, fruir a cantata do vento no ciciar da ramagem, colher na noite estrelada um luzeiro onde a alma se abrigasse pacificada no firmamento.

Nem todos os néctares do possível amor na terra apaziguam a inapagável sede que avassala a alma , conquanto seja no amor que roçamos a sublimidade Divina.

Talvez !.. Sumo de estrela, servido em taça de luar, apaziguasse a alma sedenta. Talvez, uma voz que me segredasse outros sóis para além da cortina que um dia há-de encerrar a luz abrigada nuns olhos mortiços, sossobrados perante tantos insondáveis.

Para sermos veramente perenes no espírito, carecemos do infinito que não temos senão na crença.

Que a vida é um inexpugnável mistério, todos o sabemos de sobejo e poucos se fadigam em decifrá-la. Que este sopro que nos anima aspire a ser eterno, eis a sede que nos assemelha a um Deus, eis o mistério dos mistérios, nesta noite em que esperançoso me interrogo.

Barbosa Tavares

Brampton, Ont.,Canada


QUE EU SEJA ..- Por Rosa Guerrera




Que eu seja assim criança tresloucada
Poeta , sonhadora , sem muitas fantasias
Sem o brilho falso da vaidade
Retrato nítido , as vezes rebeldia .!

Que eu faça versos nus , sem a roupagem
Dos retoques inúteis das entrelinhas
Que minha voz fale até bobagens
Mas que possua traços de energia .

Que eu escale montes de paixões
Me banhe em orgasmos de ternura
Que viva a luxúria dos amantes
Ou me afogue na hora do desejo
Porém que seja autêntica quando ame
Nem me envergonhe nunca qualquer beijo.

Que saiba suportar todo sofrer
Que seja avessa as regras do pudor
Mas seja sobremodo essa mulher
Que sabe amar o amor só pelo amor ...

 (rosa guerrera)



MUITO PRAZER, TERCEIRA IDADE. João Marni de Figueiredo



Precisamos refazer a idéia de que estamos tão somente a caminho do fim, num processo inexorável de deterioração. Por que necessariamente agora, com cabelos brancos e experiência, está o idoso em declínio e não em transformação, - como tudo na vida? Onde é próprio da senilidade, mora o encanto. É imperativo para a felicidade dos que alcançam este degrau, que viajem com a vida, tal e qual fruto maduro que cai, apenas transferindo sua energia para outra estrutura; como a água do jarro jogada no riacho: não tem mais a forma do jarro, fazendo parte agora do riacho, pois somos águas correntes, inquietas. Não é o começo do fim, mas a busca por novos oceanos... A vida se encerra quando finda a juventude? Por falar nisso, quando é mesmo que ela, a juventude, acaba? Um amigo confessou-me que não foi a percepção da perda da elasticidade da pele, nem os cabelos brancos e escassos, mas a dor que sentiu quando, em um certo dia, sentou em cima de suas próprias bolas! Disse-me também que há vantagens de ordem prática chegar-se à velhice: podemos competentemente, com as mãos trêmulas, espalhar canela em canjica, andar nos coletivos sem ter que pagar e, vez por outra, engolir um “azulzinho” e torcer pelo resultado. Não precisamos mais temer a vastidão do futuro. O idoso encontra-se naquela fase em que os homens, naturalmente, afastam-se do culto ao corpo, e aproximam-se da filosofia, condição muito mais exuberante! Seria sábio e interessante não interferirmos na obra escultural, dinâmica e natural que é o corpo humano, de onde somos inquilinos. Para que cirurgia plástica “embelezadora”? Quer ser sua própria ficção, desconhecendo-se? O corpo paulatinamente perde a agilidade e a força, a expressão corporal muda do pulo do gato para o compasso lento e sereno. A visão diminui a acuidade, avisando que não se precisa mais ir à caça, mas ficar mais próximo da família. A audição também não é mais acurada, um prêmio para que não se ouçam mais tantas coisas vãs. Ter ótima memória apenas para fatos do passado distante, provavelmente serve para que se tenha melhor capacidade de reflexão da vida, sendo motivo de grande alegria poder rememorá-la quando não machucamos deliberadamente as pessoas com as quais nos relacionamos. Se a elas provocamos sofrimento, as lembranças são o preparo para o pedido de perdão. Recomenda-se que em conversa com ele (o idoso), puxemos por assuntos históricos, fatos de há muito tempo, onde sua memória encontra-se intacta e pode fazê-lo fluente. A libido diminui, afinal para que reproduzir agora, se não dá para acompanhar o desenvolvimento do rebento? E quão patético é querer a performance dos vinte anos! Fica-se mais seletivo, a energia é usada com parcimônia e melhor distribuída em atividades também prazerosas e sociáveis, como ler, curtir os amigos, a natureza, a companheira, voltar a brincar fazendo a alegria dos netos, para os quais pode-se confeccionar antigos brinquedos Embora aparente fragilidade lá adiante, o ser humano se aborrece mais facilmente e é capaz de fazer valer suas vontades, bastando que lhe faltem com o respeito ou não compreendam sua rotina com seus objetos em seu cantinho predileto. Nesta fase gosta de segurar a mão da amada e dizer-lhe tudo, quase sem falar nada. Se por coisas do destino tiver que ir para longe do convívio familiar, num abrigo, é bom que se diga que o experiente não é frágil como um cristal, nem se acaba aos cacos, mas não dispensa o polimento e que não se deve jogá-lo ao chão! Está apenas mais próximo de devolver sua "vestimenta", pois permitiu-lhe Deus que a usasse até o rompimento das malhas, abrigando um espírito, este sim, do interesse divino. É lamentável que um ser tão doce seja tratado de forma ingrata e desrespeitosa, num Brasil para poucos, com uma aposentadoria irrisória ter que enfrentar filas enormes na madrugada em busca de uma assistência médica caótica, ter que suplementar a renda trabalhando, quando os pés já não lhe obedecem mais e, pior, sem emprego para os seus descendentes, vê-los beliscar seus parcos ganhos, num estímulo à preguiça e à exploração. Este ser deveria chegar ao pódium da vida vivendo-a plenamente e não apenas suportando-a, mas elaborando-a sempre, com alegria.

Bolo Luiz Felipe


Massa:
10 ovos( sendo apenas 4 claras)
1 xícara de leite de coco
1/2 xícara de queijo parmesão ralado
1 xícara de farinha de trigo
200 gr  de manteiga.
Uma pitada de sal

Calda:
600 gr  de açúcar
1  xícara de água.

Preparo1. Numa panela grande, faça uma calda em ponto de fio com o açúcar e a água. Deixe uma colher de pau dentro da panela para a calda não derramar quando ferver. Não mexa com a colher após pôr no fogo. Movimente sempre a panela de um lado para o outro para ajudar a derreter o açúcar das bordas. Quando ferver, baixe o fogo. Passe na chama as bordas da panela para ajudar a derreter o açúcar que aí se acumula. Deixe ferver 6 minutos para obter o ponto de fio. Apague o fogo. Acrescente a manteiga e o sal; deixe esfriar totalmente para não cozinhar os ovos. RESERVE.
2. Enquanto espera a calda esfriar: separe 4 claras e coloque na tigela da batedeira. Separe 10 gemas e ponha noutra tigela. RESERVE.
3. Enquanto espera a calda esfriar: rale o queijo. RESERVE.
4. Quando a calda estiver fria, acenda o forno a 200.
5. Unte com manteiga e polvilhe com farinha de trigo uma forma de anel de 24x7cm.
6. Na batedeira, bata as claras em neve e adicione uma a uma as gemas. Bata até incorporá-las. Acrescente-as à calda e misture bem. Adicione a farinha de trigo aos poucos, sempre mexendo. Raspe com a colher de pau o fundo da panela, para remover o açúcar que fica pregado. Adicione o leite de coco. Por fim, ponha o queijo ralado e misture bem.

Seu Tito e Amanda - por José do Vale Pinheiro Feitosa



Todos os porteiros, faxineiros e vigias noturnos - as pessoas mais permanentes do trecho da Constante Ramos, perto do Morro dos Cabritos, em Copacabana, - os conhecia. Ele e sua cadela Amanda. Seu Tito e Amanda.

Nós, os transeuntes costumeiros, também conheciam os dois. Amanda era Dálmata, elegante, tinha um porte destacado entre todos, mas um olhar com que os sofredores tomam conhecimento do mundo imediatamente à sua volta. Ela era epiléptica e por isso mesmo os cuidados especiais de Seu Tito.

Ele descia para passear com ela, com frequência se deixava ficar no trecho do final da rua, sem saída, apenas com carros estacionados. Entre uma e outra brecha, passava com Amanda pela coleira, com toda a paciência do universo. Tão atento a ela quanto a nós que, todos os dias, os via a seu passeio.

A conjunção mais feliz que existia em Copacabana, o riso doce de seu Tito e a alegria ponderada de Amanda. Um riso feito, especialmente, para o rosto com que grandes sambas canções foram encantados em sua voz. Amanda puxando-o para o traçado da vida, com seus imponderáveis e os chistes da rotina diária.

Seu Tito se aproximava tão logo chegávamos à rua. Vinha com seu riso quase pedindo desculpa por puxar um assunto. Via meus filhos cresceram naquele pedaço. Passava com Amanda para outra conversa e seguia. Seu Tito poderia falar horas de Amanda. Seu fluir na vida como se fosse uma aventura intensa e plena de acontecimentos.

Ali seu Tito, diferentemente do palco, era um astro no fulgor de todos os matizes da orquestra. Ora no fosso em que a orquestra fica e noutra em um assento qualquer da platéia. Seu Tito, como nós, tanto faz que chova lá fora, que a noite esteja tão fria e a saudade enjoada que não vai embora, não nos esqueça dele e Amanda.

Hoje seu Tito mudou para a Rua 5 de Julho, um quarteirão apenas, mas nunca mais o vimos. Nós, os restantes, aqueles permanentes na rua, têm notícias dele. Amanda morreu. Mas seu Tito Madi, ainda vive no seu novo endereço, e legou alguns versos ecoando em nossas lembranças: Rio Grande do Sul. Vou me embora sem amor. Vou me embora do Rio Grande. Vou tão só com minha dor.


Dia do Trabalho no Brasil



Até o início da Era Vargas (1930-1945) certos tipos de agremiação dos trabalhadores fabris eram bastante comuns, embora não constituísse um grupo político muito forte, dado a pouca industrialização do país. Esta movimentação operária tinha se caracterizado em um primeiro momento por possuir influências do anarquismo e mais tarde do comunismo, mas com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, ela foi gradativamente dissolvida e os trabalhadores urbanos passaram a ser influenciados pelo que ficou conhecido como trabalhismo.

Até então, o Dia do Trabalhador era considerado por aqueles movimentos anteriores (anarquistas e comunistas) como um momento de protesto e crítica às estruturas sócio-econômicas do país. A propaganda trabalhista de Vargas, sutilmente, transforma um dia destinado a celebrar o trabalhador no Dia do Trabalhador. Tal mudança, aparentemente superficial, alterou profundamente as atividades realizadas pelos trabalhadores a cada ano, neste dia. Até então marcado por piquetes e passeatas, o Dia do Trabalhador passou a ser comemorado com festas populares, desfiles e celebrações similares. Atualmente, esta característica foi assimilada até mesmo pelo movimento sindical: tradicionalmente a Força Sindical (uma organização que congrega sindicatos de diversas áreas, ligada a partidos como o PDT) realiza grandes shows com nomes da música popular e sorteios de casa própria. Na maioria dos países industrializados, o 1º de maio é o Dia do Trabalho. Comemorada desde o final do século XIX, a data é uma homenagem aos oito líderes trabalhistas norte-americanos que morreram enforcados em Chicago (EUA), em 1886. Eles foram presos e julgados sumariamente por dirigirem manifestações que tiveram início justamente no dia 1º de maio daquele ano. No Brasil, a data é comemorada desde 1895 e virou feriado nacional em setembro de 1925 por um decreto do presidente Artur Bernardes.

Aponta-se que o caráter massificador do Dia do Trabalhador, no Brasil, se expressa especialmente pelo costume que os governos têm de anunciar neste dia o aumento anual do salário mínimo. Outro ponto muito importante atribuído ao dia do trabalhador foi a criação da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, em 01 de maio de 1943.

wikipédia

ABOBRINHAS POÉTICAS XXI - por Ulisses Germano

 
Caminho é pra caminhar
Então sigamos seguindo
E sempre nos redimindo
Na lida de nos lidar
Ulicis


À MÃE CELESTIAL por João Marni



Ó MÃE DO FILHO ADORADO, DO IRMÃO PERFEITO, DO AMIGO DE TODOS OS MOMENTOS, JESUS;
Ó SENHORA CONSELHEIRA NOSSA, QUE SUBJUGAIS A DOR E A SERPENTE;
Ó SANTÍSSIMA E PIEDOSA, QUE EMANAIS A LUZ DIVINA;
Ó VIRGEM DO MANTO SAGRADO, RAINHA SOBERANA, O ROSÁRIO É
O SÍMBOLO DO VOSSO AMOR; VOSSOS PÉS DESCALÇOS E VOSSO
NOME, MARIA, DIZEM-NOS QUÃO SIMPLES E PRÓXIMA A NÓS SOIS
E VOSSAS CORES, O BRANCO E O AZUL, NOS FALAM DE VOSSA
PUREZA E NOS APONTAM PARA O ALTO.
INTERCEDEI JUNTO A DEUS, NOSSO SENHOR, PELOS HUMILDES E OPRIMIDOS, PELOS DESOLADOS, PECADORES E INJUSTIÇADOS,
PELOS DOENTES E FAMINTOS, PELOS QUE PERDERAM O SORRISO E
A ESPERANÇA E TAMBÉM PELOS QUE NADA DISSO PASSAM.
ROGAI POR NOSSA FAMÍLIA E FORTALECEI NOSSOS LAÇOS EM
TORNO DE VOSSA LUZ.


AMÉM!

Trabalhador - Por José de Arimatéa dos Santos

Salários injustos
Mobilização
Protesto
Organização
Sindicato
Luta
Viva
O trabalhador

Etapas. Por Liduina Belchior.



Hoje o tempo amanheceu pálido de saudade do vento, do canto das aves, do próprio tempo, dos amigos distantes, dos colegas de colégio, da faculdade, dos amores passados, das paixões frenéticas, do sabor da comida da "vó', das brincadeiras de criança, das birras infantis, e dos sonhos anteriores.

Sentei-me no cólo da vida e me vi cercada de mimos: o dia azulado e bonito, paixão e amor atualizados, a alegria de ter amigos, chuva na região e flores no caule dos coqueiros.

Mais tarde vou encostar minha cabeça no ombro da noite e receber o carinho do céu, das estrelas, da lua, do infinito... E ao dormir, abraçada a madrugada, vou me entregar ao deus do sono e irei sonhar, sonhar e sonhar.

Retiros Espirituais

Nos meus retiros espirituais descubro certas coisas tão normais
Como estar defronte de uma coisa e ficar
Horas à fio com ela, bárbara, bela, tela de TV
Você há de achar gozado Barbarela dita assim dessa maneira
Brincadeira sem nexo que gente maluca gosta de fazer
Eu diria mais tudo não passa dos espirituais sinais iniciaisdesta canção
Retirar tudo o que eu disse, reticenciar que eu juro
Censurar ninguém se atreve
É tão bom sonhar contigo, oh, luar tão cândido
Nos meus retiros espirituais descubro certas coisas anormais
Como alguns instantes vacilantes e só
Só com você e comigo, pouco faltando, devendo chegar
Um momento novo, vento devastando como um sonho
Sobre a destruição de tudo, que gente maluca gosta de sonhar
Eu diria sonhar com você jaz nos espirituais sinais iniciaisdesta canção
Retirar tudo o que eu disse, reticenciar que eu juro
Censurar ninguém se atreve
É tão bom sonhar contigo, oh, luar tão cândido

Nos meus retiros espirituais, descubro certas coisas tão banais
Como ter problemas, ser o mesmo que não
Resolver tê-los é ter, resolver ignorá-los é ter
Você há de achar gozado ter que resolver de ambos os lados
De minha equação, que gente maluca tem que resolver
Eu diria o problema se reduz aos espirituais sinais iniciaisdesta canção
Retirar tudo o que eu disse, reticenciar que eu juro
Censurar ninguém se atreve
É tão bom sonhar contigo, oh, luar tão cândido 

CLICHÊ DO CLICHÊ

Composição : Gilberto Gil e Vinícius Cantuária
 
Não vou jogar
Meu destino contra o seu
Num filme piegas sem sal
Não vou chorar
Nem fingir que o amor morreu
Chega de drama banal

Que seja a dor
Nosso amor, nossos ardis
Teatro nô japonês
Onde o ator
É ao mesmo tempo atriz
Vestes da mesma nudez

Eu, Belmondo
Como um Pierrot, le fou
Só no cinema francês
Você, Bardot
Belo anúncio de shampoo
Só fica bem nas TVs

Melhor viver
Nosso papel bem normal
Que a vida nos reservou
Interpretar
Nosso bem e nosso mal
Sem texto e sem diretor

Chega de representar
O que nós não queremos ser
Não vamos nos transformar
Num casal clichê do clichê


Não tenho medo da morte 

Composição : Gilberto Gil

 
não tenho medo da morte
mas sim medo de morrer
qual seria a diferença
você há de perguntar
é que a morte já é depois
que eu deixar de respirar
morrer ainda é aqui
na vida, no sol, no ar
ainda pode haver dor
ou vontade de mijar

a morte já é depois
já não haverá ninguém
como eu aqui agora
pensando sobre o além
já não haverá o além
o além já será então
não terei pé nem cabeça
nem figado, nem pulmão
como poderei ter medo
se não terei coração?

não tenho medo da morte
mas medo de morrer, sim
a morte e depois de mim
mas quem vai morrer sou eu
o derradeiro ato meu
e eu terei de estar presente
assim como um presidente
dando posse ao sucessor
terei que morrer vivendo
sabendo que já me vou

então nesse instante sim
sofrerei quem sabe um choque
um piripaque, ou um baque
um calafrio ou um toque
coisas naturais da vida
como comer, caminhar
morrer de morte matada
morrer de morte morrida
quem sabe eu sinta saudade
como em qualquer despedida.

Copo vaziO

Composição : Gilberto Gil
 
É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar

É sempre bom lembrar
Que o ar sombrio de um rosto
Está cheio de um ar vazio
Vazio daquilo que no ar do copo
Ocupa um lugar

É sempre bom lembrar
Guardar de cor
Que o ar vazio de um rosto sombrio
Está cheio de dor

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar

Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho
Que o vinho busca ocupar o lugar da dor
Que a dor ocupa a metade da verdade
A verdadeira natureza interior
Uma metade cheia, uma metade vazia
Uma metade tristeza, uma metade alegria
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar

Adeus a Sábato


O escritor argentino Ernesto Sábato, em foto de 2004
Buenos Aires, 30 abr (EFE).- A Argentina chora neste sábado a morte do escritor Ernesto Sábato aos 99 anos, o último mito vivo da literatura do país e figura fundamental na defesa dos direitos humanos.

"Um farol da ética se foi", resumiu o ministro da Cultura da cidade de Buenos Aires, Hernán Lombardi. "Sábato é essa classe de personagens que vale a pena olhar, aprender e encontrar refúgio, mesmo que você discorde de alguma coisa", destacou em declarações à imprensa.

O renomado escritor morreu na madrugada deste sábado em sua casa de Santos Lugares, nos arredores de Buenos Aires, onde permanecia recluso há anos por conta de seus problemas de saúde.

Elvira González Fraga, a mulher que o acompanhava desde que Sábato ficou viúvo, em 1998, disse que nos últimos dias uma forte bronquite acabou complicando seu delicado estado de saúde.

Devido à cegueira, o autor foi obrigado nos últimos anos a abandonar a leitura e a escrita, e a preencher seu tempo com a pintura e outras atividades que praticava em sua casa.

Adolfo Pérez Esquivel, Prêmio Nobel da Paz 1980, destacou a preocupação que o escritor tinha com os problemas sociais e humanitários.

"Sábato contribuiu muito com o país e a humanidade com sua responsabilidade social, cultural e política", afirmou ao mencionar seu papel como presidente da Comissão Nacional sobre Desaparecimento de Pessoas (Conadep), em 1984.

Este grupo redigiu o relatório "Nunca mais", que descreveu os horrores da última ditadura militar argentina (1976-1983).

A dirigente política e escritora Graciela Fernández Meijide, que integrou a Conadep, destacou "a coragem e a ética" do escritor.

"Ernesto era muito detalhista. Queria que as coisas fossem muito bem feitas e tinha muita consciência de responsabilidade. Ele se enojava com muita facilidade", lembrou.

O ensaísta Abel Posse, com quem o escritor fundou a revista "Crisis", ressaltou o caráter de "pensador que quis dar solução aos problemas mais complexos do mundo" de Ernesto Sábato, além de sua "paixão pelo tango".

"Ele tentou ser um escritor total. Teve o desejo de criar um grande romance argentino, como foi 'Sobre Herois e Tumbas'. Estimulou a vida literária e era aberto aos dois pensamentos da época, o liberalismo e o marxismo", considerou.

Da Espanha, seu amigo e colega Mario Muchnik lembrou que conheceu Sábato aos 14 anos e admitiu que com o tempo chamou sua atenção o fato de que "a maioria das pessoas o elogiavam abstratamente, sem saber por que".

"Sábato foi minha universidade. Me ensinou o ceticismo, não acreditava em nada. Me lembro que em uma ocasião chegou uma pessoa a uma reunião na qual estávamos e comentou que estava chovendo, e Sábato perguntou: como o senhor sabe?".

Há poucos dias, seu filho, o diretor de cinema Mario Sábato, anunciou à Agência Efe que planeja abrir um museu na casa de Santos Lugares para realizar um sonho do pai.

"A casa vai ser restaurada integralmente para que os objetos do meu pai possam ser exibidos", afirmou Mario, que no ano passado estreou um filme sobre a vida do escritor.

Sábato será velado no clube Defensores de Santos Lugares neste sábado, "seu desejo de toda a vida", afirmou o filho do autor em uma breve declaração aos jornalistas.

"Sei que todos compartilham da dor e da tristeza que sentimos", ressaltou, antes de agradecer o apoio de seus vizinhos.

"Meu pai não pertencia só a nós e ele disse: 'Quando morrer quero que me velem aqui para que as pessoas do bairro possam me acompanhar nesta viagem final e lembrar de mim como bom vizinho'", declarou.

Ernesto Sábato nasceu na cidade de Rojas, na província de Buenos Aires, em 24 de junho de 1911 e sempre afirmou que "a arte" o salvou do suicídio.

A fama internacional chegou em 1961, com o romance "Sobre Herois e Tumbas", e sua consagração aconteceu em 1974 com "Abaddón o Exterminador", que foi premiado na França. Essas duas obras completaram uma trilogia ao lado de seu primeiro livro, "O túnel" (1948), que, pouco valorizado na Argentina, "maravilhou" o escritor francês Albert Camus.

Entre os inúmeros prêmios que recebeu estão o Cervantes (1984), Menéndez Pelayo (1997) e o Gabriela Mistral (1983), entregue pela Organização dos Estados Americanos (OEA).