por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Um filme, uma música ...- "HAIR"- por Socorro Moreira




Recife (Pe)- 1979

Hair, em cartaz no Cine Veneza. Lá estava com minha caftan, cabelos ouriçados, e brincos de apartar ao meio os lóbulos das orelhas.Assisti de mãos entrelaçadas, apaixonadas...Provavelmente, por este sentimento, foi uma película inesquecível. Fecho os olhos e ainda sinto-me "pós-woodstoquiana". Era tão fácil e ao mesmo tempo tão difícil ser a menina romântica e aquela mulher liberada...! Eu conseguia arregalar os olhos e deixar que o outro me adentrasse, possuísse a minha alma num olhar, onde tudo lá dentro parecia dourado e respingava luzes de felicidade. Era fácil ser feliz num segundo, e profundamente infeliz, quando a separação acontecia.
Doía, mas doía tanto, que o mar passava a morar na gente com a salubridade do sofrimento.

Deixar passar a alegria... Deixar que o avião levasse de volta, quem nos seduzia. Depois usávamos outro cabelo, passávamos um novo batom, novos saltos, e aguardávamos um próximo e grande amor, diferente de tudo que já nos acontecera. Sofrido amor. Sempre a repetência da dor.
Um dia meu coração desistiu de sofrer. Fez pirraça e avisou-me: cansei!
Cuidei daquele músculo expirado, sem validade, e o resgatei. Agora é ele que me ordena pra amar de novo, e caçoando da minha grande idade, solta um desafio: volte a acreditar, você já sabe amar!
De repente , mesmo irreverente, sinto-me no tempo da obediência.


7 comentários:

Mara Thiers disse...

Socorro, você agora me fez voltar no tempo... Nossa Senhora! Mexeu, remexeu e virou o baú. Estou aqui que nem os olhos mexem. Esse musical eu também assisti, e foi[acredito], na época, o que mais me encantou, me fez vibrar e refletir. As músicas então, de um poder fabuloso! Parabéns pela postagem!

“Era fácil ser feliz num segundo, e profundamente infeliz, quando a separação acontecia. Doía, mas doía tanto, que o mar passava a morar na gente com a salubridade do sofrimento.”

Ê... Essa você foi pescar lá no fundo do oceano... Bem lá no fundo...
Sem palavras...
Bjus!

socorro moreira disse...

Você captou direitinho os sentimentos de uma geração.É a nossa caçula, mas viveu conosco um pouquinho, e ainda vive.

Este comentário é inspiração de outras saudades.

Beijo

Rosemary Borges Xavier disse...

Olá Socorro,
Gostaria de fazer uma pequena correção ao texto, nem tem muita importância, mas vamos lá: o Cine Veneza, que hoje já não existe, ficava na Rua do Hospício, de fronte para a saída das lojas americans, o prédio hoje abriga um colégio particular. Não sei se você chegou a frequentar o DCE, que ficava ao lado, havia lá a permuta dos LPs, o DCE também já não está mais lá, agora é um anexo da Escola Ginásio Pernambucano.
Dos cinemas de Recife, hoje só temos o São Luiz, às margens do rio Capibaribe, há cerca de dois anos passou por uma reforma e está funcionando novamente, o preço do ingresso é o popular, pois as pessoas hoje preferem as salas dos shoppings, embora haja climatização no São Luiz. Vai ver que você também frequentava os cines:Trianon (Av. Guararapes), Astor/Ritz (Av. Visconde de Suassuna), todos fechados. O Trianon agora é uma faculdade particular, que no desfile do galo da madrugada, já foi até camarote, o Astor/Ritz, um Centro Cultural.

Um abraço, obrigada pela atenção.

Rose

socorro moreira disse...

Rose, obrigada pela correção.Lembrei-me da Livraria "Livro 7" e fiz uma errada associação.
Gostaria que participasse da nossa lista de colaboradores. Precisaria do seu e-mail para expedir um convite.
O Blog é simples, sem coluna social , sem bairrismos e sem partidarismo político.
Se gostar da proposta será um dos nossos !

Abraços.

Rosemary Borges Xavier disse...

Socorro, obrigada pelo convite, já fui colaboradora em um blog,também neste estilo do teu, fui convidada por outro cujo meu nome hoje está mais como figuração, pois não aprendi fazer as postagens no molde que me foi passado, mas fica aqui meu e-mail: wimary26@gmail.com
P.S. E não é que a Livro 7 também fechou as portas, o lugar era apelidado de recanto dos poetas, você sabe né? agora é um restaurante.

Saudações recifense

Rose

Corujinha Baiana disse...

Na minha opinião, um dos maiores musicais que o cinema já apresentou! A cena final é antológica( Não contive o choro ).Todas as músicas apresentadas são boas, mas, pra mim, "Aquarius" é linda,mas "Let the sunshine in" é fantástica!
OBS. Saí do cinema e fui direto pra loja comprar o Album duplo da trilha sonora.E é claro que em tempos de DVD, não poderia faltar na minha estante.

Beijo

socorro moreira disse...

Esse filme foi mesmo marcante !

Corujinha, eu tava com saudades!


beijo