por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 29 de dezembro de 2012

Como a serpente porá seus ovos no ano que chega? - José do Vale Pinheiro Feitosa


Um dos principais colunistas do jornal O Globo informou (ou inventou) uma notícia da revolta de um passageiro quando da falta de luz no Galeão (não foi um apagão, foi localizado no prédio do Aeroporto). O passageiro, segundo Ancelmo Gois, revoltado com a situação teria dito: Se alguém votar no Lula ou na Dilma é filho da puta. Antes de seguir adiante: Ancelmo é um neoudenista, a serviço da família Marinho, veio do Partidão, detestava o Brizola (por razões de afinidade de emprego) e agora é um legítimo opositor de Lula e Dilma com estímulo para receber igual xingamento de retorno.

Esse clima de palavrões anda solto na internet. Literalmente a manipulação, o preconceito, o ódio, o xingamento virou a língua de mentes em excitação insana. Um dos primos mais queridos me envia diariamente de dois a três e-mails com uma fixação mórbida em petistas, lulistas e no próprio político. O baixo nível de argumentação e o preconceito são de tal ordem que imagino os fascistas têm uma fábrica de produção de e-mails em alta atividade. Pelo que vejo, é uma determinada senhora que é a fonte de todas as diatribes. Certamente que recebe ou busca em alguém. A frequência mostra um martelar para criar hegemonia e promover golpes políticos e nas instituições.  

O conteúdo e a prática não deixam dúvida: são os mesmos dos idos dos anos 60 ocasião em que uma direita raivosa preparava o golpe de 64. Quando esse pessoal sentir-se com maior repercussão não tenham dúvidas: vão enaltecer o golpe e apresentar um discurso direitista agressivo, denunciando, denegrindo, agredindo e tentando formar grupos de pressão para intimidar quem pense diferente. Isso não é tudo e tem mais. Muito mais.

Em recente artigo o jurista Nilo Batista, ex-governador do Rio de Janeiro, denunciou o clima de delação e punição que permeia o tecido social brasileiro. Há uma verdadeira vaga conservadora, querendo baixar o pau nos marginalizados, defender quem tem renda e denegrir a maioria despossuída. Essa onda conservadora invadiu, inclusive, partidos mais à esquerda no espectro político nacional e agora o clima é querer filmar as pessoas no seu livre ir e vir, ter chips nos carros para detectar as pessoas em deslocamento, sem contar as transações com cartões e o uso de celular que detectam as pessoas o tempo todo. Além é claro desta internet.  

A questão sempre não é o bem-estar coletivo. É que empresas particulares, grupos específicos ou pessoas de má fé podem acessar essas informações para, no interesse próprio, atacar direitos e a segurança de outras pessoas. Além, é claro, deste clima geral de denúncia e punição, que sempre serve para a desgraça de muitos e o benefício de alguém. Ou alguém duvida que aquelas histórias da Revista Veja com Carlinhos Cachoeira não tenha sido uma operação de mão dupla?

Tomei conhecimento que aí no Crato o clima de debate sobre a administração da cidade e sobre as opções de políticas públicas ou de política no sentido mais geral, quase sempre terminava com alguém recebendo um processo na justiça. É a respeito disso que falamos neste texto: um cidadão no pleno exercício de seu direito político e da sua liberdade de falar sobre sua cidade, recebe um processo, que lhe custará caro, aborrecimento, tomará seu tempo, além, é claro, de que no Brasil ser processado sempre tem uma conotação negativa. O que pretende quem o processa?

Pretende interditar o debate e o livre processo democrático. Isso é parte do sentimento conservador, elitista e golpista. Se a Justiça passar a ser parte desta coisa, é preciso reagir contra a litigância de má fé, o denuncismo e o punitivismo. 

Um comentário:

socorro moreira disse...

Política é uma coisa séria de meandros escusos.
Gosto quando você esclarece
Você faz a política correta.
Os conflitos se eternizam , e a história se repete.
Quero muito que o povo saia desse círculo vicioso.
O tecido político é esgarçado por traças humanas.