por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 23 de junho de 2011

Viva o São João! - por Altina Siebra




Festas Juninas, nordestino da gema não passa insensível a elas. A maioria dos seus estados está em ebulição. Pernambuco, onde moro há 38 anos, é uma alegria só.
Sempre que posso acompanho, pela TV, a apresentação de quadrilhas juninas formadas na capital e vindas do interior do estado que disputam a primeira colocação, a fim de concorrerem à melhor do Nordeste.
São centenas de jovens bem maquiados, com roupas e adereços muito produzidos, apresentando coreografias super ensaiadas, representando temas diversos, tal qual vemos nas escolas de sambas. Estão alegres, parecem felizes, às vezes denotam apreensão nos rostos, pela responsabilidade que lhes cobram numa competição. O que mais me chama atenção é forma como dançam, saltitam tanto, parecendo mais uma aula de aeróbica.
Não tenho nada contra estas quadrilhas juninas ditas estilizadas. Elas cumprem a sua função continuando a preservar, de alguma forma, as nossas tradições, que não devem morrer jamais. Mas, aqui entre nós, cinquentinhas e sessentinhas, respondam-me: elas transmitem aquele calor humano, o romantismo, a espera ansiosa pelos ensaios, a descontração e improviso de nossas quadrilhas apresentadas na quadra do colégio ou na Bicentenário, no Crato Tênis Clube, na AABB, no terreiro batido no sítio de um amigo ou até debaixo de uma cajaraneira ?
Os nossos matutos e matutinhas eram mais simples; elas, com vestidos de chitas, tranças, as pintinhas de lápis no rosto e a sandália de couro ou congas; eles, com suas jeans remendadas, bigodes, cavanhaques e dentes incisivos pintados de preto, chapéu de palha, gravatas com cores berrantes, currulepes ou kichutes. E a música? Gonzagão, claro, predominada, mas estavam lá o Trio Nordestino, Marinês, Jackson do pandeiro. Não se precisava mais do que o zabumba, o triângulo e a sanfona, para se ter uma festa autêntica e alegre. Felizmente, não tínhamos os forrós eletrônicos. A paquera não faltava, muitos pares formados para a quadrilha terminaram em namoro. O aluá, as comidas típicas da época, as madrinhas e afilhadas escolhidas à beira da fogueira, as crendices, simpatias, não podiam faltar. A confraternização e amizade se faziam presentes.
Fico feliz em ver o convite para a festa de São João organizada por Kaika e por toda pessoa preocupada em preservar e mostrar às novas gerações como é e deve ser a nossa legítima festa junina. Se pudesse ir ao Crato, agora, não a perderia. Com certeza encontraria nela as minhas raízes, fincadas neste torrão tão querido.
Aproveitem bem, amigos e leitores do Azul Sonhado, o São João e continuem sendo divulgadores da nossa verdadeira cultura nordestina.

Amiga,

espero que no Crato ainda existam as verdadeiras festas juninas, aquelas do nosso tempo. Aproveite bem estes momentos. Como você, não tenho mais os pés-de-moleque, o milho cozido, os bolos de puba e macaxeira feitos por nossas mamães, mas elas continuam em nossos corações ardentes e vivas como as fagulhas das fogueiras de São João.
Alavantu, anarriê!
Um abraço matuto!

Tininha.

Um comentário:

socorro moreira disse...

Minha linda,

Seu texto encheu meus olhos de alegria e saudades.
Dei uma voltinha na cidade.Fumaça pra todo lado. Nosso tempo, resiste!
Mas o vazio é maior...
A festa de Kaika, as muitas reuniões de família registram esta data festiva: Noite de São João!

Um beijo grande do Azul Sonhado. É muito bom tê-la como colaboradora, Tininha!