por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 25 de agosto de 2011

RODA DE HISTÓRIAS DE BISAFLOR

O Dragão Rei do Mar

Era uma vez um pobre velho que vivia com sua mulher à beira mar. Um dia, por mais que tentasse, não conseguiu pegar nenhum peixe. Estava pronto para ir-se, desesperado, quando decidiu tentar uma última vez. Para surpresa sua, fisgou um enorme peixe, mais belo do que qualquer outro que já vira. O peixe o olhava com olhos tão humanos que o pescador não teve coragem de matá-lo. Então, deixou-o partir.
No dia seguinte, quando o velho estava pescando, um menininho saltou das águas e convidou o atônito pescador a visitar o palácio do Dragão Rei que ficava no fundo do mar. O menino explicou que o Dragão Rei queria agradecer-lhe por ter salvado a vida de seu filho, no dia anterior. Então, as ondas se abriram e apareceu uma estrada que conduzia ao fundo oceano, por onde o velho seguiu o menininho.
O pescador não tardou a chegar a um palácio deslumbrante, onde foi saudado, calorosamente, pelo Dragão Rei e seu filho. Vassalos surgiram e prepararam uma festa principesca para o velho, com dançarinas, cantores e malabaristas. O pescador divertiu-se tanto que mal sentiu o tempo passar, mas, de repente, lembrando-se da mulher, ergueu-se e pediu permissão para voltar para casa. A essa altura, o Príncipe aproximou-se do pescador e falou: -“ Meu pai dar-lhe-á de presente qualquer coisa que o senhor peça. Não deixe de pedir a taça milimetrada que ele guarda ao lado do trono. Ela é mágica e lhe dará tudo o que desejar.”
E foi assim que aconteceu: o Dragão Rei, como prova de gratidão, ofereceu ao pescador o que ele quisesse. O velho pediu a taça mágica e o rei hesitou. Nisso, o Príncipe perguntou: - “O que tem mais valor, querido pai, minha vida ou a taça milimetrada?” – Então, o Dragão Rei a deu ao pescador.
Quando o velho voltou para casa, contou sua aventura para a mulher. Estavam encantados com a taça mágica e resolveram testá-la. Pediram uma casa nova, e no mesmo instante uma linda casa surgiu no lugar de sua velha cabana. Desse dia em diante, o velho e sua mulher viveram confortavelmente, e sua taça mágica estava sempre cheia de arroz por mais que tirassem.
Um dia, uma mulher malvada bateu à porta do velho pescador, pois ouvira rumores a respeito de uma taça mágica que estava sempre cheia de arroz, e queria descobrir onde o velho casal a guardava, para roubá-la. A vil criatura mostrou à mulher do pescador algumas joias, propondo trocá-las por arroz. A velha pegou a taça mágica e encheu um saco de arroz. A malvada prestou bem atenção para ver onde a velha colocava a medida mágica. Tarde daquela noite um ladrão invadiu a casa e roubou-a. Sem a taça mágica, o velho e a sua mulher logo ficaram tão pobres quanto antes.
O velho casal tinha um cachorro e um gato que ficaram amargurados com o que acontecera a seus donos. Os dois animais decidiram, então, procurar a taça, e como suspeitavam que a mulher malvada a havia roubado, resolveram segui-la, numa tarde em que ela estava na vila fazendo negócios. Quando a noite chegou, ela saiu da cidade, cruzou o rio a nado e dirigiu-se para uma casa escondida na floresta. Era o covil de um ladrão, e o gato e o cachorro de pronto deduziram que ele havia roubado a taça mágica. A mulher e o ladrão logo partiram, e então os animais rondaram a casa e deram com uma despensa fechada.
- “A taça deve estar aqui!” – exclamou o cachorro. Tentaram entrar, mas foi em vão, a despensa estava bem fechada. Naquele momento viram um rato que se esgueirava e o gato o pegou, ameaçando de matá-lo, a menos que o Rei do Ratos aparecesse. E esse logo apareceu. Então o gato o fez prometer que abriria a despensa e o Rato Rei reuniu todos os seus súditos que, rapidamente, fizeram um buraco na parede, de tamanho suficiente para que o gato e o cachorro pudessem passar. Dentro da despensa, os dois animais encontraram uma arca de pedra, fortemente trancada. Pediram aos ratos que a abrissem e estes pularam sobre a arca e roendo, roendo, logo abriram um buraco nela. Dentro da arca estava guardada a taça mágica! O gato e o cachorro a agarraram e deixaram a casa correndo.
Chegando ao rio o cachorro começou a nadar, carregando o gato nas costas e este, a taça na boca. A meio caminho, o cachorro ficou apreensivo e perguntou: - “Você ainda está segurando a taça?” O gato não podia responder, uma vez que a trazia na boca, mas o cachorro insistia e insistia. Finalmente o gato exclamou: - “Sim, estou!” Mas ao abrir a boca, a taça caiu e afundou nas águas do rio.
Os dois animais ficaram mortificados, e o cachorro foi para casa, desesperado. Enquanto isso, o gato esquadrinhava as margens do rio, na esperança de que a taça fosse jogada às margens. Apenas encontrou um peixe morto, apanhou-o e levou para casa. Ao menos, pensou, a velha teria o que cozinhar para o almoço. Porém, quando a mulher abriu o peixe para limpá-lo, a taça rolou de sua barriga. O peixe a havia engolido quando esta caíra no rio.
O velho e a mulher voltaram a viver bem e tinham pelo gato e pelo cachorro a maior consideração. E desta vez esconderam a taça mágica num lugar muito seguro.


(Essa história foi narrada por Allan B.Cohen no livro "...E foram felizes para sempre"

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