por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 31 de maio de 2011

um poema é pouco

um poema
é muito pouco
numa cidade tão grande

às vezes as horas passam
com uma rapidez defeituosa
além das palavras
com uma rapidez cansada
que há nas falas

numa cidade tão
grande não nego
um poema é quase nada
que se acaba
por entre as mãos
se desmancha no sol
se cobre com o pó dos telhados
de prédios cansados de olhares hostis

um poema é quase nada
em meio a tanto silêncio
cá entre nós a mais perfeita fronteira
que nunca se apaga

deveriam escrevê-lo
em minúsculas pedras
em cuja forma os olhos descrevem
as ondulações de um fio
mas para quem sabe vê-las
e vê-las é libertar-se do rio
que corre por dentro
com suas margens de vazio

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