Tenho algumas coisas sagradas comigo.
Alguns trejeitos, olhares, nuances.
Quando pego minha xícara
já ao entardecer e ponho açúcar
minhas faces mudam, há um certo júbilo.
Sinto que meu olho direito treme.
Mas treme de modo singular,
dando voltas em torno
da própria órbita.
Outro instante delicado
é quando faço a cama.
Estendo os lençóis, bato os travesseiros,
puxo a colcha aqui e acolá
e pareço sorrir.
Já ao fazer a cama quando acordo
muitas vezes não a faço.
Deixo os lençóis cansados da longa noite
espremidos entre as dobras
e os travesseiros loucos por não terem
conseguido dormir.
Se durmo bem,
meus travesseiros não dormem.
É natural,
se durmo bem
estou sempre enforcando
um ou outro em forma de abraço.
A minha vida é recheada de intervalos mágicos.
Beber café sob o crepúsculo e fazer a cama
antes de dormir e ao acordar são epifanias
próprias de um solitário.
Existe, entretanto, um ato em si mesmo
mais elevado, existencial, que carrego
desde a mais tenra infância:
limpar os ouvidos.
Ora com o dedo mindinho,
ora com o dedo indicador.
E ao cheirá-los
nunca muda o cheiro.
É um cheiro forte,
um cheiro de parto.
Alguns trejeitos, olhares, nuances.
Quando pego minha xícara
já ao entardecer e ponho açúcar
minhas faces mudam, há um certo júbilo.
Sinto que meu olho direito treme.
Mas treme de modo singular,
dando voltas em torno
da própria órbita.
Outro instante delicado
é quando faço a cama.
Estendo os lençóis, bato os travesseiros,
puxo a colcha aqui e acolá
e pareço sorrir.
Já ao fazer a cama quando acordo
muitas vezes não a faço.
Deixo os lençóis cansados da longa noite
espremidos entre as dobras
e os travesseiros loucos por não terem
conseguido dormir.
Se durmo bem,
meus travesseiros não dormem.
É natural,
se durmo bem
estou sempre enforcando
um ou outro em forma de abraço.
A minha vida é recheada de intervalos mágicos.
Beber café sob o crepúsculo e fazer a cama
antes de dormir e ao acordar são epifanias
próprias de um solitário.
Existe, entretanto, um ato em si mesmo
mais elevado, existencial, que carrego
desde a mais tenra infância:
limpar os ouvidos.
Ora com o dedo mindinho,
ora com o dedo indicador.
E ao cheirá-los
nunca muda o cheiro.
É um cheiro forte,
um cheiro de parto.
Um comentário:
Domingos, vc me fez lembrar uma música :
"...tudo que move é sagrado..."
Seu olhar é movimento poético, sempre!
Beijo
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