por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 26 de julho de 2011

Recado para Corujinha Baiana

Hoje estive com uma das nossas leitoras, e escutei exatamente esta referência:
Apaixonei-me pelo texto da Corujinha !

Como sou da mesma opinião, faço uma repostagem!


NOSSO AMOR E A ARTE

Tu – Da Vinci
Eu – "Gioconda" – Toda tua.
Eterna "Mona Lisa",
"Esfinge"
de sorriso enigmático.

Tu – Monet
Eu – "Impressões"
Lençóis perfumados
Fleur de Rocaille
L’Amour est Bleu
La Vie en Rose.

Tu – "Pigmaleão"
Eu – "Galatéia"
Esculpiste a minha alma,
Alisaste os meus contornos
E criaste as formas mais perfeitas.

Tu – "Orfeu"
Eu – "Eurídice"
Com a lira mais sonora,
Meus sentidos adormecias.
Mágico acalanto.

Tu – "Quixote"
Eu – "Dulcinéia"
Juntos cavalgamos
Nos lençóis "La Mancha".
Lança em punho,
Cavaleiro destemido.

Tu – "Nureyev"
Eu – "Giselle"
No palco da nossa cama,
Na mais bela coreografia,
Um sensual pas-de-deux.

Tu – "Dante"
Eu – "Beatriz"
Me conduziste ao Céu e ao Purgatório,
Até descermos ao Inferno das paixões,
Onde a nossa "Comédia" deixou de ser "Divina".

Tu – "Boccacio"
Eu – Religiosa sem pudor...
Nas linhas do meu corpo,
Tanta história...
E um Decameron só nosso.

Tu – "Debussy"
Eu – Variações do Clair de Lune
Nas teclas do meu corpo,
Muitas "Claves"...
"Bemóis"... "Sustenidos"...
"Pausas"... "Staccatos"...
"Pizzicatos"...
"Pausas"...
"Ritornellos"...

Tu "Rodin"
Eu "Camille"
Amor... Paixão...
Loucura.
Nossos corpos entrelaçados
E nossos beijos eternizados
No frio e leitoso branco dos lençóis.

Tantos talentos!
Tantas criações!

Eu e Tu
Tanta inspiração!
E uma só Obra de Arte:
"O Nosso amor".

Por Maria da Conceição R.Paiva_ Corujinha baiana
Do livro "NoAzul Sonhado"



CÂNDIDO DAS NEVES- Norma Hauer



CÂNDIDO DAS NEVES apelidado de "Índio", compositor, cantor e instrumentista, nasceu no Rio de Janeiro, em 24/07/1899 e faleceu em 04/11/1934.

Filho do popular cantor e palhaço Eduardo das Neves, começou a se interessar pelo violão desde os cinco anos de idade. O pai, no entanto, queria que ele tivesse instrução e por isso colocou-o num colégio interno.

Em 1917, porém, já aparecia como integrante do rancho Heróis da Piedade. Concluiu seus estudos, tendo perdido o pai a 11 de novembro de 1919, dia de sua formatura.

Empregou-se como funcionário da Estrada de Ferro Central do Brasil, tornando-se conferente de estação.

Nessa época já compunha e fazia serestas pelas madrugadas cariocas, com seus colegas de trabalho Henrique de Melo Morais (tio de Vinícius de Morais, Delegado de Polícia e também compositor) e Uriel Lourival, entre outros. Este autor de "Mimi", a primeira valsa gravada por Sílvio Caldas e "Céu Moreno", gravação de Orlando Silva.

Cândido das Neves, em 1922 cantou e gravou "Saudades do sertão" e o fox-trot "Quadra de amor" na Odeon (em discos mecânicos da Casa Edison), composições suas. Por 1925-1926 foi transferido para Conselheiro Lafaiete MG, onde passou um ano, continuando a cantar e tocar nas serestas com os companheiros da Central do Brasil.

Sua primeira gravação de sucesso foi "Noite Cheia de Estrelas", gravado em 1932, já na fase elétrica, por Vicente Celestino. Suas letras, sempre muito extensas, cantavam a natureza duma forma romântica, tornando-se muito apreciadas pelo público. Mas difíceis de ser repetidas por esse mesmo público.

Quem mais gravou Cândido das Neves foi Vicente Celestino, mas também Orlando Silva, praticamente iniciou sua carreira com "Lágrimas" e"Última Estrofe". Aliás foram essas suas primeiras gravações na RCA Victor, mas que saiu depois de "No Quilômetro 2" porque acharam arriscado lançar um cantor novo com músicas de difícil memorização por parte do povo. Mas a verdade é que Orlando, com sua sensibilidade, "estourou" com essas composições de Cândido Das Neves, que fizeram mais sucesso que "No Quilômetro 2".


Muitas de suas músicas, que se tornaram grandes sucessos, só vieram a ser gravadas após seu desaparecimento. Entre elas se encontram "A Última Estrofe", inicialmente gravada em 1932 por Castro Barbosa, regravada, conforme já dito, por Orlando Silva em 1935, e que viria a ter gravações de Vicente Celestino, Nelson Gonçalves e Sílvio Caldas; "Lágrimas", gravada por Orlando Silva em 1935; "Apoteose do Amor", gravada em 1936, ainda por Orlando Silva; e "Página de Dor", feita em parceria com Pixinguinha, gravada também por Orlando Silva, já em 1938, na Victor.

Relação das composições mais conhecidas de Cândido das Neves:

Abismo de amor,(1931) Anjo enfermo,(1933); Apoteose do amor, (1936); Cabocla Serrana(1932); Canção do Ceguinho(1930); Castelos de areia,(1935); Cinzas,(1937); Cinzas do Amor,(1930); Dileta(1932); E nada Mais,(1932); Em delírio,(1936); Entre lágrimas,(1932); lnfeliz Amor, (1931); Íntima lágrima,(1929); Lágrimas, (1935; Luar de Minha Terra,(1933); Nas asas Brancas da Saudade,(1933); Nênias)1929); Noite Cheia de Estrelas ( 1928)Página de Dor (com Pixinguinha),(1938);Morena, canção sertaneja, 1933; A Última Estrofe,( 1932 e 1935) e inúmeras outras.


Vê-se que muitas foram gravadas depois de sua morte, em 1934. As mais conhecidas receberam gravações de Vicente Celestino e Orlando Silva. Quase todas fazem parte do repertório dos Seresteiros de Conservatória, por serem típicas de serestas. Para lembrar, uma das letras de Cândido das Neves, gravada por Orlando Silva:


APOTEOSE DO AMOR


Deus, só Deus,

Sabe que os olhos teus

São para mim dois faróis clareando o mar

Na fúria do mar onde naufraga uma barca que o leme perdeu

Coitada, essa barca sou eu a naufragar na existência que é o mar,

Conforme com a luz desses faróis que são teus olhos azuis.


São dois lírios os teus seios alabastrinos,

Quase divinos, parecem feitos para o meu beijo.

Muito almejo dos lábios teus o dulçor,

Pela glória do nosso amor.


Musa dos versos meus,

Inspira-me por quem és

Minh'alma medindo amor

Curvada aos teus pés

Rosa opulenta que meu jardim ostenta,

Tomado odor,inspiração do meu amor.


Eu nem sei porque foi que te amei,

Pois tudo em ti é formoso é singular.

Amei teu perfil, amei teus olhos azuis,

Eu amei teu olhar,

Por fim nem tens pena de mim

Que sofro e choro

Na ânsia de te amar,

Ah...triste de quem vive a chorar por alguém.

Norma

26 DE JULHO - DIA DOS AVÓS- Norma Hauer


O dia 26 de julho foi escolhido para a comemoração do Dia dos Avós por ser o dia de Santa Ana e São Joaquim, pais de Maria, mãe de Jesus e avós do Mestre.
Lembrando Rachel de Queiroz:
"Sim, tenho certeza de que a vida nos dá netos para nos compensar de todas as perdas trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes, que vêm ocupar aquele lugar vazio, nostálgico deixado pelos arroubos juvenis.
E quando você embala o(a) menino(a) e ele(a), tonto(a) de sono abre o olho e diz "VÔ,VÓ !" seu coração estala de felicidade, como pão no forno!"

TODOS(AS) ESTAMOSDE PAREBÉNS, porque ou somos ou temos avós

Norma, invadi o tópico tão bem ilustrado por você! Diariamente, venho aqui, saber, recordar, sobre pessoas e fatos.
12:19 (1 hora atrás)
Norma
AINDA O DIA DAS VOVÓS
Em 1952, CARLOS GALHARDO gravou a" Valsa da Vovozinha", da autoria de Juanita Castilhos e Edmundo de Souza e M.Gustavo (será Miguel Gustavo ?) com a seguinte letra :

VALSA DA VOVOZINHA

"Vovó tem 70 anos
Cabeça toda branquinha...
Ainda gosto que eu diga:
Pra você vovozinha
Lembrar os salões antogos,
As valsas e a ladainha
Pra você vovozinha.

Vovó em seu tempo de moça bonita..."

Não me recordo da letra toda. Ainda hoje, se puder, ouvirei o disco de 78 rotações para completar a letra.

De qualquer forma , mais uma vez, Carlos Galhardo comparece homenageando datas e fatos.

Norma

Lá, tal qual cá - José Nilton Mariano Saraiva

“Administrar é delegar poderes”.
Partindo de tal pressuposto (teoricamente incontestável), é difícil acreditar (e, no entanto, é vero) que no globalizado mundo atual ainda exista um determinado contingente de pessoas que por simples pirraça, má vontade ou diletantismo exacerbado, faça questão de não enxergar o óbvio mais que ululante: o quanto é difícil e problemático dirigir uma nação tão heterogênea, repleta de mazelas, contradições e de dimensões continentais, como o é o nosso Brasil.
E a dinâmica da “coisa” começa cedo, lá atrás, a partir da artesanal e penosa “costura” de uma aliança que, mesmo tendendo à multifaçatez e disformidade, revela-se necessária na tarefa maior de levar adiante a viabilização de um determinado projeto macro-socializante (ou de viés coletivista); assim, depois de referendado nas urnas pela maioria da população, o ungido ao trono há que exercitar a tal “delegação de poder”, que se materializará na forma de “repartição” (ou divisão) das responsabilidades (com seus ônus e bônus), através da alocação de “quadros aliados” em postos estratégicos do organograma oficial.
E aí é que mora o perigo (inevitável), porquanto, mesmo se tratando de uma cultura estabelecida, de um procedimento já estratificado ao longo dos anos, nunca deixará de representar um autentico “salto no escuro” ou “jogada de alto risco”, já que, sem conhecer na intimidade os indicados (pelos partidos aliados), só resta a quem nomeia torcer para que os “coroados” tenham a sensatez, o compromisso e a responsabilidade com um projeto maior, um projeto de nação.
A reflexão acima tem a ver com duas situações emblemáticas, dos dias atuais; aqui, na terrinha, a presidenta Dilma Roussef (assim como outros que a antecederam no cargo), para manter a tal “governabilidade” necessita, evidentemente, que os projetos encaminhados pelo Executivo (Governo) ao Legislativo (Câmara e Senado) obtenham maioria de votos; e aí se escancaram portas, frestas e janelas para os maus intencionados tentarem se apossar (ou “privatizar”) o espaço lhes disponibilizado, pondo por terra todo um trabalho que contemplaria o “coletivo”. A solução ??? Cortar na própria carne e extirpar o mal pela raiz, como o fez a presidenta brasileira ao intervir diretamente no Ministério dos Transportes, entregue à responsabilidade de um tal Partido da República (PR), que tem peso, sim, já que com 07 (sete) senadores e 40 (quarenta) deputados federais.
Pois bem, mostrando a seriedade e responsabilidade que a caracteriza e sem se importar com o possível abalo-desfalque em sua “base de sustentação”, a presidenta Dilma Rousseff já premiou nada menos que 17 (dezessete) integrantes do Partido da Republica com o famoso “bilhete azul” (demissão sumária), a começar pelo próprio Ministro de Estado; e a assepsia continua, até não mais restar pedra sobre pedra. Alguém tem dúvida ???
Enquanto isso, nos Estados Unidos o presidente Barack Obama também é “peitado” e se vê candidato a “refém” dos integrantes do Congresso Nacional, que se recusam a autorizar o aumento da capacidade de endividamento do Governo (a fim de que este possa honrar os compromissos assumidos, livrando a ex-toda poderosa nação mais rica do mundo da alcunha de “caloteira”), a não ser que este desista de implementar determinadas medidas de cunho sócio-moralizantes (tributar os mais ricos, por exemplo).
Como se vê - lá, tal qual cá - também existe os ”mafioso-pirracentos”.
Efeito da tal globalização ??? Será ???

SOBRE A EDIÇÃO DO LIVRO NO AZUL SONHADO

ORGANIZAÇÃO, REVISÃO, DIAGRAMAÇÂO, CAPA : Socorro, Stela, Luiz Pereira e Pedro Cortez.( voluntários).
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Gráfica-  www.catadorasdeversos.com, Everardo Norões, Carlos Esmeraldo,Geraldo Ananias.

Despesas com convites, coquetel, filmagem, embalagens, postagens, flores, serviços diversos,aluguel de peças necessárias,etc,etc: financiadas pelos autores  através de uma cota única de 50,00

Os que não acessaram a nossa proposta ,por e-mail, estão dispensados de qualquer depósito//pagamento  posterior.
Subtraímos 3 livros,   da cota de livros devidos ( 5)-  vr. correspondente-  que foram vendidos ou  usados como divulgação.

Assim, estamos todos quites!

Agradecimentos aos artistas que abrilhantaram a festa com performances poéticas/musicais: Nicodemos, Salatiel, Abidoral, João do Crato, Ulisses Germano, Stela Siebra,Emerson,Laerton Xenofonte, Nezinho Patrício,Nívia Uchôa ( cobertura fotográfica),etc.

Agradecimentos aos escritores José do Vale Feitosa, José Flávio Vieira, Emerson Monteiro e Tiago Araripe, que produziram orelha do livro, prefácio, contracapa e dedicatória. 

Agradecimentos a todos os amigos e autoridades culturais,  que abrilhantaram o evento com as suas presenças.

Um abraço especial em Bebeto Brito, que  nos  abriu as portas do ICC, para receber autores e convidados.

Estamos felizes!


Abraço a todos!


ALGUMAS ANOTAÇÕES PARA VOCÊ NO FUTURO - por José do Vale PInheiro Feitosa



Infelizmente não posso olhar nos teus olhos, tocar tuas mãos, ouvir tua voz, dizer-te palavras. Igualmente não posso comentar sobre o teu tempo, o desconheço totalmente. Não sei se contigo o futuro será mais óbvio, pois nestes tempos em que vivo, o futuro não passa de desejos de pessoas ou grupos sociais, tomando como referência o nosso presente. Pois bem, não posso ter presença física, mas terei estas linhas escritas em falsa tinta, a tinta eletrônica que não é tinta, apenas, nestes tempos, um feixe sobre uma tela de cristais líquidos. Poderia ter o recurso da gravação tanto para evoluir sobre teus ouvidos como sobre a tua visão. Mas preferi a dos códigos escritos, mesmo sabendo que aí contigo poderá ser um código arcaico e difícil de interpretar.

Não passarei um panorama geral dos tempos nos quais vivo. Falarei de duas características destes tempos e para mim, imagino, que sejam suficientes para compreenderes tal qual são estes tempos. A primeira delas é que vivemos um tempo em que as pessoas migram constantemente. Se locomovem distâncias incríveis em termos de alguns séculos atrás, não sei se aí será igualmente espantoso, mas centenas de milhões de pessoas estão neste exato momento de um lado para outro das cidades, entre cidades e continentes. A cada ano os aviões levantam vôos o suficiente para transportar uma vez e meia a população inteira da terra. Isso numa divisão social e econômica em que milhões jamais se transportaram ou se transportarão em aviões.

A segunda característica. A noção exata da transitoriedade da vida. A vida não é mais um processo integral como já foi. De tantos apetrechos, penduricalhos, falsas noções de integridade, fatuidade de princípios ditos imutáveis, o humano virou um teatro com alguns entreatos, mas todos muito fugazes e em vias de desfecho final. Por isso estamos sempre mudando de lugar como já dito e trocando de referências a cada tempo. Tanto nas emoções, quanto no cenário da vida, as pessoas estão perdendo um status e adquirindo outro.

Veja o meu exemplo. Daqui a três dias viverei as duas características. Irei me deslocar milhares de quilômetros e mudarei todas as referências da vida prática. Irei de avião do Rio de Janeiro, uma cidade localizada no hemisfério sul das Américas, num país chamado Brasil, até uma outra cidade a nordeste do referido país, chamada Fortaleza. Desta cidade, por veículos automotores que queimam combustíveis fósseis não renováveis, irei até uma cidade menor chamada Paracuru. Aqui trabalho numa Agência do Estado Nacional, lá serei apenas um morador em gozo de férias, entre um lugar e outro sou duas pessoas.

Na primeira vivo o jogo das representações sociais, políticas e econômicas. Existem os que pensam em outras esferas com os quais os seres humanos são caracterizados: psicológicas, culturais, intelectuais e tantos retalhos que deste modo nos sentimos fragmentos costurados um ao lado do outro. Tem a questão do trabalho, hierarquizado, com tarefas a cumprir, o controle de teu tempo, os jogos políticos de poder e as frustrações que sobrevêm ao eterno incompreensível dos "por quês" de tudo isso.

No segundo mundo, deixo aquele para trás, sou outra pessoa. Com outras representações, mais enxutas, menos retalhos. Ali posso representar até para mim mesmo. Ser um tanto "irresponsável" no jogo do poder, relaxar na disciplina intelectual e cultural, falar outros verbos, adjetivar as coisas de modo diferente. É que em Paracuru, os substantivos são outros: o mar, o sol, a terra e o vento. É como se dentro de uma edificação fechada todas as paredes caíssem e o teto sumisse. Neste momento, nos rápidos feixes de sentimentos, que já disseram ficam guardados na mente de uma geração a outra dos humanos, entre em contato com a materialidade de quem sou em relação à natureza planetária e terráquea da vida.


por José do Vale Pinheiro Feitosa

MININO- Lupeu Lacerda




Minino

Apático,
Meu olho olha a estátua equestre
Estático,
A mão na sofreguidão de um copo de cerveja
Dramático,
As pernas do menino correndo e o zumbir das balas

A estátua equestre
Bebe uma cerveja
E saúda a bala
Que derrubou
O menino

Do livro "No Azul Sonhado"

LIVROS SÃO ESPELHOS- Emerson Monteiro


Ao ler, lemos a nós mesmos através da projeção da visão e identificação, nas páginas escritas, dos nossos conteúdos pessoais, pensamentos, cultura, conhecimento recolhido no decorrer do tempo. Vem daí a importância inigualável da leitura como fonte reveladora de ideias, quando revemos o que dispomos acumulado em nosso interior, recordando coisas aprendidas, movimentando reservas em nós depositadas nas sombras do passado, que existirão sempre, na mágica indestrutível da consciência individual. Essa consciência, que junta de si nos outros, forma bloco único e eterno das coisas a se revolverem no ato de ler, as quais são denominadas de “inconsciente coletivo”, nada além da formulação universal dessa Luz universal da Natureza maior.
É uma moeda que revela seus dois lados em apenas um só lado único, pois. Inexistirá divisão nesse padrão de todas as manifestações em consonância, representadas em face única e particular, o singular do que antes se supunha uma pluralidade infinita e múltipla. Milhares de faces de todo único individual, indivisível. Tudo e todos em um só e único, mesma face da moeda solitária a percorrer o cosmos em viagem sideral através das inúmeras consciências do único formato, entre si interligado por fibras internas da primeira essência.
Ler, portanto, percorrer a face de dentro do conhecimento em elaboração no lado íntimo das individualidades, atualiza essências anteriores da mesma face em novas revelações, constatação original da vez primeira em retorno às vezes outras que se repetem no ser individual-plural, no bloco indivisível de cada ser. Ato de procurar e encontrar a um só tempo, qual ente que desloca seu foco de consciência através da mesma rede imperecível que nasce da fonte perene do ser-conhecer em ação permanente.
Quando lemos, por isso lemos a nós próprios. Atualizamos causas primeiras e consequências posteriores da elaboração de pensamentos e discernimentos, configurando, outra vez primeira, as reações secundárias do que já foram ações primárias, nas letras, palavras e sentidos das novas edições do ato único de compreender, que confronta a nós próprios.
Nesse processo da comunicação, as consciências se refazem muitas infinitas vezes, pelos seus próprios atos, no mistério persistente do ser em constante vir-a-ser, resistência, continuidade suspeitada de sobrevivência dos valores da unicidade nas coisas que se sucedem pela essência primeira, na continuidade de tudo em um foco perene, manifestado nas horas diversas e em imagens fragmentadas de futuro aparente, ilusões de particularidades que resultam das imagens únicas em movimento, porém indivisíveis, da mesma e só uma consciência do momento presente em cada lugar do imenso si mesmo todo tempo, e em cada um dos indivíduos atores, através dos quais se manifesta, portanto.
Nisto desvanece o princípio arcaico da multidão de subjetividades e se desvela o conceito pleno da indivisibilidade primeira e eterna do Uno, Ser Causa Cáusica de tudo, Ser essencial, motor dos primeiros postulados, de quem derivaram todas as pretensões anteriores do dois manifestado e também existente, face dupla do Ser criador vivendo em nós, no entanto, sem divisão.

Do livro "No Azul Sonhado 

AS FALÉSIAS DO BEBERIBE- José Carlos Brandão




A areia branca, azul, vermelha, verde
E dourada, laranja, gris, lilás.
A areia tem as cores de um arco-íris
Na falésia abrasiva à beira-mar.


O vento, a água, o calor, a terra móvel
Modelam formas várias de montanha
E vales, torres, línguas apontando
O céu, conchas, escarpas e crateras.


As grutas como ventres porejando
A água no chão, no teto, nas paredes.
A areia chora lágrimas de sal.


Os cactos e as palmeiras à distância
E algumas poucas árvores compõem
O fundo verde contra o azul do mar.


EDUCAÇÃO: REVIRAVOLTA EM PERNAMBUCO- Joaquim Pinheiro Bezerra de Menezes



Estudiosos apontam um sistema de educação eficiente como o ponto de partida para a solução dos problemas sociais do país. A propósito, Carlos Langoni, economista e ex-presidente do Banco Central do Brasil, em sua tese de doutorado, trabalho responsável pela sua projeção no mundo acadêmico, examina que a má distribuição de renda no Brasil tem origem direta na má qualidade do ensino oferecido à maioria da população. Apoiado em equações matemáticas, Langoni mostrou que a elite matricula seus filhos em escolas caras, bem equipadas, com professores qualificados, capazes de transmitir conhecimentos de alto nível. Por outro lado, os filhos dos “sem-privilégios” estudam em colégios públicos ou de mensalidades baixas, sem condições de preparar os alunos para vestibular, concursos e boas vagas no mercado de trabalho. Como o poder e o lucro tendem a ser maior nas mãos dos bem (in)formados, a maior parcela do PIB fica sempre nas mãos da elite. O círculo vicioso tende a perpetuar a situação de desequilíbrio.
Pernambuco resolveu mudar o rumo desta tendência. Adotou medidas criativas, baseadas em aspectos técnicos e acompanhadas por avaliações e critérios previamente divulgados. O primeiro passo foi requalificar os professores com oferta de cursos ministrados pela própria Secretaria de Educação e incentivos para que os mestres frequentem cursos de entidades reconhecidas. Paralelamente a isto, reformou as escolas e dotou-as de equipamentos novos, inclusive laboratório de informática. Antes que fosse exigência de lei federal, o Estado adotou o piso salarial e corrigiu os vencimentos dos servidores. Fez concurso para preencher vagas existentes, mapeou o estado, identificando vazios e construindo colégios em municípios carentes, a exemplo de Granito, pertinho do cariri cearense. Desenvolveu plano estratégico para acelerar a melhora do ensino, dividiu o estado em regiões e em cada uma delas identificou o melhor colégio estadual. O escolhido passou a ser espelho para os demais. Anualmente, os índices de aproveitamento dos alunos são avaliados. Se o resultado for positivo, todos os servidores da unidade recebem um ordenado extra, equivalente a um 14º salário.
A implantação dessas medidas foi acompanhada de outras providências simples visando obter participação da comunidade na educação dos filhos, adotando a divulgação na internet do calendário e horário das aulas e provas, da grade de matéria com nomes dos respectivos professores, de distribuição de fardas, calçados, livros didáticos e rigorosa fiscalização dos alunos que recebem bolsa-escola e outros benefícios sociais vinculados à presença/rendimento escolar.
Os professores que concordam frequentar cursos de especialização recebem assinatura de jornal da sua escolha e bônus exclusivo para aquisição de livros. As escolas, por sua vez, fazem jus à assinatura de revistas semanais informativas para que fiquem atualizadas com o que acontece no mundo.

Do livro No Azul Sonhado

O 12 DE OUTUBRO- Por João Marni de Figueiredo


A esperteza e o oportunismo do homem para ganhar e acumular dinheiro são impressionantes. Dentre as várias maneiras conhecidas, uma é estabelecer datas comemorativas, a exemplo de 12 de Outubro, “Dia da Criança”. Por algumas horas ficamos com a impressão de que tudo transcorre às mil maravilhas com os baixinhos: uma festa! Na manhã do dia seguinte, estarão fechadas as cortinas do grande teatro fictício, e a vida nos revelará a realidade cruel: o descaso com a criançada, seja em sua educação escolar, em sua moradia sem saneamento e água potável, ou na assistência de uma saúde pública sem qualidade e de difícil acesso. Poderão dizer os espertalhões que tudo se deve ao impacto da Revolução Industrial, que possibilitou a entrada da mulher no mercado de trabalho, alterando a forma da família de cuidar e educar seus filhos. Balela! O que falta mesmo é vontade e responsabilidade em políticas públicas, recursos com destinação correta, e não em malas, meias e cuecas!

Dada a ênfase da política macroeconômica atual, focalizada na realização de um elevado superávit primário para pagamento de juros, encargos e serviços da dívida externa brasileira, torna-se difícil acreditar que serão efetivados os investimentos e metas propostos.

De fachada, puro efeito cosmético, criou-se, dois anos após a aprovação da Constituição Federal de 1988, o “Estatuto da Criança e do Adolescente” (Lei 8.069/90), onde o artigo 227 inseriu as crianças no mundo dos direitos humanos. Pelo art. 3º., eles devem ter assegurado os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, para que seja possível, desse modo, elas terem acesso às oportunidades de desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Presumem-se os direitos ao afeto, o de brincar, o de conhecer e o de se expressar. São atores do próprio desenvolvimento. Mas tem funcionado? É o que temos observado? Não nos esqueçamos do número escandaloso de crianças que morrem devido a sede e a fome, por causa de políticas públicas equivocadas.

Não deveria haver ninguém que sofresse por falta do necessário. O atual pontífice, Bento XVI, bem resumiu, numa declaração, esta situação: “De todas essas crianças, eleva-se um grito de dor que interpela e sacode nossas consciências.”

Crianças, as criaturas mais frágeis e indefesas e, dentre elas, as sofredoras, pedem a nossa atenção. Pequenos seres humanos que carregam já, em seus corpos e mentes, consequências de atrocidades da irresponsabilidade de quem os deveria proteger. Feridos no corpo e na alma em conflitos armados, vítimas inocentes dos insensatos. Meninos e meninas de rua, menores profanados por pessoas inescrupulosas que violam a sua inocência, provocando-lhes sequelas indeléveis. Diz-se que Deus não nos manda sofrimento sem enviar a força para suportá-lo. Mas não interferir, deixando uma criança à própria sorte, empenhada em tourear a fome, o frio, a dor e o medo, é de uma crueldade sem perdão.

Nada mais triste do que a visão de uma criança a perambular à toa, descalça, suja, com roupas puídas, faminta, chorando e sem norte. Damos-lhe as costas e seguimos em frente, afinal não batem os nossos DNAs. Ainda não percebemos que somos, cada um de nós, responsáveis diretos ou indiretos por suas mazelas. Esse ser exuberante de vida é a vergonha andante que experimentamos enquanto humanos, sombra de nós mesmos, consciência materializada das nossas omissões. O pior é que aquela criança poderá, no futuro, estar a nos esperar, num sinal de trânsito do cruzamento da Rua da Esperança com a Rua da Solidariedade, num ajuste de contas dantesco entre a inocência desprezada e seu verdugo de outrora. Ouvir-se-ão simultaneamente o som da batida do martelo de Deus e o do estampido de uma arma de fogo.


Do livro "No Azul Sonhado


OS ÍNDIOS- Isabela Pinheiro


Os índios foram os primeiros
Habitantes do nosso país
Viveram noites e dias
Cuidando da natureza
Aproveitando sua beleza
Caçam para sobreviver
E depois comer.


Pajé é o médico que
Pode estar diabético, gripado
Mas não pode ficar parado.


Na aldeia vivem mais de um milhão
Cacique é o líder, tem um grande coração.
Que todos da aldeia estão
Em união, que vivem em sua mão.




Do livro "No Azul Sonhado"



segunda-feira, 25 de julho de 2011

ISABELA PINHEIRO, TAMBÉM MERGULHADORA - por Joaquim Pinheiro


















Isabela Pinheiro, 10 anos, além de escritora e poetisa, agora é mergulhadora. Aproveitou as férias do meio do ano e fez o curso de mergulho. A foto foi tirada a 20 m de profundidade.

Ingênuo


A tua ausência se fosse fora
(quarto, varanda, calçada)
suportaria sem tanto drama.

Mas a tua ausência é dentro
(coração, intestino, vísceras)

e mesmo que eu escreva
os versos não obram milagres.

Se durmo sinto levantares de mim
(de tudo mais íntimo) e caminhas.

Deverias caminhar pelo quarto.
Caminhas dentro da minha alma.

E ela (a alma) tem uma ponte
com meu corpo: começo a ter
espasmos, calafrios, febre.

Tu que passeias descalça.
Tornozelos alvos.
Unhas pintadas.

Sinto o peso dos teus suspiros
a cada passo.

Se andasses assim pelo quarto
suportaria tua ausência
sem tanta neurose.

Mas tu caminhas dentro
(tímpanos, esôfago, ventre)

e mesmo que eu tape os ouvidos
e que eu tome morfina

teus passos são firmes
dentro da minha alma.

E ela (a alma) tem uma ponte
com a mente: começo a pensar
em suicídio, meditação, sacrifícios.

Embora eu saiba que nunca
terei coragem para te esquecer
nem cortar pulsos nem beber
o vinho de Cleópatra.

Então (se me ouves)
eu te peço que ao caminhares
dentro da minha alma

calça aqueles chinelos velhinhos
que fazem um ruído delicado
(plaf, plaf, plaf)

até durmo sem pesadelos
feito criança ouvindo
os passos da mãe
no corredor.


GRATIDÃO- por João Marni



De onde estou, em lugar privilegiado, iniciando esta crônica, tento compreender as desigualdades, observando os telhados distantes. Daqui vejo praticamente toda a cidade, com casas que dividem o mesmo espinhaço, contíguas que são. Aqui do alto, e à distância, não dá para que se escute o barulho próprio do movimento das conglomerações urbanas. Muito verde à minha volta e a rua onde moro é um silêncio só. Nosso jardim pertence aos pássaros.

Seria cômodo e egoísmo da minha parte, com essa brisa que me beija, ignorar como vivem as pessoas lá no burburinho, no fluxo do ir e vir. No entanto, numa lufada maior, como que num bofete, o vento adverte-me para que não as relegue e que as veja como possuidoras de todos os poderes que têm para arquitetar e concretizar suas vontades, seus sonhos.

Isso tudo faz-me lembrar Recife, num pequeno apartamento de só um quarto, cuja visão pelas duas únicas janelas logo esbarrava no paredão do viaduto da avenida João de Barros. O ruído era tão perturbador pelos veículos de pessoas apressadas, que havia necessidade de pôr algodão nos ouvidos, o que melhorava a concentração no ato de estudar. Por ironia, o nome do prédio era “Bela Vista”.

Nada pode ser mais verdadeiro e de bem-querença do que a orientação que os pais dão aos filhos para que estudem. E também não há nada mais gratificante do que colher os frutos desse apelo.

Fortunas existem por herança, loteria, por razões duvidosas ou tenebrosas... Porém, aquela advinda da abnegação pode não ser tamanha, mas certamente tem a simpatia divina. É assim que entendemos uma bênção. Deus nos diz: “Vai, que te ajudo.”

Por generosidade Vossa, Senhor, nossa casa é hoje ampla, farta, acolhedora e panorâmica. Tendes dado saúde a seus moradores, vossos filhos, e olhos que sempre vos agradecem. Compreendemos também que a escolha deste nosso canto não foi por lei do acaso, mas um prêmio que serve de incentivo a todos os que escutam os conselhos dos pais. Somos capazes de vislumbrar a poeira do burrico a pelejar com a Família Sagrada por um lugarzinho onde ficar...

Por gratidão, meu Deus, esta casa é vossa. Disponha.


Do livro "No Azul Sonhado"

O LIVRO- Isabela Pinheiro





Tem livro de fantasia, história

E muita magia, tem até poesia
Tem um parque de diversões
Tem um coreto e dois anões


No livro vamos viajar, sonhar e cantar

O livro é colorido e muito divertido
Lá encontramos diversão
Cheia de emoção


O papai brincando de ler

E a garota doida para ver
E o vovô contando uma história
E a garota guardou na memória



Do livro "No Azul Sonhado"


ALCEBÍADES BARCELOS - Norma Hauer


Ele nasceu em Niterói no dia 25 de julho de 1902 e faleceu em 18 de março de 1975.
Já aos seis anos veio com sua família para o Rio indo residir no Estácio onde viveu a maior parte de sua vida.
Exerceu o ofício de sapateiro até incorporar-se aos sambistas do Estácio, dentre eles Ismael Silva, Brancura, Baiaco e, depois, Benedito Lacerda. À exceção de Benedito, os sambistas do Estácio fundaram, em 1928, a primeira escola de samba,dando-lhe o nome de "Deixa Falar".

Já nesse mesmo ano, teve sua primeira composição ("A Malandragem") gravada por Francisco Alves, que fez constar da etiqueta do disco apenas seu nome como autor, o que ele não era. Francisco Alves procurava os compositores do morro, como Ismael Silva e, neste caso, Alcebíades Barcelos propondo gravar seus sambas, participando como co-autor. No caso de "A Malandragem" o nome de Alcebíades Barcelos só constou da partitura musical.

Eles aceitavam porque Chico Alves já era um nome conhecido, com várias gravações, e o pessoal dos morros não teria oportunidade de gravar naquela época.
Em 1932 a "Deixa Falar" desfilou pela primeira vez no carnaval com suas músicas "O Meu Segredo" e "Rir para não chorar".
Em 1934 já existiam outras escolas e Alcebíades Barcelos passou a desfilar pela "Recreio de Ramos".
Foi nesse ano que sua primeira música com Armando Marçal, formando a dupla Bide-Marçal "estourou" no carnaval e ainda hoje é conhecida, tendo sido regravada por vários intérpretes: 'A GORA É CINZA".
Foi Alcebíades Barcelos quem "descobriu" Ataúlfo Alves, com ele compondo"Você não sabe, Amor", uma das primeiras gravações de Carlos Galhardo.
A dupla Bide e Marçal gravou com todos os cantores da fase de ouro do rádio, como Galhardo, Francisco Alves, Orlando Silva, Sílvio Caldas.
Compôs, normalmente, até o início dos anos 60, quando se aposentou, afastando-se de suas atividades. Em 1967 deu um depoimento no Museu da Imagem e do Som, registrando sua passagem por nossa música.
Em 1973 deixou o Estácio, falecendo dois anos depois cego e paralítico.

Naquele tempo em que o rádio era o maior veículo de comunicação e onde as músicas se espalhavam por todo o país, seus compositores e cantores não enriqueciam, daí o triste fim de Alcebíades Barcelos, um dos grandes compositores da época.
Os tempos eram outros.
Hoje as scolas de Samba mandam no Carnaval.

Quero registrar a letra do mais famoso samba da dupla Bide e Marçal:

AGORA É CINZA
Autores:Alcebíades Barcelos e Armando Marçal
Gravação original de Mário Reis.

Você partiu, saudade me deixou
Eu chorei.
O nosso amor foi uma chama
Que o sopro do passado desfaz,
Agora é cinza
Tudo acabado e nada mais.

Você partiu de madrugada
E não me disse nada
Isso não se faz.
Me deixou cheio de saudade e paixão
Eu me conformo com a sua ingratidão.

Agora, desfeito o nosso amor
Eu vou chorar de dor
Não posso esquecer.
Vou viver distante de seus olhos, oh querida
Não me deu um adeus por despedida.

Mais uma letra de Alcebíades Barcelos:

O PALHAÇO O QUE É?
Gravação de Carlos Galhardo para o carnaval de 1937

O palhaço está na rua e vem anunciar
Que o Rei Momo já chegou
E é hora de brincar
Este ano vamos ter variedade
Vai ser um barulho na cidade

Hoje tem marmelada?
Tem sim senhor.
Hoje tem goiabada?
Tem sim senhor.
O palhaço o que é?
É ladrão de mulher.

Norma

MAIS UM 25 DE JULHO... - Norma Hauer


Esta é a data que, lamentando, não gostaria de recordar.

Mas que fazer? Foi nesta data como poderia ser em outra. Um, dia chegaria a grande SAUDADE !!!

E que SAUDADE é essa ?

É a da partida definitiva de CARLOS GALHARDO.

Foi há 26 anos , no dia 25 de julho de 1985.

Ele partiu, a SAUDADE FICOU

"...E a saudade ficou lâmpada triste ,
velando a escuridão de nosso amor,
Na solidão da casa que eu um dia
Aluguei, a sorrir para nós dois
Ouço-te a voz, tão cheia de agonia,
Sinto o perfume de teu pó de arroz..."

Esquecer esta data ? Talvez fosse melhor, mas ela é verdadeira, assim não se pode apagar uma data, como não se pode apagar uma

Estrela que correu no céu,
em busca de outros mundos...

Ela deixa um rastro e esse rastro não se desvanece em nossa lembrança. Não se desvanecendo, ficará até que um dia, outra "estrela correrá nos céus em busca de outros mindos..."

Esse é o destino de quem um dia por aqui passou. É por isso que se alguém passou e só trouxe beleza, quando esse alguém partir, sua beleza ficará para os que vierem depois, desde que algo tenha ficado

E de CARLOS GALHARDO ficou sua maravilhosa VOZ em centenas de gravações, tenham ou nÃo tenham sido sucesso, como é exemplo a singela valsa

POR QUE CANTAM OS PASSARINHOS ?

Eu amei, amei, sem querer amar
E depois chorei,
Sem querer chorar...
Perguntar porque não posso
Viver bem, sem teus carinhos...
É o mesmo que perguntar:
Por que cantam os passarinhos.
Éo mesno que perguntar
Porque cantam os passarinhos ?...

Ele partiu em um 25 de julho, "
... deixando a felicidade que o destino desfolhou."

Atenção!!!!!!!!!!!

As fotos de lançamento do livro "No Azul Sonhado" podem ser acessadas, clicando na página especial ( aba lateral) !

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Carlos Galhardo


Carlos Galhardo, nascido Catello Carlos Guagliardi (Buenos Aires, 24 de abril de 1913 — Rio de Janeiro, 25 de julho de 1985) foi um dos principais cantores da Era do Rádio.

Por Lupeu Lacerda

das coisas que encolhem

luana me disse

ontem

que ela não acredita

que seu pé cresceu.

luana me disse

que o sapato

é que encolheu.

luana sabe

luana tem a alma

de um sabiá.

BANHO DE CHUVA- por Domingos Barroso



Você nem imagina
o friozinho agora
a música

o cafezinho
meus olhos
lacrimosos.

Não falta nada
nem mesmo sua alma

(já lhe disse
que é uma coisa só
a chuva e a calçada?)

Hoje eu vi um passarinho
andando despreocupado

entre um carro
e uma banca de revista

as asas, feito mochila,
coladas nas costas

e andava o passarinho
dando pulinhos

(já lhe disse
que em dias frios
os passarinhos
pensam na vida?)

Sim, baby
pensam como penso
em você agora ouvindo
meu coração infantil
apressado e louco.

Você nem imagina
o tremor dos meus lábios
minha respiração de peixe

Nessas horas é bom embrulhar as asas,
feito mochila, no dorso de uma nuvem
e dar um tapinha
nas ancas dessa nuvem

(já lhe disse
como voa ligeiro
uma nuvem em forma
de puro sangue árabe?)

Você nem sonha
que ontem estive
na sua cabeceira

e lhe fiz cachos
e sorri pros seus cílios
enquanto você dormia.

Por Domingos Barroso


INGÊNUO

A tua ausência, se fosse fora
(quarto, varanda, calçada)
suportaria sem tanto drama.

Mas a tua ausência é dentro
(coração, intestino, vísceras)

e mesmo que eu escreva
os versos não obram milagres.

Se durmo, sinto levantares de mim
(de tudo mais íntimo) e que caminhas.

Deverias caminhar pelo quarto.
Caminhas dentro da minha alma.

E ela (a alma) tem uma ponte
com meu corpo: começo a ter
espasmos, calafrios, febre.

Tu que passeias descalça.
Tornozelos alvos.
Unhas pintadas.

Sinto o peso dos teus suspiros
a cada passo.

Se andasses assim pelo quarto
suportaria tua ausência
sem tanta neurose.

Mas tu caminhas dentro
(tímpanos, esôfago, ventre)

e mesmo que eu tape os ouvidos
e que eu tome morfina

teus passos são firmes
dentro da minha alma.

E ela (a alma) tem uma ponte
com a mente: começo a pensar
em suicídio, meditação, sacrifícios.

Embora eu saiba que nunca
terei coragem para te esquece
nem cortar pulsos nem beber
o vinho de Cleópatra.

Então (se me ouves)
eu te peço que ao caminhares
dentro da minha alma

calça aqueles chinelos velhinhos
que fazem um ruído delicado
(plaf, plaf, plaf).

Até durmo sem pesadelos
feito criança ouvindo
os passos da mãe
no corredor. 


Do livro "No Azul Sonhado"

A ÁGUA NEGRA




A ÁGUA NEGRA



A caixa d’água no escuro do sótão não dorme.

Um demônio vigia e ronca no cotovelo da escada.

Os mortos nunca estão suficientemente lavados.

Ouço no fundo do inferno o canto de Orfeu.



As idéias se afogaram no bronze salgado do mar.

Os ratos insones passeiam no cemitério dos navios.

Onde o ouro obscuro que tanto me atrai e mata?

O vento se envergonha do corpo nu de Eurídice.



Pendurei Eurídice pelos cabelos no mais alto mastro.

Os marinheiros com a garganta seca gritam de sede.

Os tambores rubros retumbam, os canhões explodem.



A guerra não tem fim, os campanários desabam no caos.

A água negra inunda a casa do sótão até o porão.

O meu anjo da guarda perde as penas das asas negras.