por José do Vale Pinheiro Feitosa
Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.
José do Vale P Feitosa
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
DIA DO POETA Colaboração Lídia Maria Lima Batista
20 DE OUTUBRO
DIA DO POETA
Gosto muito, muito, de poesia. Admiro profundamente os poetas. Eles sabem intuir palavras que representam todo um sentir. A partir disso, compõem versos, as expressões articuladas são tecidas como a renda nos bilros das rendeiras. Precisão, beleza, habilidade, sobressaem-se causando encantamento e emoção.
Na vida, são tantos os percalços, Deus nos livre de um mundo sem poetas, não suportaríamos tamanha aridez!
Felizmente, sempre tivemos e continuamos a ter uma gama enorme de nomes que faz a arte poética; aqui, ali, acolá... Acredito na universalidade da poesia. Todos nós podemos ser agraciados, com os trabalhos mágicos desses tecelões de poemas.
Aqui, uma pequena amostra:
Robert Louis Stevenson
A minha cama é um veleiro;
nela me sinto seguro;
minha roupa de marinheiro,
vou navegando pelo escuro.
De noite embarco e sacudo a mão
para os amigos no cais;
fecho os olhos e pego o timão;
não ouço nem vejo mais.
Cauto marujo levo em segredo
para a cama uma fatia de bolo e também algum brinquedo,
pois é longa a travessia.
Corremos de noite o mundo inteiro;
mas quando chega a alvorada,
eis-me a salvo em meu quarto
e o veleiro de proa bem amarrada.
ALERTA
(Flávio Villa-Lobos)
Amortecidos pela rotina diária da vida,
meus cinco sentidos relaxam a prontidão.
Perdem vagarosamente a noção do perigo,
que aparece sempre de forma repentina.
De que me vale o intenso preparo,
o arsenal de armas sofisticadas,
as táticas de guerra planejadas,
se eu não estiver, de modo claro,
atento às mudanças do vento,
ao voo rasante das águias,
a alternância das marés,
ao som das tropas inimigas em movimento?
Eu preciso resgatar a vigilância máxima,
o total envolvimento físico na batalha
que se avizinha breve, mágica.
Em vão construirei trincheiras rasas
incapazes de conter um ataque sorrateiro:
teus olhos negros, surgindo na calada
da noite, mísseis teleguiados,
atingindo em cheio meu coração indefeso.
Epitáfio para o Séc. XX In: SANT'ANNA,
Affonso Romano de. A poesia possível. Rio de Janeiro: Rocco, 1987. Poema integrante da série Aprendizagem de História
1.Aqui jaz um século
onde houve duas ou três guerras
mundiais e milhares
de outras pequenas
e igualmente bestiais.
2. Aqui jaz um século
onde se acreditou
que estar à esquerda
ou à direita
eram questões centrais.
3. Aqui jaz um século
que quase se esvaiu
na nuvem atômica.
Salvaram-no o acaso
e os pacifistas
com sua homeopática atitude
— nux-vômica.
4. Aqui jaz o século
que um muro dividiu.
Um século de concreto
armado, canceroso,
drogado, empestado,
que enfim sobreviveu
às bactérias que pariu.
5. Aqui jaz um século
que se abismou
com as estrelas
nas telas
e que o suicídio
de supernovas
contemplou. Um século filmado
que o vento levou.
6.Aqui jaz um século
semiótico e despótico,
que se pensou dialético
foi patético e aidético. um século que decretou a morte de Deus,
a morte da história,
a morte do homem,
em que se pisou na Lua
e se morreu de fome.
7.Aqui jaz um século
que opondo classe a classe
quase se desclassificou.
Século cheio de anátemas
e antenas, sibérias e gestapos
e ideológicas safenas;
século tecnicolor
que tudo transplantou e o branco, do negro,
a custo aproximou.
8. Aqui jaz um século
que se deitou no divã.
Século narciso & esquizo,
que não pôde computar
seus neologismos.
Século vanguardista,
marxista, guerrilheiro,
terrorista, freudiano,
proustiano, joyciano,
borges-kafkiano.
Século de utopias e hippies
que caberiam num chip.
9. Aqui jaz um século
que se chamou moderno
e olhando presunçoso
o passsado e o futuro
julgou-se eterno;
século que de si
fez tanto alarde
e, no entanto,
— já vai tarde.
De Aroldo Pereira um recado para todos nós:
Poeta
Desmistifica o tédio...
escreve – constrói
arquiteta a vida
como quem entende.
Para um bom entendedor
Nem toda dor quer dizer amor
Nem toda ilusão está no coração
Nem todo aroma vem de uma flor
Nem todo bem trás um outro também
Nem tudo foi começado
Nem tudo está acabado
Rosemary Borges Xavier
Dia do Poeta. Liduina Vilar.
Dia 20 de outubro
Dia do humano Poeta
Eu curvo minha cabeça
e ergo uma estatueta.
Espécie humana da maior sensibilidade
Escreve sobre o belo, sobre a vida, sobre o amor
Fico eu enternecida, quando a existência
me põe de frente com este ser sonhador.
E para terminar minha homenagem
peço à Deus por todos eles
vida linda, longa sem clonagem...
Paz, iluminação e bênção àqueles.
Viva o dia de hoje, dedicado aos poetas.
Dia do humano Poeta
Eu curvo minha cabeça
e ergo uma estatueta.
Espécie humana da maior sensibilidade
Escreve sobre o belo, sobre a vida, sobre o amor
Fico eu enternecida, quando a existência
me põe de frente com este ser sonhador.
E para terminar minha homenagem
peço à Deus por todos eles
vida linda, longa sem clonagem...
Paz, iluminação e bênção àqueles.
Viva o dia de hoje, dedicado aos poetas.
Meu primeiro amor - Por : Rosa Guerrera
Para falar sobre o meu primeiro amor ...
precisaria existir ainda tanta coisa
dentro de mim !!!
Seria necessário
o encanto da aurora,
a pureza dos meus verdes anos,
o chilrear dos pássaros,
e a doce ternura
de um beijo roubado...
A culpa eu sei,
não é do vento ,nem do tempo,
nem da chuva...
É que a gente vai crescendo !
Aquela poesia aos poucos
morrendo,
e outros sonhos
tomando o seu lugar .
O meu primeiro amor
teve um gosto ameno,
sereno,meigo e angelical.
Teve a doçura dos brinquedos
das crianças...
Era eu menina de tranças
e ele um loirinho tímido
sem igual !
Era suave como o cair da noite
num céu estrelado...
Risonho , alegre,
despreocupado .
O meu primeiro amor
teve gosto de fruta,
teve aroma de flor !
Ah ! Meu primeiro amor !
Faz tanto tempo
que ele aconteceu ...
Que as vezes pensativa
me pergunto :
" Terá morrido ele
ou morrido eu ? "
ROS@
Waldemar Lopes - poeta pernambucano
Soneto da insônia
Na emanação da noite o leve peso
das sombras ancestrais. Vozes tardias
em vago marulhar, talvez desprezo
às turvas ambições, seiva dos dias.
E sobre o ser profundo, vivo-aceso,
o lume das vigílias. (Nas sombrias
urnas do tempo há de ficar defeso
o enigma das mortais mitologias
imunes à esperança.) Agora é essa
onipresença onírica, ou apenas
a ácida indiferença à vã promessa:
em seu ambíguo reino indefinido
a consciência noturna sofre as penas
da vida, o rude esforço sem sentido.
Por Socorro moreira
Tenho memória fotográfica .
Sinto saudades dos buracos,
e das sombras das árvores
Sinto a solidão das minhas mãos
nas andanças solitárias
Antigas ccompanhias criaram asas
voaram da rua, e de mim
Mas a rua permanece
Tem a mesma posição
quando a confiro com o céu.
Não consigo andar distraída...
Meu olhar rebusca , e pressente
as almas das muriçocas,
de vidas tão rejeitadas e breves
Cadê a moça da janela ?
Cadê o assobio do leiteiro?
O grito do verdureiro?
Tudo gravado , nos ares,
que eu ainda respiro.
Rua , ruas,
És as nossas passarelas !
Socorro Moreira
Sinto saudades dos buracos,
e das sombras das árvores
Sinto a solidão das minhas mãos
nas andanças solitárias
Antigas ccompanhias criaram asas
voaram da rua, e de mim
Mas a rua permanece
Tem a mesma posição
quando a confiro com o céu.
Não consigo andar distraída...
Meu olhar rebusca , e pressente
as almas das muriçocas,
de vidas tão rejeitadas e breves
Cadê a moça da janela ?
Cadê o assobio do leiteiro?
O grito do verdureiro?
Tudo gravado , nos ares,
que eu ainda respiro.
Rua , ruas,
És as nossas passarelas !
Socorro Moreira
O rio e o mar- por Rosa Guerrera
Você foi para mim como um rio
que contornando obstáculos desaguou
no mar dos meus braços...
E juntos velejamos por entre
ondas plácidas na mistura de águas tão diferentes...
Sentimos juntos o calor do sol nas auroras de paixão ,
e nos espelhamos na luz do luar em promessas de ternura.
Nos embalamos em espumas brancas de paz
após tempestades de loucuras
no cansaço das nossas mãos entrelaçadas .
E não vimos que o marchar das águas de um rio
é um continuo seguir sem olhar para trás .
Hoje ,daquele encontro de águas apenas ondas de lágrimas
espalhadas nas areias de uma praia deserta...
Rosa Guerrera
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Lentes do encanto - por Socorro Moreira
Um falava
A outra escutava de olhos arregalados,
completamente encantados.
Os amores nascentes entravam
por todos os buracos.
Tempos depois, esbarraram-se,
numa das esquinas da vida.
Os dois ainda, pessoas apaixonadas !
Falam do mar, do amor, e
do vento acariciando a alma.
Possuem silenciadores
mas preferem amplificar sentimentos...
Reencontro pra viver tudo aquilo que faltou.
- Mentem !
Faltou um beijo...
E agora querem os juros e as juras...
Querem muitos beijos juntos !
Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
Ao sol.
Minha alma imortal,
Cumpre a tua jura
Seja o sol estival
Ou a noite pura.
Pois tu me liberas
Das humanas quimeras,
Dos anseios vãos!
Tu voas então...
— Jamais a esperança.
Sem movimento.
Ciência e paciência,
O suplício é lento.
Que venha a manhã,
Com brasas de satã,
O dever
É vosso ardor.
Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
Ao sol.
Arthur Rimbaud
A poesia de Lupeu, no dia do poeta
Noite quente de poucas luzes
No céu turvo
Meia dúzia de nuvens de um tom mais escuro
Algumas estrelas
Um garçom entediado
Um cantor de bar que acrescenta letra a letra da música
Noite quente
Uma pontada no peito. Infarto?
Gazes, talvez
Fecho os olhos por um instante
Não é esse bar
Não é esse o dia
Não é essa a cidade onde perdi meus sapatos
Onde a dengue me derrubou uma semana entre a vida e o tédio
Noite quente
Amanhã o relógio vai me acordar
E o por do sol vai estar passando em slow motion na retina do tempo
Tempo nenhum
Mais uma cerveja
Um gole a mais sem gosto
O cantor recria mais uma canção de ninar vampiros
A mágica da noite não amadurece as frutas compradas sem cheiro
Em prateleiras coloridas de supermercado
A fome
A noite é pura fome
E a fome vomita ânsia
Que come a noite
O garçom
E o cantor compositor de um dia que não virá.
por lupeu lacerda
Por José do Vale Feitosa
Surpreende que a seiva,
Se habite de tantos.
Carreando no caule,
Todas as sílabas do seu nome.
E que a solidão,
Se agasalhe sob a copa das árvores,
Uma cantoria de pássaros,
O choramingar de um riacho.
Surpreende teu ódio de pedreira,
Tornando rochas em volumes britados,
Fragmentando o caminho da evolução,
Com teu instinto de pedregulho.
E que versejes como fogos de artifício,
Uma deslumbrante luz no céu,
Que encanta pelo efeito,
Só para lembrar a escuridão.
Surpreende o sol que se põe,
Amiudando a luz em complexidade,
Detalhando o invisível da plena luz,
Nuances do mesmo, fusões dos diferentes.
E que a poesia seja apenas sons,
Mas uma canção também o é,
Ela nos diz do plural de cada um,
Da unidade na distinção.
Surpreende que o amor seja apenas um,
E que sua prática seja uma cena,
De tantos atores, muitos sentimentos,
Esperança, tédio e quebras.
O que não surpreende,
É o tempo me desconstruindo,
Enquanto o evoca na permanência,
A saudade que preserva é matéria do tempo.
Paulo Tapajós - Por Norma Hauer
Foi a 20 de outubro de 1913 que nasceu, aqui no Rio, aquele que seria um dos maiores nomes da radiofonia nacional: PAULO TAPAJÓS.
Com seus irmãos Haroldo e Oswaldo iniciou sua carreira na pioneira Rádio Sociedade, em 1927. Seu irmão Oswaldo logo abandonou o conjunto e Paulo continuou fazendo dupla com Haroldo, quando gravaram a primeira composição de Vinicius de Moraes, então um nome pouco conhecido, embora sobrinho de Melo Moraes, também compositor, apesar de Delegado de Polícia.
Essa primeira gravação foi o samba "Loura e Morena".
Paulo Tapajós e Vinicius de Moraes nasceram apenas com um dia de diferença, ambos em 1913. Paulo gostava de dizer que eles "se encontravam" à meia-noite, para um abraço de parabéns recíproco.
Paulo Tapajós continuou sua carreira com o irmão Haroldo, ingressando na Rádio Mayrink Veiga.
Posteriormente, já sozinho, passou à Rádio Nacional(entre 1942 e 1946) , fez uma pequena temporada na Rádio Tupi, regressando à Nacional onde apresentava, no fim
da noite, o"Musica em Surdina".
Com Albertinho Fortuna e outro cantor cujo nome não me recordo, formou o "Trio
Melodia", ainda na Rádio Nacional.
Nessa época gravou várias serestas, a maioria de Catulo, como "Os Olhos Dela";"Tu
Passaste por este Jardim":"Recorda-te de Mim"; "Ao Luar"; Clélia" e várias outras.
Como sua voz era "pequena", mas muito bem colocada, ele foi considerado "modinheiro" ao invés de seresteiro.
Quando a Rádio Nacional praticamente acabou, Paulo Tapajós conseguiu salvar seu acervo que iria ser sucateado. Hoje, programas da Nacional, como "Rádio Memória",
de Gerdal dos Santos ou "História da MPB", de Osmar Frazão, costumam inserir
partes de programas famosos salvos por Paulo Tapajós.
Paulo Tapajós dirigiu o Museu da Imagem e do Som, depois que Almirante o deixou e
ali ouviu e gravou depoimentos de compositores e cantores que passaram por
nossa música e foi a ele que Pixinguinha revelou o nome de Octavio de Souza como
o autor da letra da belíssima composição "ROSA.
No disco original de ROSA, gravado por Orlando Silva, só consta o nome de Pixinguinha, grande músico, mas que não fazia letras.
Em 1990 Paulo Tapajós, como grande pesquisador que ia "fundo" buscar material para seus programas, apresentou, durante cinco terças-feiras, no Teatro do BNDES
a "História do Carnaval no Brasil", desde os primórdios, quando havia muita influência estrangeira, principalmente lembrando o carnaval de Veneza, passando pela primeira música feita para o carnaval , o "Abre Alas" de Chiquinha Gonzaga, até o apogeu das Escolas de Samba.
Vários cantores ali se apresentaram, dando voz e vida aos programas.
Paulo Tapajó estava preparando outra programação para aquele teatro, quando apresentaria a obra de Ataúlfo Alves, mas faleceu em 29 de dezembro daquele mesmo ano (1990) e o projeto não aconteceu.
Paulo Tapajóis teve três filhos, todos ligados à música:Maurício, Dorinha e Paulinho. Apenas este está vivo.
Som, depois que Almirante o deixou e
ali ouviu e gravou depoimentos de compositores e cantores que passaram por
nossa música e foi a ele que Pixinguinha revelou o nome de Octavio de Souza como
o autor da letra da belíssima composição "ROSA.
No disco original de ROSA, gravado por Orlando Silva, só consta o nome de Pixinguinha, grande músico, mas que não fazia letras.
Em 1990 Paulo Tapajós, como grande pesquisador que ia "fundo" buscar material para seus programas, apresentou, durante cinco terças-feiras, no Teatro do BNDES
a "História do Carnaval no Brasil", desde os primórdios, quando havia muita influência estrangeira, principalmente lembrando o carnaval de Veneza, passando pela primeira música feita para o carnaval , o "Abre Alas" de Chiquinha Gonzaga, até o apogeu das Escolas de Samba.
Vários cantores ali se apresentaram, dando voz e vida aos programas.
Paulo Tapajós estava preparando outra programação para aquele teatro, quando apresentaria a obra de Ataúlfo Alves, mas faleceu em 29 de dezembro daquele mesmo ano (1990) e o projeto não aconteceu.
Paulo Tapajós teve três filhos, todos ligados à música : Maurício, Dorinha e Paulinho. Apenas este está vivo.
Norma
ABOBRINHAS DOS BR BROS - por Ulisses Germano
CRENDICE DE CREDOR
Pindura a conta de novo
Que dever é meu dever:
-Devo não nego e só pago
No dia em que eu não lhe ver
Que dever é meu dever:
-Devo não nego e só pago
No dia em que eu não lhe ver
CANTOR
O canto é feito do vento
Na voz de quem revela
Que anuncia o momento
Moldado na goela
Na voz de quem revela
Que anuncia o momento
Moldado na goela
TOCADOR (que toca a dor)
Tocador que toca bem / No tanger notas sutis / Bem sabe de onde o som vem / O timbre que é sua matiz
RIMA - TANTO FAZ
A rabeca e a beca / Sairam pra passear / Beca danada da breca / Fez a rabeca chorar
Reencontro - por Socorro Moreira
Paixão
Um olhar profundo,
descolado da multidão,
aporta no mesmo plano .
Alice morava ali
Naquela varanda vazia...
Entrei no cheiro do cigarro
e na cor do campari
Gelo derretido , tremido ...
Sou onda !
Salgo a minha alma
Salvo o meu amor
Num álbum guardado
eu rasgo o teu olhar,
e me apaixono !
"Est(r)ilo Nico"- por Socorro Moreira
Lente e mente
Coração quente
.não mente
fria mente
Des(compasso)
o samba
canção
dos meus
ou vi(n)dos
de alguém.
Vibra (a)ções
Sons e tons
Peito agonizaamor tecido
Hospeda,
a(dona) sentidos
por Socorro Moreira
Cenário de um sonho - por Socorro Moreira
Uma vez escutei de um amigo, que tem talentos múltiplos:
"Quero ser poeta. Poeta não envelhece!"
Pode adoecer, ficar barrigudo, e ser o maior coração do mundo.
Naquela hora, entendi superficialmente. Um dançarino se ficar fora de forma, o corpo já não acompanhará os seus movimentos. Poeta não pára de se depurar. Aliás, a poesia só deixa o poeta, se o poeta dispensá-la.
Então descobri que eu gostaria de ser a poesia.
Mas esqueci, o quanto é difícil ser poesia. Em frações de segundos, a varinha de condão corta o encanto. A poesia é fugaz... Constante é a prosa.
Acho que prefiro ser a prosa. Uma prosa ora romântica, ora realista. Ora machucada, ora livre. A vida é prosa, com passagens poéticas, que ficam impressas, no álbum das memórias. Chamo esse álbum poético de oásis. A prosa é um deserto repleto de oásis, com espaços em claro para novas construções. Primeiro a gente mira, imagina... Depois a gente chega perto, toma água na fonte, e adormece, numa sombra pródiga, e sonha, e sonha, e sonha!
Quero o sonho, em cada noite do meu dia.
Neles encontro pessoas intangíveis, como doces; executo tarefas, que a realidade limita. Nos sonhos a gente tudo pode... Pena, que a gente acorde...
Morrer é não acordar de um sonho? Meu pai achava que sim.
É bom pensar que o mundo onírico, um dia, fatalmente tornar-se-á realidade eterna.
A morte pode ser um sono eterno sem sonhos... Aí seria terrível, se a gente sofresse por consciência. Mas não... A morte é o fim do sofrimento, ou a vida de sonhos sem fim!
"Alguém como tu"- Por Socorro Moreira
Eu torcia muito pelos amores, no mundo do cinema.No mundo que me cercava os casamentos eram para sempre , e o amor inevitável... Triste ou feliz !
Em todos os tempos a vida coloria o nosso dia a dia.
Música, Cinema, Leitura ( fosse ou não sub-literatura), viagens para as capitais ( ver o mar , e assistir um filme no S.Luiz era um prémio!), voltear na Siqueira Campos aos domingos, arriscar uma fugida nas tertúlias e dançar uma música ;os passeios da escola ...Um dia tomando sol; banho de piscina era o máximo!
As festas litúrgicas com parques e quermesses, as quadrilhas de S.João, os blocos nos carnavais...Entrar no corso, num jeep sem capota era demais !
Mas o melhor desse tempo era passar férias numa cidade pequena , em relação ao Crato.A gente era paquerada pelos meninos mais interessantes. Danado era você escolher, não entregar seu coração, e ficar fiel durante todo tempo àquela ilusão. Hoje sei que era ilusão...Mas eu me sentia tão apaixonada, e chorava tanto, quando as férias terminavam!
E dessas partidas, vivi minhas primeiras dores de amor. Depois entendi que elas representavam apenas arranhões no coração. As grandes feridas ficaram pra depois... Hoje, cicatrizes , imperceptíveis ! .
O amor na maturidade tem tantas caras :
a cara dos netos, dos filhos, dos amigos...
a cara dos encantos sem paixão
a cara da serenidade do coração
Queria que o meu coração
pulasse do peito outra vez
só pra ver a confusão...Mas não !
Ele fica quietinho, querendo alimentos leves, e com pouco sal. Ele faz caminhadas, pra aguentar a vida e as suas saudades... Ou verdades?
Em qualquer estação , ainda é possível viver a ilusão. Às vezes ela bate na porta, outras aparece num e-mai. Nos sentimos tocados com cenas amorosas de filmes e novelas.
Não quero me emocionar com personagens da ficção.Quero um nome , um apelido pra minha ilusão .O importante é que esse amor não implique em desencanto. A gente constroi o sonho.
Amanhã, dia 20 de Outubro é o dia do POETA. Vamos fazer festa ?
Quem é o poeta?
"Um poeta é um mundo encerrado num homem". Victor Hugo
"Para o poeta a maior tragédia é se o admiram porque não o entendem". Jean Cocteau
"O poeta é como o príncipe das nuvens. As suas asas de gigante não o deixam caminhar". Charles Baudelaire
"O homem de ação é antes de tudo um poeta". André Maurois
"À pergunta habitual: ''Por que é que escreve?'', a resposta do poeta será sempre a mais curta: ''para viver melhor." Saint-Jonh Perse
"O poeta faz-se vidente através de um longo, imenso e sensato desregramento de todos os sentidos". Aerhur Rimbaud
"As palavras do poeta volteiam incessantemente em redor das portas do paraíso e batem implorando a imortalidade". Johann Goethe
"O historiador e o poeta não se distinguem um do outro pelo facto de o primeiro escrever em prosa e o segundo em verso. Diferem entre si, porque um escreveu o que aconteceu e o outro o que poderia ter acontecido". Aristóteles
"O poeta deve ter um só modelo, a Natureza; um só guia, a verdade". Victor Hugo
"O louco, o amoroso e o poeta estão recheados de imaginação". William Shakespeare
"O que distingue um grande poeta é o fato dele nos dizer algo que ninguém ainda disse, mas que não é novo para nós".
José Ortega y Gasset
"A arte apenas faz versos, só o coração é poeta". André Chénier
"Ser misterioso e triste, é ser poeta:
Mesmo a luz que palpita nos teus cantos.
É uma imagem heroica dos teus prantos.
Percorre o teu caminho até ao fundo,
E com os versos que achaste, aumenta o mundo.
Não sejas um escritor, mas um profeta".
Antônio Quadros
Fonte das citações: http://www.citador.pt/
Fonte da imagem: letrapequena
Degrau Cultural
Convidamos :
João Marni, Zé Flávio, Zé do Vale, Liduína, Rosa, Corujinha, , Domingos, Roberto, Pachelly, Brandão, Everardo, Isabella, Dedê, Edmar, Lídia, Mara, Carlos e Magali, Emerson, Nicodemos, Assis Lima, Marcos, Aloísio, Stella,Rejane, Lupeu, Leonel,, Joaquim, Tetê,, Mariano, Thiago Araripe, Melgaço, enfim, todos os demais colaboradores !
Bom dia
Escuto “Tu, mi delírio”- bela canção pra começar o dia.
Já me deliciei com a poesia de Brandão e Domingos.
Vou comprar coco para o peixe do almoço.
Que todos tenham um excelente dia !
GRANDE OTELO- por Norma Hauer
Quero hoje registrar o aniversário de SEBASTIÃO PRATA nascido a 18 de outubro de 1915, segundo alguns biógrafos ou 18 de agosto, desse ano, segundo outros. Seu nome artístico : GRANDE OTELO.
Na realidade, Grande Otelo, sempre dizia que não sabia quando nascera, pois foi criado por uma família de Uberlândia, adotando o nome de Sebastião Prata. Ele não sabia direito a data de seu nascimento, mas isso é o menos importante, quando se sabe da importância de Grande Otelo em nosso meio artístico.
Acompanhando um circo mambembe, deixou sua terra e foi para São Paulo, vindo mais tarde para o Rio de Janeiro.
Aqui, apresentou-se em circos, em cassinos e, como era de pequena estatura, começou a ser conhecido como "Pequeno Otelo", em consonância com a ópera Otelo. Com muita personalidade, já que era Otelo, seria GRANDE e não pequeno. A partir daí adotou o nome de GRANDE OTELO, com o qual se tornou conhecido em todo o Brasil e até fora dele.
Embora ficasse conhecido pelos vários filmes que, como comediante, fez com OSCARITO ( todos grandes sucessos, que só nos traziam alegrias) também foi ator dramático, sendo "Macunaína" seu maior papel nesse setor.
Trabalhou ainda em Rio-Zona Norte e "Lúcio Flávio- Passageiro da Agonia", cujo papel principal foi de Reginaldo Farias.
Lembro-me de um grande drama real que ele passou, quando sua mulher matou seu filho de seis anos e suicidou-se. Foi difícil para ele suplantar essa tragédia. Mas grande artista que era, "deu a volta por cima".
Além de fazer cinema e teatro, Grande Otelo fez um papel importante na novela "Uma Rosa com Amor", na TV Globo, com Marília Pera.
Na TV Educativa, fez papel de entrevistador, sendo uma de suas últimas apresentações entrevistando CARLOS GALHARDO em um palco aberto, no Largo do Boticário.
Grande Otelo faleceu em Paris, ainda no Aeroporto, para onde havia viajado para receber um prêmio no Festival de Nantes.
Data: 26 de novembro de 1993. Estava com 78 anos.
Norma
A FONTE DO ITORORÓ
Fui beber água na fonte do Itororó
aos pés
de Nossa Senhora de Monte Serrat lá no alto
entre o verde e o azul.
A fonte nem sabe que é histórica
e envelhece
(sem música).
Uma prostituta sorri numa casa triste.
Um cachorro abana o rabo,
um jumento abana o rabo,
as moscas zunem alvoroçadas.
Estou suando com o sol forte.
A água dorme com as pedras
em silêncio.
A sombra úmida mal se move no chão.
A Muricy Domingues
________________
O Muricy
lembrou-me a história da canção do Itororó e perguntou-me: Dá poesia?
Ele nasceu
em Santos; eu morei lá uns 15 anos, conheci a fonte... Estranho: a música tem
mais de cem anos, e já fala na falta d’água. Não, não é bem assim. Mas há uns
trinta anos (quando eu estava lá) a água da fonte foi declarada imprópria para
beber. Houve um Jardim do Itororó, muito antigamente. Houve uma Companhia de
Águas no local. Houve o tempo implacável, com o progresso – seus benefícios e
malefícios. De tudo, resta uma fonte mal conservada. Resta uma ou outra
palmeira. Resta um pouco de pobreza, de tristeza. Resta uma canção...
Fui no
Itororó
beber água não achei
achei bela morena
que no Itororó deixei
Aproveite, minha gente,
que uma noite não é nada
Se não dormir agora,
dormirá de madrugada
Ó dona Maria,
Ó Mariazinha,
entrarás na roda
e dançarás sozinha
Sozinha eu não danço
nem hei de dançar
porque eu tenho o fulano
para ser meu par
beber água não achei
achei bela morena
que no Itororó deixei
Aproveite, minha gente,
que uma noite não é nada
Se não dormir agora,
dormirá de madrugada
Ó dona Maria,
Ó Mariazinha,
entrarás na roda
e dançarás sozinha
Sozinha eu não danço
nem hei de dançar
porque eu tenho o fulano
para ser meu par
J. C. Brandão
terça-feira, 18 de outubro de 2011
o eremita
Nunca direi qual o caminho o louco há de seguir
nem a nuvem em qual terreno árido deve chover.
Os meus pés já me doem
as minhas mãos tremem.
O louco precisa conhecer de perto
o seu olhar fundo e o brilho oculto.
A nuvem com o tempo há de fugir
da altivez e da desordem do vento.
Não sou o escolhido para indicar ao louco
o seu tesouro escondido atrás das costelas.
Nem à nuvem mesmo a mais solitária
apontar onde dorme e sonha o oceano.
Amanhã o louco pode se cansar da sua loucura
e a nuvem simplesmente se perder da sua vista.
nem a nuvem em qual terreno árido deve chover.
Os meus pés já me doem
as minhas mãos tremem.
O louco precisa conhecer de perto
o seu olhar fundo e o brilho oculto.
A nuvem com o tempo há de fugir
da altivez e da desordem do vento.
Não sou o escolhido para indicar ao louco
o seu tesouro escondido atrás das costelas.
Nem à nuvem mesmo a mais solitária
apontar onde dorme e sonha o oceano.
Amanhã o louco pode se cansar da sua loucura
e a nuvem simplesmente se perder da sua vista.
Hermano Penna- Um cineasta cratense!
Com seu primeiro longa-metragem, Sargento Getúlio (1983), foi premiado como melhor diretor no Festival de Locarno, Suiça, e melhor filme em Gramado. Cearense, nascido em 1945, passou a juventude na Bahia, em meados dos anos 60 mudou-se para Brasília e, em seguida, para São Paulo, onde começou a trabalhar como assistente de direção, em O profeta da fome (1969), de Maurice Capovilla, e como assistente de câmera, em Gamal, o delírio do sexo (1970), de João Batista de Andrade. Entre a metade dos anos 70 e o início dos 80, dirigiu documentários para o programa de televisão Globo Repórter, como A mulher no cangaço (1976) e África, mundo novo (1977). Seu segundo longa, Fronteira das almas (1987), inspirado em romance de João Ubaldo Ribeiro, foi premiado como melhor filme e direção pelo júri oficial no III Rio Cine Festival. Em 2000, dirigiu seu terceiro longa-metragem, Mário. Em 2007, finalizou Olho de boi, prêmio de melhor ator, para Gustavo Machado, e melhor roteiro, para Marcos Cesana, no Festival de Gramado. Em janeiro de 2008, Olho de boi foi exibido na mostra Cine Latino do festival de Palm Springs, nos EUA.
Wilson Fadul - José do Vale Pinheiro Feitosa
Hoje, 18 de outubro de 2001, às sete horas da manhã, rachou-se a estrutura sólida do mundo bio-psicoquímico e cibernético desta era. A era ainda colada à metafísica da dualidade humana do corpo e da alma. A era que mecanizou a alma em mente e a tornou apenas a função de performance na produção capitalista.
Naquelas primeiras horas da manhã, aqui no Rio de Janeiro, numa Casa de Saúde, assistido pela mecânica de aparelhos médicos digitais, morria o médico e político brasileiro Wilson Fadul. Morria em consequência de um procedimento médico justificado pela necessidade de salvar-lhe a vida. Pediu para sair dali, estava cansado, queria ir para casa. A casa que é o princípio a negar a tal estrutura sólida com a qual comecei este texto.
Antes do atestado de morte cerebral, tivera uma parada cardíaca, certamente foi “ressuscitado” e ficou em coma profundo até o ato de retirada dos aparelhos e quando a família recebe a notícia. Naturalmente entre o “negócio” de solubilidade do corpo, as razões sociais e principalmente políticas toda a família se mobiliza pelo resto do dia.
Além da notação histórica o que interessa é este homem e tudo que mobilizou num longo processo de existência no movimento. Ora como movimento da existência e noutra com a existência no movimento. Por isso mesmo é história: o mundo Greco-romano, a civilização ocidental, o sentido tribal de suas origens árabes, as fazendas de café do novo mundo e um profundo respeito pelo mundo francês do século XX.
Wilson Fadul nascido em fevereiro de 1920, como ele disse: eu nasci...na estação da estrada de ferro Sul de Minas, que não existe mais. Isso em Conservatória, distrito de Valença no Rio de Janeiro. Fadul, com mais de 91 anos de idade, falava de sua história, do mundo e do pensamento humano como de fato somos os humanos: um todo não mecânico. Dessa forma ele rechaçou peremptoriamente a visão de um mundo petrificado e pasteurizado imposto pela mídia desta pós-modernidade vazia.
Naquela idade, isso ainda foi há menos de uma semana, ele não dependia da bioquímica cerebral, das teorias que articulam computadores com a malha neuronal e nem do sistema circulatório para expressar a existência. Nenhum sinal demente ou qualquer atributo perfomático que reduz a idade avançada a um mero desempenho.
Na verdade ele viveu intensamente o século XX. Viveu num Brasil monopolista do café até um país industrializado, diversificado e urbano. Fez jornadas incríveis no pantanal de Mato Grosso do Sul, em pastagens de bovinos selvagens e perigosos e com água na cintura em coleções compartilhadas com sucuris enormes. Andou e foi alvo de grandes manifestações nas colinas do Líbano e passeou pelas paragens italianas em busca do passado romano.
Ele viveu o ambiente essencialmente político do Rio de Janeiro, desde as escaramuças da UDN para derrubar Getúlio e Juscelino até a transferência para Brasília. Conviveu com Flores da Cunha e todas as tardes até certas horas da noite estavam numa roda de convivência da elite política do Rio de Janeiro na casa de Osvaldo Aranha. Foi contemporâneo de todos os políticos da UDN, PSD e PTB dos anos 50 até os tempos da ARENA e do PMDB. Tinha apreço enorme pela memória de Santiago Dantas, com quem trocava análises com frequência.
Fadul junto com Ênio da Silveira, Edmundo Muniz e outros companheiros fundaram a Editora Paz e Terra que tantas publicações interessantes traduziu no Brasil na época da ditadura. Ele foi um dos grandes artífices da Frente Ampla que conseguiu juntar Jango, Juscelino e Lacerda contra o regime militar. Estava se preparando para um almoço com Rubens Paiva quando foi avisado por José Aparecido que ele havia sido preso pela ditadura.
Toda esta história e muitos fatos ainda não publicados sobre os acontecidos nos bastidores da política de então nos foram revelados em longas tardes de gravações. E com tal riqueza de detalhes, datas e citações, testadas por outras fontes que, enfim nos remete para o que apontamos no início. O ser humano não é esta dualidade mecânica de corpo e mente, ele é uma dinâmica histórica, interativa e construtiva de uma realidade que ao mesmo tempo o empurra e é empurrada por ele.
A poesia de Nicodemos - Por João Nicodemos
onde andará aquela
de quem só encontro pedaços
nas outras que beijo?
terá hora, ou virá sem hora
a senhora do meu desejo?
andará a me buscar
ou nem sabe de mim?
não sabe que trago,
por ela guardado
um amor sem começo
sem fim...
se ela demora e não vem
onde jogar meu carinho
que brota escondido e é de ninguém?
Que venha logo
que venha breve
vestida de branco de seda ou cetim
ou melhor
me venha nua
vestida somente de cheiro jasmim...
Ganharemos a rua
e uivaremos pra Lua
na noite sem fim.
João Nicodemos
A fila anda ... - Rosa Maria Guerrera
Hoje eu gostaria de escrever o verso que nunca escreví , e nele sonhar um sonho nunca imaginado . Gostaria de numa página em branco relembrar em fragmentos todos os beijos que dei , todas as fantasias que imaginei , e todos os delírios que apetecí. Gostaria de poder entender as interrogações do silêncio , as verdades das exclamações e deslizar devagarinho pelas reticências das surpresas .Tem certos dias que a gente amanhece mesmo com vontade de ser qualquer coisa que não seja nós mesmos .Vontade de fazer aquela LISTA , como diz a bela composição de Oswaldo Montenegro :”Faça uma lista dos sonhos que tinha/quantos voce desistiu de sonhar ? quantos amores jurados pra sempre /quantos voce conseguiu preservar”. E mais adiante a interrogação mais importante : Onde você ainda se reconhece/ na foto passada ou no espelho de agora?”E eu me pergunto quando ouço essa música:Quem não possui uma lista dentro de sí ? Quantos e quantos sonhos não desistimos de sonhar ? Quantas palavras guardamos no momento em que deveriam ser ditas e quantas outras deixamos escapar no instante errado ? É quando a gente para e olha aquela foto passada sem se reconhecer no momento atual .O espelho que nos refletiu ontem , já não nos mostra a mesma imágem.Não me refiro ao tempo cronológico, mas ao tempo aprendizado.E esse é o mais importante na vida de todos nós .E o mais curioso é que a gente não pode afirmar que aprendeu de tudo na vida , porque a cada instante nos aparece uma nova lição no jogo de xadrez do destino .Se eu fosse fazer hoje uma lista dos amores que tive será que teriam a mesma importância para mim , como antes ? Talvez quando existiram tivessem sido realmente importantes ,mas ... “ a fila anda” como tenho por hábito dizer. E nessa caminhada , fatos, pessoas e casos vão ficando na poesia que escrevemos ontem, e como a pena do poeta não tem o direito de parar , novos temas e novas emoções vão dando início a um novo soneto ou poema. Hoje realmente eu gostaria de fazer aquela poesia que nunca fiz ou imaginar um sonho nunca sonhado , e se agora não estou conseguindo realiza-la tenho certeza de que amanhã , ou dentro de minutos,ou até daqui a muitos anos eu conseguirei compor esses versos .E quando entendidas as interrogações do silêncio, as verdades das exclamações ou ainda as reticências das surpresas , tenho certeza absoluta de que não encerrarei a minha lista . No longo corredor da vida , ainda existirão muitas portas a serem escancaradas .Afinal , é como digo sempre : “..A FILA ANDA ......”
rosa guerrera
"Lembrei dos Amigos"- Colaboração de Stela Siebra de Brito
Dois pedaços de madeira que flutuam no oceano
encontram-se e se separam um instante depois.
Assim também tu e tua mãe, tu e teu irmão, tu e
tua mulher, teu filho e tu.
Chamas teu pai, tua mulher, teu amigo,
mas não é mais do que um encontro no caminho.
Esse mundo é uma roda que gira,
uma passagem no grande oceano do tempo, onde nadam
dois tubarões: a velhice e a morte.
Nada é permanente, nem teu corpo.
Nada retorna e nada permanece.
Prazer, dor, o destino tudo estabelece.
O que desejas, tens.
O que não desejas, tens.
Ninguém entende por quê.
Nada garante a felicidade do homem.
Onde estou? Para onde irei? Quem sou? Porque?
E porque deveria chorar?
Extraído do Mahabarata em adaptação do original
por Jean Claude Carrièrre.
Do livro: Índia, um olhar amoroso. Do mesmo Jean Claude.
Batucada
Manhã de domingo, na capital cearense. Varanda de uma amiga, na Aldeota. Tristeza com razão ou sem razão... O mar e o sol no mesmo lugar, e o meu coração viajante buscando o amor na canção.
É engraçado como sentimos a vida, antes dos 30 anos... Tudo é presente com uma pressa enorme de futuro, e o maior dos ideais é viver com plenitude, um grande amor.
Chegaram. O namorado da minha amiga e um amigo com o violão nos braços. Veio fazer serenata em pleno meio dia.
Foi servida uma caninha de cabeça, e começaram os bebem- riscos
.Eu que não gosto de cana, naquele dia, também beberiquei, ou fiz de conta que o fazia, quando o violão mostrou sua primeira nota. O violão tremia, e dizia de cara: sou boêmio, e dos bons!
Depois de Luiz Melodia, foi a vez do repertório de Luiz Bonfá. Na sequência, tudo que a gente aprendeu com os pais, os tios, ouvindo rádio, nas festinhas, e nas rodas de viola. Minha memória refrescada e sensível acompanhava todas. Os meus olhos vidrados nas mãos do violeiro, pulavam pros seus olhos de ser esteiro.
Foi paixão à primeira vista, ou à primeira ouvida!
O amor se alimenta de música. Mas a música no coração de um violão vadio faz chorar quem espera a próxima canção.
(socorro moreira)
(socorro moreira)
Medicina
A medicina é uma das muitas áreas do conhecimento ligada à manutenção e restauração da saúde. Ela trabalha, num sentido amplo, com a prevenção e cura das doenças humanas e animais num contexto médico.
Ações de saúde pública e ambiental, incluindo a saúde animal, promoção, prevenção, controle, erradicação e tratamento das doenças, traumatismos ou qualquer outro agravo à integridade e bem-estar animais, além do controlo de sanidade dos produtos e subprodutos de origem animal para o consumo humano e animal compreendem a área da medicina da responsabilidade do profissional de saúde médico veterinário.
Em Portugal, a saúde oral, higiene, integridade dentária, a sua limpeza e profilaxia compreendem a área da medicina da responsabilidade do Médico Dentista, que é um profissional da saúde capacitado na área de odontologia, e apesar de ter um âmbito de acção semelhante, não deve ser confundido com o Médico estomatologista. Porém no Brasil, odontologia e medicina são profissões distintas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, saúde não é apenas a ausência de doença. Consiste no bem-estar físico, mental, psicológico e social do indivíduo. É um estado cumulativo, que deve ser promovido durante toda a vida, de maneira a assegurar-se de que seus benefícios sejam integralmente desfrutados em dias posteriores Nesse contexto, diretrizes de organizações supra-nacionais compostas por eminentes intelectuais do globo relacionados à área de saúde estabeleceram um novo paradigma de abordagem em medicina.
O santo patrono da Medicina é São Lucas.
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segunda-feira, 17 de outubro de 2011
A cólera, um shopping sobre gás explosivo e a indústria têxtil com lixo hospitalar - José do Vale Pinheiro Feitosa
Por volta de 1991 entrou pela calha do Amazonas, vinda do Peru, uma epidemia de cólera que, rapidamente, atingiu o nordeste e aí provocou enormes prejuízos e ceifou vidas. Uma das grandes tragédias da epidemia foi uma trombada da notícia sobre o turismo nordestino. Que era uma das principais fontes econômicas da região.
A trombada da notícia foi pior do que os fatos tipicamente epidêmicos. De alguma forma o país estava despreparado para a epidemia. Há anos que não se verificava ocorrência do vibrião colérico em nosso meio. As autoridades não tinham medidas imediatas e, claro, a mídia também estava perplexa em como tratar a notícia. Além de tudo havia e ainda há um enorme problema de saneamento básico no país, especialmente no nordeste, sobretudo por precária oferta de água tratada. A epidemia jamais atingiu o Sudeste e o Sul e a diferença foi a água tratada. Lembro daquela tragédia em Fortaleza num ano de seca e quando foi aberto o Canal do Trabalhador. Sem os olhos dos eleitores os políticos dançavam para botar a culpa no outro: se no Ciro Governador ou no Juraci Magalhães Prefeito (com agente federal tive que chegar junto do nosso Raimundo Bezerra então Secretário Municipal).
Mas certamente algo além do desconhecimento acontecia para promover a trombada noticiosa em rede nacional. A notícia que tirava dos nordestinos sua fonte: os peixes e as praias. Foi um Deus nos acuda, mas o pior sobre bases falsas do comportamento do agente infeccioso da cólera. A mídia começava a sangrar o Collor de Mello e a epidemia era um bom extravasamento de energia governamental
Aconteceu que as autoridades locais, especialmente no Maranhão e em Pernambuco tomaram providências exageradas que atingia o turismo irreversivelmente. A epidemia pulou (por um fato que tem paralelo com hoje que é Santa Rita do Capibaribe) do norte para o nordeste na rota do pólo de roupas pernambucano, Foi aí que fui testemunho do que ocorreu. Adib Jatene acabara de assumir o Ministério da Saúde e eu fazia parte Comissão Nacional Contra a Cólera, presidida por Dr. Claudio Amaral quando foi estancada a hemorragia no turismo nordestino.
Não tinha sentido algum proibir o banho de mar e nem pedir para a população não comer peixe. Fizemos tudo para reverter a situação, inclusive após uma reunião com o Ex-Governador de Pernambuco, Joaquim Francisco, que inclusive comeu peixe e tomou um belo banho de mar em Boa Viagem. O Ministério da Saúde começava a desmontar a trombada na notícia. Um adendo: em guerras comerciais as agressões são o móvel da interpretação e não os fatos que analisem o embate. Pois foi aí que vi gente comemorando a cólera na praia dos outros e estava na Paraíba quando comemoraram um assalto a um ônibus de turistas no Rio de Janeiro. Imaginem só: logo o Rio de Janeiro que era a porta de entrada, então, para o turismo estrangeiro no país.
Vou aproveitar para ponderar sobre duas possíveis trombadas da notícia em guerras comerciais. Em primeiro lugar foi o episódio do fechamento daquele shopping em São Paulo. Aquilo queimou a imagem do pólo comercial, causou prejuízo direto sobre centenas de lojistas. E agora vem a evidência da trombada: igualmente não retiraram a população do Conjunto Cingapura (feito por Maluf e Pitta) que se encontra em risco maior e após poucas horas a interdição do shopping acabou com medidas tão rápidas que não justificariam os anos em que ele funcionou sem tais medidas aos olhos das autoridades municipais e estaduais.
A outra trombada é desta semana: os tais tecidos hospitalares que alimentam os negócios sujos de uma empresa de confecção de roupas. Isso virou uma denúncia geral que vai atingir em cheio o pólo de roupas Pernambucano. Existe um crime evidente de uma empresa e todas em conjunto pagarão como se os lençóis e jalecos dos hospitais americanos fossem a base da indústria de confecção pernambucana.
Luiz Bonfá
Luiz Floriano Bonfá (Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1922 — Rio de Janeiro, 12 de janeiro de 2001) foi um cantor, violonista, compositor brasileiro.
Luiz Bonfa
Manhã, tão bonita manhã
Na vida, uma nova canção
Cantando só teus olhos
Teu riso, tuas mãos
Pois há de haver um dia
Em que virás
Das cordas do meu violão
Que só teu amor procurou
Vem uma voz
Falar dos beijos perdidos
Nos lábios teus
Canta o meu coração
Alegria voltou
Tão feliz a manhã
Deste amor
Composição: Música: Luiz Bonfá - Letra: Antonio Maria
Frédéric Chopin
Frédéric François Chopin também chamado Fryderyk Franciszek Chopin (Żelazowa Wola, 1 de Março de 1810 — Paris, 17 de Outubro de 1849) foi um pianista polaco[2] e compositor para piano da era romântica. É amplamente conhecido como um dos maiores compositores para piano e um dos pianistas mais importantes da história.[3] Sua técnica refinada e sua elaboração harmônica vêm sendo comparadas historicamente com as de outros gênios da música, como Mozart e Beethoven, assim como sua duradoura influência na música até os dias de hoje.
wikipédia
CHIQUINHA GONZAGA- por Norma Hauer
Foi há 164 anos que ela nasceu, recebendo o nome de Francisca Maria Edwiges Gonzaga. Era o dia 17 de outubro de 1847. Foi aqui mesmo, no Rio de Janeiro, filha de José Basileu e uma mestiça de nome Maria. Apenas isso: Maria. Pois foi essa Maria que trouxe ao mundo um talento conhecido como CHIQUINHA GONZAGA.
Uma mulher maravilhosa que não deu “bola” aos preconceitos da época e abriu as portas para um mundo abençoado por suas músicas e peças teatrais.
Casaram-na aos 16 anos , como era hábito então , mas ela não nascera para o casamento; mesmo assim teve três filhos (ainda não se inventara a pílula). Como não era a vida que desejava, abandonou seus filhos, ficando com o mais velho, de nome João Gualberto. Este, em 1920, embora não fosse músico, mas sendo filho de quem era, criou a gravadora “Popular”, para concorrer com os “Discos da Casa Edson-Rio de Janeiro” , que dominavam o mercado da época. Nessa gravadora, Francisco Alves, então iniciando sua carreira , gravou seus primeiros discos.
Tentando ingressar no meio teatral, Chiquinha produziu duas peças:”Penhasco" e "Festa de São João”. Foram rejeitadas, por terem sido escritas por uma mulher. Só que era uma mulher de fibra e não se intimidou. Assim, em 1885, com uma nova peça de nome “A Corte na Roça” estreou no meio antes hostil, especialmente masculino, mas que reconheceu seu talento.
As “dondocas” hipócritas de seu tempo, provavelmente as invejavam por sua coragem, mas não se misturavam com uma mulher separada e que
depois teve amantes.
Foi com Antônio Calado e seus “chorões” que ela se relacionava profissionalmente.
Essa mulher maravilhosa escreveu um bonito tango brasileiro (como eram comuns) de nome “Lua Branca”, que não é nada mais que uma seresta que, posteriormente, recebeu uma letra de Luiz Peixoto e ainda hoje é um dos hinos de nossos seresteiros.
Luiz Peixoto foi também seu patrono em uma “burleta” de nome “Forrobodó”, escrita em 1912.
Norma
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