De tantas e tantas vezes escutar anedotas sobre a "pressuposta" pouca inteligência dos nossos descobridores, deu-me uma falsa impressão de verdade, a um ciúme ou quem sabe, uma revolta, provavelmente ambos iniciados nos tempos coloniais. Mas ao residir numa cidade, e aqui abro um parêntese e peço licença para usar uma palavra da moda, numa cidade com índice de "mobilidade" cada vez menor, onde construíram um viaduto para desafogar o trânsito e colocaram um semáforo por baixo; onde já encontrei uma rua cujo já mencionado sinal luminoso foi colocado cerca de dez metros após o cruzamento, impedindo os carros circularem pela rua transversal; onde uma de suas universidades oferece "curso de verão" em pleno mês de julho, quando oficialmente é inverno no hemisfério sul, é que cheguei à conclusão que não poderemos jamais zombar da inteligência dos fundadores do Vasco da Gama. Se precisasse de uma prova da sabedoria portuguesa, bastaria a fundação do meu "Vascão" para colocar por terra qualquer argumento contrário.
Entretanto, convém lembrar que os portugueses detêm a maior e melhor tecnologia em Engenharia Civil do mundo, sendo inigualáveis no domínio das Mecânicas dos Solos e das Rochas. É da responsabilidade dos engenheiros portugueses do Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Lisboa o projeto e construção das grandes barragens norte americanas.
Será que falamos a mesma língua? De nada adianta os governantes dos países de língua portuguesa desejarem unificar o idioma. Nós brasileiros, jamais passaremos a chamar o concreto armado de betão e time de futebol de "equipa".
É bom lembrar que nós temos nossos vícios de linguagens que atropelam qualquer estrutura do idioma de Camões. Além, é claro, de desafiar a lógica. Um amigo, foi conhecer Portugal. Lá chegando alugou um carro e saiu pelo interior do país, pouco maior que o nosso Ceará. Com o mapa rodoviário à bordo, e admirado com a perfeição de suas estradas, esse amigo desejava conhecer um cidadezinha lá existente de nome Almeida, de onde vieram seus bisavós. Ao chegar a uma pequena vila, onde a estrada se bifurcava, resolveu perguntar a um velhinho que se aquecia ao sol da manhã:
- "Onde é que fica Almeida?" - Quis saber. E o velhinho, com muita simplicidade, respondeu:
- "Primeiramente deseje-me um bom-dia!"
- "Ah, desculpe-me, bom-dia!"
- "Muito bem, agora podes perguntar!" - Ordenou o português:
- "Onde é que fica Almeida?"
- "Ora que pergunta mais tola: Almeida fica em Almeida, pois!"
De outra feita, outro brasileiro, viajando pela Europa, alugou um carro em Lisboa para ir até Madri. Na saída da cidade, perguntou a um frentista de um posto de gasolina:
- "Esta estrada aqui vai para Madri?" - Quis saber, se expressando no nosso dialeto.
- "Pelo visto, quem estar a viajar para Madri és tu, pois essa estrada é nossa e se ela for para lá irá nos fazer muita falta, pois só temos ela!" - Zombou o bombeiro lusitano.
Afinal, os portugueses também sabem nos dar um merecido troco! No meu primeiro ano na Escola Politécnica da Bahia, apareceu por lá um colega português, o Braguinha, cuja família acabara de se mudar para o Brasil. De tanto a turma lhe encher as medidas, ele nos contou essa, com carregado sotaque:
Um português, recém chegado ao Brasil quis entrar num clube onde se realizava animado baile de carnaval. Na entrada, foi barrado pelo porteiro que alegava a festa ser exclusivamente para brasileiros. Insistiu uma segunda vez, uma terceira, até que viu um jumentinho a pastar junto ao meio fio da calçada. Arrastou-o até a portaria do clube, onde já se encontrava o presidente para impedir a entrada do português:
- Você já foi informado várias vezes que somente entra aqui os brasileiros! - E o português, empurrando o jumento para o interior do clube, gritou:
- Então vás tu, que és brasileiro!
Por Carlos Eduardo Esmeraldo
Entretanto, convém lembrar que os portugueses detêm a maior e melhor tecnologia em Engenharia Civil do mundo, sendo inigualáveis no domínio das Mecânicas dos Solos e das Rochas. É da responsabilidade dos engenheiros portugueses do Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Lisboa o projeto e construção das grandes barragens norte americanas.
Será que falamos a mesma língua? De nada adianta os governantes dos países de língua portuguesa desejarem unificar o idioma. Nós brasileiros, jamais passaremos a chamar o concreto armado de betão e time de futebol de "equipa".
É bom lembrar que nós temos nossos vícios de linguagens que atropelam qualquer estrutura do idioma de Camões. Além, é claro, de desafiar a lógica. Um amigo, foi conhecer Portugal. Lá chegando alugou um carro e saiu pelo interior do país, pouco maior que o nosso Ceará. Com o mapa rodoviário à bordo, e admirado com a perfeição de suas estradas, esse amigo desejava conhecer um cidadezinha lá existente de nome Almeida, de onde vieram seus bisavós. Ao chegar a uma pequena vila, onde a estrada se bifurcava, resolveu perguntar a um velhinho que se aquecia ao sol da manhã:
- "Onde é que fica Almeida?" - Quis saber. E o velhinho, com muita simplicidade, respondeu:
- "Primeiramente deseje-me um bom-dia!"
- "Ah, desculpe-me, bom-dia!"
- "Muito bem, agora podes perguntar!" - Ordenou o português:
- "Onde é que fica Almeida?"
- "Ora que pergunta mais tola: Almeida fica em Almeida, pois!"
De outra feita, outro brasileiro, viajando pela Europa, alugou um carro em Lisboa para ir até Madri. Na saída da cidade, perguntou a um frentista de um posto de gasolina:
- "Esta estrada aqui vai para Madri?" - Quis saber, se expressando no nosso dialeto.
- "Pelo visto, quem estar a viajar para Madri és tu, pois essa estrada é nossa e se ela for para lá irá nos fazer muita falta, pois só temos ela!" - Zombou o bombeiro lusitano.
Afinal, os portugueses também sabem nos dar um merecido troco! No meu primeiro ano na Escola Politécnica da Bahia, apareceu por lá um colega português, o Braguinha, cuja família acabara de se mudar para o Brasil. De tanto a turma lhe encher as medidas, ele nos contou essa, com carregado sotaque:
Um português, recém chegado ao Brasil quis entrar num clube onde se realizava animado baile de carnaval. Na entrada, foi barrado pelo porteiro que alegava a festa ser exclusivamente para brasileiros. Insistiu uma segunda vez, uma terceira, até que viu um jumentinho a pastar junto ao meio fio da calçada. Arrastou-o até a portaria do clube, onde já se encontrava o presidente para impedir a entrada do português:
- Você já foi informado várias vezes que somente entra aqui os brasileiros! - E o português, empurrando o jumento para o interior do clube, gritou:
- Então vás tu, que és brasileiro!
Por Carlos Eduardo Esmeraldo
2 comentários:
Excelente texto, Dr Carlos (Espero está dirigindo-me ao irmão de Dr Ailton Esmeraldo). Muito interessante este "olhar" sobre questão tão preconceituosa quanto boba.Leitura agradabilíssima. Abraço. E. Arnaldo
Caro Espedito
Sou o irmão do Aílton. Atualmente resido em Fortaleza, mas sempre vou ao Crato.
Agradeço seu comentáio e o incentivo que sempre nos dá força a continuar escrvendo.
Um abraço
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