por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 15 de abril de 2011

Não Creio em Deus - José do Vale Pinheiro Feitosa



“Sinceramente não creio em Deus pai, criador do céu e da terra, julgador de todas as coisas, que virá para resgatar vivos e mortos. Não creio não vida eterna amém.”

E quando digo amém, sei que repito o “assim seja”, mas não creio no meu poder e nem no de ninguém de assim proclamar. É que não creio no império que tudo pode, tudo vê e tudo fez, faz e fará.

Mas creio em ti. Na tua dor solitária que precisa da adição de um pedaço da minha vida. E doarei meu tempo sem me preocupar em viver outras invenções, pois não existe invenção maior que a tua própria existência.

E aceito tua fé, tua esperança, teu devir inclusive na forma de uma ordem celestial que ti acalma, alarga as paredes deste mundo opressor e ultrapassa o arame farpado desta vida material de mercancia.

Como creio na cura das feridas que procuras sarar. Levo fé em tua capacidade de superar a rejeição, compreender a descontinuidade de discursos sublimes, pois o maior crente é aquele que duvida de sua própria crença.

Não desconsidero tua oração, a necessidade do teu verbo se comunicar, manifestar-se, reclamar, pedir, explicar, concluir e até mesmo seduzir para que sejas inteiramente aceita. O maior erro não é o teu. O maior erro é se imaginar um mundo sem erros.

Creio no teu lugar no mundo. No teu brilho e nas tuas manchas. Nas tuas posses e naquilo pelo qual és possuída. O maior e o melhor são apenas escalas comparativas aos outros, e isso não basta, pois no mundo és singular.

Não desconsidero tuas crises de individualismo. Os fardos dos preconceitos, os conceitos ainda não sabidos, a ignorância do teu olhar perplexo. É que o mundo e nós não somos objeto do conhecimento em si. Somos apenas o conhecimento sem intenção.

Creio que teu vínculo de fé com o além dos tempos é um passo para reinventares o modo como inventas o teu tempo. Como doas este em adição ao fluxo do outro, também inventas a ti própria como matéria do tempo geral.

Considero que a vida não é um demolir-se eterno e nem um reconstruir-se permanente, é, sobretudo, um transformar-se independente dos materiais de construção. Não que os materiais inexistam, é que a força motriz da transformação se encontra no tempo geral. E o tempo geral é o tempo da humanidade, dos seres vivos e do planeta terra.

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