É algo abjeto, vergonhoso, nojento e, incrivelmente, repetitivo. Tal qual abutres famintos e insaciáveis, que se banqueteiam com a carniça pútrida, eles estão pouco ligando para as mais elementares e comezinhas regras de civilidade e humanismo. Nem que a porca torça o rabo, o importante é marcar presença, sair bem na foto, arrotar alguma frase de efeito que possa adiante ser aproveitada em proveito próprio e, enfim, fazer barulho, pôr-se em evidência. Legislando em causa própria, a determinação é cada um buscar puxar brasa para a própria sardinha, cuidar de ativar o próprio fogo, aparecer por cima de pau e pedra, independentemente dos meios ou métodos utilizados em tal mister.
Esse, sem tirar nem acrescentar, o quadro dantesco e surreal propiciado por políticos sem um pingo de escrúpulo ou vergonha na cara, após a enxurrada que se abateu sobre o Crato. E, dúvidas não tenham, o “disse-me-disse”, o puxa-encolhe, a forçação de barra vai continuar por semanas a fio.
Não é de estranhar, pois, que, por enquanto, duas versões, absolutamente díspares e antagônicas tenham emergido após o autentico dilúvio que quase risca o Crato do mapa: de um lado, dourando a pílula, rasgando seda e promovendo um verdadeiro carnaval fora de época, os simpatizantes e empregados da prefeitura da cidade, cujo chefe (prefeito) teria garantido, firmado, reafirmado e assegurado o irrestrito e absoluto apoio do Governo Federal à reconstrução do que foi levado pela enchente, através da liberação das verbas necessárias para tal, em razão, principalmente, dos contatos feitos e projetos apresentados em Brasília (por ele, prefeito, e comitiva); de outro, a posterior, extemporânea e abusada manifestação pública de alguns dos “nobres” Deputados Estaduais, em pleno recinto da Assembléia Legislativa, desdizendo tudo o que houvera sido dito pelo prefeito e assessores e protestando veementemente contra o presumível descaso desse mesmo Governo para com a grave ocorrência, já que o senhor Ministro da Integração Nacional teria afirmado desconhecer o problema e, até, “debochado” da situação, em função de divergências de cunho político.
Fato é que, prego batido e ponta virada, o prefeito e assessores (não mais que repentinamente guindados à condição de “pop-stars” e entusiasticamente saudados e aplaudidos pelos áulicos de plantão) voltaram de Brasília de mãos abanando e cantando amor febril, com a recomendação de, se quiserem algo de concreto, ELABORAR UM MÍNIMO E CONSISTENTE PROJETO, realista e substancioso, capaz de justificar a montanha de dinheiro que estavam a reivindicar (chegou-se a ventilar um estapafúrdio valor “entre 50 e 100 milhões de reais”, ninguém sabe com base em que ou em quais parâmetros).
No frigir dos ovos, o que sobressai disso tudo é a tentativa de aproveitamento de uma tragédia que se abateu sobre milhares de pessoas, objetivando alavancar projetos de cunho pessoal; é a tentativa frustrada de transformar apadrinhados políticos sem qualquer expressão em super-heróis, sumidades instantâneas; é a desfaçatez em querer fazer crê que graças à intervenção de uma burocrática primeira-dama uma vida teria sido salva da enchente (e só por conta disso, conforme flagrante expeditamente captado pelo fotógrafo oficial); enfim, vige o sentimento de espetacularizar outras manifestações tão grandiloquente quanto ocas e vazias.
Só que, comprovado restou, uma atávica e indômita incompetência grassa nos quadros da prefeitura, daí o fracasso da “missão Brasília”, já que incapazes de elaborar e estruturar pelo menos um simplório projeto digno do nome, bastante para sensibilizar quem tem a “chave do cofre” (apresentem um projeto consistente e viável que verbas não faltarão, já dizia o presidente Lula da Silva). Será pedir muito ???
Quanto às pobres e indigitadas vítimas ??? Que se explodam, à espera de uma nova tromba d’agua, quando tudo recomeçará, “ad eternum” !!!
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