por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 15 de maio de 2011

Canção na Plenitude - Lya Luft




Não tenho mais os olhos de menina

nem corpo adolescente, e a pele

translúcida há muito se manchou.

Há rugas onde havia sedas,

sou uma estrutura agrandada pelos anos

e o peso dos fardos bons ou ruins.

(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)

O que te posso dar é mais que tudo

o que perdi: dou-te os meus ganhos.

A maturidade que consegue rir

quando em outros tempos choraria,

busca te agradar

quando antigamente quereria

apenas ser amada.

Posso dar-te muito mais do que beleza

e juventude agora: esses dourados anos

me ensinaram a amar melhor, com mais paciência

e não menos ardor, a entender-te

se precisas, a aguardar-te quando vais,

a dar-te regaço de amante e colo de amiga,

e sobretudo força -- que vem do aprendizado.

Isso posso te dar: um mar antigo e confiável

cujas marés -- mesmo se fogem -- retornam,

cujas correntes ocultas não levam destroços

mas o sonho interminável das sereias.

Postado por socorro moreira às 22:28 0 comentários

Poema de Maiakovsky

"Na primeira noite

Eles aproximam-se

E colhem uma Flor

Do nosso jardim

E não dizemos nada.

Na segunda noite,

Já não se escondem:

Pisam as flores

Matam o nosso cão,

E não dizemos nada.

Até que um dia

O mais frágil deles

Entra sozinho em nossa casa,

Rouba-nos a lua e,

Conhecendo nosso medo,

Arranca-nos a voz da garganta

E porque não dissemos nada,

Já não podemos dizer nada."

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