por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 25 de agosto de 2011

AZUL MUSICAL


Cláudia Telles


Claudia Telles de Mello Mattos (Rio de Janeiro, 26 de agosto de 1957), é uma cantora e compositora brasileira, famosa como intérprete das canções "Fim de Tarde" e "Eu Preciso Te Esquecer".

Dori Caymmi



Dorival Tostes Caymmi, mais conhecido como Dori Caymmi, (Rio de Janeiro, 26 de agosto de 1943) é um músico brasileiro, filho dos também músicos Dorival Caymmi e Stella Maris. Irmão da cantora Nana Caymmi e do flautista, cantor e compositor Danilo Caymmi. O músico reside em Los Angeles, nos EUA, desde o final dos anos 1980.

Dori Caymmi é cantor, compositor e arranjador. Além do pai, sua principal influência é o movimento da bossa nova, tendo iniciado sua carreira nos anos 1960. Tem Paulo César Pinheiro como uma de seus principais parceiros. A empresa de Quincy Jones, a Quest Records, produziu alguns dos CDs do artista.

Dori Caymmi teve dois de seus CDs nomeados para o Grammy, Influências e Contemporâneos além de ter conquistado dois Grammy Latino, de melhor CD de samba Para Caymmi 90 Anos e de melhor canção brasileira "Saudade de Amar", em parceria com Paulo César Pinheiro.

Dori Caymmi é torcedor do Fluminense Football Club.

WIKIPÉDIA

Pequenina Reflexão. Por Liduina Belchior.



Fogo só me lembra paixão
e como tem que rimar,
parte de um lugar chamado coração.
Fogo faz parte da fornalha
por onde passam tantos pães,
bolos e guloseimas, que se não
forem regados a carinho, irão sair
da forma e perder os encantos.
E o fogo de munturo?
Caso a gente acredite, cai direitinho
na armadilha do homem imaturo.

Programação Oficial - Cariri Cangaço 2011

PROGRAMAÇÃO OFICIAL
CARIRI CANGAÇO 2011

20 Setembro 2011
TERÇA-FEIRA
Teatro Municipal Salviana Arraes - CRATO-CE
19:00 H - Solenidade Oficial de Abertura
19:30 H - Conferência
BÁRBARA DE ALENCAR E A INSURREIÇÃO
Professora Salete Libório

MESA
Carlos Rafael - CRATO - CE
José Flávio – CRATO - CE
Alessandra Bandeira - CRATO - CE
Alexandre Lucas - CRATO -CE

21 Setembro 2011
QUARTA-FEIRA

Hotel Passárgada - Crato-CE
8:30 H- Conferência
ANGICO, O DEBATE FINAL
Facilitador: Manoel Severo

MESA:
Amaury Correa de Araujo - SÃO PAULO - SP
Aderbal Nogueira - FORTALEZA -CE
Paulo Gastão - MOSSORÓ - RN
Alcino Alves Costa - POÇO REDONDO - SE
Jairo Luiz - PIRANHAS - AL

Clube Recreativo - Barro - CE
13:00 H - Conferência
MAJOR JOSÉ INÁCIO DO BARRO
Jornalista Sousa Neto

MESA:
Napoleão Tavares Neves - BARBALHA - CE
Professor Pereira - CAJAZEIRAS - PB
Alfredo Bonessi - FORTALEZA - CE
Carlos Elydio - SÃO PAULO - SP

Salão Paroquial - Aurora - CE
19:00 H - Conferência
AURORA – A TRAMA DA IPUEIRAS E A INVASÃO DE MOSSORÓ
João Bosco André

MESA:
José Cícero - AURORA - CE
Geraldo Ferraz - RECIFE - PE
Archimedes Marques - ARACAJU - SE
João de Sousa Lima - PAULO AFONSO - BA

22 Setembro 2011
QUINTA-FEIRA
SESC Crato - CE
8:30 H - Lançamento e Debate
MINISÉRIE SEDIÇÃO DE JUAZEIRO
Jonasluis de Icapuí

MESA:
Renato Cassimiro - JUAZEIRO DO NORTE -CE
Daniel Abreu - FORTALEZA -CE
Renato Dantas - JUZAEIRO DO NORTE - CE
Huberto Cabral - CRATO - CE

Teatro Nelory Figueira - Barbalha - CE
19:00 H - Conferências
A LITERATURA NA ÉPOCA DO CANGAÇO
Ângelo Osmiro
O CANGAÇO EM FOTOS
Ivanildo Silveira

MESA:
Hugo Rodrigues - JUAZEIRO DO NORTE - CE
Pedro Luiz Camelo - CRATO - CE
Paulo Gastão - MOSSORÓ - RN
Napoleão Tavares Neves - BARBALHA - CE

23 Setembro 2011
SEXTA-FEIRA
Floresta Nacional do Araripe - IBAMA Crato-CE
8:30 H - Conferências
A SAGA DE DELMIRO
Voldi Ribeiro
QUEM MATOU DELMIRO GOUVEIA
Gilmar Teixeira

MESA:
Edvaldo Nascimento - DELMIRO GOUVEIA - AL
Adair Nunes da Silva - DELMIRO GOUVEIA - AL
Wescley Rodrigues - BRASILIA - DF
Ana Lucia Sousa - PETROLINA - PE

Câmara Municipal - Missão Velha - CE
19:00 H - Conferências
AS ESTRATEGIAS DE COMBATE À ATUAÇÃO DOS CANGACEIROS PELO GOVERNO DA BAHIA
Capitão Raimundo Marins
A ILUSÃO DO CANGAÇO
Aderbal Nogueira

MESA:
João Bosco André - MISSÃO VELHA - CE
Honório de Medeiros - NATAL - CE
Juliana Ischiara - QUIXADÁ - CE
Narciso Dias - JOÃO PESSOA - PB

24 Setembro 2011
SÁBADO
Ginásio Poliesportivo Luiz Leite - Porteiras - CE
11:00 H - Conferência
CHICO CHICOTE E A TRAGÉDIA DE GUARIBAS
Napoleão Tavares Neves

MESA:
José Cícero - AURORA - CE
Sousa Neto - BARRO - CE
Barros Alves - FORTALEZA - CE
João Nóbrega - JOÃO PESSOA - PB

Fazenda Piçarra - Porteiras - CE
15:00 H - Conferência
ANTONIO DA PIÇARRA E O CANGAÇO DE LAMPIÃO
VILSON LEITE

Memorial Padre Cícero - Juazeiro do Norte - CE
19:00 H - Conferências
LAMPIÃO, AS VOLANTES E O MITO
Inácio de Loyola Damasceno
DADÁ E CORICO
José Humberto Dias

MESA:
Aderbal Nogueira - FORTALEZA-CE
Ângelo Osmiro - FORTALEZA -CE
Renato Cassimiro - JUAZEIRO DO NORTE - CE
Alcino Alves Costa - POÇO REDONDO - SE

25 Setembro 2011
DOMINGO
Hotel Pasárgada - Crato - CE
8:30 H - Conferencia de Encerramento
A MUSICALIDADE NORDESTINA
Múcio Procópio

MESA:
Kiko Monteiro - LAGARTO - SE
Kydelmir Dantas - MOSSORÓ - RN
Paulo Moura - RECIFE -PE
Wilson Seraine - TERESINA - PI

O Cariri Cangaço é uma realização Cariri do Brasil, com o apoio das Prefeituras Municipais de Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha, Aurora, Barro e Porteiras; e ainda SESC, CCBNB, URCA - Universidade Regional do Cariri, ICC, Pró Memória, ICVC, Lira Nordestina, Associação de Cordelistas do Crato, SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço e GECC - Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará.





MANOEL SEVERO

25 de Agosto - Dia dos Feirantes - Empresários do sol nascente- Por Socorro Moreira


Hoje amanheci o dia na feira. Sem máquina fotográfica, e sem documento. Eu e um balaio. As escolhas, as pechinchas, o café com tapioca, o cheiro de fruta e de gente que madruga.
Adoro feira livre. Já morei em muitas cidades, e nunca abri mão de fazer a minha feira, no dia da feira.
Uma das melhores que eu classifico é a de Campina Grande . Parecida com a de Caruaru (considerada a maior do Nordeste).
Mas o tem de tudo fresquinho e o misturar-se com o produtor, consumidor e atravessador são aulas de sociologia e economia. Além do aspecto pitoresco.
Cuidado primeiro, em não escorregar nas cascas de banana.
Tem que levar o dinheiro trocadinho, gastar pouco, e encher o balaio das coisas da terra. O natural, na cara da gente, e cabendo no nosso bolso.
Esse é o shopping que interessa!
A feira do Crato, no passado, acontecia às segundas-feiras. Abrangia as Ruas Dr. João Pessoa, Senador Pompeu e Santos Dumont, incluindo as transversais, como a Bárbara de Alencar.
Na Senador Pompeu, a tradicional feira da rapadura e do sisal, a gente comprava a corda pra armar nossas redes, a esteira pra sentar e catar o arroz, a cesta, a batida, e a carga de rapadura pra adoçar o café, fazer chouriço e doce de gergelim, o alfenim , e quebrá-la nos dentes, devagarzinho, alternando com queijo, na hora da sobremesa.
Na Rua Dr. João Pessoa a gente comprava o arroz, feijão, a farinha, o açúcar... Tudo pra escolher em sacas e aos pés do freguês. Minha mãe já dizia: arroz tem que ser velho, senão não fica solto; feijão só presta se for novo.
Naquela Rua estava situada as maiores lojas de tecido e sapatarias. De vez em quando, nas quatro festas do ano, incluíam-se na feira uns metros de chita, filó para véus e cortinados, ou cambraia pra vestir a casa e o povo da casa.
Na Santos Dumont a gente comprava o amendoim, a goma fresca, o milho pra fazer canjica, pipoca e mugunzá., além daquelas tranqueirinhas que traziam as novidades, brinquedos e folguedos : panelas de barro, cachimbos, malas, espelhos, bonecas de pano, candeeiros, etc.
Na Bárbara de Alencar a gente morria, na doçura do quebra-queixo, dos brinquedos de celulose, peças de alumínio, enfeites para o cabelo, artigos de toalete como caixa de pó e ruge nas latinhas. Tinham também os frascos de perfume, pentes, linha corrente laranja, óleo Singer para lubrificar as máquinas de costura (indispensáveis em toda casa), batom e esmalte pra todos os gostos.
Quando o dia acabava só se ouvia as vassouradas dos garis, varrendo poeira e sujeira.
De vez em quando, um tilintar de moeda do tostão perdido; uma carta no envelope, vinda do Rio de Janeiro; um bilhete de amor; notinhas de compras escritas no papel de embrulho e amassadas; um lápis sem ponta, uma caneta sem tinta, um lencinho bordado com as iniciais; um retrato 3 x 4 tirado no lambe- lambe da praça ...
Por motivos óbvios, só conheci duas cestas básicas, que na época vigoravam:
A feira das pessoas que trabalhavam na luta doméstica, e a feira da minha casa - proletariado e classe média (média, mesmo!).
Na primeira constava toucinho ,banha de porco, sabão, sal , querosene , feijão de corda, café em grãos, rapadura, farinha, fumo de rolo, arroz e pó de ouro (massa pra fazer cuscuz), um pedaço do corredor do boi, umas tripas de porco , e mocotó. A maioria criava porco e galinha e tinha da sua ninhada o ovo caipira .
Na segunda, constavam outros itens como: frutas e legumes, carne de primeira, arroz, feijão mulatinho, macarrão, açúcar e biscoitos, papel higiênico, sabonete Lever e creme dental Kolynos.
Quase todo alimento era natural: mel de abelha, doce caseiro, manteiga de garrafa, queijo de prensa, coalhada, bolos de goma, e refrescos das frutas. Aí, a mesa era farta. As mulheres eram fadas. Cozinhavam, lavavam e costuravam, além de cuidar dos filhos e maridos. A profissão valorizada era a de professora primária. A maioria não chegava a botar anel no dedo, mas tinha educação de berço.
Não sei como era a vida dos ricaços. Sabia que milionário era quem tinha um milhão de cruzeiros; mil vezes um conto de réis; um milhão de vezes mil réis ( a moeda que eu pegava pra comprar pirulito, balas com ligas , mariolas , passa raiva, cavaco chinês, e chicletes Adams).
Em 1975 fui embora do Crato. Quando retornei, encontrei apenas os mercados de frutas, carnes e verduras.
Agora fazemos feira nos supermercados com carrinhos, e ar condicionado; pagamos com cartão, e abarrotamos despensas com o dispensável: refrigerantes, gelatinas, biscoitos recheados, iogurtes, e todos os tipos de queijos e presuntos, além dos enlatados. Foi-se o tempo do pão de mel e da rapadura! (ou não?)
O texto foi ficando comprido , quando apenas quis rememorar a figura do feirante, o menino das rodilhas, o vendedor de "meizinhas” e os cantadores de viola.
Socorro Moreira

dança- socorro moreira



roda viva
não volta
não fica

deixar passar
recomeçar

plano indefinido
sem metas, sem piso

no ar
voar

alcançar
abraçar
soltar

na dança sem par
rodopiar

viva roda
idas novas

sem voltas
 nossas vidas

Madrugada de agosto- socorro moreira




Cidade adormecida
Pensamentos sonolentos
Sonhos em movimento

Esperar sem esperanças
Prosseguir sem mais andanças
Desacelerar o fim...
Sorver gota a gota
o porvir

Estrear o dia 25 de agosto

Revirar a casa
Trocar,  conservar
Espalhar
cheiro novo no ar







O SILÊNCIO DE DEUS



 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O SILÊNCIO DE DEUS



Bebemos das pedras da montanha
o silêncio de Deus.
As pedras desoladas
manavam silêncio.

O pó se elevava das pedras, refulgia.
Reflexo de estrelas no ar.
O silêncio seco.
A sede grande.

Fagulhas de luz seca
olhos a dentro.
A morte seca.

A alma seca.
A morte seca de Deus
alma a dentro.


 ______________

O meu amigo Wellington Leite tinha um programa de rádio em que mostrava os poetas dizendo seus poemas. A rádio fez uma reengenharia (inventaram esse termo para justificar certas mudanças pragmáticas) e o programa ficou fora do ar. Eu havia gravado umas duas longas séries de poemas. O Wellington criou um blog e expôs, entre outros, o poema O Silêncio de Deus, explicando que fora o poema quje dera título a meu livro O Silêncio de Deus. Eu lhe agradeci, complementando que o poema é mais histórico ainda: deu o título ao livro, sim, e não está no livro. Na reengenharia (essa palavra feia que não justifica nada) que fiz em meus poemas, até o poema-título ficou fora. Para quem não o conhece, aqui está. 

______________

RODA DE HISTÓRIAS DE BISAFLOR

O Dragão Rei do Mar

Era uma vez um pobre velho que vivia com sua mulher à beira mar. Um dia, por mais que tentasse, não conseguiu pegar nenhum peixe. Estava pronto para ir-se, desesperado, quando decidiu tentar uma última vez. Para surpresa sua, fisgou um enorme peixe, mais belo do que qualquer outro que já vira. O peixe o olhava com olhos tão humanos que o pescador não teve coragem de matá-lo. Então, deixou-o partir.
No dia seguinte, quando o velho estava pescando, um menininho saltou das águas e convidou o atônito pescador a visitar o palácio do Dragão Rei que ficava no fundo do mar. O menino explicou que o Dragão Rei queria agradecer-lhe por ter salvado a vida de seu filho, no dia anterior. Então, as ondas se abriram e apareceu uma estrada que conduzia ao fundo oceano, por onde o velho seguiu o menininho.
O pescador não tardou a chegar a um palácio deslumbrante, onde foi saudado, calorosamente, pelo Dragão Rei e seu filho. Vassalos surgiram e prepararam uma festa principesca para o velho, com dançarinas, cantores e malabaristas. O pescador divertiu-se tanto que mal sentiu o tempo passar, mas, de repente, lembrando-se da mulher, ergueu-se e pediu permissão para voltar para casa. A essa altura, o Príncipe aproximou-se do pescador e falou: -“ Meu pai dar-lhe-á de presente qualquer coisa que o senhor peça. Não deixe de pedir a taça milimetrada que ele guarda ao lado do trono. Ela é mágica e lhe dará tudo o que desejar.”
E foi assim que aconteceu: o Dragão Rei, como prova de gratidão, ofereceu ao pescador o que ele quisesse. O velho pediu a taça mágica e o rei hesitou. Nisso, o Príncipe perguntou: - “O que tem mais valor, querido pai, minha vida ou a taça milimetrada?” – Então, o Dragão Rei a deu ao pescador.
Quando o velho voltou para casa, contou sua aventura para a mulher. Estavam encantados com a taça mágica e resolveram testá-la. Pediram uma casa nova, e no mesmo instante uma linda casa surgiu no lugar de sua velha cabana. Desse dia em diante, o velho e sua mulher viveram confortavelmente, e sua taça mágica estava sempre cheia de arroz por mais que tirassem.
Um dia, uma mulher malvada bateu à porta do velho pescador, pois ouvira rumores a respeito de uma taça mágica que estava sempre cheia de arroz, e queria descobrir onde o velho casal a guardava, para roubá-la. A vil criatura mostrou à mulher do pescador algumas joias, propondo trocá-las por arroz. A velha pegou a taça mágica e encheu um saco de arroz. A malvada prestou bem atenção para ver onde a velha colocava a medida mágica. Tarde daquela noite um ladrão invadiu a casa e roubou-a. Sem a taça mágica, o velho e a sua mulher logo ficaram tão pobres quanto antes.
O velho casal tinha um cachorro e um gato que ficaram amargurados com o que acontecera a seus donos. Os dois animais decidiram, então, procurar a taça, e como suspeitavam que a mulher malvada a havia roubado, resolveram segui-la, numa tarde em que ela estava na vila fazendo negócios. Quando a noite chegou, ela saiu da cidade, cruzou o rio a nado e dirigiu-se para uma casa escondida na floresta. Era o covil de um ladrão, e o gato e o cachorro de pronto deduziram que ele havia roubado a taça mágica. A mulher e o ladrão logo partiram, e então os animais rondaram a casa e deram com uma despensa fechada.
- “A taça deve estar aqui!” – exclamou o cachorro. Tentaram entrar, mas foi em vão, a despensa estava bem fechada. Naquele momento viram um rato que se esgueirava e o gato o pegou, ameaçando de matá-lo, a menos que o Rei do Ratos aparecesse. E esse logo apareceu. Então o gato o fez prometer que abriria a despensa e o Rato Rei reuniu todos os seus súditos que, rapidamente, fizeram um buraco na parede, de tamanho suficiente para que o gato e o cachorro pudessem passar. Dentro da despensa, os dois animais encontraram uma arca de pedra, fortemente trancada. Pediram aos ratos que a abrissem e estes pularam sobre a arca e roendo, roendo, logo abriram um buraco nela. Dentro da arca estava guardada a taça mágica! O gato e o cachorro a agarraram e deixaram a casa correndo.
Chegando ao rio o cachorro começou a nadar, carregando o gato nas costas e este, a taça na boca. A meio caminho, o cachorro ficou apreensivo e perguntou: - “Você ainda está segurando a taça?” O gato não podia responder, uma vez que a trazia na boca, mas o cachorro insistia e insistia. Finalmente o gato exclamou: - “Sim, estou!” Mas ao abrir a boca, a taça caiu e afundou nas águas do rio.
Os dois animais ficaram mortificados, e o cachorro foi para casa, desesperado. Enquanto isso, o gato esquadrinhava as margens do rio, na esperança de que a taça fosse jogada às margens. Apenas encontrou um peixe morto, apanhou-o e levou para casa. Ao menos, pensou, a velha teria o que cozinhar para o almoço. Porém, quando a mulher abriu o peixe para limpá-lo, a taça rolou de sua barriga. O peixe a havia engolido quando esta caíra no rio.
O velho e a mulher voltaram a viver bem e tinham pelo gato e pelo cachorro a maior consideração. E desta vez esconderam a taça mágica num lugar muito seguro.


(Essa história foi narrada por Allan B.Cohen no livro "...E foram felizes para sempre"

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Nem prosa, nem verso-socorro moreira


Meu caminhar é solitário

Que adianta voltar e buscar o que não ficou ?

Nem gente, nem pacote
atrasam minhas idas
minas vidas

Volto no pensamento

quando o tempo é escravo

- No presente ele é senhor

Acelera ou adormece um desejo animado



Já disse tantos adeuses

Já fiquei de mãos vazias, embargada de saudades

Já tentei reconduzir algum caso terminado

Tudo acaba numa pia :

o resto do café, farelos de pão, flores despetaladas ...



Não gosto das despedidas

Elas estão nas pautas dos meus dias

-Prefiro os encontros inesperados

Seja de música ou pessoa

Seja um conto ou seja um fato

Chega e fica

Desfaz a mala

Cabe num canto da sala

Fica postado num quadro

Faz cafuné, coça o pé

Deixa dormir sossegado.

(socorro moreira)

A Viagem de João de Barros entre Crato e São Paulo - Parte II - por José do Vale Pinheiro Feitosa


Na última postagem recebi o elogio de quatro leitoras. Nunca João de Barros fora tão lido assim. E dessw modo estimulado, enquanto escuto o "IL POSTINO" de L.E. Bacalov feito para o filme o "Carteiro e Poeta, colo mais uma pequena/longa passagem da viagem deste personagem até São Paulo.

O ônibus estava em conserto no ermo dos sertões de Canudos. João de Barros como não tinha nada por fazer, resolveu dar uma caminhada na redondenza. Enquanto caminhava foi aprisionado a um ensaio de teatro, cujos personagens usam a voz para se dimensionar entre a profundidade da história e dos espaço quase sideral de Canudos. Eis que surge o Conselheiro diante de si:

João de Barros sabia que muita coisa mexera no caldeirão da natureza à sua frente. Lembrava-se do filme “Os últimos dias de Pompéia”, e associava o desespero das gentes em busca da salvação, ao que ocorrera com a história que Joaquim lhe contara, mas ia além à verdade que altera até mesmo o mais sólido das formas que é o nosso amado chão. O nosso mais imutável dos sentimentos, o chão que nós pisamos. João estava apavorado não somente com os fantasmas auditivos, mas, sobretudo com o que eles lhe diziam. Seu estado de perplexidade se deteriorou, quando ele viu, sobre uma pedra grande, a não mais de 20 metros, surgir de repente, sem que ele soubesse de onde, a figura exata, descrita por Joaquim, do Conselheiro. João não suportou mais o peso do corpo, as pernas não conseguiam sustentar o peso do que via, e ele caiu sobre o solo, enquanto ouvia o mestre que repetia Euclides da Cunha:

- O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.

Em seguida, o Conselheiro apontou com o cajado ao redor da paisagem e disse:

- Mil contas de um rosário. Houve mil contas para trafegar, então pelas trilhas se fizeram, os filhos de Deus. Como em Jerusalém e Belém, pelos desertos andai. Andai irmãos pelos caminhos da bem aventurança. Andai irmãos pelas trilhas dolorosas da salvação. Andai através de Itapicuru de Cima, sobre Monte Santo, Bom Conselho, Mirandela e Cumbe, andai por Tucano e Jeremoabo. Vague pelos sertões de Curaçá, Alagoinhas, Inhambupe, Mocambo, Pombal, Maçacará e estacionai em Xorroxó.

O personagem, cada vez mais exaltado, continuava pregando para uma multidão oculta ao redor dele e de João que, também, estava na mesma cena e vivia o mesmo ato. Com traços largos marcados pelo cajado no espaço, continuava:

- Os rebanhos que entraram do mar para o sertão e lá cruzaram o destino dos nativos, se viram um dia, quando muito já havia do tempo na busca da terra prometida, frente ao desespero, pois o que restava era a agonia dos rebanhos primitivos, o desengano dos rebanhos mestiços e a corrupção da alma dos rebanhos que do litoral vieram. E Deus disse, voltai a ser um só rebanho e tereis um só pastor. E neste dia a praia virará sertão e o sertão vai virar mar.

Com o cajado apontando para os céus, o Conselheira bradava:

- Fazei-me instrumento de ti. Não faça nascer na mina da minha vida, o ódio rolado das pedras das injustiças, o horror às chagas das esporas que campeiam os vaqueiros cavalgados pelos animais. Amém Senhor. Dê-nos muitos pastos, mas um só rasto e um só rebanho. Ficarão as águas em sangue e o planeta há de aparecer no nascente com o raio do sol que o ramo se confrontará na terra e a terra em algum lugar se confrontará no céu...

E João despertou da letargia em que se encontrava, pois o Conselheiro, apontando o cajado diretamente para ele disse:

- Levantai irmão. Ide ao sul e buscai o consolo para tua alma aflita. Mas no mesmo rastro que fores, retorne às origens dos teus caminhos passados. E lembrai que as imagens levantam consciências, mas a ilusão costuma se alimentar no corpo das artes. Buscai, portanto a verdadeira arte de viver. De viver o tanto que te couber, na medida mesmo em que ao mundo deres tudo que trouxeste ao nascer. E nunca negai teu irmão, mesmo que às horas matinais o galo cante. Ide ao sul e retorne na mesma consciência que estas pedras te falam. Pois o mundo é muito mais do que parece. Levantai agora mesmo.

João, de supetão, levantou-se, passou a mão na bunda para retirar os garranchos presos e, sem olhar para trás, como se fosse um cordeiro tangido pelo pastor, seguiu de volta pela mesma trilha que viera. Retornou ao ônibus para junto dos demais, sem uma única palavra sobre o ocorrido. Apenas assistindo os arremates finais para remover o ônibus da letargia em que se encontrava.

Também sem notar que ali, no meio do sertão, um grupo de estudantes universitários de Salvador, estava treinando para fazer um filme sobre a realidade brasileira. O interessante é que, apesar de brincarem com João, eles tornaram a cena num laboratório com platéia camponesa e ao invés de rirem da ingenuidade do sertanejo, ficaram marcados com o resultado do ensaio, sabendo que estavam prontos para iniciar as filmagens. O filme se chamaria Deus e o Diabo na Terra do Sol, mas João de Barros nunca soube e nem viu este filme.
 por José do Vale Pinheiro Feitosa

As meninas de Barra Mansa - José do Vale Pinheiro Feitosa



As “meninas” da cidade sabem viver. Todas descompromissadas com a companhia masculina de mesmo teto. Passam finais de semanas examinando as borbulhas douradas das cervejas, com um prato de sopa quente nas noites frias de Barra Mansa.

Não raro vão à casa uma das outras para experimentarem receitas e costurarem fofocas da cidade. Fazem excursões pelas estradas barrocas das Alterosas, alugam casas nas amenidades da cidade “dezenovecentista” de Bananal. Costumam passar temporadas na fazenda da família da Mirtes, uma delas.

Então na semana passada a Eliane, a pedido de uma amiga, ficou por tomar conta de um cão criado em apartamento. Mas na controvérsia da fuga: se ficar solitário, o danadinho destrói almofadas nos sofás, rói as bordas das portas, arranca franjas que obstruam sua ânsia por companhia.

Mas a Eliane, apesar da incumbência, teve convite para um dia inteiro no campo. Deu um jeito do “Bob” ficar bem alimentado e tratou de cortar a rota de fuga do cão. Terminado o presídio foi livre para um dia de alegrias: Eliane, Viviane e Miriam.

Duas horas da madrugada o carro risca na porta da Eliane para deixá-la, estropiada das “abeberações” e comilanças do dia. Estava tomada de sono. Despede-se e as amiga recomendam que entre antes que saíam. Ela protesta, não é necessário e se vai.

Nem meio segundo o carro ainda acelerava para dar ré quando retorna Eliane saltitante, com os olhos arregalados a denunciar uma cobra bem na entrada da sua porta. Logo este mesmo animal bíblico a incomodar nossas “Evas”.

Uma algazarra generalizada na calmaria da madrugada. Mulheres discursando sobre o método de matar cobras. A vizinha do alto de sua sacada, no segundo andar, vem até a porta do seu olhar sonolento a perguntar o que havia.

- É uma cobra. Enorme. Bem na porta de casa.

- Mata Eliane! Mata a bicha!

- Matar? É ruim! Aí não tem nenhum homem não? Onde estão os homens desta Rua? Só esta lesma que apenas espia e nada faz.

Na falta de um valentão de cacete em punho, a Miriam resolve enfrentar a serpente peçonhenta. Naquela altura juntando todas as fantasias e lendas do ofidiário.

- Espera aí Eliane! – diz a Miriam – Ela é enorme! E esta varinha pode não ser suficiente. Não tem um pau bem grosso aí? A mulher fala na distância razoável além do bote daquela fera. A Viviane também se aproxima e logo diagnostica: Nossa ela está toda preparada para dar o bote.
Nem a cena da mais despreparada equipe de bombeiros num incêndio descomunal mobiliza tanto quanto àquelas mulheres, desde o chão da rua por onde realizavam busca de instrumentos para uma cobra e destilar medo, até o alto da sacada, a vizinha dando pitacos.

Finalmente a Miriam, no meio da azáfama dos resultados, aproveita o solavanco emocional do grupo e se aproxima. É que no lado das amigas havia um amplo debate entre a rua e a sacada, entre àquelas que corriam ao longo da quadra em busca de ajuda e a vizinhança que começava a acordar naquela revolução.

- Eliane, olhe aqui a cobra.

Todos param. Um silêncio de ofertório na igreja. Apenas o tilintar de sinos da heroína com a cobra pelas mãos:

- É uma mangueira. Olhe aqui. Uma grossa mangueira!

- E o Bob da Amélia? Pergunta a Eliane. Fugiu. Passou o dia fugindo e retornando! – respondeu a vizinha do alto de sua sacada. A ficha caiu: foi ele! Que cachorro mais miserável!

Que noite tem estas mulheres. E tem quem imagine que a vida urbana é só luz e máquinas. Televisão e internet. Tem cobra. De viva manifestação, pelo menos simbólica.

57 ANOS DA MORTE DE GETÚLIO- por Norma Hauer


.
O SUICÍDIO NAS PALAVRAS DO CORREIO DA MANHÃ:
"A nação inteira foi abalada na manhã de ontem com a notícia da morte do Sr. Getúlio Vargas, ocorrida em circunstâncias patéticas. Cerca de três horas após a histórica reunião da madrugada de ontem, encerrada com a decisão de licença, o presidente da República se suicida, com um tiro no coração.
Pouco depois das oito horas, o Sr. Getúlio Vargas encontrava-se no seu quarto de dormir, no terceiro andar do Palácio. De pijama, fisionomia tranqüila, ali foi surpreendido pelo seu velho camareiro Barbosa, que entrava no aposento presidencial, conforme fazia todas as manhãs, para o serviço de arrumação. Disse-lhe, então, o Sr. Getúlio Vargas, em voz serene:
-Sai Barbosa, eu quero descansar ainda um pouco.
Foram estas as suas últimas palavras. Instantes depois, deitando-se no leito, o Sr. Getúlio Vargas comprimia, com a mão direita, uma pistola contra o peito, exatamente sobre o coração, e com a outra acionava o gatilho. Desferido o tiro, não teve mais que uns poucos minutos de vida.
A cidade viveu ontem horas de profunda tensão nervosa, em conseqüência do suicídio do presidente Getúlio Vargas. Às 8,45 quando maior era o movimento de automóveis nos bairros para o centro da cidade foi a informação do falecimento divulgado pelo rádio. Na praia do Flamengo carros particulares, táxis e coletivos paravam em plena Avenida e seus passageiros estupefatos dirigiam-se aos passageiros dos outros carros, procurando pormenores e informações como se não quisessem dar crédito ao que ouviram nas rádios dos automóveis. (...) Uma verdadeira multidão acorreu ao Palácio do Catete, onde permaneceu de pé à espera do momento que lhe permitissem ver o corpo do sr. Getúlio Vargas. E muitos choravam." (Correio da Manhã, 24 de agosto de 1954) 

Norma

Pensamento para o Dia 24/08/2011


“Deus é a encarnação do Amor. O homem, que é uma imagem do Divino, deve ter o amor como sua qualidade básica. Por que, então, o homem está infectado com características como ódio, inveja, orgulho e vaidade? O motivo é: o coração do homem está poluído por seu amor estar voltado aos objetos externos. A imagem do Senhor não pode ser impressa em um coração que está impuro. Somente quando percebe a onipresença e onisciência de Deus que o homem pode compreender a natureza da Divindade. Só então ele irá reconhecer a Divindade dentro de si. Para experimentar a alegria que brota de um devoto que tenha desenvolvido amor magnético por Deus (Sannikarsha Bhakti), você deve mostrar amor e reverência para com os idosos e servi-los com humildade e respeito. Pelos semelhantes, você deve mostrar amor e simpatia. Pelos jovens, você deve estender simpatia e carinho. Por esses meios você pode demonstrar seu amor e respeito pelo Divino que está em cada um deles e em todos nós.”
Sathya Sai Baba

A poesia - música do Chico!


Ela é Dançarina
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque

O nosso amor é tão bom
O horário é que nunca combina
Eu sou funcionário
Ela é dançarina
Quando pego o ponto
Ela termina

Ou: quando abro o guichê
É quando ela abaixa a cortina
Eu sou funcionário
Ela é dançarina
Abro o meu armário
Salta serpentina

Nas questões de casal
Não se fala mal da rotina
Eu sou funcionário
Ela é dançarina
Quando caio morto
Ela empina
Ou quando eu tchum no colchão
É quando ela tchan no cenário
Ela é dançarina
Eu sou funcionário
O seu planetário
Minha lamparina

No ano dois mil e um
Se juntar algum
Eu peço licença
E a dançarina, enfim
Já me jurou
Que faz o show
Pra mim

Ela é dançarina
Eu sou funcionário
Quando eu não salário
Ela, sim, propina

No ano dois mil e um
Se juntar algum
Eu peço a Deus do céu uma licença
E a dançarina, enfim
Já me jurou
Que faz o show
Pra mim

Eu sou funcionário
Ela é dançarina
Quando esquento a sopa
Ela cantina
Ou quando eu Lexotan
É quando ela Reativina
Eu sou funcionário
Ela é dançarina
Viro o calendário
Voa purpurina


No ano dois mil e um
Se juntar algum
Eu peço uma licença
E a dançarina, enfim
Já me jurou
Que faz o show
Pra mim


Ela é dançarina
Eu sou funcionário
Quando eu não salário
Ela, sim, propina


No ano dois mil e um
Se juntar algum
Eu peço uma licença
E a dançarina, enfim
Já me jurou
Que faz o show
Pra mim

Saudade infantil - Por Socorro Moreira


Manhã cor-de-rosa ,doce aurora ! Da janela o mundo parece foto - inanimado ! Se não fosse o latido dos cães , chilro dos pássaros , eu só teria o som do teclado .
O rádio na madrugada revive um samba antigo , e na minha memória, uma velha vitrola, soluça "Anaih".
Tempo do leiteiro à cavalo; do padeiro na carroça; do pirulito na tábua; das verduras no balaio.
Mingau na mamadeira, papa no dedo,chupeta no beiço, passeio nas calçadas com pijama flanelado. Casa varrida e aguada;cheiro de café torrado ; chão de tijolos, casa com chaminé; pinico nos quartos, banho de cuia , tina no quintal. Gritos de empregada e patroa : o que fazer pro almoço, carne cosida ou torrada ? E o pilão comendo frouxo. O abano cansando a mão; a boca soprando brasas.
Infância danada !
- Soltar barcos de papel , na rua alagada da chuva;chorar a morte do soldadinho de chumbo, derretido no fogão de lenha; Branca de Neve envenenada porque mordeu a maça; Bela adormecida, no sono do fuso encantado e eu, patinho feio, querendo presentear o meu gato com uma bota de mil quilômetros.
Estou no Crato, e em todos os lugares que vivi. Estou em Copacabana , onde um dia te vi. Estou no largo de uma saudade que não machuca , e me faz feliz !

Cheiro de infância - Por Socorro Moreira


Carência e medo
Tempestade, trovão
Almas penadas, aparição
Pavor de espelhos, aconchego
Colchão e amônia
Cabelos embrenhados, rabo de cavalo
Balões, bonecas de pano
Bilas, birros, bambolês
Chão de mosaicos, sujo de infância.

Tradição Oral : Bisaflor Conta Histórias - Por : Stela Siebra Brito


Ultimamente Bisaflor recebe convites pra contar histórias nos mais diversos lugares. Outro dia foi bater no Crato, a convite de Socorro Moreira, que desejava presentear sua neta Bianca com a magia das histórias. Bianca adora ouvir histórias, e, a seu modo, já conta histórias. Socorro convidou os amigos e os netos dos seus amigos. Serviu café e chá com biscoitos, sucos, bombons, pipocas e bolinhos. Bianca sentou-se no colo de Bisaflor, que contou várias histórias: Moura Torta, A Fonte das Três Comadres, A Festa no Céu, O Negrinho do Pastoreio e a história de Dona Labismina. Quando Bisaflor terminou de contar a história de Dona Labismina, Bianca disse: “gostei mais dessa, conta de novo, conta”. Se qualquer contador de histórias não resiste ao pedido do “conta de novo” das crianças, imagina se Bisaflor não repetiu a história!

DONA LABISMINA
Era uma vez uma rainha que já estava casada há muito tempo, mas não tinha filhos, embora fosse grande seu desejo de tê-los. O tempo passava e nada de gravidez e a vida da rainha foi ficando muito tediosa. Era tanta sua vontade de ser mãe, que certa vez falou que queria parir nem que fosse uma cobra. Pois não é que algum tempo depois ela estava grávida? E nasceu-lhe uma linda menina com uma cobrinha enrolada no pescoço. A rainha, o rei e toda corte ficaram muito insatisfeitos com o fato, mas não se podia tirar a cobrinha do pescoço da princesa Maria.
Princesa e cobra cresceram juntas e, logo, logo, a princesinha nutria muita simpatia e amizade pela cobra, sua irmã, a quem chamou de Labismina. Brincavam, passeavam, tomavam banho no lago, dormiam juntas. Quando estavam mocinhas escapavam da vigilância das criadas e iam ver o mar. Labismina, largando o pescoço da princesa Maria, corria para as águas, adentrava, mergulhava, sentia-se em casa.
A princesa ficava na praia e, aflita, chorava, tinha medo que Labismina não voltasse das águas profundas do mar. Gritava, chamando a irmã. A cobrinha retornava à praia, enrolava-se no seu pescoço e voltavam para o palácio, onde ninguém desconfiava do passeio das duas.
Muitas vezes repetiram a aventura, e a princesa até passou a gostar de observar Labismina subindo e descendo nas ondas do mar.
Um dia a cobrinha se despediu da princesa Maria, queria mesmo era ficar naquele vai e vem das águas, mas que a irmã soubesse, ela sempre a ajudaria, era só chamar-lhe, caso se encontrasse em apuros.
Nesse mesmo dia Labismina entrou no mar e não voltou mais.
O tempo passou. Quando a princesa já era uma bela moça, uma tristeza se abateu sobre o palácio: a rainha, depois de uma grave doença, morreu, mas, não sem antes entregar um anel ao rei e pedir que ele só voltasse a casar-se, caso encontrasse uma princesa em cujo dedo a jóia se amoldasse com graça e beleza.
Passado o tempo do luto e das tristezas, o rei quis casar-se novamente e mandou seus emissários procurarem em todos os reinados uma princesa em cujo dedo o anel entrasse como uma luva. Os emissários andaram por reinos até muito distantes, mas não encontraram uma noiva para o rei, que agora queria porque queria casar-se, mas não deixaria de atender a recomendação da sua falecida rainha. Palavra de rei!
Só a princesa Maria não tinha experimentado o anel, mas foi chamada a fazê-lo; o anel ajustou-se de forma maravilhosa no seu dedo. E como palavra de rei não volta atrás, ela teria que desposar o pai.
A princesa ficou muito desgostosa e passava os dias numa tristeza que só vendo: chorando e lamentando sua sorte, até lembrar-se de pedir ajuda a Labismina. Foi até o mar e gritou pela cobra que logo emergiu das ondas, veio até a praia e escutou a notícia do casamento da princesa, sua irmã, com o rei, seu pai. Labismina acalmou Maria:
- Não tenha medo. Diga ao rei que só se casa se ele lhe der um vestido da cor do campo, com todas as suas flores.
Quando a princesa impôs essa condição, o rei ficou preocupado pensando se existiria tal vestido que a filha queria, mas que iria procurar e certamente encontraria. Convocou emissários, costureiras, adivinhos, que todos se mexessem e aprontassem o vestido da princesa, foi o que ordenou.
Passou um bom tempo e o vestido da cor do campo, com todas as flores, estava pronto, fato que deixou novamente a princesa muito preocupada. Foi ao mar e chamou Labismina. A irmã lhe disse:
- Peça agora um vestido da cor do mar e com todos seus peixes.
O rei convocou meio mundo de especialistas no assunto e, depois de certo tempo, conseguiu o vestido desejado pela princesa Maria, que mais uma vez sofrendo com a insensatez do pai, buscou a orientação da irmã:
- Diga ao rei que só casa se ele lhe der um vestido da cor do céu e com todas as suas estrelas.
O rei estava cada dia mais atônito com as exigências da filha e teve que mover meio mundo para conseguir o vestido da cor do céu e com todas as estrelas.
Ao ver o belíssimo vestido pronto, a princesa desesperou-se. E agora? Correu para a praia e encontrou um navio que dona Labismina havia providenciado durante o tempo em que os vestidos eram aprontados. A cobra lhe disse que no reino que o navio parasse, ela descesse, porque nessa terra encontraria um príncipe com quem se casaria. E lhe fez um pedido:
- Na hora do teu casamento chama três vezes por mim, que o encanto, em que estou confinada, se desfará e me tornarei uma princesa tão bela quanto tu.
A princesa embarcou e no primeiro porto que o navio parou, ela desceu e foi pedir emprego no palácio real. A rainha a encarregou de criar e cuidar das galinhas.
Envolvida nessa tarefa, a princesa via o tempo passar sem maiores novidades, até a ocasião em que haveria três dias de festas na cidade. Aí foi um alvoroço geral, se arruma daqui, se arruma dali, e toda a gente do palácio foi à festa, menos Maria, a cuidadora das galinhas.
Quando todos saíram, Maria, a princesa, vestiu o vestido bordado com as flores do campo, penteou os cabelos, pediu uma carruagem à Labismina e foi para a festa. Sua chegada causou a maior sensação, nunca tinham visto moça tão rica, tão bonita e tão bem vestida. O príncipe apaixonou-se por ela, assim como outros rapazes da cidade.
Maria divertiu-se muito, mas antes da festa acabar tomou sua carruagem e voltou ao palácio, vestiu seus farrapos e foi deitar-se.
No final da festa, o príncipe comentou com a rainha:
- Nunca conheci moça tão bela, gostaria de casar-me com ela. A senhora percebeu como ela parecia com a moça que cuida das galinhas?
- Ah, aquela pobre coitada tem lá roupas tão ricas e finas, meu filho! Vá até o galinheiro ver os trajes dela!
O príncipe foi e encontrou Maria pobremente vestida, contou-lhe que na festa tinha uma moça muito parecida com ela. A princesa, disfarçando que estava encabulada, falou que o príncipe estava zombando dela, uma simples guardadora de galinhas.
No outro dia de festa, a princesa vestiu o vestido da cor do mar, com todos seus peixes, e Labismina mandou-lhe uma carruagem mais luxuosa que a do primeiro dia. Mais uma vez ela foi a grande atração da festa, deixando o príncipe suspirando por ela.
No último dia de festa, a princesa Maria vestiu o vestido da cor do céu e cheio de estrelas, subiu numa rica carruagem e foi para a festa. O príncipe lhe fez a corte e lhe ofereceu uma jóia, preciosidade que Maria guardou com muito carinho.
Terminados os dias de festas, o príncipe, perdidamente apaixonado pela moça desconhecida, só pensava em casar-se com ela, mas ninguém sabia quem era, nem de onde viera, portanto, como encontrá-la? Muito triste e doente de paixão, o príncipe perdeu o apetite, não queria se alimentar, nem mesmo um caldinho aceitava...
A rainha estava aflita, recorria a todos para ver se conseguiam persuadir o príncipe, chamou até a guardadora das galinhas para fazer um caldo especial e levá-lo para seu filho. Maria concordou em fazer um caldo e mandar para o príncipe, porque ela mesma, tão insignificante, não poderia convencer o príncipe a alimentar-se, melhor seria que o criado particular levasse o caldo.
E assim foi: ela fez um caldo, colocou a jóia que o príncipe havia lhe dado dentro da tigela, e o criado serviu a refeição. O príncipe, alheiamente a apatia, ele queria casar com a moça que fez o caldo, que chamassem a cuidadora das, colocou a colher no caldo e pescou a jóia. Pulou da cama, cheio de alegria. Acabou-se galinhas. Esta veio mais bela do que nunca, vestida como quando ia à festa, deixando um rastro de suave e doce perfume por onde passava. Houve muita alegria no palácio, marcaram o casamento, que foi uma festa regada a muitos banquetes e bailes, mas a princesa Maria, envolvida com sua própria felicidade, esqueceu de chamar pelo nome de Labismina na hora do casamento.
A princesa e o príncipe viveram felizes para sempre.
Dona Labismina não se desencantou e ainda vive no mar; vez em quando se enfurece, dá urros, emborca os barcos, vomita altas ondas nas praias.

22,24 e 25 de Agosto - Três Presidentes marcando estas datas tão próximas - Por Norma Hauer



Foi na Rodovia Dutra, que na tarde de 22 de agosto de 1976, Juscelino partiu para a viagem sem volta, deixando uma dúvida no ar...Seria de fato acidente?

Interesante que três políticos que marcaram nossa história naquela época , no período de nove meses, seguiram o destino contrário a uma gestação. Partiram para sempre.

Em agosto de 1976, Juscelino se foi; em dezembro do mesmo ano, foi a vez de Jango e em maio de 1977, Carlos Lacerda seguiu o caminho dos outros dois. Tudo isso em 9 meses !
As três mortes foram estranhas.
O retorno de Jango ao Brasil, mesmo morto, foi difícil. Quase não foi permitido. Provavelmente, seria uma ameaça à "democracia" de então.

JUSCELINO KUBITSCHEK havia sido injustiçado pelos militares.
Foi um Presidente otimista, apesar de fazer um governo tumultuado porque quis colocar o Brasil para frente, realizando 50 anos em 5.
Muitos criticaram e ainda hoje criticam a criação de Brasília e a mudança da Capital. Mas o que seria hoje o nosso Rio de Janeiro ainda como Capital ? Nossa população talvez "dobrasse", as favelas triplicassem e seria mais difícil viver aqui. Além disso, o pior: teríamos de conviver com os sujos políticos federais, como se não bastassem os locais.

No dia 24 de agosto de 1954, um Presidente "deixa a vida para entrar na História". GETÚLIO VARGAS governou como Presidente "proviório" entre 1930 e 1937; como ditador, entre 1937 e 1945 e como Presidente eleito entre 1951 e 1954.

O "povão" gostava dele. Os trabalhadores, antes sem nenhum direito, o adoravam. Os políticos , de um modo geral, o detestavam. Ele disse que saía da vida para entrar na História. Mas penso que somente quando não existir mais ninguém que o tenha conhecido é que poderá ser julgado sem paixão.


No dia 25 de agosto de 1961 outro Presidente polêmico: JÂNIO QUADROS, não sai da vida, mas sai da Presidência. Doido?, perseguido por "forças ocultas"? Prometia, com uma vassourinha, "limpar a política", mas antes de completar uma "gestação", ficou 7 meses e "se mandou".

Só o futuro poderá julgar os três.

Norma