Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.
Hoje, vou apenas resumir o que seriam homenagens a Erastótenes Frazão e Peterpan.
Erastótenes Frazão, ou simplesmente FRAZÃO, nasceu no dia 17 de janeiro de 1901 e faleceu em 17 de abril de 1977.
Teve uma passagem pelo famoso Programa Casé e atuou em outras emissoras.
Mas seu "forte" foram suas compósições.
Obteve inúmeros sucessos, como as que fez com Roberto Martins:"Cordão dos Puxa-Sacos" e "Marcha dos Gafanhotos", ou com Benedito Lacerda "Lero-Lero",
Mas seu parceiro mais constante foi Antônio Nássara, com quem compôs a marchinha "Acredite quem Quiser", gravação de Dircinha Batista
"Acredite quem quiser.
Não exsite invenção mais bela.
O homem fala, fala, da mulher
Mas não pode passar sem ela..."
Ou "A Mulher que Mais Amou";"Coração Ingrato"; "Dono de Meu afeto", "A.M.E.I."; ""Florisbela" ...
Ou uma valsa composta para o carnaval de 1941:
"Nós Queremos Uma Valsa"
Antigamente uma valsa de roda
Era de fato requinte da moda..."
Uma valsa e um grande sucesso do carnaval de 1941, na voz daquele que seria considerado o "Rei da Valsa": CARLOS GALHARDO.
XXXXX
Outro vulto importante em nossa música, nasceu em 21 de janeiro de 1911: José Fernandes de Paula, que ficou conhecido como PETERPAN.
Peterpan era cunhado de Emlinha Borba, casado com sua irmã, também cantora, conhecida como Nena Robledo.
Seus maiores sucessos foram "Se Queres Saber", gravação de Emilinha; "Você nâo me Beija", gravado por Carlos Galhardo, ou "Última Inspiração", um dos maiores sucessos de João Petra de Barros.
Há uma bela valsa, em parceria com Ari Monteiro, lançada por Carlos Galhardo na Rádio Mayrink Veiga, que nunca foi gravada. Seu nome
"MISTÉRIOS DA NOITE
Tarde morre o dia,
Triste como sempre...
Cedo a noite vai chegar.
Maior será então
A minha grande mágoa.
Meus olhos já estão
Ficando rasos dágua"...
Essa música (melodia e letra) está "gravada" apenas em minha memória.
Tente adivinhar como será o mundo depois do ano 2000. Temos apenas uma única certeza: se estivermos vivos, teremos virado gente do século passado. Pior ainda, gente do milênio passado.
Sonhar não faz parte dos trinta direitos humanos que as Nações Unidas proclamaram no final de 1948. Mas, se não fosse por causa do direito de sonhar e pela água que dele jorra, a maior parte dos direitos morreria de sede. Deliremos, pois, por um instante. O mundo, que hoje está de pernas para o ar, vai ter de novo os pés no chão.
Nas ruas e avenidas, carros vão ser atropelados por cachorros.
O ar será puro, sem o veneno dos canos de descarga, e vai existir apenas a contaminação que emana dos medos humanos e das humanas paixões.
O povo não será guiado pelos carros, nem programado pelo computador, nem comprado pelo supermercado, nem visto pela TV. A TV vai deixar de ser o mais importante membro da família, para ser tratada como um ferro de passar ou uma máquina de lavar roupas.
Vamos trabalhar para viver, em vez de viver para trabalhar.
Em nenhum país do mundo os jovens vão ser presos por contestar o serviço militar. Serão encarcerados apenas os quiserem se alistar.
Os economistas não chamarão de nível de vida o nível de consumo, nem de qualidade de vida a quantidade de coisas.
Os cozinheiros não vão mais acreditar que as lagostas gostam de ser servidas vivas.
Os historiadores não vão mais acreditar que os países gostem de ser invadidos.
Os políticos não vão mais acreditar que os pobres gostem de encher a barriga de promessas.
O mundo não vai estar mais em guerra contra os pobres, mas contra a pobreza. E a indústria militar não vai ter outra saída senão declarar falência, para sempre.
Ninguém vai morrer de fome, porque não haverá ninguém morrendo de indigestão.
Os meninos de rua não vão ser tratados como se fossem lixo, porque não vão existir meninos de rua. Os meninos ricos não vão ser tratados como se fossem dinheiro, porque não vão existir meninos ricos.
A educação não vai ser um privilégio de quem pode pagar por ela.
A polícia não vai ser a maldição de quem não pode comprá-la.
Justiça e liberdade, gêmeas siamesas condenadas a viver separadas, vão estar de novo unidas, bem juntinhas, ombro a ombro.
Uma mulher - negra - vai ser presidente do Brasil, e outra - negra - vai ser presidente dos Estados Unidos. Uma mulher indígena vai governar a Guatemala e outra, o Peru.
Na Argentina, as loucas da Praça de Maio vão virar exemplo de sanidade mental, porque se negaram a esquecer, em tempos de amnésia obrigatória.
A Santa Madre Igreja vai corrigir alguns erros das Tábuas de Moisés. O sexto mandamento vai ordenar: "Festejarás o corpo". E o nono, que desconfia do desejo, vai declará-lo sacro. A Igreja vai ditar ainda um décimo-primeiro mandamento, do qual o Senhor se esqueceu: "Amarás a natureza, da qual fazes parte". Todos os penitentes vão virar celebrantes, e não vai haver noite que não seja vivida como se fosse a última, nem dia que não seja vivido como se fosse o primeiro.
Eduardo Galeano (1940-) é jornalista e escritor uruguaio. O texto foi publicado no diário argentino Página 12, em 29 de outubro de 1997, com o título "El derecho de soñar".
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Janela Sobre as Proibições
Na parede de uma botequim de Madri, há um cartaz que diz: Proibido Cantar.
Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, há um cartaz que diz: Proibido brincar com os carrinhos porta bagagens.
Ou seja: Ainda há gente que canta, ainda há gente que brinca.
Nunca me aposento por tempo de serviço. Aposento-me das funções que o mental consegue exaurir. Foi assim como bancária, como professora de Matemática, como culinarista. Agora é a vez do coração, que teimoso, resiste! Anda sonolento, desapaixonado pelos desencontros, pela falta de estímulo. O coração é o único órgão que só se aposenta com a morte.
Vida de aposentado não é moleza não... A gente acorda mais cedo porque dorme demais; sente todas as preguiças dos longos feriados; desaproveita as férias, que já não existem... Costuma tirar um dia pra nada fazer: não lavar a panela do leite, não fazer almoço, não lavar as roupinhas íntimas. Aposentados, nem todos vivem com uma sacola do lado, pra trazer de uma em uma, coisinhas que entopem a dispensa e a geladeira... Eu prefiro comprar uma recreativa, papel e canetas, alugar uns filmes; passar umas horinhas numa loja de disco ou livraria; comer batata frita, numa lanchonete ou restaurante, desafiando as taxas , que adoram uma alta , só pra limitar a nossa vida. Nos intervalos do ócio, eu me esqueço de fazer poesia. Até aprendi a jogar Poker, na internet... Ainda bem que o serviço pode ser gratuito, do contrário não sobraria grana pras bananas, e pras pomadinhas de arnica.
Mas eu sei que esta vida pode ser mudada... Que ela pode ser mais saudável, e que o meu coração pode se aposentar, na felicidade... Não penso em ter alguém ao meu lado, mas de poder ficar ao lado de alguém, e ser itinerante, como a própria vida.
Quero aposentar-me das incompreensões, das questões minúsculas, e de tudo que eu rejeito , e não participo. Quero outras coligações amorosas e políticas, como esse blogue, que eu tanto ativo!
Quero as amizades que o tempo e a boa vontade construiu. Quero as afinidades reunidas!
Quero também uma varanda, uma rede e um jardim, e a lua faceira, olhando pra mim !
Quero ganhar todas as estrelas com um só olhar, e viver num céu azul, sombreado de branco , com a chuva molhando e aspergindo cristais de vida, em mim !
Caderno de poesias
é um belo lugar.
Tantas coisas lindas
que eu gostaria de falar.
Eu falo em forma de versos
para todos poderem escutar.
Agora você já sabe
por que os poetas passam os dias
escrevendo em seus cadernos de poesias.
Clarice Pacheco
Ilhada - por Socorro Moreira
Chuva ilhando o convívio
Fertilizando a saudade
Nos corredores vazios
Mal-não-quero
Bem-me-faz
E o azul que se perde na chuva
Volta no amarelo solar.
Verde tinta, natureza
Espero você voltar
Lá adiante...
O tempo não sabe contar.
Roupa velha
Pano novo
Tesoura para cortar
Arrasto a sandália...
Pernas, pra que te quero?
Ajuda-me a chegar lá.
Meu pensamento dorme,
Aquieta-se, silencia
Tua voz, como escutar?
Quando foi?
Nunca mais...
Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.
O centro do Crato está de cara nova, amigos. Submete-se a uma Cirurgia Plástica. O procedimento ainda está em andamento. O início, como em qualquer ato operatório, é sempre aquele desconforto danado : trânsito caótico, logradouros bloqueados, ruas parcialmente fechadas. Tiradas as primeiras gazes e os primeiros esparadrapos, no entanto, o paciente parece risonho e satisfeito. E vejam que ainda faltam alguns Liftings e algumas Lipos.
As praças Siqueira Campos e São Vicente revestiram-se daquele ar provinciano de outrora e trouxeram, novamente, os cratenses para as rodinhas e o doce esporte de arremesso de conversa à distância. Sem a praça, amigos, não existe a fofoca, o noticiário oral e constante da vila, o malandro, o aposentado, o estudante, o menino travesso, o desocupado, o bêbado. E sem esses personagens e as notícias fabricadas pelas línguas no dia a dia, uma cidade não se pode assim considerar, perde a vitalidade : está mais para cartório e para arquivo público.
A meu ver, a mais importante plástica foi feita na Rua João Pessoa, a nossa querida Rua do Commércio. A avenida tinha sido simplesmente tomada de assalto pelos comerciantes. Apossaram-se dos estacionamentos, desfiguraram o casario , plantaram placas enormes e horríveis, invadindo o espaço público e dificultando o tráfego das pessoas. Não bastasse isso , como grileiros, solaparam as calçadas com artigos, carrinhos de carrego , cadeiras e mesas. A reforma , inteligentemente, ampliou as calçadas , plantou banquinhos nas laterais, canteiros e reintegrou a posse dos estacionamentos ao povo, com a criação da Faixa Azul. Não descuidou , ainda, da acessibilidade e refez o calçamento de maneira artística e pragmaticamente duradoura. No final, por incrível que possa parecer, serão as lojas comerciais as primeiras beneficiadas, com um fluxo mais constante e menos desimpedido de fregueses.
Alegra-me quando vejo o Estado cumprir sua função reguladora, pensando primeiramente no bem-estar dos cidadãos. Procedemos de maneira contrária ao crime cometido contra a cidade, anos atrás, no alargamento da Miguel Limaverde, quando se destruiu a rua mais bonita do Crato com o fito único e absurdo de facilitar o trânsito dos carros . Como se o mais importante fossem os veículos e não os cidadãos com sua história.
A praça é o coração de uma cidade e as ruas, amigos, são suas veias e artérias: por elas correm o vívido sangue da vila. Se se reparar bem, as praças e as ruas estão imantadas de vida e poesia. Como dizia João do Rio: “Há suor humano na argamassa dos calçamentos”. O Crato não adquiriu apenas com um novo visual: está com veias e coração novos.
Choveu
Não me despedi da noite
Atrasei o relógio
Pra enganar o sono...
Faço isso às vezes
Sem saber se quero,
Mas sabendo que gosto
Amanhã o café pode cheirar às 9 h
Preciso aprender urgentemente
como esticar o dia
Torná-lo uma experiência incomum...
Sem letras, sem fotos, sem telas
Pintadas ou não
Vejo silhuetas na imaginação
Devo conferi-las
São vidas que entram na minha vida!
Tudo se transformou
da noite pro dia
Turva natureza
casa vazia
Meus sonoros pigarros
de repente, calaram
Isso é vida ou utopia?
Vou viver no preto e branco
mais uns anos...
Eu quero água...
Água das nascentes
pra lavar o que ficou guardado
Meu sonho adormecido,
embotado de fumaça,
agora se espreguiça,
apagado de saudade!
Enquanto eu fiquei alegre, permaneceram
um bule azul com um descascado no bico,
uma garrafa de pimenta pelo meio,
um latido e um céu limpidíssimo
com recém-feitas estrelas.
Resistiram nos seus lugares, em seus ofícios,
constituindo o mundo pra mim, anteparo
para o que foi um acontecimento:
súbito é bom ter um corpo pra rir
e sacudir a cabeça. A vida é mais tempo
alegre do que triste. Melhor é ser.
Toda rua tem seu curso
Tem seu leito de água clara
Por onde passa a memória
Lembrando histórias de um tempo
Que não acaba
De uma rua, de uma rua
Eu lembro agora
Que o tempo, ninguém mais
Ninguém mais canta
Muito embora de cirandas
(Oi, de cirandas)
E de meninos correndo
Atrás de bandas
Atrás de bandas que passavam
Como o rio Parnaíba
O rio manso
Passava no fim da rua
E molhava seus lajedos
Onde a noite refletia
O brilho manso
O tempo claro da lua
Ê, São João, ê, Pacatuba
Ê, rua do Barrocão
Ê, Parnaíba passando
Separando a minha rua
Das outras, do Maranhão
De longe pensando nela
Meu coração de menino
Bate forte como um sino
Que anuncia procissão
Ê, minha rua, meu povo
Ê, gente que mal nasceu
Das Dores, que morreu cedo
Luzia, que se perdeu
Macapreto, Zé Velhinho
Esse menino crescido
Que tem o peito ferido
Anda vivo, não morreu
Ê, Pacatuba
Meu tempo de brincar já foi-se embora
Ê, Parnaíba
Passando pela rua até agora
Agora por aqui estou com vontade
E eu volto pra matar esta saudade
Observando o gado pastando, o movimento suave da brisa balançando as árvores, o açude com sua água verde e tranqüila, acalmando-me do stress da cidade, eu chego à conclusão de que tudo continua igual no tocante a natureza, nesse sertão localizado no município de Bodocó - Pernambuco. Porém mudanças recentes aconteceram na vida das pessoas. Tudo é muito seco, melhorando a paisagem para o tom verde na época das chuvas.
Há quarenta anos, eu vinha algumas vezes passar fins de semana aqui com a família de Carlos juntamente com a minha, quando ainda éramos namorados. Sempre achei o lugar agradável e tranqüilo, embora não houvesse o menor conforto.
A casa de taipa, alpendrada, ainda é a mesma. Agora, olhando ao redor da fazenda, vejo o quanto melhorou a vida das pessoas que ali residem, após a instalação da energia elétrica, através do programa “Luz para Todos”, iniciado no governo Lula e continuado na gestão Dilma.
Antes da luz elétrica, os banhos eram de açudes, os banheiros no mato, a luz era de candeeiros e velas. As mulheres dos moradores pegavam água no açude, transportando-as em latas, nas cabeças. Lavavam louças nas bacias tirando a água do pote. Hoje existe água encanada em todas as casas, facilitando a vida de todos. Tudo antes era muito seco, mas agora com água canalizada, vemos alguns coqueiros e outras fruteiras surgindo.
Com a chegada da energia elétrica, cada casinha por mais pobre que seja, tem a sua antena parabólica sintonizando a televisão com imagem perfeita, o que contribuiu para informar, mudar a maneira de vestir e de falar das pessoas.
Em vez dos vestidinhos de chita, as mocinhas e mulheres do lugar se vestem com shorts, saias e calças jeans. A alimentação melhorou com o programa Bolsa Família. Além do que esse programa exige que os pais coloquem os filhos na escola. A prefeitura de Bodocó fornece transporte para os estudantes se dirigirem até àquela cidade para freqüentar as aulas. Antes, os filhos dos agricultores eram analfabetos. Atualmente todos têm oportunidade de terminar o ensino médio. Ou seguir mais adiante, conseguindo emprego melhor.
Assistindo à celebração da Palavra numa comunidade próxima, realizada pelos próprios moradores, admirei-me das leituras serem feitas por crianças, que lêem muito bem. Como o padre da cidade de Bodocó só pode celebrar a missa uma vez a cada dois meses, os próprios camponeses assumem a celebração.
Essas observações não têm nenhuma conotação política, não sou filiada a nenhum partido político, porém como cristã admiro os governantes que trabalham para melhorar a vida dos pobres.
Será utopia, um mundo onde todos tenham “voz e vez”? Quem não sonha com uma sociedade onde prevaleça a justiça e a paz para todos? Enquanto esse dia não chega, podemos torcer e rezar, para que os governantes façam a diferença ajudando a promover um Brasil onde exista mais justiça social. Afinal de contas, somos todos filhos de Deus e “o sol nasceu para todos.”
Quando iniciei o emprego no antigo DCT,(Correios) habituei-me a seguir a rota da outrora Rua do Fogo, hoje denominada de Rua Senador Pompeu. Admirava-me do encontro matinal de um grupo de cidadãos de bem que permanecia lá durante alguns minutos, antes dos seus horários de trabalho.
A princípio, atravessava aquela artéria urbana com acanhamento. Aos poucos, fui perdendo a inibição e aproximando-me daquelas pessoas, tentando enquadrar-me ao rol daquela turma. Enfrentei o grupo com confiança e serenidade; esforcei-me para encontrar lá um ambiente compreensível e agradável, proporcionando-me integrar com os novos amigos.
Era um grupo de pessoas brincalhonas, onde aconteciam brincadeiras sadias, inofensivas, deixando todo tempo para conversas amenas. Tudo que eu quero dizer é que havia coesão entre aqueles amigos. Não se via, nem havia malícia, mas gestos de pessoas corretas, praticantes do bom senso, estimuladoras da arte do racionalismo social.
Lembro-me que havia entre eles uma pessoa de grandeza espetacular, tanto pelo seu caráter, como pela maneira de agir. Por isso senti-me integrado ao grupo que permaneceu por lá há cerca de quarenta anos. O cidadão a que me refiro sempre agia com simplicidade e muita sinceridade. Não estimulava a discórdia entre aqueles amigos. Não zombava de ninguém. Era bondoso e prestativo. Tratava todos com atenção profunda e respeito. Era fiel e marchava no caminho firme. Tinha o costume de evitar a desatenção para com quem quer que fosse...
Agora quero ressaltar o grande comportamento dessa pessoa digna merecedora de aplausos, que só fazia o bem e estimulava – com os seus exemplos – todos a seguirem seu caminho.
Refiro-me a notável figura de grande valor moral, possuidor de espírito prestativo e solidário, econômico no uso das palavras, que foi Macário de Brito Monteiro. Era ele descendente de importantes clãs caririenses que deram homens da envergadura de José Pinheiro Bezerra de Meneses – conhecido como Capitão Zeco dos Currais, e de Macário Vieira de Brito, nascido na Ponta da Serra, neste município.
Não tenho dúvidas em afirmar que Macarinho (como sempre o tratávamos), foi com toda certeza um dos maiores líderes da sociedade cratense.
Nunca se viu Macarinho queixar-se ou falar mal dos amigos. Era comedido no agir. Não maltratava ninguém e nem discutia por qualquer brincadeira. Era um senhor observador; não respondia aos insultos; preferia dar uma tapa com mão de luva aos insultos dos intrigantes aos quais respondia com o silêncio.
Para mim, dificilmente há outra pessoa semelhante a Macário de Brito Monteiro. Se Deus permitir, creio que algum dia poderá aparecer outro – mas não igual a ele – imitando o seu gesto, pelo menos em parte, além de dotado de uma bondade natural.
Agora olho para o céu peço ao Bondoso Deus que afaste esses “ intrujões” que vez por outra aparecem naquele local e que não permaneçam mais cutucando os cidadãos com palavras ofensivas, abalando a moral de qualquer pessoa que por lá compareça. Por fim, algum só tem a casca, e o miolo podre.
Por Pedro Esmeraldo
RODA DE HISTÓRIAS COM BISAFLOR
O VELHO QUE FAZIA AS ÁRVORES MORTAS FLORESCEREM
(Conto japonês)
Há muito tempo, um velho bondoso e sua esposa viviam sozinhos na companhia de um cachorrinho branco. Eles tinham tudo que precisavam, menos filhos, de forma que dedicavam sua afeição ao animalzinho.
Um dia, o cachorrinho não parava de latir no quintal e o velho foi ver do que se tratava. O cachorro corria insistentemente para um lugar situado bem debaixo de uma grande árvore e o velho compreendeu que seu animalzinho de estimação havia encontrado algo enterrado ali. Pegou pois a pá e cavou. Para sua surpresa, achou um esconderijo de moedas de ouro! Chamou a esposa e os dois abraçaram o cachorrinho branco.
Acontece que eles tinham um vizinho que era um homem mau e invejoso. Este vizinho, frequentemente, quando ninguém estava olhando, atirava pedras no cachorrinho ou lhe dava pontapés. O malvado vizinho ouvira o cão ladrar e ficara espiando o velho desenterrar o tesouro. Na manhã seguinte, perguntou ao velho bondoso se este podia lhe emprestar o cachorro durante todo o dia. O velho bondoso achou aquilo esquisito, pois seu vizinho jamais gostara de animais, mas era generoso demais para recusar um pedido.
O malvado levou então o cachorrinho branco para seu jardim. – Se você encontrou um tesouro para seu dono, pode encontrar um para mim também! – e o invejoso forçou o pobre animal a farejar o solo. O cão parou junto a uma grande árvore e o velho maldoso começou imediatamente a cavar. Trabalhou por várias horas e por fim descobriu um monte de lixo fedorento, o que lhe deixou todo sujo e, consequentemente enraivecido a ponto de bater no cãozinho com a pá, até matá-lo. Depois enterrou o animal no buraco.
Alguns dias mais tarde, o velho bondoso lhe fez uma visita e pediu seu cachorrinho de volta.
- Tive que matar seu cão perverso em legítima defesa! – disse o malvado – e enterrei a desgraçada criatura sob a árvore.
O velho bondoso ficou consternado. Sabia que seu cão jamais atacaria alguém, mas não disse nada. Apenas pediu que o vizinho lhe desse a árvore sob a qual o cachorrinho estava enterrado. – Vou fazer uma lembrança para ele. – O malvado vizinho não pode recusar e o velho levou a árvore para casa. Aí ele esculpiu um pilão e uma mão com aquela madeira.
- Dessa forma – explicou à esposa – podemos fazer bolos de arroz em memória do nosso cão. Ambos recordaram o quanto o animal apreciava aquela iguaria. Colocaram arroz no pilão para amassar com farinha adocicada. Mas antes que fizessem qualquer coisa, os bolos foram saindo prontinhos do pilão. – É o espírito do nosso querido cachorro! – exclamaram. E quando experimentaram os bolos de arroz, viram que era a coisa mais gostosa que já haviam provado.
A tudo o malvado vizinho presenciou e então veio pedir o pilão emprestado. O velho sentiu-se relutante em emprestá-lo, mas era bom demais para recusar. Assim, o mau vizinho levou o pilão para casa. Quando porém tentou amassar o arroz, somente lixo malcheiroso saiu dele. Num acesso de raiva, queimou o pilão. Alguns dias depois o velho pediu o pilão de volta e o malvado lhe respondeu que o havia queimado. – Ah – lamentou o velho -, era uma lembrança do meu cachorrinho! Pensou um instante e então pediu as cinzas do pilão. – Elas também podem ser uma lembrança. O vizinho não pode recusar e o velho voltou para casa, guardando as cinzas num cesto.
Um dia o vento soprou um pouco daquela cinza por sobre as cerejeiras do velho. Era inverno e as árvores estavam nuas. Porém, no momento em que as cinzas tocaram seus ramos, estes se abriram em flor, como se fosse a primavera. A notícia se espalhou e, em breve, chegava gente de todas as partes para admirar as cerejeiras. Um dia, um samurai veio visitá-lo e disse-lhe que o Soberano daquelas terras queria vê-lo. Explicou-lhe que a cerejeira favorita do Soberano havia murchado e morrido, e este gostaria de saber se o velho poderia fazê-la reflorir. O bondoso velho disse que iria tentar e pegou sua cinza mágica.
O samurai conduziu-o ao palácio e lá, perante todos os nobres e guerreiros, o velho subiu na árvore morta. Ergueu o cesto e despejou o pó por sobre seus galhos secos. A árvore imediatamente se cobriu de flores, inundando o palácio de cores alegres e doces perfumes. O soberano, profundamente grato, concedeu ao velho uma grande fortuna e o título de “Aquele que Faz Árvores Mortas Florescerem”.
De tudo isso o vizinho invejoso teve notícia. De forma que juntou as cinzas da sua lareira e, no dia seguinte, saiu andando pela aldeia, clamando: - Eu sou o homem que faz as árvores mortas florescerem.
O Soberano o ouviu e o chamou. – Mas você não é o mesmo homem com quem falei ontem! – exclamou.
- Não – respondeu o invejoso -, sou o professor dele.
Então, o Soberano pediu-lhe que fizesse uma outra árvore morta florir. O ganancioso vizinho subiu ansiosamente na árvore e atirou cinza em seus ramos. Nada, porém, aconteceu. Atirou mais cinza, até que todas voaram para cima do Soberano e dos nobres presentes. E a árvore não floriu. Então o Soberano o condenou à prisão como impostor.
Quanto ao bondoso velho e sua esposa, viveram felizes e honrados até o fim de seus dias. E todos os dias, mesmo no rigor do inverno, sua casa estava cercada de flores perfumadas.
(História narrada no livro “...E foram felizes para sempre”, de Allan B. Chinen.)
Quando não as tenho,
invento-as!
Perdi a descompostura
que me fazia perdida
Perdi
faz poucos dias
O tempo é curto,
mas se arrasta
como os passos...
Inconfiantes!
O calor amoleceos ânimos
Sou ágil
quando busco nos monturos,
e em todos os buracos da terra,
uma fresta de luz!
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O mel da vida
Os dias correm desavisados
Nada acontece por acaso
Uma dor só fica aguda
depois de muito aviso
O espelho delata a resultante
das expressões concebidas
Uma foto do futuro
mostra os laços do passado
ou os excessos dos risos
Faltavam muitos
Agora faltam tantos...
Não dá pra contar o que se vive!
A emoção é camuflada na ação
A sobra da emoção,
mesmo em dose mínima
afeta até a alma...
Praça iluminada
Rostos envelhecidos
Guardam no olhar, o brilho!
Dialogamos, falamos tanto , e existem frases que jamais conseguimos dizer ,tamanha a pressa e a avidez em querermos construir rapidamente um poema.
Exatamente como aquela música que um dia resolvemos compor e misturamos tanto os bemóis aos sustenidos que a rapidez dos nossos dedos , termina por quebrar várias cordas do violão.
Dificilmente sabemos esperar !.
Plantamos hoje uma semente e já queremos que amanhã o nosso canteiro esteja repleto de flores.
Até quando compramos um novo livro, temos por habito olhar suas últimas páginas !.
Queremos apalpar os nossos sonhos como fossem brinquedos , sem analisarmos e vivermos lentamente o seu contexto e a sua beleza .! E assim tiramos o colorido de tudo , restando apenas em nossas mãos uma triste paisagem sem nuances e sem historias.
Assim acontece com o amor , esse sentimento que na ânsia muitas vezes de ser consumido rapidamente, se transforma em luxuria , em paixão ,deixando na pele apenas marcas de momentos, e no coração a espera de carinhos que não se concretizaram...
Sabemos que todo rio corre para a amplidão do mar , mas antes desse mergulho , dessa união, ele contorna pedras , desvios, rochedos,caminhos estreitos , obstáculos, sol , chuva , tempestade até o grande abraço final.
Assim deveria ser vivido , saboreado, e desfrutado o amor ! Manso como a mansidão das núvens, leve como uma folha que passeia no ar, terno como o canto de um roxinol ,sem gritos de explosões ,mudo e sentido nas veias e artérias ,e dedilhado em acordes apenas para dois corações ... navegador contínuo e lento nas águas de um rio , que inevitavelmente o levará ao total mergulho no mar que o espera .
Verdade única nessa difícil arte de saber esperar .
Roderick David Stewart CBE, conhecido como Rod Stewart, (Highgate, Londres, 10 de janeiro de 1945) é um cantor e compositor britânico, com ascendência escocesa.
Conhecido por sua voz áspera e rouca, Rod Stewart começou a ficar conhecido no final dos anos 60 quando participou da Jeff Beck Group e depois juntou-se ao The Faces, iniciando paralelamente sua carreira solo que já dura cinco décadas.
Ao longo de sua carreira, Rod atingiu várias vezes as paradas de sucesso, principalmente no Reino Unido, onde ele atingiu o primeiro lugar com seis álbuns e por 24 vezes ficou entre o top 10 e seis vezes na posição número 1 entre as músicas mais executadas, e 9 vezes nº1 a nível mundial. É estimado que Rod Stewart tenha vendido por volta de 200 milhões de álbuns, embora haja outras fontes que afirmem 250 milhões de cópias. Tem hits como "Maggie May", "I Don't Want to Talk About it", "I Was Only Joking", "Sailling", "This old Heart of Mine", "Tonight The Night", "Hot Legs", "You're in My Heart", "Da Ya Think I'm Sexy?", "Tonight I'm Yours (Don't Hurt me)", "Young Turks", "Passion", "Baby Jane", "What Am I Gonna Do (I'm So In Love With you)" , "Forever Young","My Heart Can´t Tell You No" e "Crazy About Her". Rod é o 23º na lista de melhores artistas da história e 17º na de mais bem sucedidos de todos os tempos Com 2 Grammy vencidos tornou uma das figuras mais irreverentes do mundo.
Sua canção mais vendida foi o hit "Da Ya Think I'm Sexy?" de 1978 que atingiu o numero 1 em praticamente todos os paises e vendeu mais de 4 milhões em todo mundo.
Lamartine de Azeredo Babo, mais conhecido como Lamartine Babo (Rio de Janeiro, 10 de janeiro de 1904 — Rio de Janeiro, 16 de junho de 1963) foi um dos mais importantes compositores populares do Brasil. Era um dos doze filhos de Leopoldo Azeredo Babo e Bernarda Preciosa Gonçalves, sendo um dos dos três que chegaram à idade adulta. Era tio de Oswaldo Sargentelli.
Nasceu no mesmo ano da fundação do América Football Club. Tijucano e americano fanático, Lamartine protagonizou cenas memoráveis como o desfile que fez em carro aberto pelas ruas do centro do Rio, fantasiado de diabo, comemorando o último campeonato do América em 1960.
Mesmo tendo sido um leigo em técnica musical, Lamartine criou melodias maravilhosas, resultantes de seu espírito inventivo e altamente versátil. Começou a compor aos catorze anos - a valsa "Torturas do Amor" e, aos dezesseis anos, compõe a opereta "Cibele". Quando foi para o Colégio São Bento dedicou-se a músicas religiosas.
Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais na então Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, atual Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Porém, foi através das marchinhas carnavalescas, cantadas até hoje, como O Teu Cabelo Não Nega,[1] Grau 10, Linda Morena, e A Marchinha do Grande Galo, que o seu nome se tornou mundialmente conhecido como o Rei do Carnaval. Em suas letras, predominavam o humor refinado e a irreverência.
Como poucos, Lamartine alcançou os dois extremos da alma brasileira: a gozação e o sentimento.
Em 1937, na cidade mineira de Boa Esperança, numa situação inusitada, compôs o famoso samba-canção Serra da Boa Esperança.
Em 1949 compôs os hinos alternativos (não-oficiais) dos 11 participantes do Campeonato Carioca de Futebol daquele ano, com patrocínio do programa de rádio Trem da Alegria, que lançou lps de cada um dos clubes. Em um só dia Lamartine Babo compôs os famosos hinos dos considerados seis maiores e mais tradicionais times de futebol do Rio de Janeiro - sendo o primeiríssimo em seu coração o América FC, além de Vasco da Gama, Fluminense, Flamengo, Botafogo e Bangu. Em seguida foram escritos os hinos dos clubes considerados "menores" (apesar de não menos tradicionais e importantes), sendo eles o São Cristóvão, Madureira, Olaria, Bonsucesso e Canto do Rio. Esses hinos são, na verdade, hinos populares, sendo os hinos oficiais da maioria dos clubes músicas diferentes.
Lalá, como era conhecido, era uma das pessoas mais bem humoradas e divertidas de sua época, não perdendo nunca a chance de um trocadilho ou de uma piada. Em uma entrevista afirmou "Eu me achava um colosso. Mas um dia, olhando-me no espelho, vi que não tenho colo, só tenho osso". Numa outra, o entrevistador pergunta qual era a maior aspiração dos artistas do broadcasting, Lalá não vacila: "A aspiração varia de acordo com o temperamento de cada um… Uns desejam ir ao céu… já que atuam no éter… Outros ‘evaporam-se’ nesse mesmo éter… Os pensamentos da classe são éter… ó… gênios…" - valeu-lhe o título de O Pior Trocadilho de 1941.
E aconteceu também o caso dos correios: Lalá foi enviar um telegrama, o telegrafista bateu então o lápis na mesa em morse para seu colega: "Magro, feio e de voz fina". Lalá tirou o seu lápis e bateu: "Magro, feio, de voz fina e ex-telegrafista"
Sua primeira marchinha gravada, foi a divertida "Os Calças-Largas", em que Lamartine debochava dos rapazes que usavam calças boca-de-sino. Em 1937, com a censura imposta pelo Estado Novo de Getúlio Vargas, carnavalescos irreverentes como Lamartine Babo ficaram proibidos de utilizar a sátira em suas composições. Sem a irreverência costumeira, as marchinhas não foram mais as mesmas.
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Chegou a hora da fogueira, música de Lamartine interpretada por Mário Reis e Carmen Miranda
Música de Lamartine Babo, interpretada por Mário Reis e Carmen Miranda.
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Em 1951, aos 47 anos, Lamartine Babo, que nunca tivera sorte no amor, casou-se, enfim. Morreu vitimado por um infarto, no dia 16 de junho de 1963, deixando seu nome no rol dos grandes compositores deste país. Seu amigo e parceiro João de Barro, o popular Braguinha, disse certa vez: "Costumo dividir o carnaval em duas fases: Antes e depois de Lamartine".
Em 1981 a escola de samba Imperatriz Leopoldinense conquistou seu primeiro bicampeonato com o enredo "O teu cabelo não nega", de Arlindo Rodrigues, uma comovente e divertida homenagem ao compositor.
Gabriela Mistral, pseudónimo escolhido de Lucila de María del Perpetuo Socorro Godoy Alcayaga (Vicuña, 7 de abril de 1889 — Nova Iorque, 10 de janeiro de 1957), foi uma poetisa, educadora, diplomata e feminista chilena.
Foi agraciada com o Nobel de Literatura de 1945.
Os temas centrais nos seus poemas são o amor, o amor de mãe, memórias pessoais dolorosas e mágoa e recuperação. Lucíla nasceu na cidade de Vicuña, Chile, em 7 de abril de 1889. Seu pai abandonou a família quando Lucíla completou três anos de idade. A mãe de Lucila faleceu no ano de 1929 e a escritora lhe dedicou a primeira parte de seu livro Tala, a que chamou: Muerte de mi Madre. Educada em sua cidade natal, começou a trabalhar como professora primária (1904) e ganhou renome ao vencer os Juegos Florales de Santiago (1914) com Sonetos de La muerte, sob o pseudônimo de Gabriela Mistral,cuja escolha deu-se em homenagem aos seus poetas prediletos: o italiano Gabriele D'Annunzio e o provençal Frédéric Mistral.
Em 1922 é convidada pelo Ministério da Educação do México a trabalhar nos planos de reforma educacional daquele país. O Prêmio Nobel transformou-a em figura de destaque na literatura internacional e a levou a viajar por todo o mundo e representar seu país em comissões culturais das Nações Unidas, até falecer em Hempstead, estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos.
A notoriedade a obrigou a abandonar o ensino para desempenhar diversos cargos diplomáticos na Europa. Tida como um exemplo de honestidade moral e intelectual e movida por um profundo sentimento religioso, a tragédia do suicídio do noivo (1907) marcou toda a sua poesia com um forte sentimento de carinho maternal, principalmente nos seus poemas em relação às crianças. Em sua obra aparecem como temas recorrentes: o amor pelos humildes, um interesse mais amplo por toda a humanidade.
Já foi João, antes de ganhar fama como cantor de músicas românticas. Agora, está perto dos 80 anos de idade. Ainda menino, no Ceará, começou a cantar no rádio, participando dos programas infantis da nascente "Ceará Rádio Clube", de Fortaleza. Eram os anos 30. Nessa época, eram muitos os meninos que, como êle, enveredavam pelo mundo artístico, alguns tornando-se tambem famosos, como os "Quatro Azes e um Curinga" e os "Vocalistas Tropicais".
João, o "Menino Prodígio", adolescente, teve que "dar um tempo" para a mudança da voz. Nos anos 40, fazia serestas, cantava em reuniões sociais até descobrir seu caminho - torna-se integrante do elenco da rádio, já nesse tempo altamente profissionalizada, contratando artistas famosos para temporadas, convidando grandes nomes para sua direção, entre estes Dermeval Costalima e Antonio Maria, que revolucionaram a parte artística da emissora. Um deles achou que o "João" que havia sido famoso quando criança, deveria ter outro nome, mais "artístico". Rebatizou-o de Gilberto. Como Gilberto, surgiu uma nova personalidade, uma nova "persona".
Por volta de 1946, viajou com os "Vocalistas Tropicais" para o Rio de Janeiro. Passagem só de ida. Era o Ita do Norte que partia de Fortaleza. Viagem de emoções, alimentada de sonhos.
No Rio, as dificuldades iniciais, as tentativas, as promessas, os contratos. Enfim, Gilberto Milfont estava com o pé na Rádio Nacional, à época, uma das maiores emissoras do mundo, dona de um elenco de astros e estrêlas que encantavam o Brasil. Gilberto Milfont integrou a primeira linha desse elenco. Cantou ao lado de Orlando Silva e Francisco Alves para só citar os dois, astros jamais igualados neste País, com quaisquer outros, em qualquer tempo.
Gilberto Milfont era um cantor romântico por excelência. No carnaval, contudo, era "o" intéprete carnavalesco. E era sempre bafejado pela sorte. Nesses anos dourados, quando as Escolas de Samba ainda não dominavam o carnaval, eram os cantores de rádio sobrepujavam, faziam a festa, disputavam a primazia, ganhavam concursos.
Muuitos de seus fãs ainda devem se lembra de "Um falso Amor", "Prá seu govêrno" e muitos outros sambas que eram cantados nas ruas por multidões, arrastadas por bandas instrumentais, indo e vindo pelas avenidas Rio Branco e Presidente Vargas. Era o sucesso no ar e na venda dos famosos 78 rpm (ainda não havia siquer o LP, agora obsoleto, substituido pelo CD).
Foram famosas, porém, as canções românticas como "Que será de ti", "Tu precisas de mim" ou "Senhora" um bolero que foi, no começo dos anos 50, uma verdadeira explosão, em todo o País.
O tempo passou. Ah! O TEMPO. Quão cruel. Irreversível. Inclemente! Surgiu a televisão, Gilberto Milfont deixou-se envolver pelas nuvens de esquecimento. Mesmo assim cantou diversas vezes na TV, principalmente em São Paulo, na época dos grandes "shows" musicais. Em meados dos anos 70 foi diretor musical do programa Flávio Cavalcanti, na TV Tupy.
Dos seus grandes momentos, ficaram mais de cem discos gravados, muitos que êle "desligado" como sempre foi, não lembra siquer que existem. Não chega a se interessar até mesmo pelas músicas que compôs, algumas gravadas por grandes cantores, como Dick Farney, Elizeth Cardoso e Emílio Santiago. Uma dessas músicas: "Esquece". Outra? "Meu Êrro".
GILBERTO MILFONT nasceu em Lavras da Mangabeira, no interior do Ceará, em 7 de novembro de 1922. Tem uma irmã gêmea, Maria. A Mariinha, que jamais teve afinidade com música. Tem outras duas irmãs e dois irmãos. Mais três outros, por parte de pai, que enviuvou e casou de novo. Era tabelião nas Lavras. (Dois outros irmãos, do primeiro casamento, morreram).
Gilberto ainda canta. Muito pouco, quando é solicitado para "shows". Vai sem muito interêsse. Mas vai. Ao cantar, ao ser aplaudido, sente-se recompensado. Afinal é um conforto para seu ego. É o que qualquer ser humano sente, com afagos dessa natureza.
GILBERTO MILFONT está aqui, com reproduções de alguns de seus sucessos. "Velhas Canções", copiadas sem qualquer artifício técnico. Apenas para relembrar... Apenas para dizer que seu nome não pode ser esquecido.
"Gilberto Milfont (João Milfont Rodrigues). Cantor e compositor nasceu em Lavras da Mangabeira/CE em 7/11/1922. Cantou em público pela primeira vez aos 14 anos, convidado pelo seu tio para o programa Hora Infantil, na PRE-9, onde trabalhou, mais tarde, como diretor artístico.
Integrou também um regional com Zé Cavaquinho (José Meneses), na época em que sua voz de adolescente se assemelhava muito à de Carmen Miranda. Na fase de mudança de voz, afastou-se da carreira por dois anos, retornando para cantar no mesmo programa em que estreara.
Naquela época, os discos lançados no Rio de Janeiro demoravam muito a chegar ao Ceará e para que seu repertório não ficasse ultrapassado, por conselho de um amigo aprendeu taquigrafia. Assim, ouvindo emissoras cariocas, taquigrafava as letras, enquanto a irmã gêmea, Maninha, prestava atenção na melodia.
Com esse método, chegou a apresentar em primeira audição no Ceará, antes mesmo de sair a gravação de Orlando Silva no Rio de Janeiro, a música Atire a primeira pedra (Ataulfo Alves e Mário Lago), que só seria lançada no Carnaval de 1943.
Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1945, e estreou na Rádio Mayrink Veiga, quando compôs um samba que levou ao Cassino da Urca para Dick Farney ouvir. No ano seguinte, Dick Farney lançou Esquece, e ele gravou seu primeiro disco, com a orquestra do maestro Gaó na Victor, com duas canções de Joubert de Carvalho, Geremoabo e Maringá.
Também em 1946, lançou dois sambas de Claudionor Cruz e Pedro Caetano, Estão vendo aquela mulher e Apelo, na Victor, e, para o Carnaval do ano seguinte, O meu prazer (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), seu primeiro sucesso. Por intermédio de Luiz Gonzaga, fez um teste na Rádio Nacional em abril de 1948, sendo aprovado por unanimidade. Estreou no programa A Canção Romântica, como convidado de Francisco Alves.
Em 1949 gravou o samba carnavalesco Um falso amor (Haroldo Lobo, Milton de Oliveira e Jorge Gonçalves) e, em 1951, Pra seu governo (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), na Victor. Ainda em 1950, Lúcio Alves lançou o samba Não devemos mais brigar (com Milton de Oliveira).
Como cantor, obteve outros sucessos com o bolero Senhora (versão de Lourival Faissal), e, do mesmo gênero e autor, Que será de ti, além dos sambas As aparências enganam e Castigo (ambos de Lupicínio Rodrigues).
Entre suas composições de maior êxito estão o samba Reverso (com Marino Pinto), de 1950; Tudo acabou de 1951, e, em 1952, o samba-canção Você vai (ambos com Milton de Oliveira). Outras músicas de sua autoria que tiveram sucesso foram Fui tolo, o samba-canção Talvez (com Marino Pinto) e Desfeito (com Mary Monteiro).
Em 1954, transferindo-se para a Continental, lançou Valei-me, Nossa Senhora (Paquito e Romeu Gentil) e Amor secreto (versão de Chiaroni). Gravou ainda, a pedido da direção da Continental, o Hino a Getúlio Vargas (João de Barro). Por essa época deixou de cantar, continuando, porém, a compor. Trabalha no Projeto Minerva, da Rádio MEC, no Rio de Janeiro. "
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.
Eu sinto uma quase ternura sentimental por Gilberto Milfont. Filha de boêmio , minha vida era sonora 24 h por dia. Meu pai só entrava em casa cantando , e saia assobiando, uma valsa , um samba antigo. Entre os seus preferidos estavam Francisco Alves, Orlando Silva, Nelson Gonçalves , Carlos Galhardo , ... e Gilberto Milfont!
Contava-me que foram meninos , nas ruas do Crato , e participaram de programas de calouros , na antiga Rádio Araripe. Enquanto Gilberto ficava com o primeiro lugar, ele ganhava o segundo , e os dois ficavam felizes !
Num tempo em que não tínhamos internet, os consumidores de música ficavam á mercê dos programas de rádio , e dos minguados discos de cera, que chegavam racionados. Papai se abastecia em "Seu Hilário Lucetti ". Encomendava os lançamentos , chegavam, e a radiola era acionada em toda altura.
Entretanto , até os úlimos dias da sua vida , ficava catando e desejando músicas interpretadas por Gilberto Milfont, considerando-o um dos melhores intérpretes do cancioneiro popular, e uma das vozes mais bonitas do Brasil.
Na biografia acima, senti falta de uma referência maior à valsa "MIMI", que o meu pai cantava e ouvia, na voz do Milfont. Pequena ainda, ele analisava a letra para mim, e alertava: veja o que esse verso diz ..." um eclípse do sol com o luar... Isso não existe, mas é poético e lindo demais !"
Meu pai era assim ... Uma figura pra lá de especial . Dizem que sabia ser amigo, e eu digo ...Sabia ser o melhor pai do mundo !
Mimi
Gravada por Carlos Galhardo e Gilberto Milfont
Composição: Uriel Lourival
Dentro d’alma dolorida
Eu tenho um riso teu
Meu amor
Teu sorriso é um lindo albor
Uma existência um céu
Tens na boca embelecida
Pérolas de luz
Rubra ilusão do austral
Perolário a iluminar
Um eclipse do sol com o luar
Num portento de alegria
Deus teve uma idéia um dia
E pediu com santa pena
Que eu te trocasse amor
Por Santa Madalena oh não
Ah! Eu respondi chorando
Deus, Senhor, estou pecando
Mas, doce Pai não trocarei
Sem Mimi sem Mimi
Morrerei
Ah não fosse esse teu riso
Eu morreria então
Quanta dor
Ris, eu gozo
Eu sinto amor
É denisada unção
Estais de mim fugindo agora
Mas que importa a dor
Se me deixares de a luz
Breviário inspirador
Dos poemas da bíblia do amor
Sempre quis um amor
que falasse
que soubesse o que sentisse.
Sempre quis uma amor que elaborasse
Que quando dormisse
ressonasse confiança
no sopro do sono
e trouxesse beijo
no clarão da amanhecice.
Sempre quis um amor
que coubesse no que me disse.
Sempre quis uma meninice
entre menino e senhor
uma cachorrice
onde tanto pudesse a sem-vergonhice
do macho
quanto a sabedoria do sabedor.
Sempre quis um amor cujo
BOM DIA!
morasse na eternidade de encadear os tempos:
passado presente futuro
coisa da mesma embocadura
sabor da mesma golada.
Sempre quis um amor de goleadas
cuja rede complexa
do pano de fundo dos seres
não assustasse.
Sempre quis um amor
que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.
Sempre quis uma amor
que não se chateasse
diante das diferenças.
Agora, diante da encomenda
metade de mim rasga afoita
o embrulho
e a outra metade é o
futuro de saber o segredo
que enrola o laço,
é observar
o desenho
do invólucro e compará-lo
com a calma da alma
o seu conteúdo.
Contudo
sempre quis um amor
que me coubesse futuro
e me alternasse em menina e adulto
que ora eu fosse o fácil, o sério
e ora um doce mistério
que ora eu fosse medo-asneira
e ora eu fosse brincadeira
ultra-sonografia do furor,
sempre quis um amor
que sem tensa-corrida-de ocorresse.
Sempre quis um amor
que acontecesse
sem esforço
sem medo da inspiração
por ele acabar.
Sempre quis um amor
de abafar,
(não o caso)
mas cuja demora de ocaso
estivesse imensamente
nas nossas mãos.
Sem senãos.
Sempre quis um amor
com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.
Eu sempre disse não
à constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor
é a sua negação.
Sempre quis um amor
que gozasse
e que pouco antes
de chegar a esse céu
se anunciasse.
Sempre quis um amor
que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.
Sempre quis um amor não omisso
e que suas estórias me contasse.
Ah, eu sempre quis uma amor que amasse.
Poesia extraída do livro "Euteamo e suas estréias", Editora Record - Rio de Janeiro, 1999,
Não , a palavra não existe... Mas existe a plástica poesia. Ela armazena o sentimento , e se amolda a uma estrutura imposta por regras que eu não sigo. Eu sei pensar, mas não sei fazer. Eu sou poeta em cadeira de rodas, sem asas, sequer tenras...
Ninguém vive sem música , sem festa, sem agrupamento . Fugir dessa mistura é parar na estrada da vida. O monge é peregrino. O eremita é andarilho. Não quero correr no mental... Quero chegar com calos nos pés, num pé de poesia , que não imagino. Colher pencas de sentimentos , sem a ansiedade da busca.Hoje foi uma noite de encontros . Declarações de amor... Amor amigo, amor único e uno. Ele não se diferencia no tamanho... Ele só muda, no jeito de expressão. É culpa do cheiro , e da compreensão.
Naquele mundo vivo
eu senti que preciso da luz
O escuro me adormece
e eu quero as cores do outro mundo
Quero achar quem partiu primeiro
Quero esperar, quem partirá...
Quero continuar
sem mandar em mim...
Entendendo , que ser livre
é não deixar de amar.
Estamos ainda aqui ...
o que fazer pra completar
o projeto divino?
Nada fazer...
Apenas viver !
Escrever é comer
É engolir , e mastigar,
o que nunca foi dito, nem visto.
Escrever é matar ou fazer nascer...
E essas duas coisas se alternam,
muitas vezes,
num único verso !
Qualquer amor já é
um pouquinho de saúde
um montão de claridade
contribuição
pra cura dos problemas da cidade
Qualquer amor que vem
desse vagabundo e bobo
coração atrapalhado
procurando o endereço
de outro coração fechado
Amor é pra quem ama
Amor matéria-prima
A chama
O sumo
A soma
O tema
Amor é pra quem vive
Amor que não prescreve
Eterno
Terno
Pleno
Insano
Luz do sol da noite escura
"qualquer amor já é
um pouquinho de saúde
um descanso na loucura"
Quando ouço alguém suspirar profundo, lembro de um provérbio popular destinado a essas situações, que diz: Quem suspira não tem o que deseja. Bela sabedoria humana perpetuada nessas tiradas impagáveis que o tempo transmite dos pais aos filhos, no vagar dos calendários. Vem pela tal oralidade, boa e ouvida, repassando o conhecimento decantado na mais fina literatura das pessoas que não têm a literatura oficial.
Bom, mas tratar disso indica outras colocações nestas palavras, onde os suspiros, aqueles respirares pespegados de emoção que saem sentidos do coração e esvoaçam no correr das jornadas. De quando se acorda com o peito dolorido das tantas insatisfações, procuras frustradas e esperanças encravadas lá por dentro feitas crianças guardadas que dormem sem querer logo nascer. Sujeitas até nem querer nascer mais, quando os suspiros encruaram e vêm bem fortes, chamando a atenção dos companheiros de quarto que andam ali perto às vezes até suspirando, gemendo e chorando, nesse vale das lágrimas quentes da longa estrada do chão.
Orar lembra, sim, este assunto. Invés de andar suspirando toda hora, há criaturas que rezam primeiro; de terço na mão, balbucia os lábios, olhos conformados e murchos de chorar. Esquecem mesmo de suspirar, partem para a ação de pedir aos santos, a Deus, os lenitivos que aguardam pacientes.
Quase ninguém, neste mundo, entretanto, pode usar a prerrogativa de andar de barriga cheia no que tange isso de felicidade, quando conformação virou fruta rara, posição firme dos apanhados experientes, os chamados realistas. Poucos respeitam a pulsação da natureza e ajeitam viver só no espaço das quatro linhas dos próprios limites, longe de pretender além do que lhe merece.
Os ensinos sagrados repetem as tais necessidade soberanas do respeito às leis que regem a existência, e não contrariam aquilo que recebem de direito. Contudo poucos agem assim. No entanto que jamais devam ultrapassar a conformação, sob pena de virar desilusão e desconforto.
Enquanto demorar a correspondência dos pedidos, suspirar compõe o quadro, e gemer alto pelo menos alivia o que a alma sente e a boca evita transformar nas palavras. Nesse meio turno, os suspiros cumprem a doce função das linguagens quase silenciosas, a demonstrar os sentimentos guardados a sete capas das saudades e dos sonhos queridos que permaneceram misteriosos.