por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Luzes da Cidade - Por Socorro Moreira




Mesmo as cidades do interior
Elas não dormem nas madrugadas
apenas piscam os olhos !

Também sou assim
Andarilha de corpo e alma !

Misturo-me com todas as luzes e sons
Vago o pensamento , vivo encontros
Vida paralela, que não almoça , nem janta

Meu livro de cabeceira , desde ontem
é  PARACURU de José do Vale
Já no comecinho , me deu uma fome desgraçada
de ler tudo de uma vez,
de comer suas  letrinhas...
aquelas que magicamente contam fatos
poética e interessantemente !

Agora mato a minha curiosidade
de saber , o que seria no futuro aquele menino
No que será , será... virou gente
E da melhor qualidade !

Mas eu entrei na pauta
foi pra falar dos Ecos e seus Narcisos
Do chapéu , cigarro e boleros de Waldick
Voz sempre solta ,
nas madrugadas da minha adolescência
"Night and Day".... Amplificadora de todos os bairros
Bar Guanabara , Bares do Gesso ,
Praça da Sé , dia santo e feriado
Serenatas de jovens apaixonados
Um jornal de ontem ,
que se repetiu até ontem.
Waldick desencarnou , e a voz ficou.
Não chorei ,como chorei por Orlando
Mas revivi pequenos dramas
Waldick nas minhas trilhas sonoras
de muitas das minhas histórias !

"Esta é a noite da minha agonia
é a noite da minha tristeza
porisso eu quero morrerrrrrrr"

É incrível como se deseja a morte
nas perdas simbólicas ...
Justo na hora , que mais desejamos vida!

Eu quis morrer de mentira ,
quando perdi todos os meus amores ...
Morte das células amorosas
Morriam carinhos em botão
Carinhos que ainda aflorariam !

Até que um dia...
Nem esperança , nem choro , nem paixão

Mas pensando bem.
Ainda tenho amor no coração
Pra ser vivido
perdida e apaixonadamente ...
Como um brega do Waldick !



Este texto foi escrito em 2008. Na postagem, José do Vale comentou :
José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Socorro: as nossas dimensões são tão maiores que nossas carnes que por vezes nos imaginamos alma. Na falta de um outro conceito, dizemos coração, aquele momento da vida que dialogamos com algo que parece além do tempo e do espaço. De qualquer modo falamos sobre estes substantivos pois nos sabemos mente, mundo, vida. Vou contar uma coisa que você talvez não soubesse. Aquele sítio em que vivi até os 18 anos me deu além de uma família patriarcal e de algum modo patrimonialista, me deu os moradores, os meninos e meninas filhos dos camponeses e pelos quais virei um igual. Com mais conforto e melhor futuro, mas um igual. Nunca os via como inferiores, eram irmãos de leite, os pais severos como os meus, e nós uns pequenos capetas como são os camponeses. Adorava deixar o povo da urbe em dificuldade no meio rural. Deixei muito primo, amigo e colega em dificuldade rural. Agora ao que queria e me desviei: numa certa época um primo que morava com a minha avó, montou um serviço de alto falantes na batateira. Inscreveu o serviço na compra de discos e todas as semanas chegavam LPs em quantidade. Os títulos: Lindomar Castilho, Waldick, Orlando Dias, Rosemary, Núbia Lafayete, Vanderléia e iam assim e desse modo. O empreendimento era tão primário que não tinha empregado e imagine quem era o locutor? Este que vos fala. Abria e fechava, era um momento ótimo, fugia dos estudos, juntava gente a beça, vendia oferendas de música, fiz baile ao vivo com alguns músicos da batateira. Inaugurei alguns cantores locais e inventamos até radio-novela, no caso radiadora-novela. Tinha música de abertura e de fechamento das emissões. Afinal junto ao bairro popular que surgia, penetrei no mundo de classes sociais. Na música brega até a medula deste mundo que como você diz nesta poesia se encontra muito além das nossas carnes.Obrigado pelas referências.



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