A cidade era bonita , numa vida bem pacata. Eu vivia com a família de gênio muito abrandado., e quse sempre feliz !
Papai pintava os carros, a minha mãe ensinava, e costurava uns vestidos, além de cuidar da casa.. Na sua moderna "Singer", escutava a zoadinha, que a tal máquina fazia, pra costurar meus vestidos.
Ainda quase menina, cumpria alguns recados:
"Menina , me compre já, linha corrente-laranja, na cor branca e rosa chá"!.
Mas a corrente da rede, que a vó me balançava, namorava o armador, ora pra lá e pra cá. Enquanto cantarolava, ela bem devagarzinho, com seus pés bem pequeninos , saía silenciosa , e me deixava a sonhar.
A correntinha de ouro, que perdi no mês de Agosto, foi presente do meu tio, quando completei 10 anos. Ela tinha uma medalhinha, só não sei qual era o santo.
Depois entrei na corrente do rio no Maranhão, cantava com o barqueiro, aquela velha canção:
" eu vi
as águas do rio correr
e a canoa do negro passar..."
Lembro a expressão feliz,
do sol, naquela manhã
achava que todo canto
era na sua intenção.
Correntes nunca me atam,
não me escravizam , nem matam
não as tenho em sentimentos
nem tão pouco em pensamentos
" acorrentados ninguém pode
amar..."
diz o refrão de uma música
que eu já não sei mais cantar.
mas deixo um tolo conselho
não siga, se não gostar
não acorrente alguém
pensando que vai ganhar
um amor pra vida inteira
sem deixar ele voar
amor é contra-corrente
é livre e gostador
pródigo em carinhos e beijos
mas precisa respirar
no jardim da sua dor.
Finalizando a palavra
vejo que falei demais
pois então complete agora
o jeito de versejar
use a palavra " primeiro"
senão a loa não para
nem com a luz do luar.
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