por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 26 de julho de 2011

Cantigas de bordar- por Corujinha baiana




Hoje é Dia da Saudade. “ E por falar em Saudade...”, lembrei-me da minha infância, e com ela, a imagem da minha mãe sentada à máquina de costura. Na sua máquina ela bordava, e nela criava verdadeiras obras de arte.

Mas não só bordava... o mais bonito é que enquanto bordava, cantava ...e quanto mais cantava, mais encantada eu ficava.

E as linhas melódicas das cantigas se mesclavam às linhas multicoloridas dos galhos, folhas e flores dos seus bordados.

Eu, criança, ouvidos e olhos atentos, a escutava extasiada ( vale dizer que ela era afinada, e tinha uma voz muito agradável ).Mas dava para perceber que havia uma certa melancolia naqueles versos, que eu não conseguia compreender muito bem. Mas a mim, isso não importava. Só sei que eu gostava de ficar ali, sentada no batente da sala, escutando a minha mãe, e pronto !

"Nesse mundo não pretendo mais amar, só a ti, só a ti, foi quem amei ...” E no seu pot-pourri melancólico, ela emendava :"Ao viajar pros Mares do Sul, ele partiu dizendo ...”
" Meu bem te espero essa noite no portão, porque sozinhos precisamos conversar ...”

Como eu amava aquelas cantigas ! E é importante frisar ( só mais tarde tomei conhecimento ), que cada letra, segundo ela, estava relacionada a uma história da sua vida e ao seu romance com o meu pai.

Mas, entre todas as músicas que minha mãe cantava, havia uma que tocava profundamente a minha alma de criança sensível que eu era.

" Saudade quem é que não tem ?... ”
................................................................................................................................................................Passado algum tempo, por acaso, escutei no rádio a música que minha mãe cantava ( Hoje eu sei que era uma regravação de “Saudade”,composição de Jayme Redondo,do ano de 1929, na voz de Dalva de Oliveira ).

Durante muitos anos, tentei encontrar essa música para lhe dar de presente, mas sempre em vão. Só hoje, tantos anos passados, pesquisando na Internet, encontrei a música tão procurada. E não só por Dalva de Oliveira ( 1961 ),encontrei também uma gravação anterior, na voz de Paulo Tapajós, de 1950.

E assim, hoje - "Dia da Saudade", lembrando as "Cantigas de Bordar" da minha mãe, me vejo a cantar com “ ELA ”:

" Saudade,
Quem é que não tem ?
Só mesmo alguém,
Que nunca quis bem.”
................................................................................................

( Coisas de Família - "Cantigas de Bordar" - Corujinha Baiana - 30 de janeiro de 2010 - Dia da Saudade )
Postado por socorro moreira às 23:40 0 comentários
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