por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 2 de maio de 2011

A POESIA DE JOSÉ AUGUSTO SIEBRA

Maio mês das flores

Maio, mês de alegria,
Mês de encanto, mês das flores,
Mês consagrado a Maria
Mês de hinos e louvores.

Maio desponta sorrindo
Com seus lampejos suaves
Qual um pólio se abrindo
Por entre o festão das aves.

Desponto o sol no nascente
Ouvindo o cantar das fontes
Beijando as gotas nitentes
Procura o cume dos montes.

Linda toalha de neve
Se estende em cima da serra
E sopra a brisa tão leve
Dando mil beijos na terra.

O sol penetrando um raio
Na choça do camponês
Vai lhe avisando que Maio
Já chega por sua vez.

Este, ufano, se levanta,
Ao próprio peito abraçado
Mirando com glória tanta
A pompa do seu roçado.

A camponesa singela
Soltando ternas cantigas,
Passeia faceira e bela,
Por entre as louras espigas.

Da branca torre erguida,
O sino a bimbalhar
Convida todos da Ermida
À Mãe de Deus louvar.

Quando a noite vem chegando
Que vai se ocultando o dia,
Vão todos se ajoelhando
Para louvar a Maria.

Lindas grinaldas de flores
Tecidas pelos fieis
Com os mais sublimes louvores
Colocadas aos seus pés.

O céu de maio é um manto
Todo bordado de estrelas
Que o mundo cheio de espanto
Nunca se cansa de vê-las.

Quando abril vai morrendo
Num meigo e terno desmaio
Vai todo o céu se movendo
Ao lindo aceno de maio.

Nasce o sol por entre os montes
Cobre-se a terra de neve
E ao sussurro das fontes
Maio desponta de leve.

Com maio nascem mil flores
Pingando gotas de orvalho
E a brisa cantando amores
Cicia no verde galho.

Um véu de neve e encanto
Engrinalda a serrania
E os passarinhos num canto
Desprendem santa harmonia.

Gotas de orvalho na relva
Forma um manto de cristal
E o perfume da selva
Vai se estendendo no val.

Um comentário:

Stela disse...

Quem gosta de uns belos versos, sabe apreciar a beleza e singeleza da poesia do poeta José Augusto Siebra, nascido em Várzea-Alegre, em 1881.
Os poemas do meu avô traduzem no seu amor à natureza e ao cotidiano da vida simples no campo, sua antenação com as leis cósmicas e uma reverência ao Sagrado.
Aprendamos, pois, com o poeta caririense.