por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 23 de março de 2012

O Papa em Cuba ou Cuba no Papa - José do Vale Pinheiro Feitosa

Numa semana em que se noticia a visita do Papa a Cuba, más notícias correram no esgoto que enlameia o comportamento de agentes da Igreja. A pedofilia continua o mais recorrente, mas a velha questão da lavanderia financeira do vaticano mantém a tônica. Novas leis italianas dariam “conta” do problema. No entanto a notícia que mais chocou foi a de que nos anos 50 jovens entre 11 e 18 foram castrados na Holanda, em hospitais católicos, em razão de terem se envolvido em pedofilia com religiosos.

E agora um breve jogo. A visita de Dilma a Cuba despertou um furor contra Cuba em nossa mídia e novamente a famosa “blogueira cubana” virou manchete em nosso noticiário. Aí um repórter levantou o perfil da moça na rede e descobriu falcatruas de todos os tipos, de financiamentos absurdos a simulação, através de empresas “especializadas”, a forjar número de visitantes no perfil dela.

Não tenho lido muito os blogs da direita brasileira e ou de alguns setores reacionários da Igreja Católica, mas imagino o quanto a visita deve alentar o desejo de crítica ao regime cubano e estimular a cantilena ideológica. Aliás, por incrível que pareça, com todas as contradições na Santa Madre Igreja, Joseph Ratzinger, um alemão linha dura que comanda a santidade declarou: (a ideologia marxista) “não responde mais à realidade.”

O problema de afirmações dessa natureza é que a frase também se encaixa numa milenar instituição dirigida por um papa que teima em não enxergar (ou dialogar) a realidade. Em todo mundo as massas desprotegidas buscam abrigo em todo tipo de espiritualidade, que mais e mais se afasta de sua finalidade, à proporção em que se deteriora a vida material das pessoas. O papa Ratzinger, por mais desconforto que tenhamos em afirmar isso, não se diferencia do pastor vendedor de martelo de quebrar a infelicidade popular e nem dos bispos universais se digladiando por dinheiro.

Não devo cair na pelúcia da linguagem da chancelaria, mas Bruno Rodríguez, chanceler de Cuba tem mais senso de realidade do que seu visitante. Questionado pela imprensa sobre a “gentil” frase de Ratzinger, Rodríguez respondeu: “Respeitamos todas as opiniões. Escutaremos com respeito a Sua Santidade.” Em seguida recordou que o sistema cubano atual “tem suas idéias desenvolvidas em mais de um século de história” e um acervo popular amplo que, segundo ele, “está também aberto” a modificações e “em constante desenvolvimento.”

É possível que o governo cubano venha a sofrer enormes conseqüências pela abertura da economia para pequenos negócios, derrubando anos e anos de seu próprio dogmatismo. Agora uma coisa não se pode negar: o governo abriu um ímpeto de progresso material em certos grupos da população que poderá levar a novos estágios em seu desenvolvimento.

Cuba continua a ser uma questão chave no mundo globalizado e ainda polarizado pelo Império Americano. Assim como os analistas econômicos só enxergam e defendem as grandes corporações adquirindo os pequenos negócios, não deixa de ser ideologia querer negar que uma ilha possa não querer ser mais um estado americano como pretende Porto Rico.

Neste ponto tendo a ter mais simpatia democrática por quem enxerga a diversidade dos povos do que este totalitarismo monárquico do império sustentado por uma espiritualidade (religiosidade) a respaldar o poder terreno oligárquico. E tome picareta na televisão a vender salvação.

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