por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 15 de abril de 2011

UM AVIÃO NO ESPAÇO AZUL.- por Rosa Guerrera




Um avião passeia pelo espaço saudando com o seu ronco os homens que passam indiferentes pelas ruas. Algumas crianças levantam os olhos para o alto e gritam bobagens que se perdem também no vento.
E o avião continua o seu rumo, ignorando o que se passa aqui embaixo...enquanto eu vou sentindo uma vontade imensa de ser também esse pássaro metálico , que voando no espaço azul segue um caminho apenas por ele conhecido. È curioso como as vezes sentimos uma vontade enorme de sermos outra coisa que não seja nós mesmos.Lembro minha infância de menina de subúrbio que quando escutava o ronco de um avião , saía correndo e apontando para o alto gritava bem alto : “ Lá vai um avião “... “lá vai um avião” !
E o avião passava no seu balé modulado , rasgando o espaço vaidoso, sem imaginar que uma boba menina batia palmas de alegria para ele.
Hoje seria ridículo se ao vê-lo , eu saísse à rua gritando : “ Lá vai um avião”. ( No mínimo diriam : “ coitada é uma louca !”)
Como sofrem os adultos por não poderem ser espontâneos ! Como as coisas mudam com o passar vertiginoso do tempo ! Só o avião continua indiferente as trilhas dos anos e dos destinos !
Talvez seja justamente por essa indiferença que eu o invejo nesse instante.
Rasgar os céus , conhecer de perto o sabor das núvens , atravessar mundos , ignorar os problemas dos que caminham em campos minados de dor, adejar livre, completamente livre por sobre casas, homens, ambições e sofrimentos . Totalmente liberto, isento de leis, de ritos ... um avião apenas.
Acredito que poucas pessoas irão entender esse meu texto ! Afinal , todo poeta tem seu lado louco !E hoje dentro dessa insanidade poética ou ridícula eu cismei de ser um avião .

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