por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 26 de julho de 2011

CÂNDIDO DAS NEVES- Norma Hauer



CÂNDIDO DAS NEVES apelidado de "Índio", compositor, cantor e instrumentista, nasceu no Rio de Janeiro, em 24/07/1899 e faleceu em 04/11/1934.

Filho do popular cantor e palhaço Eduardo das Neves, começou a se interessar pelo violão desde os cinco anos de idade. O pai, no entanto, queria que ele tivesse instrução e por isso colocou-o num colégio interno.

Em 1917, porém, já aparecia como integrante do rancho Heróis da Piedade. Concluiu seus estudos, tendo perdido o pai a 11 de novembro de 1919, dia de sua formatura.

Empregou-se como funcionário da Estrada de Ferro Central do Brasil, tornando-se conferente de estação.

Nessa época já compunha e fazia serestas pelas madrugadas cariocas, com seus colegas de trabalho Henrique de Melo Morais (tio de Vinícius de Morais, Delegado de Polícia e também compositor) e Uriel Lourival, entre outros. Este autor de "Mimi", a primeira valsa gravada por Sílvio Caldas e "Céu Moreno", gravação de Orlando Silva.

Cândido das Neves, em 1922 cantou e gravou "Saudades do sertão" e o fox-trot "Quadra de amor" na Odeon (em discos mecânicos da Casa Edison), composições suas. Por 1925-1926 foi transferido para Conselheiro Lafaiete MG, onde passou um ano, continuando a cantar e tocar nas serestas com os companheiros da Central do Brasil.

Sua primeira gravação de sucesso foi "Noite Cheia de Estrelas", gravado em 1932, já na fase elétrica, por Vicente Celestino. Suas letras, sempre muito extensas, cantavam a natureza duma forma romântica, tornando-se muito apreciadas pelo público. Mas difíceis de ser repetidas por esse mesmo público.

Quem mais gravou Cândido das Neves foi Vicente Celestino, mas também Orlando Silva, praticamente iniciou sua carreira com "Lágrimas" e"Última Estrofe". Aliás foram essas suas primeiras gravações na RCA Victor, mas que saiu depois de "No Quilômetro 2" porque acharam arriscado lançar um cantor novo com músicas de difícil memorização por parte do povo. Mas a verdade é que Orlando, com sua sensibilidade, "estourou" com essas composições de Cândido Das Neves, que fizeram mais sucesso que "No Quilômetro 2".


Muitas de suas músicas, que se tornaram grandes sucessos, só vieram a ser gravadas após seu desaparecimento. Entre elas se encontram "A Última Estrofe", inicialmente gravada em 1932 por Castro Barbosa, regravada, conforme já dito, por Orlando Silva em 1935, e que viria a ter gravações de Vicente Celestino, Nelson Gonçalves e Sílvio Caldas; "Lágrimas", gravada por Orlando Silva em 1935; "Apoteose do Amor", gravada em 1936, ainda por Orlando Silva; e "Página de Dor", feita em parceria com Pixinguinha, gravada também por Orlando Silva, já em 1938, na Victor.

Relação das composições mais conhecidas de Cândido das Neves:

Abismo de amor,(1931) Anjo enfermo,(1933); Apoteose do amor, (1936); Cabocla Serrana(1932); Canção do Ceguinho(1930); Castelos de areia,(1935); Cinzas,(1937); Cinzas do Amor,(1930); Dileta(1932); E nada Mais,(1932); Em delírio,(1936); Entre lágrimas,(1932); lnfeliz Amor, (1931); Íntima lágrima,(1929); Lágrimas, (1935; Luar de Minha Terra,(1933); Nas asas Brancas da Saudade,(1933); Nênias)1929); Noite Cheia de Estrelas ( 1928)Página de Dor (com Pixinguinha),(1938);Morena, canção sertaneja, 1933; A Última Estrofe,( 1932 e 1935) e inúmeras outras.


Vê-se que muitas foram gravadas depois de sua morte, em 1934. As mais conhecidas receberam gravações de Vicente Celestino e Orlando Silva. Quase todas fazem parte do repertório dos Seresteiros de Conservatória, por serem típicas de serestas. Para lembrar, uma das letras de Cândido das Neves, gravada por Orlando Silva:


APOTEOSE DO AMOR


Deus, só Deus,

Sabe que os olhos teus

São para mim dois faróis clareando o mar

Na fúria do mar onde naufraga uma barca que o leme perdeu

Coitada, essa barca sou eu a naufragar na existência que é o mar,

Conforme com a luz desses faróis que são teus olhos azuis.


São dois lírios os teus seios alabastrinos,

Quase divinos, parecem feitos para o meu beijo.

Muito almejo dos lábios teus o dulçor,

Pela glória do nosso amor.


Musa dos versos meus,

Inspira-me por quem és

Minh'alma medindo amor

Curvada aos teus pés

Rosa opulenta que meu jardim ostenta,

Tomado odor,inspiração do meu amor.


Eu nem sei porque foi que te amei,

Pois tudo em ti é formoso é singular.

Amei teu perfil, amei teus olhos azuis,

Eu amei teu olhar,

Por fim nem tens pena de mim

Que sofro e choro

Na ânsia de te amar,

Ah...triste de quem vive a chorar por alguém.

Norma

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