A vida para alguns tem como estopim das emoções , a novela. Se antes não tínhamos televisão, tínhamos o rádio. Minha mãe nunca gostou, e até nos proibia de assistir, mas a minha avó paterna não perdia um capítulo, e chorava em todos os momentos emocionantes. Intrigada com tanto choro, comecei a assistir também, e comecei a querer saber da trama, e esperar pelas emoções do próximo capítulo. Como lá em casa não me era consentido, depois de viciada , corria pra casa de Magali. Quando eu perdia um capítulo , ela tinha que me contar tim tim por tim tim. O rádio era a pilha e a minha avó ficava muito nervosa , quando elas ficavam fracas - não podia ! Meu pai , quando a energia da casa ficava tulmutuada por uma conversa comprida , ele chamava todos de noveleiros e encerrar a discussão.
"Radionovela é uma narrativa folhetinesca sonora, nascida da dramatização do gênero literário novela, produzida e divulgada em rádio.
Fez enorme sucesso no início do século XX, numa era pré-televisiva. Boas histórias, bons atores e efeitos sonoros realistas eram o segredo do gênero para captar a atenção dos ouvintes. Diz-se que os grandes mestres da magia eram os sonoplastas, que para estimular a imaginação das pessoas, reproduziam todo tipo de sons e ruídos: o som da chuva, do telefone, da passagem de tempo, dos passos dos personagens.
A primeira transmissão de rádio no Brasil foi ao ar em 7 de setembro de 1922. Porém, o veículo demorou a se tornar popular, em razão do preço do aparelho e a demora na implantação de retransmissoras. Quando as dificuldades físicas foram superadas, a forma encontrada para popularizar sua programação foi lançar mão do mesmo recurso que os jornais, quando da invenção da imprensa escrita: a narrativa folhetinesca.
Nasceram, assim, as primeiras transmissões de radionovelas no Brasil, fruto da dramatização de tramas literárias. Mas isso não quer dizer que as emissoras não realizassem radiodramatizações. Eram comuns os “teatros em casa”, os “radiatros” e os inúmeros sketchs teatrais presentes nos mais variados programas das emissoras de rádio brasileiras. Na própria Rádio Nacional, desde o final da década de 1930, era apresentado todos os sábados o programa Teatro em Casa, que consistia na radiofonização, em uma única apresentação, de uma peça teatral. Havia ainda Gente de Circo,de Amaral Gurgel, uma história semanal seriada, que estreou no início de 1941.
Na verdade, o que estava sendo lançado era um novo modelo, diferente do que até então as emissoras costumavam apresentar. Assim, a primeira radionovela transmitida no Brasil foi Em busca da Felicidade, original cubano de Leandro Blanco com adaptação de Gilberto Martins. Também são consideradas pioneiras as radionovelas “Fatalidade”, pela Rádio São Paulo e escrita por Oduvaldo Vianna e a radionovela "Mulheres de Bronze", baseada num folhetim francês.
As adaptações de tramas internacionais perdurariam por anos, sobretudo das cubanas. Aliás, o maior sucesso em radionovela de todos os tempos foi “O Direito de Nascer” (1951), do cubano Félix Caignet, que ficou três anos no ar e que chegou a ser chamada popularmente de "O Direito de Encher".
Entre os brasileiros pioneiros na radiodramaturgia, estão Oduvaldo Vianna, Amaral Gurgel e Gilberto Martins. Em seguida, vieram os autores Dias Gomes, Mário Lago, Mário Brazzini, Edgar G. Alves, Janete Clair e Ivani Ribeiro. Muitos deles, inclusive, se imortalizaram escrevendo para outro gênero, a telenovela.
Umas das radionovelas nacionais de maior sucesso foi Jerônimo, o Herói do Sertão, criada por Moysés Weltman, em 1953. A trama foi, posteriormente, adaptada várias vezes para a televisão.
Em 1951, foi ao ar pela Rádio Nacional o maior fenômeno de audiência em radionovelas em toda a América Latina: era O Direito de Nascer. Texto original de Felix Caignet com tradução e adaptação de Eurico Silva. O original possuía 314 capítulos o que correspondia a quase três anos de irradiação. No elenco estavam Nélio Pinheiro, Paulo Gracindo, Talita de Miranda, Dulce Martins, Iara Sales, entre outros. O Direito de Nascer surpreendeu a todos os críticos e a todas as previsões que afirmavam que o rádio-teatro era um gênero em decadência e que o público brasileiro não se interessava por longas tramas.
O público alvo das radionovelas era o feminino, os grandes anunciantes desse tipo deprogramação eram os fabricantes produtos de limpeza e de higiene pessoal. Uma pesquisa do IBOPE, realizada em janeiro de 1944, apontava a seguinte audiência para o período de 10hàs 11h da manhã: 69,9 % de mulheres, 19,5% de homens e 10,6% de crianças.
A Rádio Nacional, em especial, liderava a audiência em praticamente todos os horários. "
Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Radionovela"
P.S.
Uma das que assisti com Magali: "Ângela- a moreninha de Anzio".
Ela deve lembrar!
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