Pela primeira vez na mostra principal do Festival de Teatro de Guaramiranga, Grupo Ninho demonstra a força da nova cena de Juazeiro do Norte
06.09.2011| 01:30
Charivari abriu, no sábado último, o 18º Festival de Guaramiranga (FOTO: SOL COELHO )
Magela Lima
ENVIADO A GUARAMIRANGA
magela@opovo.com.br
A exemplo do que acontece em Fortaleza, o Interior do Estado também tem experimentado dias de renovação em seus palcos. Estreando na Mostra Nordeste, o recorte principal do tradicional Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga, o Grupo Ninho, de Juazeiro do Norte, representa bem uma movimentação cênica recente que batalha por um cenário mais profissional para além dos limites da Capital.
Depois de passear com sucesso pela dramaturgia do cearense Marcos Barbosa com Avental todo sujo de ovo (2008), a companhia decidiu trocar a comodidade do palco italiano e enfrentar o inusitado das ruas. O texto escolhido para o novo projeto veio da Paraíba: Charivari, assinado pela veterana Lourdes Ramalho. “É um texto, de certa forma, polêmico, que a Dona Lourdes tinha de gaveta, mas nunca havia sido montado. Pelo tom jocoso com fala sobre os pudores com que a sociedade lida com a sexualidade, parecia uma dramaturgia proibida”, lembra o diretor Duílio Cunha, também paraibano.
No popular, charivari é uma expressão que remonta às situações de grande comoção, algo que possa ser tido como um verdadeiro alvoroço. Na peça, essa confusão é cheia de libido e segredos. Lourdes Ramalho retoma um tempo passado, uma releitura medieval, onde a religião camufla e condena os desejos mais sórdidos. Para a atriz Joaquina Carlos, um enredo extremamente curioso e atual, sobretudo levando em consideração que a montagem nasceu em Juazeiro do Norte, uma terra ainda cheia de beatos.
Plasticamente bem menos atraente que o espetáculo inaugural do coletivo, Charivari vale, sobretudo, pelo caráter experimental que possui. Longe de ser um grupo de teatro de rua, o Ninho explora com bastante propriedade os recursos característicos do gênero.
A professora Cida de Sousa, da Universidade Federal do Ceará, que integra o juri de debatedores do Festival de Guaramiranga ressaltou como diferencial a boa estrutura musical da montagem. “Eles conseguem equilibrar as entradas das músicas com o ritmo regular da encenação. Sem fazer um espetáculo em formato de musical, conseguem extrair das canções um dinamismo bastante interessante”, comenta, sobre a parceria do Grupo Ninho com os Zabumbeiros Cariris. Festivo e farsesco, Charivari, é uma surpresa.
SERVIÇO
XVIII FESTIVAL NORDESTINO DE TEATRO DE GUARAMIRANGA
Quando: até o dia 10 de setembro
Onde: em Guaramiranga
Apresentações gratuitas
Outras informações: (85)3321 1405 (Associação dos Amigos da Arte de Guaramiranga)
FONTE: http://www.opovo.com.br/app/opovo/vidaearte/2011/09/06/noticiavidaeartejornal,2293259/cariri-faz-bonito-em-guaramiranga.shtml
Tânia Peixoto
"O tempo é o meu lugar, o tempo é minha casa."
(Vitor Ramil)
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