por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 21 de junho de 2011

NELSON GONÇALVES - por Norma Hauer


A VOLTA DO BOÊMIO

Foi no dia 21 de junho de 1919 que ele nasceu, segundo seus biógrafos em Santana do Livramento, Rio Grande do Sul. Seu nome Antonio Gonçalves Sobral, que ficou conhecido como NELSON GONÇALVES.
Há uma dúvida sobre se de fato ele era gaúcho, ou português. Isso porque consta que no processo de sua separação da cantora Lourdinha Bittencourt, que correu na Justiça, que ele nascera em Portugal.
Seus pais, portugueses, vieram para o Brasil indo residir em Santana do Livramento, onde ele foi registrado. Pouco tempo depois, sua família mudou-se para São Paulo. Onde ele foi criado.
E foi lá que começou uma carreira de lutador de box, abandonando-a para dar os primeiros passos em sua carreira artística.
Vindo para o Rio, apresentou-se no programa de calouros de Ary Barroso, então na Rádio Cruzeiro do Sul. Este, desprezando-o, sugeriu que voltasse a se dedicar ao box.
Voltou a São Paulo, onde com dois compositores (Oswaldo França e Rosano Monello) fez um teste, foi aprovado e eles o aconselharam a procurar, no Rio, a gravadora Victor onde poderia gravar.
Aqui conheceu o compositor Benedito Lacerda que lhe abriu as portas para gravar na RCA Victor, onde fez sua primeira gravação:”Sinto Bem”, de Ataulfo Alves e “Se Eu Pudesse Um Dia”, da mesma dupla que o apoiou em São Paulo. O samba “Sinto-me Bem” fez algum sucesso, mas faltava o grande divulgador dos cantores na época: o rádio.
E foi Carlos Galhardo, então na Rádio Mayrink Veiga, que o levou àquela emissora, apresentando-o a Cesar Ladeira, seu Diretor Artístico. Aprovado, foi contratado e teve início sua carreira vitoriosa.
O primeiro grande sucesso de Nelson Gonçalves foi o fox “Renúncia”, de Roberto Martins e Mário Rossi. Aqui, entra mais uma vez a ajuda de Carlos Galhardo. Roberto compôs esse fox para Galhardo, este, querendo mais uma vez ajudar, passou-o para Nelson, que o gravou; “estourou” e abriu-lhe as portas para uma longa carreira que só terminou com sua morte em abril de 1998.

Teve uma vida pessoal um tanto agitada, envolveu-se com tóxicos, sendo, inclusive, preso por esse envolvimento.
Recuperando-se, conheceu o compositor Adelino Moreira e, com todo o “vapor” gravou uma série de sucessos de Adelino, começando com “ A Última Seresta”,
Foram “A Deusa do Asfalto”, “Silêncio da Seresta”; “Êxtase”; “Mariposa”; “Argumento”; “Chore Comigo”; “Meu Dilema”;”Fantoche”; “Escultura” e muitos outros, sendo “A Volta do Boêmio” seu carro-chefe.
“A Volta do Boêmio” é uma resposta a ”A Última Seresta”.e fez muito mais sucesso que esta.

A VOLTA DO BOÊMIO

Boemia, aqui me tens de regresso
E suplicante te peço a minha nova inscrição.
Voltei pra rever os amigos que um dia
Eu deixei a chorar de alegria;
Me acompanha o meu violão.

Boemia, sabendo que andei distante,
Sei que essa gente falante vai agora ironizar:
"Ele voltou! O boêmio voltou novamente.
Partiu daqui tão contente.
Por que razão quer voltar?

Acontece que a mulher que floriu meu caminho
De ternura, meiguice e carinho, sendo a vida do meu coração,
Compreendeu e abraçou-me dizendo a sorrir:
"Meu amor, você pode partir, não esqueça o seu violão".

Vá rever os seus rios, seus montes, cascatas.
Vá sonhar em novas serenatas e abraçar seus amigos leais.
Vá embora, pois me resta o consolo e alegria
De saber que depois da boemia
É de mim que você gosta mais".

Nelson gravou também várias composições de Herivelto Martins, como “Normalista”; “Carlos Gardel”; “A Camisola do Dia”; “Pensando em Ti”...
Foi o primeiro cantor a receber o título de “Rei do Rádio “, em concurso realizado pela “Revista do Rádio”.

Foi uma carreira vitoriosa, iniciou-a com discos em 78 rotações, foi o cantor que mais gravou LPs em sua época, inclusive (para o futuro) um que seria lançado no ano 2000.
Não viu chegar o século 21, tendo falecido em 18 de abril de 1998, sem completar 79 anos..

Norma

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