Já não se fazem músicas de fossa como antigamente? Já não curtimos a fossa como noutros tempos?
Cura-se um amor com outro amor; transmuta-se a paixão; ama-se sem posse, e sem vontade de casar.
A dor-de-cotovelo passa pras mãos e é atirada ao vento. Claro que é importante curtir a dor de uma saudade, que às vezes é também a falta. A cura é fatal, diz o tempo! A cicatriz é perceptível, na tristeza vaga de um olhar. Mas este mesmo olhar aprende a sorrir por outros
“A dor não devolve quem se ama”.
O pedido de volta ficou mudo e acalenta outros ganhos.
Acho, entretanto, que nada mexe tanto com o ser humano como o lado afetivo.
Lupicínio sabia falar da fossa com perspectiva:
“Rapaz, leva esta mulher contigo...”
Diferente de Antonio Maria, que dizia taxativo:
“Ninguém me ama, ninguém me quer...”
Esse masoquismo musical foi aos poucos se perdendo.
A postura romântica mudou um pouco de figura.
Falo do amor, sempre analfabeta
Falo do amor com a experiência de quem nada aprendeu
Mas deixou de sofrer... Magicamente.
Não volte, não fique
Não minta
Não me olhe, não me beije...
Não tenho mais tanto tempo
Tenho muitos anos
E ainda tenho os meus sonhos
Neles reencontro o olhar
Que resgata
Todos os olhares perdidos...
É besteira, mas ainda posso dizer:
Não paro de amar !
Meu coração vive um movimento
Ondulante como as ondas
Profundo como o mar.
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