por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 23 de novembro de 2011

“Difícil recomeço...” – José Nilton Mariano Saraiva

No princípio, oito anos atrás (2003), foi aquele diagnóstico pra lá de contundente e capaz de nocautear qualquer um: câncer de próstata, em fase embrionária. E aí, por intermináveis e sofridos dois meses (excluindo-se os finais de semana), sessões diárias de radioterapia (37), que, ao que tudo indica, surtiram o efeito desejado; o “bombardeio” teoricamente foi suficiente pra aniquilar o inimigo (pelo menos as medições trimestrais do PSA indicam isso, embora sempre paire a sombra da suspeita de uma recidiva).
Num segundo momento, cinco anos após (2008), o falecimento da matriarca da família, por todos admirada, já que de uma dedicação extremada a todos os filhos vivos (10) e ao marido, sábia conselheira de todas as horas e fator de equilíbrio e ponderação no dia-a-dia de todos nós, mesmo os não residentes no Crato, como o signatário. Uma dor profunda e inenarrável, que só quem tem a oportunidade de experimentar pode avaliar.
Agora, a desagradável surpresa: após 26 anos de convivência, dois filhos (gêmeos de 22 anos e concluindo o curso superior), a velha companheira de guerra resolve que não dá mais, que trilhará novos caminhos, que a relação não tem mais condição de prosseguir, se acha esvaziada.
E lá vamos nós, que até então morávamos em apartamento próprio (quitado) no agradável Bairro de Fátima, aqui em Fortaleza, à procura de “alugar” um espaço qualquer, a literalmente “montar” um canto novo onde possamos nos abrigar da chuva e sol. E tem sido extremamente difícil, já que a nossa combalida remuneração não permite maiores vôos (além de que, o senso de responsabilidade nos impõe que na atual moradia ficarão os filhos e a mãe, até que consigamos arquitetar uma partilha que não prejudique ninguém).
No mais - e principalmente – não há como deixar de reconhecer que a parte psíquica foi seriamente avariada, já que nos sentimos um tanto quanto deslocados, sem a inspiração devida pra redigir um simplório memorando e nem sequer conseguir concentrar-se naquilo que aprendemos a gostar: a leitura (atenção Zé Flávio e Zé do Vale: “depressão” à vista ???).
Tem sido um “difícil recomeço”...

4 comentários:

Stela disse...

Mariano,
Estou solidária a você. As questões de saúde e as perdas das pessoas queridas doem muito, marcam nossas vidas e muitas vezes nos vemos sem teto e sem chão. E o pior: sem horizontes.
Mas temos no tempo um grande aliado que ajuda a cicatrizar feridas e nos faz enxergar que há outros horizontes. Só que enquanto essa cicatrização não se concretiza, sofremos muito, ficamos desanimados, quase indiferentes à vida. Aí, é hora de ser forte, no sentido de querer viver, voltar a ser feliz, abraçar a alegria. Isso é possível, te garanto. Comece a observar as coisas simples da vida: as formigas trabalhando, as folhas secas caindo das árvores, os pescadores chegando de alto mar, os vendedores nas portas das lojas apregoando o preço das mercadorias, o movimento das marés, o canto da coruja à noite, e dos pardais de manhã cedo, o pãozinho quente com café, uma cervejinha gelada, a algazarra das crianças nas escolas, o beijo dos casais apaixonados, um baião de dois com piqui, a leitura de um livro, o aniversário dos , o encontro com os amigos. E a tua escrita. Não esqueça disso. Não pare de escrever. Escreva. Escreva. Escreva. Bote tudo no papel/tela do computador. Desague tua dor. Vai te fazer um bem danado! Não guarde mágoas, e pense que cada dia é um novo dia. Sei que essa é uma frase muito repetida, mas é assim mesmo: todo dia é dia de nova oportunidade para mudanças. E mudanças (de todos os tipos) são difíceis de serem vividas, a gente sabe.

Eita! que esse comentário tá parecendo um capítulo de livro de auto-ajuda... mas é que quero te trazer alento, esperança e confiança, Mariano.
Sei que você enfrentará mais essa etapa como um momento de transformação, que fará de você uma pessoa melhor.
Meu abraço para você.
Stela

Ângela Lôbo disse...

"... Não importa onde você parou… em que momento da vida você cansou…
O que importa é que sempre é possível e necessário "Recomeçar".
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo… É renovar as esperanças na vida e o mais importante…
Acreditar em você de novo..."
(Carlos Drummond de Andrade)
Por mais difícil que possa parecer, não desanime, pois você tem o bem mais precioso: a vida. E valorizando as pequenas coisas, como sugere Stela, conseguirá sorrir de novo.
Coragem, não se feche para o mundo e conte com a apoio e a solidariedade dos amigos.

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Caro José Nilton Mariano.

Receba o nosso abraço de solidariedade.
As palavras que temos a lhe dizer servirão mais para a parte que decidiu desfazer uma união de mais de um quarto de século, no caso sua mulher, que sempre continuará sendo sua esposa, não importa os espaços diferentes que os separarão. Queira Deus que não seja para sempre. Esperamos também que sirvam para o amigo.
A Bíblia é repleta de sabedoria. E nela encontramos o recado que gostaríamos que o amigo fizesse chegar até ela. Diz a Bíblia no Evangelho, segundo João, Cap. 3 que houve uma festa de casamento em Caná da Galiléia, para a qual Jesus, Maria e os discípulos de Jesus foram convidados. Em dado momento Maria percebeu que iria faltar vinho, o que seria uma desfeita numa festa de casamento judeu. Maria foi até Jesus e pediu que ele fizesse alguma coisa. Ele respondeu que a hora dele ainda não havia chegado. Maria o ignorou e disse aos serviçais: "Façam tudo que ele mandar." E Jesus mandou que os serventes daquela festa enchessem sete talhas de pedra com água e as levassem para o cerimonialista. Ao provar da água que, como por encanto havia sido transformada em vinho, para espanto dos serventes e dos que os viram colocando água naquelas jarras, o mestre de cerimônia achou o vinho tão bom que disse ao noivo: "Você é um noivo diferente. Guardou o melhor vinho para o final da festa. Enquanto os outros costumam servir o melhor vinho no inicio e depois quando os convidados já estão embriagados servem o vinho de pior qualidade".
Que lições poderemos tirar? Em primeiro lugar, aquele recado de Maria ("façam tudo que ele mandar") continua valendo para todos nós. E Jesus nos mandou AMAR!, Em segundo lugar, o vinho na Bíblia é símbolo de AMOR! E o melhor vinho no final da festa é o amor, que entre os cônjuges deverá sempre ser cada vez mais forte com o passar do tempo.
Portanto, sentem os dois, conversem, analisem as possibilidades de um perdão, verifiquem como planejar uma convivência futura. E se possível consultem um médico experiente, que melhor poderá orientá-los em todos os aspectos. Tentem os dois mais uma vez. Uma vida não foi feita para a solidão. Somos todos uma comunidade. E a família é tudo para essa comunidade de seres humanos, que somos todos nós!
Um grande abraço e conte sempre conosco!

Carlos e Magali

socorro moreira disse...

AMIGO QUERIDO,
oS RECOMEÇOS ESTÃO LIGADOS ÀS PERDAS. pERDAS PRESSUPÔE NOVOS GANHOS.
fALO POR EXPERIÊNCIA P´ROPRIA, EMBORA CADA INDIVÍDUO TEnha a SUA HISTÓRIA INTRANSFERÍVEL.
qUERO CRER QUE TODA MUDANÇÃ IMPLICA eM MELHORIAS.
NnÃO IMAGINAS QUANTAS VEZES RECOMECEI, E QUANTAS VEZES LIDEI NOVAMENTE COM AS ALEGRIAS.
a SUPERAÇÃO DA TUA DOENÇA É UMA FELICIDADE. A PERDA DA TUA GENITORA É UMA SAUDADE ETERNA, MAS É UM ACPNTECIMENTO COMUM A TODOS OS FILHOS
QUANTAS VEZES MUDEI DE CASA, DE CIDADE... Agorinha mesmo estava empacotando meus trens.
Um pedaço da gente morre, outro se recompõe!
Aposto no teu refazimento em todos os sentidos.
Aposto no teu crescimento, se isso é possível, uma vez que já me pareces um grande homem.
Fico comovida com o teu depoimento, afirmação maior de que estás entre amigos,pessoas que te admiram e te querem bem.
Conte com a gente, querido!
Estamos aqui de coração alargado, e braços abertos.
Aliás , pessoas sensíveis como você, é bom de aconchego e de aconchegar-se!

Abraços