por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 21 de maio de 2011

As estrelas por nomes de mulheres - Por José do Vale Pinheiro Feitosa


Os pequenos fazendeiros do nordeste eram tudo: pecuaristas, criadores de bode, galinha no terreiro, porco no chiqueiro, legumes e algodão, alguma tarefa de maneio e a feira por dinheiro. Por isso mais do que singela, é sincera a estrofe do boiadeiro: são dez vaquinhas é muito pouco é quase nada...

E aquele homem rico como o pretendente de Xanduzinha, dava nomes ao seu rebanho. Assim como os primeiros observadores dos céus. Quando a visão do universo afinal desmedido ainda se fixava em constelações e estas em estrelas. E como eram lindos os nomes das estrelas, pela inteligência da civilização árabe, pela filosofia dos gregos e dos arautos do império romano. Quem sabe algo da Pérsia, talvez do Hindustão ou do Império Chinês.

Como é bom abrir a porteira da noite e ficar pastoreando as estrelas do firmamento. Tão lindos nomes femininos que gostaria de procriar tantas mulheres só para lhes dar os nomes das estrelas. Ficar na beira do universo pronunciando a cada sílaba os seus nomes. Chamar uma delas de Acamar, aquela que habita a Constelação de Eridam; ou Adara em Cão Maior; Al Nair no Cruzeiro do Sul; Albireo, Alcor, Aldebaran a alfa da Constelação do Touro. E em Perseu achar Algor; seguir adiante com Alhena e Alpha Centauros. Corre o olhar até Altair, Alzir, Antares na Constelação do Escorpião.

Quando encontramos Atlas e temos uma que se chama b.u.n.d.a uma sigla na grafia certa. Betelgeuse em Orion; Canopus, Casto, Chara, Decrux, Diadem, Electra, Furud, Gianfar, Grumium, Hadar, a nossa pequenina, miudinha quase nada Intrometida do Cruzeiro do Sul. Jih, Kaus australis; Lys, Lúcida Anseris; Mayara na Constelação do Touro. Megrez, Merga, Mimosa, Miram, Muscida, Naos, Nashira, Nusakan; Pleione, Praecipua e Prócion que é a Alfa de Cão Menor. Rana, Rasala, Sargas, Shaula, Sualocin, Tania Borealis e a Tania Autralis, Terebellum, Tyl e Zavijava.

Mas os rebanhos cresceram tanto, os telescópios foram ao limite da máquina e são tantas galáxias, mais do que pensávamos das estrelas, que tudo deixou de ser nomeado. Agora são códigos incompreensíveis e áridos como a linguagem binária dos computadores.


 por José do Vale Pinheiro Feitosa

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