por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 13 de fevereiro de 2011

Não furtamos ... herdamos !- por socorro moreira



Conversávamos no dia de ontem, eu e Zélia ( minha irmã) sobre as pequenas heranças artísticas e patológicas das famílias, incluindo a nossa.
O falar cedo e explicado x o não falar , e falar enrolado foi o primeiro ponto de análise, compreensão e riso.
Minha mãe , l0go ilustrou a conversa , confessando que aos nove anos , ainda possuía um dialeto próprio, intraduzível. Foi quando chorou um dia e uma noite , querendo da mãe sua " pôa, pôa". Anoiteceu, e de candieiro na mão , vovó Bibia , ainda procurava incansável, o tal objeto,pra agradar a filha.
Abriu por fim um velho baú, e saiu tirando peça por peça...Quase no final, quando puxou uma combinaçãozinha de cetim , a minha mãe gritou feliz : achei minha pôa, pôa !!! Vestiu, e foi dormir tranquila.
Melhor foi quando ganhou dois periquitos pra cantar um bendito. Cantava desafinado, e tão engraçado, que valia uma sessão de terapia do riso. Alguns dos nossos, repetiu na infância essa dificuldade, que modernamente , com ajuda dos fonaudiólogos, foi-se resolvendo.
Pior são as consequências patológicas : aneurismas, diabetes, pedras na vesícula e rins, alergias, depressão, etc,etc.
Meu pai mesclou o nosso conteúdo genético ( já herdado também) de todas as artes, e alguns vícios. Mas, acho que é desse jeito que a nossa cultura se reproduz , e se alicerça.
Zélia e Verônica tão por aí, como exímias artesãs !
E todos os dias , descubro algo diferente sobre a minha mãe : um namorado do passado, uma aptidão que começou a se desenvolver, e não seguiu adiante... Como o dom de tocar bandolim e violino. Disse-me que sabia ler com facilidade em pentagramas, mas cantava desafinado...E chegava a juntar gente pra ouvi-la, quando nas aulas de canto, solfejava. As pessoas riam, (magando) , e ela não perdia o rebolado, achando sempre que estava arrasando !
Olhando a fotografia dos meus pais, no dia do seu noivado,, acho em mim alguns dos seus traços. Numa crescente projeção me vejo agora, e por mais 10, 20 anos, se eu chegar até lá...!
Tenho o suor dos Lima, no bigode; o espírito teimoso e personal dos Moreira, e o caminhado miudinho de Chico Nunes, além de outros trejeitos.
Em síntese, "somos todos irmãos por parte de Adão e Eva..." Sendo assim não dá pra criticar , algum defeito, num cidadão comum.
Vamos trocando de espelhos !

5 comentários:

Liduina Belchior disse...

Socorro,

Gostei dessa conversa.
Abraços minha amiga e colega Zélia.

Liduina.

Stela disse...

Maravilha!
Ah, Socorro, você escreve com tanta graça e leveza. É uma delícia ler tudo que você escreve.

E quanto às heranças... é bom saber a "quem puxamos"... de repente nos entendemos melhor.

Corujinha Baiana disse...

Adoro ler reminiscências familiares...E também tenho as minhas "Coisas de Família".Lembra ?Frustração na antologia coletiva ...
Beijo

Joaonicodemos disse...

Socorro, voce é uma graça!
Gosto da leveza e naturalidade de seus textos...
é o mesmo que ouvir vc falando, cheia de alegria!!!

beijo!

socorro moreira disse...

perssoas, vim correndo encontrar o Nico, que vive desaparecido. lembro uma vez que nos encontramos depois de algum tempo... Eu estava de saltos e não podia correr.Não tive conversa tirei o sapato e corri ao seu encontro.valeu...Foi um grande abraço.
Alegria pode deixar calos.

Beijo todos vcs. Beijo com muito carinho e amizade !