AS CORES DIZEM O TEMPO
Vieira Calado
As cores dizem o tempo,
o granizo que embranquece as arestas do granito,
o hortelã respirando pequenas flores de sabor a sul.
Ó a antiga sapiência das árvores
e dos caminhos
e da plenitude nas planícies de verdura!
Como não hei-de segredar o teu nome
ó bonina de incenso, em noites de paixão,
nos pântanos que parecem eternizar os teus segredos?
És o pólen e a cegueira
de espirais hipnóticas de paz e medo,
em águas nascentes de musgo e de frescura.
És a vertigem duns olhos feridos pelo orvalho
das manhãs, ao cair da tarde
e eu te invoco na busca dos limites
que fazem o fascínio, a vigília perturbada
do teu violoncelo tocando ao vento.
2 comentários:
Catadora de versos, amante da poesia que sou, achei o tempo em cores no poema de Vieira Calado.
Poesia é assim: tem cheiro de hortelã, cor de bonina, sons de violoncelo, silêncio de ventos mansos ou turbilhão de tempestades.
Bem vindo ao chão e às estrelas do azul sonhado do nosso blog, poeta Vieira Calado.
Abraços poéticos
Belo !
Um poema cinematográfico nas cores, sons,fotografias, diálogo.
A gente fica querendo todas as outras cenas... Pode ser ?
Grande abraço.
Postar um comentário