por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 7 de maio de 2012


O Crato, a cana, o algodão e o arame farpado – por José Almino Pinheiro

Que aconteceu com o Crato?  A Princesa do Cariri, não faz muito tempo, era a segunda cidade em importância do Ceará.  Usando os superlativos tão ao nosso gosto, se dizia que o Crato concentrava os maiores e melhores colégios da região, tinha dois grandes seminários, uma das primeiras hidroelétricas do nordeste, a maior concentração de fábricas de algodão da região, o município era o maior fabricante de rapadura do nordeste, tinha quatro cinemas, duas emissoras de rádio, e muito mais. 

Segundo o trabalho “Resgatando a História de uma cidade média: Crato Capital da Cultura” dos autores João César Abreu Oliveira e Roberto Cruz Abreu, publicado na Revista Historiar, ano II, n. I (2010), o município do Crato no início dos anos 50 tinha 46.408 habitantes dos quais 24.786 na sede. Contava, entre outros, com 28 estabelecimentos atacadistas, 323 varejistas, 413 indústrias. No mesmo trabalho consta que o Crato, na década de 90, contava com 90.519 habitantes, sendo na cidade 57.714. Contava com um total de 209 indústrias, com destaque para a implantação da Grendene. Ainda segundo os autores do estudo, a cidade hoje está com cerca de 131.000 habitantes e nesse período desapareceram 204 indústrias.  

O jornal O Povo, on line, do dia 31.10.2011, no caderno de economia, divulgou a relação dos 15 municípios do estado por importância econômica: 1. Fortaleza, 2. Maracanaú, 3. Juazeiro do Norte, 4 Caucaia, 5. Sobral, 6 Eusébio, 7 Horizonte, 8. Maranguape, 9. Crato, 10. São Gonçalo do Amarante, 11. Iguatu, 12. Aquiraz, 13. Itapipoca, 14. Limoeiro do Norte, 15. Pacatuba. O que chama a atenção é que apesar do aumento populacional, em pouco mais de 50 anos, a cidade do Crato cai do segundo para o nono lugar no ranking das cidades do estado. Quando se observa o comportamento das administrações municipais do período, não fica difícil imaginar o que aconteceu com o Crato. Como é mais fácil acusar os outros, do que reconhecer a própria incompetência, sempre surgem desculpas de perseguição política e econômica. Quase sempre os governadores levam a culpa por retaliar o Crato. Mas com uma pequena olhada nos informativos do governo e câmara legislativa, constatamos a quase ausência de projetos para a cidade. Sem projetos específicos, claros e viáveis, realmente fica difícil que alguém de fora da cidade, sem informações, ofereça soluções ou financiamento para executá-las.  

Vale a pena dar uma olhadela em uma atividade econômica regional interessante que se aprimorou ao longo do tempo e depois entrou em decadência e logo foi abandonada. Não houve nenhuma preocupação de se entender o que ocorria, para que, com esse conhecimento, se procurassem alternativas ao grande investimento financeiro e humano efetuado nessa atividade em tantos anos.

A região do Cariri, com sua geografia, é formada pela grande serra e estreitas faixas de terras férteis que acompanham os cursos da água das fontes, onde se desenvolvia a agricultura permanente, como a cana de açúcar, hortaliças, fruteiras, etc. A outra parte, grandes áreas de terra seca, os ariscos, eram usados principalmente para o plantio de algodão e capim. Na época das chuvas, nesses ariscos, se plantava também culturas de ciclo curto como milho e feijão. No processo de divisão dessas terras, existia a particularidade comum em que a principal fronteira do novo sítio era o rio ou riacho, as outras duas principais fronteiras eram quase perpendiculares ao curso da água. Desta forma, as propriedades dispunham de dois tipos de terras: as margens dos riachos, úmidas e férteis e a parte mais acima, os secos ariscos. Com esse arranjo fundiário peculiar, foi possível que os proprietários desses sítios desenvolvessem uma cadeia de produção que na realidade foi um dos principais motores do desenvolvimento econômico do Cariri.

Tomando como ponto de partida o final da estação das chuvas começamos o processo. Concluídas as colheitas das culturas de ciclo curto, começavam as colheitas do algodão e da cana de açúcar. Com a moagem da cana vinha a respectiva produção de rapadura e cachaça. Das três atividades, essas duas, eram as principais fontes de renda agrícola dos sítios da região, o algodão e a cana, resumidamente descritas acima, que têm maior visibilidade.  A terceira fonte de renda, a pecuária, tão ou mais importante que as outras passa quase despercebida.

Com o arranjo fundiário, a produção agrícola dos sítios e a grande serra, foi possível aos proprietários dos sítios possuírem e manterem  grande quantidade  de gado, e o que é importante:  a baixo custo. O tamanho do rebanho de cada proprietário era determinado pela capacidade do seu sítio em produzir alimentos para o gado por pelo menos 5 ou 6 meses. A alimentação dos animais na época seca consistia, basicamente, nas sobras das culturas de ciclo curto deixadas naturalmente nas roças (milho e feijão), do capim existente na área seca e principalmente das sobras da moagem da cana de açúcar. O gado ainda prestava um bom serviço gratuito aos seus donos, pois soltos nos ariscos, faziam a poda dos arbustos do algodoeiro, comendo suas folhas ricas em proteínas.  O plantio intensivo de capim em pequenas áreas úmidas destinava-se principalmente às vacas produtoras de leite de quem as possuía e não para o grosso do rebanho.

A chegada das chuvas deveria coincidir com o final das colheitas e da moagem da cana dos sítios onde já fatalmente rareava a comida para os animais. O gado, então, era simplesmente levado e solto à sua própria sorte em cima da serra, o grande planalto da do Araripe. Terras públicas, reservas da união, onde por princípio todos tinham o direito de usar. Carente de água, mas com pequenos arranjos em forma de “barreiros” para acumular água das chuvas era possível dispor de água e manter o gado. Em cima da serra, existe o capim nativo e grande variedade de plantas onde os animais soltos, andando livremente, podiam fazer a sua dieta.

A temporada acabava com a chegada da estiagem. Os barreiros começavam a secar inviabilizando a permanência do gado. Com a falta das chuvas, os proprietários de gado enviavam seus vaqueiros para recolher o rebanho, o que era feito indistintamente. Para facilitar o trabalho, os animais líderes naturais do rebanho, e as fêmeas, portavam chocalhos, avisando sua presença aos ouvidos atentos dos vaqueiros que os recolhiam e os encaminhavam para antigas clareiras abertas no “meio” da serra, conhecidas como os “Cá te espero.”  Em dias predeterminados, geralmente de algum santo, o “Cá te espero” da vez, cheio de animais, vaqueiros, caboclas, barracas de bebida, comida, era preparado para a noite que  passava a ser dos sanfoneiros,  e o rela-bucho esquentava os dançarinos do frio da serra. Pela manhã começava a separação do gado, de acordo com os símbolos da comarca e marca individual de cada “coronel”, marcados com ferro em brasa nos quadris dos animais. Era a ocasião de grandes negócios, rebanhos eram vendidos, transferidos e os coronéis levavam de volta para casa apenas o gado que o interessava.  Novo ciclo começava.

Com o declínio do algodão e a chegada do arame farpado, barato, vendido com financiamento a juros irrisórios, para ajudar na sustentação financeira da recém instalada siderúrgica, começou uma espécie de suicídio, com os próprios coronéis tomando posse ilegalmente de terras em cima da serra e cercando-as com o tal arame. Com as cercas e consequente limitação das áreas, o gado fica sem condições de andar e procurar sua própria comida.  As consequências são imediatas, os donos de engenho, de repente são obrigados a reduzir drasticamente seus rebanhos.

Assim, melancolicamente acaba um ciclo de produção engenhoso e barato. De forma que os sítios, sem fontes de renda compatível para seus donos, começam a desmoronar, e a antiga produção agrícola é substituída pela especulação imobiliária selvagem, sem controle algum, que não leva em conta os cursos d’água, as terras férteis nem produção agrícola de qualquer ordem. Tudo isso sob os olhares complacentes das autoridades.

Este foi o fim das três principais fontes de renda dos sítios: o algodão a pecuária e a rapadura. A rapadura, o açúcar bruto da cana de açúcar é um alimento cobiçado, importante e antigo, que chegou a nós pelas mãos dos árabes. O interessante é que no decorrer desse tempo, uns 700 anos, as regiões produtoras de cana, na medida em que se desenvolviam, transferiam para outras mais pobres a produção de açúcar. Descobriram que se o açúcar em geral é um ótimo alimento para humanos também é para animais. Com essa observação e a preocupação de sempre se adaptar às mudanças, não perder os investimentos já realizados e, quando possível, agregar valores a seus produtos, muitos países aumentaram os plantios de cana. O excedente da produção da cana ou dos subprodutos da fabricação do açúcar é destinado para ração animal.

O balanço financeiro não é complicado, não precisa elaborações econômicas; observando apenas a prateleira da mercearia ou a bomba de combustível do posto, constatamos que um quilograma de açúcar custa cerca de R$ 2,00 e um litro de álcool R$1,50, enquanto um quilograma de carne custa em média R$ 20,00. A cana de açúcar no Brasil, de forma geral, por acaso o único, diferentemente dos demais países produtores de cana, optou por fabricar álcool para carro em detrimento de comida.

Alguns países, a Holanda, por exemplo, importa grande quantidade de melaço para compor a ração bovina e suína de seus rebanhos. Em Cuba, o subproduto da fabricação do açúcar é usado na fabricação de energia elétrica, de rações, indústria química e farmacêutica. As usinas de açúcar cubanas ainda têm a obrigação de fornecer a alimentação para as escolas, hospitais e outras instituições que estão em sua área de influência. Nos do Cariri, nesse meio tempo, simplesmente não sabíamos o que fazer. 

Banda Sol na Macambira e Tambores do Encantado se apresentarão no Crato



A Praça Siqueira Campos na cidade do Crato nesta quinta-feira, dia 10, a partir das 18h00, se transformará no terreiro para apresentação e brincadeira da Banda Sol na Macambira e Tambores do Encantado, além performances teatrais e distribuição gratuita de cordéis. 


Isso tudo é para fugir dos padrões formais de lançamento de livros e documentários, o espaço fechado e as formalidades serão substituídas pela Praça e a interação com o público no lançamento do livro e do documentário “Entranhamentos entre Arte, Estética, Política, Cultura e Educação” do artista/educador Alexandre Lucas. Essa é mais uma realização no caráter do Coletivo Camaradas. 


TAMBORES DO ENCANTADO 
 O grupo Tambores do Encantado é fruto do projeto “Arte e Cultura para Pessoa com Deficiência” resultado da parceria entre a APAE Crato e a Petrobras Distribuidora. 

A banda nascida em 2009 é formada pelos alunos da APAE-Crato a partir das aulas de prática instrumental e das reflexões sobre as culturas afro-brasileira, indígena e manifestações populares do nordeste, em especial as tradições kariris. 

Traz na música “cafuza” a possibilidade de discutir a inclusão da pessoa com deficiência, democratizar o acesso a cultura Cariri e assim estimular o respeito e preservação da nossa memória cultural. 

Em 2011 foi classificada e contemplada com o Prêmio Arte e Cultura Inclusiva 2011 – Edição Albertina Brasil – “Nada Sobre Nós Sem Nós” da Escola Brasil e Ministério da Cultura. 

BANDA SOL NA MACAMBIRA 

A Sol na Macambira nascida em Juazeiro do Norte-CE, 2005 conquistou grande expressividade na musica regional e está fincada nas raízes caririenses. Faz de suas canções um instrumento de estudo, divulgação e crítica a exploração do homem do sertão. 

No espetáculo Canto Novo, inaugura uma fase de recriação que vai da nova formação ao passeio sonoro pelo Cariri, conta histórias e canta o cotidiano por meio da mistura de linguagens artísticas e ritmos regionais traz elementos como Palhaço Mateus e Jaraguá. 

Proporciona valiosa degustação de sua original construção musical e encanta a todos os públicos com seus pífanos, rabecas e tambores perfumados com poesia. 
  
Serviço: 
Banda Sol na Macambira 
(88)88212644 – Jean Alex/Jessika Bezerra

O que "VEJA" sabia mas não disse

O envolvimento do tal Policarpo (Diretor da Revista VEJA, em Brasília), parece invocar diversos artigos do código penal (e de outros códigos, claro). Primeiro: Policarpo (e por extensão a VEJA) sabia de crimes do Cachoeira e não revelou. Pelo contrário, maquiou. Segundo: sabia do envolvimento do Demóstenes com esses crimes e nao revelou. Pelo contrário: maquiou o senador como paladino da lei. Terceiro: operou de modo a favorecer o grupo criminoso Cachoeira na perseguição de seus eventuais concorrentes. Quarto: buscou, utilizou e, aparentemente, estimulou o uso de recursos criminosos (subornos, criação de testemunhas forjadas, gravações e filmagens ilegais).
Não é novo na América Latina nem no Brasil (vide Jango). Resta saber qual a 'inteligência' que está por detrás da trama maior (o golpe) e qual a participação de forças externas (isto é, se e como se relacionam com os quinta-colunas daqui). Quem acha que isso é teoria conspiratória nunca estudou história dos golpes na América Latina. Conspiração não é fruto de imaginação minha ou sua - é fruto da 'imaginação' dos conspiradores. E eles têm muita.
(transcrito do blog do Luis Nassif)

domingo, 6 de maio de 2012

Maria Bonita - José do Vale Pinheiro Feitosa

Por incrível coincidência de datas em 8 de abril de 2002 morria, aos 88 anos de idade, uma das maiores artista da cultura mexicana: Maria Félix que nascera em 8 de abril de 1914. Neste filmete Plácido Domingo canta Maria Bonita, música composta por Agustin Lara em homenagem a Maria Félix, com ela estando presente na platéia. Naquela altura já com mais de 75 anos de idade e ainda uma belíssima "doña".  


Maria Bonita


Ambos, o mar e minha alma, vagueiam sentidos,
Teu corpo molhado,
Cabelos assentados,
Partes pelo todo,
Bonita e exuberante, coroada de lua cheia.

Acapulco é nada desse tudo sem noves fora,
Maria Bonita,
Substantiva inflexionada,
Indivisível noite,
Deste pacífico revolto em ondas de calor.

O núcleo momentoso desta eternidade enluarada,
Maria Félix,
Agustin Lara,
Reverberação do instante,
Nestas águas platinas do azul cobalto nas manhãs prometidas

Deixe-me tudo dizer, as sílabas soletrar,
Teus olhos debulhar,
Beber os lábios,
Inebriar-me de odores.
Respirar fundo até a ponta no fim do novelo.

Não diga nada, nem ao menos balbucie sobre a lua cheia,
Teu corpo ora,
Teu sopro faz-me vida,
Eis o universo,
Aquele pelo qual, de braços levantados, canto em ser parte.






São João - Aloísio



São João

Vou fazer uma longa prece
Aos santos do mês junho
Se precisar eu escrevo
Uma carta do próprio punho

Nesta prece eu vou pedir
A volta do meu São João
Com canjica, milho e licor
E a música de Gonzagão

E não esquecer a quadrilha
Que aqui não é palavrão
É muita dança, é festa
Completando a animação

Quero ouvir Luiz Gonzaga,
Dominguinhos e Severino
Jacinto Silva e Jackson,
O primeiro Trio Nordestino

Vamos escutar Maciel Melo,
Targino Godim, Irah Caldeira
Petrúcio Amorim, Elba Ramalho
Que é uma grande cantadeira

Zabumba, triângulo e sanfona
São os instrumentos principais
E um cantador com talento
Fazem a festa boa demais

Por isso vou agradecer
Aos santos, a Mãe Maria,
Aos que fazem o São João
Sem nos deixar nostalgias.


Aloísio
Foto: Internet


sábado, 5 de maio de 2012


Lua mais perto dos olhos...- socorro moreira



Fico a olhar o céu, fim de tarde, no caminho do Arajara (Crato x Barbalha).
Estou redescobrindo o verde do nosso vale.
Redescobrindo e entendendo porque um dia voltei...
- Um círculo que não fechou trouxe de volta o amor!
Esses altos e baixos da vida sempre a girar me fazem experienciar muitas vidas antes do fim.
Isso é reencarnação/ ressureição pra mim.
Um minuto de felicidade é crédito de paz. Manter esta sensação é deixar que a eternidade se aproxime, entre, e fique!
Mas a gente sabe que nada é pra sempre... Pra sempre é promessa que não se alinha... Eu aposto na vontade de ser vida, e aguardar o pôr-do-sol de cada dia. Labuzo-me no algodão cor-de-rosa, no instantâneo passar das horas... O céu celeste fica turquesa, e o meu coração se esvazia de todas as impressões sensoriais pra penetrar numa zona desconhecida, que eu apelido de paraíso.
Rostos amigos vão passando nas janelas de um trem espacial... Preciso matar a saudade com abraços...Lanço um pote de carinho, neste nosso Azul Sonhado.

Visitando um pedaço do céu- socorro moreira


Lua cheia. Maio sensorial e ao mesmo tempo virginal. Varanda iluminada. Mistura de aromas: alecrim, maracujá...
As letras me aguardam, e é tanta poesia guardada, que elas transbordam e flutuam no ar.
Sinto saudades das minhas saudades. A saudade fugiu de mim. Penso que ela era a minha musa, e desisto de juntar as letras que bailam, e me convidam pra dançar.
Agora só tenho o presente... O futuro começou em cada instante, mas o presente é absoluto; ele ordena que eu cante e deixe de sonhar, contar... Apenas viva a mágica de todos os meus encantos.
Sonhos sem sono. Vigília amorosa. Madrugada deseja a minha companhia.
Estou no caminho. Certa tristeza, que parece falsa... Tal é a minha alegria! 

socorro moreira


sexta-feira, 4 de maio de 2012

"PF" - José Nilton Mariano Saraiva

Muito embora o Governo do Estado e aliados da Assembléia Legislativa tentem blindar (por cima de pau e pedra), seu Chefe da Casa Civil (senhor Arialdo Pinho, ex-patrão do Ciro Gomes), a questão do possível tráfico de influência na questão dos “empréstimos consignados” não quer calar.
Ainda agora, o sério e marrento Deputado Estadual Heitor Ferrer, autor da denúncia inicial, volta à carga ao exibir no plenário da “casa do povo” um e-mail onde o genro do senhor Arialdo Pinho, Luis Antônio Valadares, suposto testa-de-ferro do sogro na empresa Promus, confirma em e-mail o pagamento da “propina” de R$ 100.000,00 (cem mil reais) por mês para o Diretor da Bradesco Promotora, senhor Fernando Perrelli.
O inusitado na coisa e que estarreceu gregos e troianos é o detalhe da observação contida no e-mail, através da aposição da sigla “PF”, que caracterizaria que o pagamento feito pelo genro ao empresário teria sido feito “POR FORA” (ou seja, longe da contabilidade do negócio e dos olhares indiscretos de terceiros).
Segundo se comenta, a confirmar-se tal aberração, estaríamos ante uma séria ocorrência de “desvio comportamental e improbidade administrativa”, já rotulado pelos “experts” com a apropriada denominação de “esculhambaria” (mistura exótica de esculhambação com putaria).
O Bradesco já veio a público com a esfarrapada e velha desculpa:  "não teve acesso ao e-mail mencionado para poder atestar a sua autenticidade" e que "tem inteira confiança nos seus executivos, que obedecem a rígidos padrões de comportamento ético e de governança no exercício de suas funções".
Espera-se que o Governo do Estado não deixe de prestar os esclarecimentos necessários.

Feliz aniversário, Fabiana!

 


Um protótipo do amor sustentável
Uma grande mulher ao lado de um grande homem
Amigos queridos de todas as horas
Pensantes complementares
Misturados numa energia amorosa
Hoje é o dia dela
-Poesia na vida do escritor Zé Flávio!


Um abraço do tamanho do teu coração,Fabiana, torna infinito meus braços.
Espelho-me nesse sorriso amigo pra acreditar na vida com felicidade!


No Azul sonhado a festa começa já!






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quinta-feira, 3 de maio de 2012

Favela



                               A grande explosão das Redes Sociais trouxe consigo seus efeitos deletérios como  a chatice desenfreada das frasinhas de auto-ajuda, da religiosidade rasteira, das abobrinhas em larga escala. Mas, com o quadradismo com que os anos me foram achatando, tenho que reconhecer alguns benefícios inequívocos: a reaproximação de colegas e conterrâneos distantes e  , nos grupos, a democratização das fotos antigas do Crato. Recentemente, foi publicada uma que me pareceu interessantíssima. Mostrava o Crato Tênis Clube nos anos 60, com dois políticos locais importantes sentados numa mesa, num jantar festivo. Seguiram-se à foto uma imensidão de comentários afeitos todos às figuras importantíssimas que estavam no primeiro plano, numa homenagem, diga-se, justa e merecida. Pus os olhos na fotografia e, de chofre, divisei, no segundo plano, personagens que até então tinham sido totalmente esquecidos, dois garçons famosíssimos na cidade : Fuinha e Iguatu. Acredito que eles representam um pouco a tônica do meu pobre trabalho de cronista, aqui na região, nestes quinze anos em que venho escrevendo com alguma regularidade. Tenho a vista voltada sempre para o lado oficioso da cidade, até porque já existem historiadores de grande envergadura, bem mais abalizados,  para narrar a face mais visível e oficial desta terra. Interessa-me a face oculta: os poetas, boêmios, místicos,loucos, artistas  e beatos porque pressinto que  se a história oficial dá corpo à Vila de Frei Carlos, são estes outros que lhe imprimem a alma.
                                               E , neste sábado, venho fazer uma grande reverência a uma das figuras mais irreverentes deste Crato. Chamava-se  Manoel Favela Pantaleão, mas era conhecido, por todos os recantos dessa cidade, pelo sobrenome intermediário : Favela. Nasceu em Exu em 20 de Maio de 1924, há exatos 88 anos. Ainda rapazinho veio para o Crato e aqui fez o seu reinado. Alma boêmia, tornou-se músico e tocava seu instrumento nos cabarés da Rua da Saudade e, depois, acompanhou a saudosa rua nas suas mudanças , à medida que foi sendo engolida pelo progresso. Violonista admirado e incensado-- diziam que arpejava o violão até de cabeça para baixo-- junto com Pedro 21, tornou-se um mito. Levou seus acordes ainda para o nomadismo dos circos que por aqui passavam, acompanhando-os Brasil afora. Junto com a música foi tecendo toda uma mitologia de presepadas e chistes que terminaram por impeli-lo à área do folclore. Esposado pela Boemia, como bom Homem da Noite, nunca casou, teve um relacionamento com uma das saudosas Damas de Vermelho e ficaram   dois rebentos que hoje lutam pela vida no Sudeste.
                                               Favela foi, durante toda vida, um boêmio profissional, morava sozinho e, já velho, ainda utilizava todo dinheiro da aposentadoria com as bebidas e as mulheres. Há uns dois anos, foi premiado no Cariri da Sorte : mais de 30.000 Reais lhe caíram nas mãos. As sobrinhas orientaram-no para fazer uma poupança, guardar para os dias futuros. Favela não tinha vindo ao mundo como formiga, mas sim como Cigarra e respondeu-lhes com uma pergunta da mais profunda filosofia hedonista : Guardar ? Para levar para onde, meninas ? Meteu-se novamente em meio às namoradas e o álcool e não sossegou até transformar todo o pretenso tesouro em puro prazer.
                                               São inúmeras as presepadas que se foram colecionando a seu respeito. Vou elencar apenas algumas, na certeza que quase todo cratense que com ele conviveu, sabe de alguma munganga dessa figura célebre.
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                                               Favela gostava muito de freqüentar o Café de Roseno que nos anos 50-60 existia na Rua Bárbara de Alencar, onde hoje é o Ponto Dentário do inesquecível Maurício Almeida. A razão era simples, adorava um Doce de Banana de Botão que lá vendiam. Um dia , lá chegando, fez o pedido da terrina de doce e quando começou a comer, teve dificuldade de mastigar. Tinham usado bananas muito verdes e as rodelas tinham ficado duras demais para serem trituradas pelas próteses dentárias de Favela. Depois de alguns minutos, tentando em vão, rodando as peças de um lado para outro, ele reclamou cheio de razão:
                                               --- Não ! Não tem quem coma isso não! Eu pedi, Roseno, foi  doce de Banana, não foi Pedra de Gamão, não !
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                                               Antonio Favela , um irmão dele, trabalhava na Cantina do Oliveira e adorava ralhar com Manoel.  Um dia, vendo-o passar do outro lado da rua, resolveu mexer com ele e mandou o clássico xingamento :
                                               --- Manoel ! Vai ali na Praça Siqueira Campos prá ver se eu tou lá !
                                               Manoel, sem se alterar , responde na bucha:
                                               --- Vou já, Antonio, mas tenho que passar em casa primeiro !
                                               --- Em casa ?  Por quê ? -- Quis saber o irmão.
                                               --- Por que se tiver um cabestro eu já levo, prá não dá  duas viagens !
                                               Favela voltava de madrugada, violão às costas, após o show no Cabaré, quando foi abordado pelo terrível Major Bento. O militar foi um delegado violento da cidade que, numa determinada época, estabeleceu um Toque de Recolher por aqui. Vendo o músico quebrando o Toque, na rua àquelas horas , o abordou grosseiramente. Favela, então, explicou que era músico , que tocava nas Casas Noturnas da cidade e que  estava, pois, a trabalho à noite, aquilo era seu meio de vida. O Major não quis saber, ríspido falou:
                                               --- Me acompanhe, cabra !
 
                                               Favela, de pronto, sacou o violão das costas, dedilhou as cordas e respondeu:
                                               --- Pois não, Major! Em que tom ?
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                                               Antonio Primo de Brito é uma das memórias mais prodigiosas desta cidade e  foi grande amigo de Favela. A mor parte destas histórias foram  a mim repassadas por ele. Um domingo, Favela chegou cedinho na  casa do ex-prefeito . Pediu R$ 100,00 emprestados. Precisava pagar uma dívida de última hora. Antonio Primo  remexeu os pertences e só encontrou R$ 50,00. Meio a contragosto avisou-o da triste novidade. Favela não se enrolou:
                                               --- Tem problemas ,não, Antonio! Me dê os R$ 50,00! Você é um homem direito e vou confiar em você, depois você me paga os outros R$ 50,00.
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                                               De outra feita, Favela acompanhou a seleção do Crato que aí pelos anos 70 ia jogar em Baturité. O motorista do ônibus de carreira era uma outra figura antológica : Moço Lídio. O coletivo vinha apinhado de passageiros e viajava à noite. Favela—que tinha problemas de dormir naquelas horas—resolveu ir lá para frente, ficou sentado conversando com o motorista. Já chegando na cidade de Independência, numa grande descida da serra, o carro deu um estralo e embalou, ladeira abaixo. Tinha quebrado o freio. Moço Lídio foi aprumando e sustentando o veículo como podia, para ver se conseguia chegar à cidade de Independência, lá embaixo, o que seria a única salvação possível. Favela manteve-se impassível. Nisto, uma senhora passageira percebeu o estralo estranho , a velocidade e o risco que estavam passando, correu lá prá frente aflita e gritou:
                                               --- Valei-me meu Deus ! Motorista,  o que isso significa ? Diga !
                                               Favela, sentado, tranqüilo, resumiu para ela o problema:
                                               --- Ora, minha Senhora : Independência ou Morte !
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                                               No dia doze de janeiro último,  o violão silenciou. A velha Rua que um dia chamou-se Saudade perdeu uma de suas vozes mais poderosas. E a história sentimental da vila que um dia foi tão fértil e verdejante , hoje , mais que nunca , se transformou em Favela.

J. Flávio Vieira

Banda Jardim Suspenso se apresenta no Cariri em comemoração ao Dia das Mães

Banda Jardim Suspenso se apresenta no Cariri em comemoração ao Dia das Mães

A banda cearense Jardim Suspenso, fará seu primeiro show na Região do Cariri, na cidade do Crato no próximo dia 12, a partir das 22h, no Terraçus Bar e Petiscaria. A festa organizada pela Sertão Pop Produções homenageia as mães caririenses, pois acontece na véspera do Dia das Mães. Para isso está trazendo duas bandas onde a mulher é destaque: para abrir o evento Banda Godivas, do Crato, formada por mulheres e o show que elas nos apresentarão é em cima da obra de Roberto Carlos. A outra, de Fortaleza, é a Jardim Suspenso, que faz uma releitura da obra da Rainha Rita Lee. "Naturalmente será um grande evento e em um momento muito especial, pois achamos que as mães são a mola-mestra da família e portanto merecem essa grande homenagem através da música", afirma Kaika Luiz, produtor do evento. A banda Jardim Suspenso está na cena musical cearense desde 2010 e desde então vem realizando show de releitura da obra de Rita Lee e de seu ex-grupo, Os Mutantes. A banda tem se apresentado em importantes espaços culturais, eventos de Fortaleza e programas de TV. Fora da capital, já se realizaram show na Região Metropolitana e na cidade Sobral. O grupo é formado por Joanice Sampaio (vocal), Pedro de Farias (guitarra), Victor Fontenele (baixo) e Carlinhos Perdigão (bateria). Serviço: Festa do Rei e da Rainha Tributo à Rita Lee, com a banda Jardim Suspenso (Fortaleza) Tributo a Roberto Carlos, com a banda Godivas (Crato) Terraçus - Bar e Petiscaria Dia 12 de maio, a partir das 22h Av. Pedro Felício Cavalcanti - 1969, 63106-010 Crato-CE Info: (88) 9666.9666 (88) 3521.5398 (88) 8824.2131

Matéria publicada no blog Sobreart do jornalista Marcus Peixoto.
http://sobrearte-marcuspeixoto.blogspot.com.br/2012/05/banda-jardim-suspenso-se-apresenta-no.html

Coletivo Camaradas lança livro e documentário no Crato sobre arte e engajamento politico

Banda Sol na Macambira, performances, distribuição de cordéis e muita descontração deverão marcar o lançamento do livro e documentário “Entranhamentos entre Arte, estética, política, cultura e educação”. 

A Praça Siqueira Campos no Crato será mais uma vez ocupada pelo Coletivo Camaradas, no dia 10 de maio, a partir das 18 horas. Desta vez o grupo fará o lançamento do livro e documentário “Entranhamentos entre Arte, estética, política, cultura e educação” do artista/educador Alexandre Lucas. O livro trata-se de uma coletânea de artigos baseados em experimentos, vivências e reflexões do autor, através da sua participação em coletivos de artes, como é o caso do Coletivo Camaradas. O livro tem caráter pedagógico e aborda a questão da arte de forma contextualizada com os aspectos sociais, políticos e culturais.

Já o documentário reúne falas de 56 pessoas, entre artistas, pesquisadores e produtores culturais de diversos estados brasileiros. Para produzir o documentário foram captadas imagens nas cidades de Recife-PE, Rio de Janeiro - RJ, Fortaleza, Aracati e na região do Cariri. O livro faz questionamentos sobre o papel social do artista e do educador, a partir de uma tomada de posição política ligada aos interesses das camadas populares. As experiências compartilhadas ao longo dos anos com os coletivos e artistas de outros estados, através do Programa Nacional de Interferência Ambiental – PIA e do Instituto Centro Universitário de Cultura e Arte – CUCA possibilitou acumular argumentos para a produção do livro e do documentário. 

A apresentação do livro é feita pelo filósofo e cineasta Rosemberg Cariry que entre outras questões cita : "Entre estes novos movimentos, destaco a marcante presença do Coletivo Camaradas, à frente do qual está Alexandre Lucas e uma “nação aguerrida” de jovens artistas, com uma perspectiva mais ampla do país e do mundo, levando artes e culturas em todas as frentes; das universidades às escolas públicas, das feiras às romarias, dos palcos às praças das pequenas cidades do sertão."

Para a arte/educadora, doutoranda pela Universidade de Sevilla em Artes Visuais e Educação, Sislândia Brito, “O artista/educador Alexandre Lucas tem um trabalho de engajamento político e de comprometimento com as causas populares na sua arte”, e destaca que “sempre com a preocupação de uma arte de interação com o público, seu trabalho sempre evidencia que é necessário possibilitar e criar condições para que o grande público se sinta parte do fazer artístico”.

O livro e o documentário serão disponibilizados gratuitamente pela internet e distribuídos as escolas.

"A arte é um diálogo constante entre o eu e a sua coletividade, que acarreta relações e necessidades humanas de atrelar o indivíduo ao seu entorno social." diz Alexandre Lucas no seu livro.

Serviço: 
Kit Livro e documentário “Entranhamentos entre Arte, estética, política, cultura e educação” Lançamento – Dia 10 de maio ( quinta-feira), às 18h00, no Praça Siqueira Campos – Crato/CE Investimento: R$ 10,00

DOIS POEMAS DE MANUEL BANDEIRA

A ESTRELA E O ANJO

 Vésper caiu cheia de pudor na minha cama

Vésper em cuja ardência não havia a menor parcela de sensualidade

Enquanto eu gritava o seu nome três vezes

Dois grandes botões de rosa murcharam

E o meu anjo da guarda quedou-se de mãos postas no desejo insatisfeito de Deus.


(Neste poema é a estrela da tarde, Vésper, a personificação lírica e metafórica do êxtase amoroso. No entanto, é só o corpo que vive essa plenitude, o “desejo insatisfeito de Deus” só alma o realizará “Só em Deus ela pode encontrar satisfação” (Arte de amar  - poema de Bandeira).

 A ESTRELA

Vi uma estrela tão alta,

Vi uma estrela tão fria!

Vi uma estrela luzindo

Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!

Era uma estrela tão fria!

Era uma estrela sozinha

Luzindo no fim do dia.


Por que da sua distância

Para a minha companhia

Não baixava aquela estrela?

Por que tão alta luzia?


E ouvi-a na sombra funda

Responder que assim fazia

Para dar uma esperança

Mais triste ao fim do meu dia.


(O poema A estrela é lindo e triste! As palavras, magistralmente cadenciadas nos versos, configuram a tristeza e a desesperança do poeta que vê a estrela tão alta e tão fria cintilando a solidão da sua noite, da sua vida.)


Por José do Vale


Stela tosada
Stela ausente da embarcação
Stela de verão
Stela ensombreada
Stela solta no firmamento

E por falar em solidão:

Stela vespertina
Stela matutina.

E precisa de algo mais?

quarta-feira, 2 de maio de 2012

No aniversário de Victor...( 29.04.2012)

 

Hugo e família: presente musical!
Só alegria!

Filomena e Maria Rita

Leninha e Maria Rita
Hugo, Rogério...


Estou quase voltando... Tanta coisa pra contar, e a terna saudade deste pedaço de céu, extensão da minha casa, que  reúne pessoas amigas, queridas!
Estou visitando o  Crato e arredores, com olhos de turista e coração de cratense .
Nunca senti tanto o nosso verde e a força das nossas águas. Clima agradabilíssimo.
Eita Crato lindo!


Feliz pela manutenção do Blog... Beleza !
A proposta do coletivo é exatamente esta. Surpresa feliz, na leitura de textos dos colaboradores diversos, sempre  bem-esperados!
Chagas, Marcos Barreto, Zé  Flávio, Liduína, Stela ,Emerson, Zé do Vale!!

Abraços!!!

Caixa de boas novidades - Emerson Monteiro


O fotógrafo Augusto Pessoa, paraibano com trânsito livre e constante pelas terras cearenses, é quem traz o presente, essa caixa contendo o livro Nordeste desvelado, de fotografias suas colhidas nas andanças nesta Região do Brasil, e o cd Nordeste oculto, que contém peças musicais do grupo Crabuêra, da mais fina flor de sonoridade do âmbito desta parte de mundo, numa embalagem primorosa de cores e desenho.

Eis a Arte em momento apreciável de real importância. Nordeste desvelado transmite fiel a face da nossa gente com vigor e propensão, algo no nível técnico da qualidade dos meios modernos da comunicação gráfica, qual o que se espera dos artistas em tempo de tecnologia avançada. Isso visto de fora para dentro, do espectador para a cena posta no palco das imagens recolhidas e do objeto mercantil. No sentido inverso, do conteúdo ao prazer de quem olha / escuta, olhará / escutará, grata surpresa lhes aguarda, apreciadores da melhor Arte (de letra maiúscula e tudo).

Um presente digno de nota alta revela a caixa do Nordeste Oculto / Desvelado, pelo bom produto que carrega no seu interior. Do livro de fotografias de Augusto Pessoa, que testifica a viagem transcendental das visões (Visagens, como o Autor denomina) através do sagrado das tradições, dos benditos, das festas populares e religiosas, da religiosidade perene de um povo sertanejo nordestino, virtuoso nos sonhos e na confiança do Deus dos simples, e doutras partes do mundo, o que se pode viver / ver intensamente, pela profusão das tonalidades, imagens, dos movimentos e ângulos desse jovem já reconhecido mestre da fotografia brasileira. 

Augusto César Cunha Pessoa nasceu em 1974, em Campina Grande PB. Jornalista e fotógrafo, atua profissionalmente desde 1994, integrando equipes de diversos jornais nordestinos. Atualmente trabalha como free-lancer para tais revistas National Geographic, Vida Simples, Caminhos da Terra, Horizonte Geográfico, entre outras. Prêmios: Abril de Jornalismo (2008); Um olhar sobre a cultura popular nordestina (2007); Pérsio Galembeck de Fotografia (2010); Paraíba dos seus olhos (2007-2009); AETC Jornalismo (2006 e 2007). Publicações: Capital iluminada [com a arquiteta Lis Cordeiro Alves]; INTI (fotografias sobre os Andes, 2009). Exposições: Casa Grande, uma viagem aos encantos da Chapada do Araripe (Nova Olinda-CE, 2010); Fotografia em revista (0 anos de fotografia da Editora Abril) (São Paulo, 2009); Guajás, os últimos nômades (Maranhão, 2008); X Fenart (Funesc, 2004). 

Quanto ao grupo musical Cabruêra, parceiro de Augusto Pessoa nesta caixa de fábulas inesquecíveis, dele trataremos em breve.
Desejo, por agora, no entanto, aos agraciados com tamanha oportunidade de viver bom gosto o melhor dos prazeres culturais...  

RECADO DOS PÁSSAROS - Marcos Barreto de Melo

chegado o mês de São João
os pássaros do baião
fizeram uma reunião
pra discutir a questão

procuraram Gonzagão
e numa noite enluarada
o nosso Rei do Baião
recebeu a passarada

estavam lá reunidos
acauã, o assum preto
asa branca, o sabiá
galo campina, o carão
a peitica e o bacurau
todos pra guerra munidos

a prosa foi demorada
e depois de muito acerto
mandaram dar um aperto
nessa turma enjoada
junto com este recado
um tanto desaforado

que pra ser bom forrozeiro
tem que entender do riscado
dançar baião e xaxado
e que esse povo interesseiro
que canta só por dinheiro
respeite o rei do baião


A solidão faz de mim:


Rapunzel de cabelos curtos

Isolda sem Tristão

Branca sem beleza de neve

Moça de chapéu desbotado

clamando por Ariadne

(acordada sem fio condutor e amor de Teseu).
     Stela Siebra

Punta Del Este - José do Vale Pinheiro Feitosa


Punta Del Este é a Miami do Cone Sul. Uma ponta no mar plena de mansões, edifícios de luxo. De Cassinos iguais aos Zigurates da Mesopotâmia onde os astros a serem observados são os semideuses desta mortalidade aderente ao sucesso. E girava por suas ruas. Todas em longitude de sua ponta, aquela espécie de bússola que parece nortear a imensa deságua do Rio de la Plata.

Um clima de Atlântico Sul: Leões Marinhos próximos ao píer, à espreita que os restos do tratamento dos peixeiros retornam às águas onde pescam. Uma face de endinheirados: inúmeras lanchas a condecorar o tédio de tanta riqueza sem norte de aplicação social. Quando passava em frente ao velho prédio da Marinha encontrou Che Guevara, o chefe da Missão Cubana, em passo apressado para o desfecho da Oitava Reunião de Consulta de Ministros de Relações Exteriores da OEA.

Bem na ponta da Punta as estátuas de sereias feitas com o lixo sólido que se depositam nos mares. Os restos carcomidos do capacho Colombiano de tanto uso pelo Império a convocar a Reunião. As teses e decisões que geraram as ditaduras militares de direita na América Latina sob o capuz da tortura de algozes americanos: intervenção estrangeira como desculpa para intervir; segurança contra a ação subversiva do comunismo internacional com senha para os golpes e a Aliança para o Progresso para consolidar “il capo de tutti capi”.

E os olhos tontos de tantas fachadas luxuosas, ruas desertas na fase do estio das douradas temporadas de verão. É tanto verde, verde rasteiro, ao rés do chão, verde sobre antigas dunas, verdes para ladear os caminhos sinuosos dos carrões de sonhos. Verdes no meio dos quais se erguem mansões de tantos cômodos com se uma grande hospedaria fosse para apenas algum casal, seus dois filhos e uma multidão de puxa-sacos e admiradores no frisson do verão.

Na praia, aquela face da Punta que se beira às ondas revoltas das Praias Oceânicas. Em qual delas os dedos gigantes de uma mão emergem das areias como se a mão de um zumbi fosse, a pedir socorro ao presente do enterro vivo da história. Em qual destes dedos encontrou Guevara, Brizola, tantos latinos americanos perplexos com a expulsão de Cuba. Na Oitava Reunião de Punta Del Este o dragão queimava o destino de uma geração e roubava dela a construção dos próprios passos.

Não parece, mas em Punta Del Este alguns pobrecitos clamam por comida. São poucos, invisíveis aos filtros de ar condicionado dos vidros fechados na velocidade de conta-giros enlouquecidos. São fugitivos do abraço que os retém bem para o interior da Punta, para longe das praias e dos balneários. Com Maldonado e San Carlos a reter-lhe o desejo de examinar os ricos como os ricos são.

Em Punta Del Este toda a Cachoeira de práticas escusas com o único fito de acumular. E se a esta queda da água fosse possível tratar-lhe no gênero masculino, o Cachoeira despejaria pedras e lamas, trapaças e artimanhas igual a qualquer sujeito em franco processo de amealhar, ajuntar, enriquecer. O Cachoeira tem o dom do mesmo ato de expulsar Cuba, exilar Brizola e matar Guevara.

Na saída rápida e desejada de Punta del Leste, tonto de tanta jactância, abobado com tanta gramínea, quase grita palavras de teor anarquista: Professor! Doutor! Professor! Doutor! Professor! Doutor! Num roteiro tão longo que a paisagem foi se transformando e o automóvel voou baixo na ruta 9.

Algumas horas após, uma vez havido ultrapasso o Arroio Chuí, ali onde ele se despeja no mar, o olhar para o sul enxergava a ironia de ter sido naquele carnaval de Cassinos que a Revolução Cubana que derrubara os Cassinos, fora vingada pelos contraventores.
  
  


a um mestre do samba



sim
em silêncio aguardamos,
peito de dor também,
teu samba do infinito

quem sabe de quê?
então calamos
aguardando até hoje
teu samba do infinito

silêncio,
os defeitos deste mundo
não têm
segredo para nós
se ouvimos fundo
teu samba do infinito

quem sabe de quê?
por isso calamos
aguardando até hoje
teu samba do infinito


"Silêncio e Estupidez" - José Nilton Mariano Saraiva

                        
“A direita elege o passado porque prefere os mortos; mundo quieto, tempo quieto. Os poderosos, que legitimam seus privilégios pela herança, cultivam a nostalgia. Mentem-nos o passado como nos mentem o presente: mascaram a realidade. Obriga-se o oprimido a ter como sua, uma memória fabricada pelo opressor, alienada, dissecada, estéril. Assim, ele haverá de resignar-se a viver uma vida que não é a sua, como se fosse a única possível” (Eduardo Galeano)
**********************************
Meses atrás, numa de nossas postagens em blogs da Região do Cariri, alertávamos aos conterrâneos cratenses sobre a necessidade premente de um choque de realidade, de um maior comprometimento dos munícipes com o futuro da cidade e, enfim, do despertar de uma ínfima dose de clarividência e responsabilidade no momento de usar sua mais poderosa arma, o sufrágio universal do voto.
Mostramos, didaticamente, ancorados no dantesco quadro de acefalia, imobilismo, abandono e corrosiva decadência físico-econômico-financeira  da cidade, que não se justifica, em pleno século XXI, se optar por entregar o destino de uma urbe da estatura do Crato a pessoas comprovadamente sem a mínima vocação para cuidar da coisa pública, sob o cínico e estapafúrdio argumento da origem familiar ou da manutenção de uma tradição que se perdeu nas brumas do tempo.
Afinal, o que esperar do indicado por alguém ( integrante de uma agremiação desprovida de maiores preocupações com o “social”, o PSDB ), que não teve o menor constrangimento de, ao ser contestado num evento público sobre o marasmo e a lerdeza da sua administração à frente da municipalidade, declarar  “...O CRATO É FINAL DE LINHA; SÓ VAI AO CRATO QUEM TEM NEGÓCOS LÁ”; ou que, quando do momento decisivo da escolha da cidade onde seria instalado o Campus-Cariri, da Universidade Federal do Ceará-UFC, simplesmente não compareceu à reunião, deixando a representação cratense órfã da sua mais alta autoridade institucional (aqui pra nós, o reitor da UFC deve ter pensado lá com seus botões: se o prefeito da cidade não fez questão de participar é porque não tem interesse; portanto...).
Pois bem, naquela postagem sugeríamos que as diversas alas do espectro político cratense atuantes à esquerda (que comprovadamente se preocupam com o bem-estar do povo, além do handicap de aliados de primeira hora do poder central), quebrassem lanças, aparassem suas arestas, tentassem se compor, dessem um jeito de agrupar-se por um objetivo maior e específico: o bem-estar da população e o conseqüente progresso da cidade, através do lançamento de uma candidatura una, apoiada pelas diversas tendências.
Hoje, tomamos conhecimento, via alguns blogs da Região, que o eminente cratense radicado no Rio de Janeiro, Zé do Vale Feitosa, desejaria muito “ouvir e falar” com o provável candidato do PT à Prefeitura da cidade, senhor Marcos Cunha (que não conhecemos pessoalmente, mas temos referencias promissoras), objetivando uma profícua troca de informações sobre as perspectivas da cidade.
E como o Zé sugere que os que partilham desse seu anseio e preocupação com o destino do Crato se manifestem, pedimos sua autorização para subscrever, de público, tudo o que por ele foi posto, até porque...  “temos observado um silencio muito parecido com a estupidez”.
E o inapropriado e desastroso “acasalamento” do silêncio com a estupidez certamente nada gerará de saudável.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Memórias de Abril. Liduina Vilar.

Não devo nada a Abril,
a não ser o que aconteceu de bom.
Se chorei, já esqueci,
se sofri, já passou...
As vezes que a tristeza chegou,
o amor recebido compensou.
Tenho muito que agradecer
 a Deus, Criador do mundo,
ás maravilhas do mês quatro:
Todos os abraços e beijos recebidos
e ao trabalho realizado.
Aos sorrisos recebidos
e aos olhares, estes, inesquecíveis!

Feliz mês de Maio, queridos e queridas.

FAZENDO AS PAZES COM UMA TANGERINA – por Stela Siebra
Sabe aquela história de procurar uma coisa e achar outra? Na bagunça suportável de uma estante, encontrei hoje um livro do monge budista Thich Nhât Hanh , que tenho desde 1989. Eu procurava um dos meus livros de Astrologia e eis que “O Milagre da mente alerta” se apresenta para mim, como me dizendo: ‘nesse momento você precisa reler minhas lições’. Bom, como eu sempre estou precisando aquietar minha mente... fui reler o livro, cuja base é o ato de respirar consciente, é o foco na ação que se está fazendo, como caminho para a unidade, para a percepção da realidade como um todo e não compartimentos estanques. Parece simples, mas o pensamento gosta de voar, é preciso disciplina para se chegar à concentração. Pelo menos para mim é assim. E lá vem aquela música que diz “o pensamento parece uma coisa à toa/ mas como é que a gente voa/ quando começa a pensar”.
Hum... mas onde é que entra a tangerina nessa história? No livro, Thich Nhât Hanh conta o fato de que um amigo seu estava chupando uma tangerina com toda sofreguidão, colocando um gomo atrás do outro na boca, sem mastigar, enquanto falava empolgado de seus planos para o futuro. O monge, então, chama sua atenção, pois se não saboreava um gomo de cada vez, não conseguiria tampouco saborear a tangerina inteira. Lembra-lhe que ele não está presente na ação, e que junto com a tangerina está engolindo seus planos.
Quando li o livro pela primeira vez lembrei-me de um fato semelhante que acontecera comigo: estávamos eu e uma prima saboreando umas tangerinas, quer dizer...minha prima saboreava, mas eu devorava as tangerinas, sem me dar conta que estava perdendo o melhor daquele momento. De repente, minha prima percebeu minha avidez e falou: “Oxe, que agonia é essa, menina? Tu nem respira!”. E começou a rir; também ri, porque nesse tempo eu tinha fama de estabanada, alvoroçada. Bom... ainda hoje essa fama me acompanha um pouquinho. A partir daí sempre que tenho uma tangerina em mãos, recordo-me da história e escolho saboreá-la com vagar, sorvendo seu sabor com prazer, lembrando-me do ensinamento recebido.
“Se você não está presente, você olha e não vê, escuta mas não ouve, come mas não saboreia”.

Resistência (Luiz Oswaldo Santiago Moreira de Souza)

Ele se derramou no telhado,
buscou a fresta nas telhas
e escorreu quente
                          quente
                                   sobre
                                            a
                                               sua
                                                     cama.
Envolveu-a com carinho,
percorreu-lhe o corpo inteiro
e lhe foi beijar os olhos
com seu afeto agressivo.

E ela, incomodada,
já se sentindo estuprada,
cobriu os olhos com as mãos
e as costas lhe voltou.

    - Por que um pouco de luz
      violenta sempre os olhos
      de quem dorme sossegada?
Brasília (DF), 26/02/87

"Luiz Oswaldo tem a ternura e a sensibilidade dos poetas e a tenacidade dos revolucionários. É um apaixonado." (Glória Diógenes)

De dom Pedro ao Cachoeira (Revista Carta Capital)

Como são os "pequenos detalhes" que fazem a história, a origem do “Jogo do Bicho” nos traz a surpreendente revelação que a sua implementação no Brasil deu-se por decisão do então imperador dom Pedro II, lá pelos anos 1800. É o que nos relata o respeitabilíssimo jurista Wálter Fanganiello Maierovitch, integrante do corpo editorial da revista Carta Capital (edição 695, de 02.05.12, página 32). Aos fatos.
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"A historiografia nos revela que o imperador Dom Pedro II havia ficado frustrado pela falta de empolgação da população com o recém-inaugurado jardim zoológico. Para atrair visitantes, o imperador apostou então todas as fichas no projeto do mineiro João Batista Viana Drummond, que há havia administrado a Estrada de Ferro Pedro II. O projeto Drummond, implantado em 1880, teve pleno êxito, com os visitantes a apostar nos bichos do zoológico, ou melhor, em 25 grupos de animais e em combinações a alcançar o número 100. Logo cedo à entrada do jardim zoológico, colocava-se uma caixa com um bilhete numerado dentro. Então, a caixa ia para o alto de um poste. No final da tarde, abria-se a mesma para divulgação do número e o vencedor apresentava o seu bilhete comprado para levar um premio em dinheiro. E assim Drummond, que virou barão só em agosto de 1888, povoou de humanos o zoológico do imperador."
Wálter Fanganiello Maierovitch (Jurista, Ex-Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, colunista da revista Carta Capital)
 

Força maior do Universo - Emerson Monteiro


Há, sim, novidades entre o céu e a Terra, dentre as quais uma grandiosa, que se destaca por seu valor descomunal. Maior que tudo, de todas, e maior das imaginações; amálgama e poder agregador infinito nas composições dos ingredientes; o Amor, que nutre as engrenagens desse fluir imenso e monumental Universo.
Na concepção da poesia, das religiões, dos calendários, o Amor bem representa nas palavras esse termo do que não pode ser dito, porém muitos se aventuram no propósito da ânsia incontida do dizer indizível. A porta das tradições, revela o panorama dessa força poderosa, transformadora, que neutraliza inutilidades e contradições dessa raça de sábios impacientes. Amor, luz das emergências, alimento dos deuses, sonho dos profetas. 
Andasse na sombra dos laços e das armadilhas deste mundo, e o Amor sacralizaria o palmilhar das estradas. Salvaria qual nenhuma outra poção por mais mágica fosse e panacéia que servissem de curar todos os males. Viajaria o tempo e mergulharia os mares, transmitindo a vitalidade das vidas, o ordenamento dos sistemas, revelando capacidade indestrutível dos heróis e o carinho abençoado das mães.
Amor, que sobreviverá aos milênios das fugas, na absoluta serenidade dos crentes, e penetrará a órbita dos derradeiros astros das galáxias, sem fronteira que lhe contenha a sede insaciável das distâncias, foco maravilhoso dos sóis. 
Amor, assim, claridade exponencial, perfeita e verdadeira. Esse hálito que envolve as crianças, os anciões e as manhãs da pura transcendência dos santos no instante das iluminações. Fala dos pássaros, perfume das flores, cores maviosas dos nasceres e pores do Sol sempre belo e perfeito. Amor dos seres, das moléculas, do eterno abraço do movimento das marés inesgotáveis.
Algumas frases que só tornariam suficiente contar a história da geração das tantas pessoas, nesse caudal das vivências e suas experiências imortais, caminho das famílias e dos grupos na escola das eras. 
Sentir, por isso, a lembrança do paladar dos melhores sabores, o gosto auspicioso desse alimento Maior de todos eles. O sentimento da excelência, do sucesso. Amor que rompe os inevitáveis e eleva a Esperança nos dias supremos que chegam suaves pelas malhas deliciosas do vento. Simplesmente o Amor, rei das emoções e Senhor dos amores, seus filhos queridos.