por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

AS CORES DIZEM O TEMPO
Vieira Calado


As cores dizem o tempo,
o granizo que embranquece as arestas do granito,
o hortelã respirando pequenas flores de sabor a sul.

Ó a antiga sapiência das árvores
e dos caminhos
e da plenitude nas planícies de verdura!

Como não hei-de segredar o teu nome
ó bonina de incenso, em noites de paixão,
nos pântanos que parecem eternizar os teus segredos?

És o pólen e a cegueira
de espirais hipnóticas de paz e medo,
em águas nascentes de musgo e de frescura.

És a vertigem duns olhos feridos pelo orvalho
das manhãs, ao cair da tarde
e eu te invoco na busca dos limites
que fazem o fascínio, a vigília perturbada
do teu violoncelo tocando ao vento.

2 comentários:

Stela disse...

Catadora de versos, amante da poesia que sou, achei o tempo em cores no poema de Vieira Calado.

Poesia é assim: tem cheiro de hortelã, cor de bonina, sons de violoncelo, silêncio de ventos mansos ou turbilhão de tempestades.

Bem vindo ao chão e às estrelas do azul sonhado do nosso blog, poeta Vieira Calado.
Abraços poéticos

socorro moreira disse...

Belo !
Um poema cinematográfico nas cores, sons,fotografias, diálogo.
A gente fica querendo todas as outras cenas... Pode ser ?


Grande abraço.