O TUCANO
O tucano ergue o longo bico
adunco
entre as árvores ralas na
canícula:
ausculta o tempo com sanguínea
verve
e dispersa o calor com sua
astúcia.
O tucano transpira pelo bico
como se fosse um radiador. Controla
a sensibilidade do seu
corpo
nos dias quentes e nas noites
frias.
O tucano colore o azul do dia,
as campinas, as árvores e as
águas.
Os pássaros se calam quando o tucano
filtra a luz e o mormaço do verão.
Agita e grita a cor de galho em
galho.
Com o suor do corpo no seu
bico,
o voo inquieto do tucano
enfeita
o verde da paisagem do
poema.
Esta
foi a última foto de um tucano que eu tirei. Em S. Bento do Sapucaí, SP,
perto
da Cachoeira dos Amores, na semana passada.
A foto
não corresponde ao poema, escrito uns dois anos antes.
In
“Livro dos bichos”, Prêmio Jorge de Lima 2011, da U. B. E. RJ (a
publicar).
Um comentário:
Que delícia, a leitura de um poema teu!
Abraços, Brandão!
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