por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 9 de janeiro de 2011

cotidiano


Madruguei.
Ainda sonolenta , com a manhã despertei.
Liguei a TV.
Aula de Matemática : Progressão Aritmética. Fórmula tão amplamente usada. Exemplo prático ?
-Calcular , a partir de quilômetros percorridos, o valor da corrida de taxi.
E o tempo?
Nunca esquecer , que ele onera a conta !
Mudei de canal. Sai à procura de um clássico do cinema. Saudades de Gary Grant !
Geralmente , fujo das palestras religiosas, dos testemunhos que vendem a fé.
De cara, uma mulher de rosto e voz apaziguantes. Falas envolventes, sobre a necessidade humana da beleza. Comecei a concordar com cada palavra, cada expressão ... Um susto feliz !
E fui concordando com o "ordinário" do cotidiano. Com o momento "épico", as vezes silencioso, nas pequenas coisas...
Concordando que a felicidade está na construção dos afetos , na educação da sensibilidade.
Arte. Arte não é luxo. Ela é natural, generosa, pródiga !
Ela é identificada no que transcende. Quem tira do branco a palavra , e a transforma num recado, consegue criar !
Se do concreto, algo se fez vibrante , posso chamar de poesia , a minha emoção.
Ouvi , respirando feliz, aquela simpática senhora ...Linda , dos cabelos de algodão. Foi falando , falando , e se identificando. Era Adélia Prado .
Enfim , nos conhecíamos !
Amamos os mesmos livros, na infância. Convivemos com os mesmos autores , e guardamos os mesmos personagens.
A Emília de Monteiro Lobato ; a Lílian de M.Delly ; a Sofia e seus desastres; a Poliana e o jogo do feliz ...
Hoje reencontrei o prazer de chorar diante da arte. Diante de qualquer palavra, que traduza simplicidade : " o arroz com feijão e molho de batatas" da Adélia Prado !
Clareou !
Posso respirar um dia diferente.
Ser feliz no amor que sinto por mim e pelos outros.
A gente sempre espera da vida uma boa hora...
E a boa nova é que a minha hora chegou !
Estou atenta para vivê-la em cada minuto,
uma lembrança , uma experiência , e um esquecimento.
Abrir e fechar janelas ,dependo do sol ou da chuva .
Não tenho medo de morrer do cotidiano.
Muito pelo contrário...
-Ele me alimenta !

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