por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 1 de maio de 2011

LEMBRANDO O MÊS DE MAIO - Por Altina Maria Siebra Paes Barreto




Mais do que ser considerado o mês das noivas, maio , para mim, representa lembranças agradáveis e inesquecíveis.

Nascida e criada numa família católica participava, nos anos sessenta, das atividades da paróquia e aprendi, desde cedo, principalmente na Cruzadinha, movimento, que, após a Primeira Comunhão, dava continuidade a nossa formação religiosa, sob a orientação do Pe. Onofre, a acompanhar todas as solenidades em homenagem à Mãe de Deus, representada pela imagem de Nossa Senhora de Fátima.

Nosso vigário, o Monsenhor Rubens, com as várias associações religiosas, sobretudo a família Cabral, organizava uma bonita festa. Diariamente, missas e novenas eram celebradas na Sé Catedral neste período Mariano. Várias imagens da Virgem Maria eram levadas para passar um dia em casa de uma família, acontecimento que nos dava a sensação de paz, de bênçãos recebidas, um verdadeiro privilégio, para quem recebia a Sua visita. Encerravam-se as homenagens, com uma enorme procissão, no último dia do mês, pelas ruas centrais da cidade, acompanhadas com orações e cantos, por milhares de religiosos fervorosos. Aquelas duas longas filas paralelas, formadas por Filhas de Maria, Filhas do Coração de Jesus, Irmãos do Santíssimo, pela própria Cruzadinha, por representantes dos diversos colégios e grupos escolares do município, pelos seminaristas, que desciam do bairro do seminário, nos dias de festas religiosas, enfim, o ritual, a banda de Seu Azul, o lindo andor,onde se colocava a santa, tudo causava uma emoção indescritível. O ponto culminante era a coroação de Nossa Senhora, realizada por uma criança ou adolescente escolhida, entre tantas que, vestidas de anjo, pareciam pertencer ao mundo celestial. Fui uma dessas eleitas. O altar construído entre os dois conjuntos de colunas da Praça da Sé, alcançando o topo dessas colunas, era uma verdadeira obra de arte das irmãs: Divane, Bernadete, Lúcia, Sara e Cléa Cabral, aprimorada a cada ano. Nele se dispunham as crianças menores. As meninas maiores eram colocadas em cima de cada coluna com uma corneta, como se estivesse emitindo o som, ao ser tocado o canto da Coroação. Os sinos da igreja badalando, os fogos de artifícios brilhando no céu, ocasionavam um sentimento de êxtase e alegria, um deslumbramento total. Operava-se um milagre. Saíamos dali com o espírito leve e o coração transbordando de paz e felicidade. O mais importante era a fé que tínhamos, a religiosidade aflorada, transmitida, sobretudo, pelo exemplo familiar.

Paralelamente, às festividades da igreja, em casa, tínhamos um outro compromisso religioso a cumprir. Todo maio, mamãe construía uma pequeno altar com 31 degraus, representando cada dia do mês, com Nossa Senhora, no alto. Na sua base era colocado um carneiro, noutro ano, um pombo, confeccionados com papel ou lã, por ela, com o nome de cada um dos filhos. Dependendo do nosso comportamento diário, íamos escalando aqueles degraus até chegar ao seu topo. Era interessante como procurávamos agir direitinho, sem arengas ou brigas, para termos a alegria de chegar, no alto... Mas claro, havia uma trela, vez ou outra, e os animaizinhos não saiam do lugar. Muitas vezes, os irmãos, que estavam para trás, quando chegava a noite e todos dormiam, iam lá no altar e faziam subir o que estava com seu nome. Mamãe estava sempre vigilante, via a sabedoria dos meninos e os colocava, novamente, no devido lugar. Todas as noites, rezávamos o terço e a ladainha em homenagem à N. Senhora. Às vezes, os meninos escapuliam para a praça, na hora das orações. É muito prazeroso lembrar esses fatos!!! 

Não sei se, atualmente faz, essas lindas celebrações continuam e se ainda causam tais sentimentos a quem os vivencia, hoje. Penso quanto o desenvolvimento tecnológico, a educação atual (ou deseducação), os meios de comunicação, têm ou não, contribuído para aproximar ou afastar as pessoas de um enriquecimento espiritual. Com os estímulos a que somos submetidas (os) ou provocadas (os)os  a darmos prioridade ao  ter e não, ao ser, inevitavelmente, chegamos a uma crise de valores,que nos perder o sentido da vida, deixando-nos sem objetivos claros, definidos e, consequentemente, nos afastando de alcançarmos: Uma Vida Plena, Feliz!

Amiga,
minhas lembranças para os amigos do Azul Sonhado.
Abraços!
 Tininha

2 comentários:

socorro moreira disse...

Só tendo vivenciado, como você, para escrever um texto tão fiel, tão rico em detalhes.

Maravilha, Tininha!

Qualquer cratense, de qualquer época, lerá e lembrará com prazer e saudades.
Parabéns!

Abraços.

Altina Siebra P.Barreto disse...

Socorro,
sei que vivenciou, também, esta experiência reigiosa. Que om ter gostado do que escrevi.
Abraços!
Altina MªSiebra P.Barreto