por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 8 de março de 2012

A PERFEITA CANÇÃO DE AMOR - por José do Vale Pinheiro Feitosa


Hoje, uma chamada do Bom Dia Brasil da TV Globo foi que o Roberto Carlos pretenderia compor a mais perfeita canção de amor. Foi a chamada, mas não vi a matéria e posso estar enganado. Mas vamos que seja a “perfeita canção de amor”.

Que não é a mesma coisa da canção do amor perfeito, ou o amor perfeito na canção, ou o amor na canção perfeita. No primeiro caso trataria de compor uma canção que representasse o amor perfeito. No segundo iria listar todas as canções que trataram do amor perfeito e no terceiro trataria de listar as canções perfeitas que trataram do amor.

A perfeita canção de amor como a chamada queria que o Roberto compusesse tem lá os seus problemas. Vamos começar pelo problema principal: o amor. Abramos o dicionário e tomemos um susto pela quantidade acepções que existe para ele. São 14 acepções gerais no Houaiss e mais 10 secundárias. Por isso mesmo são 3 derivações por extensão de sentido, 3 por metonímia e uma de sentido figurado. Existem 8 rubricas, sendo 4 de religião, 2 de mitologia e 2 botânica.

De qualquer modo tantas acepções já se originavam no Latim, onde se encontra a etimologia da palavra. O latim já tinha as seguintes: amizade, dedicação, afeição, ternura, desejo grande, paixão, objeto amado. Seguramente que qualquer filósofo diria que são afins, mas há de se considerar que objeto amado não é a mesma coisa de desejo grande e tampouco de paixão.

Se não bastante tanto para o Roberto Carlos, ainda haveria o largo problema de que o amor tem sido tratado nas canções tanto como agonia do impossível quanto a fastio do seu exercício. Não é incomum que se trate dos conflitos provocados em razão da sua prática. Do desejo de vingança pelo amor perdido. Da profunda dor de seu fim ou de sua distância.

Uma perfeita canção de amor deveria resolver dois problemas o da perfeição da canção e do amor. Talvez se houvesse um modo de resumir tantas acepções do amor. Não basta escolher uma só, mesmo que o Roberto apenas queira compor, com é comum, uma canção de gênero, do amor entre homens e mulheres. Mas não existe nada de menos, ou menor, no amor dentro do mesmo sexo, como o amor homossexual, cujas acepções tratam da mesma base sentimental.

De qualquer modo, num esforço ligeiro, os blogs são rápidos no tema, consegui breve senso comum que é a afetividade. A afeição como algo que permeia todas as acepções. Mesmo isso seria vago. Talvez a solução para o termo não se encontre no dicionário.

Talvez se encontre mesmo neste imenso desejo de eternidade dos seres humanos, mesmo reconhecendo o seu fim. Todo o exercício do amor é uma compulsão pela permanência, não apenas a imanência, mas esta localizada no tempo e no espaço.

Amo-te sobre as dunas de Paracuru nesta noite de lua cheia.


Um comentário:

Ângela Lôbo disse...

Não acredito que Roberto Carlos consiga compor uma perfeita canção de amor, mas o autor do texto foi perfeito em sua colocação.