por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 13 de setembro de 2011

O Core Ingrato - José do Vale Pinheiro Feitosa


Uma das canções mais belas do século XX. Catari, Catari, ou como mais comumente a conhecemos: O core ingrato! E mais bela é a melodia tão no sentimento como a canção "meridionale" ou a "napolitana" tem sido. E o improvável mundo pobre, da desgraça, vítima do preconceito e dos chefetes locais, como o sul da Itália fez uma canção que o norte separatista não chega nem aos pés. A não ser a bela ópera e suas arias, mas aí estamos falando numa "máquina" produtiva que se espalhava por toda a Europa além de Milão. Compare a riqueza da música nordestina, tanto a rural como a urbana para sentir o quanto do pulso da vida tem em comparação com outras. E quando chegamos no sul maravilha a seiva da vida está empoçada em alguns retalhos do tecido social. Mais comum naquele tecido roto, aquele esgaçado, mal costurado: o samba dos morros, as histórias da pequena classe média.

Não digo que a qualidade seja a salvação da pobreza. Apenas digo que mesmo para os ricos as palavras amargas, o desprezo e a traição são a regra do açougue. O tempo passa, a vida é tempo e com ele certos tipos. E diante de tanta dedicação ao foco, ao focar-se, objetivar-se vem Catari e lhe planta um gosto amargo.

Catarina, Catarina
Porque me dizes estas palavras amargas?
Por que me falas ao coração com estas tormentas, Catarina?
Não esqueças que te premiei meu coração, Catarina...
Não te esqueças....
Catarina...


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