por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Mazurkiewicz que se foi, deixando Mazuquiebe sobre a terra - José do Vale Pinheiro Feitosa


Ladislao Mazurkiewicz nasceu como todos. Expulso do útero materno no ano de 1945. Na província de Maldonado, numa cidade à beira de um mar de sal e o rio da Prata: Piriápolis. Na direção de Punta Del Este, quando se vem de Montevideo. Era o tempo dos rebanhos gordos que fizeram a riqueza do cone sul. A Europa faminta pela guerra tornou as fazendas planas dos pampas em minas de ouro.

Mazurkiewicz cresceu na contramão da maioria. Tornou-se uma das maiores barreiras ao chute dos pés na bola. Com as mãos, saltos olímpicos em busca da bola e um senso infinitesimal de tempo para compreender a trajetória do chute. Um dos maiores goleiros da história.

Aos 67 anos de vida, não é quase nada, mas é muito para esse nosso corpo frágil e rapidamente perecível. Juntou seu porte extraordinário no gol ao mito de um dos mais espetaculares times de futebol da América do Sul: o Peñarol. Que recebeu esse nome de um sujeito que morava na região onde os operários organizaram o time. Era um italiano com sobrenome Pignarolo que evoluiu para Peñarol.

Hoje, quando Mazurkiewicz entrou na ordem do necrológio jornalístico, aqui na terra dos tupiniquins, o resumo do goleiro será os dribles e as bobeiras dele diante de Pelé. Como se tudo sobre Mazurkiewicz se resumisse a ser driblado por Pelé. Essa é uma revelação terrível sobre como os meios de comunicação são parciais e funcionando como mera sonoridade do mesmo a ecoar-se.

Mas eu conheci alguém que assim não pensaria. Era mineiro de corpo e alma e se tornara fã do goleiro pela grandeza que dera ao Atlético Mineiro. O conheci na Favela do Escondidinho, onde trabalhei como médico por dez anos. Fizera uma homenagem ao goleiro pondo no filho mais velho do nome de Mazuquiebe.  

Mazuquiebe, pelo tempo, já deve ser pai de crianças e hoje deve pensar no goleiro Uruguaio. Um encontro no sentido exato das esferas externas: entre Mazurkiewicz e Mazuquiebe. E isso sem necessitar dos dribles de Pelé.  

Um comentário:

socorro moreira disse...

Que vamos fazer, na tua ausência?