por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Irmã Maria Célia - por Joaquim Pinheiro















Em recente viagem ao Crato tive a satisfação de rever a minha prima Maria Célia Esmeraldo Pinheiro, freira da congregação missionárias de Jesus Crucificado, irmã da Madre Esmeraldo, falecida em 2007 e filha do meu Tio e Padrinho José Pinheiro Gonçalves (Zé Pinheiro do Belmonte). Fazia alguns anos que não a encontrava e a satisfação foi enorme ao vê-la alegre como sempre, vendendo saúde e com aparência de 60 anos apesar dos 80 bem vividos. Os 55 anos a serviços dos menos favorecido certamente rendeu-lhe a tranqüilidade típica dos que cumpriram sua missão e colhem os frutos das sementes plantadas. No descontraído papo no terraço da casa de minha mãe, ela relatou episódios que a minha memória havia perdido. Segundo ela, no dia em que foi para o convento, meu padrinho ficou muito triste, chegando às lágrimas. Do alto da descontração dos meus quatro anos, me ofereci para dormir como padrinho para ele não chorar de saudade. O gesto sensibilizou meu padrinho e certamente contribuiu para que me presenteasse com o mais incrementado velocípede da época. Era grande, vermelho, importado e passou vários dias exposto e chamando a atenção da criançada logo na entrada da loja FC Pierre, na Santos Dumont. Era meu sonho de consumo. Pouco antes havia pedido para meu pai comprar. Pedido recusado com o argumento do preço alto, “mais caro que um boi”.
O veículo fez o maior sucesso com os primos e colegas da vizinhança. E eu fiquei tão vaidoso que “Seu” Diomedes foi chamado para registrar a pose.


Apesar do sucesso, nos primeiros dias provocou mal estar. Sentindo-me o legítimo dono, não permitia que ninguém andasse no veículo, situação essa contornada pela habilidade de minha mãe. Ela organizou fila com as oito crianças do meu tope e estabeleceu a regra do uso. Cada coleguinha daria uma volta completa no terraço, e eu, como era o dono, tinha direito a dose dupla. Convenceu-me que era vantajoso para mim.
Na semana seguinte, meu padrinho foi na nossa casa e fui convidado a demonstrar minha habilidade ao “volante”. Para me exibir, pedalei em alta velocidade esquecido que o terraço tinha fim e que no final havia dois batentes. Passei “voando”, me estatelando no chão, parando quase na calçada da rua. A visita terminou na emergência do hospital S. Francisco, com passagem posterior na clínica do Dr. Dalmir Peixoto, para raio X em um dos braços. Lembro que chorei muito, menos pelas escoriações e dores generalizadas, mas pelo temor de ter quebrado o estimado velocípede.

Um comentário:

socorro moreira disse...

Que história linda Joaquim !
Toda figura da tua família me passa uma emoção.
E esse menininho de velocípede , acho que o tenho nas memórias da infância.
Um abraço apertado com todo meu carinho.