Um dos principais colunistas do jornal O Globo informou (ou
inventou) uma notícia da revolta de um passageiro quando da falta de luz no
Galeão (não foi um apagão, foi localizado no prédio do Aeroporto). O
passageiro, segundo Ancelmo Gois, revoltado com a situação teria dito: Se
alguém votar no Lula ou na Dilma é filho da puta. Antes de seguir adiante:
Ancelmo é um neoudenista, a serviço da família Marinho, veio do Partidão,
detestava o Brizola (por razões de afinidade de emprego) e agora é um legítimo
opositor de Lula e Dilma com estímulo para receber igual xingamento de retorno.
Esse clima de palavrões anda solto na internet. Literalmente
a manipulação, o preconceito, o ódio, o xingamento virou a língua de mentes em
excitação insana. Um dos primos mais queridos me envia diariamente de dois a três
e-mails com uma fixação mórbida em petistas, lulistas e no próprio político. O baixo
nível de argumentação e o preconceito são de tal ordem que imagino os fascistas
têm uma fábrica de produção de e-mails em alta atividade. Pelo que vejo, é uma
determinada senhora que é a fonte de todas as diatribes. Certamente que recebe
ou busca em alguém. A frequência mostra um martelar para criar hegemonia e
promover golpes políticos e nas instituições.
O conteúdo e a prática não deixam dúvida: são os mesmos dos
idos dos anos 60 ocasião em que uma direita raivosa preparava o golpe de 64.
Quando esse pessoal sentir-se com maior repercussão não tenham dúvidas: vão
enaltecer o golpe e apresentar um discurso direitista agressivo, denunciando,
denegrindo, agredindo e tentando formar grupos de pressão para intimidar quem
pense diferente. Isso não é tudo e tem mais. Muito mais.
Em recente artigo o jurista Nilo Batista, ex-governador do
Rio de Janeiro, denunciou o clima de delação e punição que permeia o tecido
social brasileiro. Há uma verdadeira vaga conservadora, querendo baixar o pau
nos marginalizados, defender quem tem renda e denegrir a maioria despossuída. Essa
onda conservadora invadiu, inclusive, partidos mais à esquerda no espectro
político nacional e agora o clima é querer filmar as pessoas no seu livre ir e vir,
ter chips nos carros para detectar as pessoas em deslocamento, sem contar as
transações com cartões e o uso de celular que detectam as pessoas o tempo todo.
Além é claro desta internet.
A questão sempre não é o bem-estar coletivo. É que empresas
particulares, grupos específicos ou pessoas de má fé podem acessar essas
informações para, no interesse próprio, atacar direitos e a segurança de outras
pessoas. Além, é claro, deste clima geral de denúncia e punição, que sempre
serve para a desgraça de muitos e o benefício de alguém. Ou alguém duvida que
aquelas histórias da Revista Veja com Carlinhos Cachoeira não tenha sido uma operação
de mão dupla?
Tomei conhecimento que aí no Crato o clima de debate sobre a
administração da cidade e sobre as opções de políticas públicas ou de política
no sentido mais geral, quase sempre terminava com alguém recebendo um processo
na justiça. É a respeito disso que falamos neste texto: um cidadão no pleno
exercício de seu direito político e da sua liberdade de falar sobre sua cidade,
recebe um processo, que lhe custará caro, aborrecimento, tomará seu tempo,
além, é claro, de que no Brasil ser processado sempre tem uma conotação
negativa. O que pretende quem o processa?
Pretende interditar o debate e o livre processo democrático.
Isso é parte do sentimento conservador, elitista e golpista. Se a Justiça
passar a ser parte desta coisa, é preciso reagir contra a litigância de má fé,
o denuncismo e o punitivismo.
Um comentário:
Política é uma coisa séria de meandros escusos.
Gosto quando você esclarece
Você faz a política correta.
Os conflitos se eternizam , e a história se repete.
Quero muito que o povo saia desse círculo vicioso.
O tecido político é esgarçado por traças humanas.
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