por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 8 de fevereiro de 2014

"Verve bandida" - José Nilton Mariano Saraiva

Escorregadio e esperto, esse, sim, é bandido até a raiz da medula. Tanto é fato que, antevendo que seria pego no julgamento do tal “mensalão” (nunca comprovado e que teve detenções arbitrárias, sim), o senhor Henrique Pizzolato tratou de se armar de tudo que era previsível, a fim de escapar, antes que fosse detido. E aí sua verve bandida aflorou com toda a pujança e maledicência: valeu-se de um documento de um irmão morto já há mais de trinta anos para assumir sua identidade (já há cinco anos) e providenciar outros documentos que lhe permitissem fugir do país e instalar-se na Itália, já que possuidor de dupla cidadania. Assim, devido à sua cidadania italiana, estaria em relativa segurança naquele país, uma vez que o país europeu não extradita seus nacionais.

Acusado de corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro, Pizzolato foi apenado a 12 anos e 7 meses de prisão em regime fechado, mais uma multa de R$ 1,3 milhão. E, muito embora a Polícia Federal tenha conseguido incluir o seu nome na chamada “difusão vermelha da Interpol”, deixando-o na lista internacional de criminosos procurados, o senhor Pizzolato só será preso se conseguirem flagrá-lo num ouro país, como recentemente ocorreu com o também bandido Alberto Cacciola (que houvera fugido do Brasil, se instalado na Itália, mas, ao sair para se divertir em Mônaco, foi preso e recambiado ao Brasil).

Pergunta: se foi condenado num julgamento atípico (sem provas, mas por simples deduções) teria o senhor Henrique Pizzolato agido corretamente, ao não esperar por tempo ruim ??? Ou corretos estão seus colegas de malfeitos que, por confiarem na Justiça, acabaram na cadeia ???  


Mas... e o ministro Gilmar Mendes, acusado por um dos seus pares (ministro Joaquim Barbosa) de desfigurar o conceito do judiciário brasileiro, já não deveria ter sido enquadrado em alguma lei por conta das suas fanfarronices (lembremo-nos que, sem maiores justificativas, concedeu habeas-corpus duas vezes num mesmo dia a fim de beneficiar o marginal Daniel Dantas). 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

E a "Globo" roeu a corda - José Nilton Mariano Saraiva


No “Jornal Nacional” (07.02.14), apesar do longo tempo dedicado ao assunto, não houve o pedido de desculpas veiculado no “Jornal Hoje” (da mesma data). Houve a admissão, sim, que o repórter da Globo News se enganara, mas, ficou só nisso. Desculpas que é bom, nada. Vamos ver se a mídia ou redes sociais (Internet) repercutem a mudança (duas versões, da mesma emissora, para um mesmo problema).

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Abaixo, nota (de hoje) extraída do site do Jornal Hoje:

“Ontem, no Jornal das Dez, da Globonews, o repórter Bernardo Menezes, que trabalhava na cobertura da manifestação, disse que um dos artefatos jogados pela polícia estourou perto do cinegrafista. Hoje, o repórter viu as imagens da TV russa e o depoimento do fotógrafo, que garante ter testemunhado toda a sequência do ataque. Diante dessas novas informações, Bernardo Menezes reconhece que o ferimento foi causado por um rojão - e não por uma bomba de efeito moral.

(tá faltando o pedido de desculpas, feito de viva voz pela apresentadora Sandra Annenberg, no Jornal Hoje, e sequer citado pelo Bonner, no Jornal Nacional).

Pijama de Bolinha



Há duas fases na existência em que o tempo  nos brinda com  a licença poética do despojamento. Na juventude nem precisamos nos preocupar com as regras sociais, com os ditames opressivos da moda, com a ditadura da etiqueta.  A criança faz xixi na rua e, banhada de inocência, faz brilhar os olhos de quem passa. O adolescente aparece chique e fúlgido vestindo apenas o short  jeans, a camisa de malha meio desbotada e o tênis. É que o desabrochar da rosa juvenil  traz consigo seus próprios encantos. A orquídea que brota no deserto ou em meio aos seixos  aparece mágica e encantadora aos nossos olhos, mais hipnótica que a que brolha no jardim, talvez pela  antítese ao se  contrapor  à sequidão agreste da paisagem. É assim que se fazem engraçados os arrufos infantis, a pueril percepção enviesada do mundo e até mesmo a contestação aparentemente irritante dos jovens, quando se deparam com os caminhos previamente traçados pelas gerações que lhes antecederam. Talvez, por isso tudo, lhes seja dado esse salvo conduto. O dourado da vida já lhes banha de alegria, de esperança e felicidade, qualquer acessório , qualquer adereço transforma-se, imediatamente, em supérfluo.
                        A  idade madura , a outra extremidade da corda, nos vai proporcionando, pouco a pouco, também essa imunidade. Aos poucos, também, nos vamos livrando das amarras da etiqueta social. O paletó já pode voltar ao guarda roupas; o  cromo alemão ganha sua merecida aposentadoria no  sapateiro ; o linguajar técnico deve ser substituído , dia após dia, pelo doce dialeto da rua e pelo palavrão. Itens essenciais voltam ao nosso convívio diário : o boné que põe um teto na pouca telha; a chinela que alforria os pés das galés do sapato; a bermuda que expõe sem remorsos as varizes e seus afluentes  e a brancura das canelas órfãs de sol. O confortável pijama de bolinha é indumentária que  não precisa ter manias de vampiro : já pode resistir aos raios do sol. Já não nos interessa os rígidos ditames da moda: a bermuda listrada pode muito bem combinar com o tênis e a meia social,  hirta subindo canela acima.  As auroras e os crepúsculos retornam, finalmente,  fazendo parte da nossa paisagem habitual. A lua volta a existir e, por incrível que possa parecer, tem fases , como toda bela mulher que se preza. O carro perde sua importância e só então se percebe o quanto do belo panorama ao nosso redor  ele nos roubou com sua velocidade e seu azáfama.  Fechando um ciclo, percebendo-se a flor que se vai murchando e tendendo a despetalar-se,  descobrimos que a vida pode ser mais simples, mais escorreita e que muito pouco das inomináveis amarras que a sociedade nos impingiu tem sentido e valeu a pena.  Nossa dourada juventude foi depenada pelo liquidificador da vida e, agora,  desnudos , enxergamos nossa nudez já sem a vergonha do pecado original.
                        Podemos, assim, empreender a viagem de volta:  o xixi embeberá novamente as fraldas;  o anda-já substituirá o automóvel;  o leite aparecerá de novo como alimento essencial e os amigos e familiares mais próximos se tornarão estranhos e distantes como já foram um dia. A palavra, pouco a pouco, sumirá da nossa língua trôpega e, finalmente, alcançaremos o ápice do despojamento. Um dia , por fim, contradizendo toda experiência que nos trouxe a maturidade, nos enfiarão o paletó em desuso e o cromo alemão já deportado, a mesma fantasia do baile passado, do ensaio para o nada e , hoje,  novamente , adereços mais que propícios para o carnaval dos vermes e a unção do pó. 

J. Flávio Vieira

E GONZAGÃO NÃO FOI DEPUTADO FEDERAL

Para Zé do Vale

    Início dos anos 70, ditadura recrudescida, perseguição correndo solta, um grupo de jovens políticos pernambucanos resistindo, fundando diretórios do MDB, catando filiados a laço para o partido da oposição. O grupo formado por Marcos Freire, Jarbas Vasconcelos, Fernando Lyra, Marcus Cunha, Fernando Vasconcelos Coelho e outros, foram garimpar assinaturas no Mercado São José, no Centro do Recife. Uma cena chamou a atenção deles: uma pequena multidão seguia o cantor Luiz Gonzaga. O “Rei” do baião, afastado da mídia, esquecido pelas rádios e tvs, considerado brega pela classe média, mantinha a admiração e era respeitado pelo povo. O cantor carregava considerável volume de lps embaixo do braço para entregar em consignação em um box do mercado popular. A visão despertou os políticos para o potencial de votos do artista. A empatia com a população, o fácil diálogo com as pessoas simples, o carisma e a fama certamente garantiriam votos suficientes para um mandato de deputado federal que MDB tanto precisava.
    Os membros da comissão partidária esperaram pacientemente o fim da negociação do cantor de Asa Branca com o lojista, se apresentaram, o convidaram para assinar a ficha de filiação e propuseram a candidatura a Deputado Federal. Prometeram assessoria e enfatizaram projetos em defesa da música popular brasileira, contra a invasão da música estrangeira. Lembraram o precedente de Humberto Teixeira na Câmara Federal e deram exemplos do que  poderia fazer para beneficiar artistas populares como ele. Luiz Gonzaga demonstrou interesse e pediu que o grupo  fosse à noite na pensão onde ele estava para continuação da conversa. Os políticos ficaram excitados, já fazendo cálculos do potencial de votos da legenda. Passaram a tarde reunidos, dividiram tarefas: um ficou encarregado de redigir o programa eleitoral, outro se responsabilizou pelo comunicado à imprensa, um terceiro cuidaria da montagem do comitê de campanha e tudo mais. Acreditavam que todos seriam eleitos com a sobra dos votos do rei do baião.
À noite, o diretório compareceu em peso a humilde pensão para fechar o acordo, levando
esboço da campanha, sugestões de slogans, minutas de jingles, peças publicitárias e tudo
mais. A conversa começou animada e seguiu descontraída até o momento que caiu a ficha do
aspirante a candidato:
...Mas, esperem aí, esse negócio que vocês querem que eu entre é contra o Governo?
Quando ouviu a confirmação, LG rebateu:
“Topo não, procurem outro. Hoje, quem é a favor dos homens não arranja nada, quanto mais
os que são contra”.

Tinha um "russo" no caminho - José Nilton Mariano Saraiva

Por mais inverossímil, parece ainda existir determinadas figuras que imaginam ser a cabeça “apenas” um apêndice do corpo humano que serve tão única e exclusivamente pra separar as duas orelhas. Fingem desconhecer que há os “ANORMAIS”, (nós, a maioria), portadores indesejáveis de uma tal  “massa cinzenta”, capaz de nos propiciar o ver, ouvir, discernir e, enfim, deduzir racionalmente.

A reflexão acima é para lembrar que ontem, durante a manifestação ocorrida no Rio de Janeiro, um cinegrafista da TV Bandeirantes foi ferido gravemente por uma bomba quando tentava registrar a ocorrência, o que ensejou e foi motivo suficiente e bastante para que à noite, no jornal das 10, da Globo News, um repórter das Organizações Globo, presente àquele ato, asseverar de forma peremptória e definitiva que o artefato que atingira o colega da Band houvera partido do Batalhão de Choque da polícia.

Mas...

Mas, eis que tinha uma televisão russa filmando o movimento. E, num momento de rara felicidade, o cinegrafista soviético conseguiu captar toda a seqüência do drama que vitimou o funcionário da Band, já a partir do momento em que o artefato é deixado aceso no chão por um manifestante, seu arranco em várias direções, até explodir à altura da cabeça do profissional que cumpria com sua obrigação. E como restou comprovado se tratar de fogo de artifício, não era armada usada pela polícia. Assim o profissional da Globo News se equivocara (???) redondamente.

A propósito, até o mais empedernido dos radicais sabe que, desde a primeira eleição de Lula da Silva para a Presidência da República, a Rede Globo move uma campanha sistemática visando tirar do poder um legítimo representante do povo, substituindo-o por um seu capacho qualquer. Pois bem, Lula da Silva foi reeleito, elegeu Dilma Roussef e a campanha difamatória da Globo não pára. E, principalmente agora, quando a presidenta vai tentar a reeleição, qualquer anormalidade que venha a ocorrer no dia a dia, a culpa é do Governo, ou o Governo omitiu-se, ou o Governo está perdido. E haja torcida (e deslealdades) para que o pior aconteça.

Mas, voltando ao registro feito pela TV russa, quando foi divulgada a seqüência das imagens, o tal repórter da Globo News, que houvera jurado de pés juntos que o artefato fora lançado pela polícia, não teve outra saída que não admitir que errara, que no calor da emoção se enganara e outras baboseiras mais.

Tanto é que, no “Jornal Hoje”, da tarde desta sexta-feira, a apresentadora Sandra Annenberg mostrou a seqüência de imagens da TV Russa e, um tanto quanto contrariada, asseverou que o próprio repórter global admitira o erro e, portanto, tanto ele como a emissora se desculpavam ante a população (será que no Jornal Nacional também será feito o pedido de desculpas???).

Agora, aqui para nós, tirante essa novidade (a poderosa Globo publicamente admitir que errou) de uma coisa tenhamos certeza: as manifestações de junho passado serão “café-pequeno” ou “coisa de amadores” se o Governo não adotar desde já sérias medidas preventivas capazes de obstar as que estão por vir, já que além da Copa do Mundo teremos as próprias eleições presidenciais. Eles até já pregaram aviso, há muito tempo: “Não vai ter Copa nem Olimpíadas”.

Não por parte da população (que comprovadamente melhorou de vida), mas de uma oposição raivosa e de radicais (desocupados, vadios, mascarados e, enfim, os apologistas do quanto pior melhor) com poderes de insuflar a manada e fazê-la massa de manobra.

Alguém tem dúvida ???




SÓ PORQUE VESTIU BERMUDA - José do Vale Pinheiro Feitosa

“Moro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza. Mas que beleza!”

Os espaços formam territórios quando abençoados pelos humanos. E os territórios se compõem de gente que abraça o tempo e o espaço e de gente que pretende parar o tempo e prender o espaço.

Nesta semana, aqui no Rio de Janeiro, um funcionário público, que trabalha numa repartição da Prefeitura da cidade, sob os efeitos do intenso calor que superlativa este verão. André Amaral de 41 anos de idade, casado, dirigiu-se ao trabalho no traje adequado ao calor e ao gênero: bermudas e camisa leve.

Há quatro anos sua sala de trabalho não tem ar condicionado, os funcionários fizeram uma vaquinha, compraram ventiladores, mas os ditos foram roubados. André, então, foi barrado pela portaria de sua repartição. De bermuda não pode.

Bom. Ele foi em casa, vestiu uma saia da mulher e retornou ao expediente. Na portaria foi aquela saia justa. Mas o que dizer? Se as saias são aceitas, por que não em homens? Pronto.

André virou notícia. Se deixou fotografar de saias em sua sala de trabalho. A rede social espalhou o fato. E que fato?

A imbecilidade de um país tropical que ainda guarda hábitos públicos inadequados ao povo e ao tempo no sentido meteorológico. Ontem o prefeito permitiu o trabalho usando bermudas.

 Só agora o fórum da cidade permitiu que os advogados pudessem participar das audiência frente ao Juiz usando camisa social, sem o detestável paletó e gravata.

Ontem, por volta de 15 horas (horário de verão), 40ºC de temperatura, a italiana Sanda Biondo foi visitar a Academia Brasileira de Letras, mas foi barrada na porta da biblioteca. Motivo: ela usava uma comportada bermuda. De tão constrangida, escreveu para a coluna do Ancelmo Góis do Globo e o assunto veio a público.

Acontece simplesmente que Sandra Biondo é a tradutora de Raquel de Queiroz para o Italiano. Raquel foi a primeira mulher a receber o fardão da Academia. Hoje saiu que, um constrangido Presidente, fez uma carta convidando a senhora e que poderia vir de bermudas.


Pelo menos os conservadores precisam passar na alfândega da história e pousar na realidade do território que pretendem habitar.  

A palavra de LOURENÇO FILHO (transcrição ipsis litteris)

“Os diferentes períodos da vida do Padre Cícero Romão parecem demonstrar o desenvolvimento de uma psicose, revelada desde a adolescência. É assim que, quando aluno do Seminário em Fortaleza, já demonstrava sinais tão evidentes de “mitomania” (tendência para mentir), que o reitor do estabelecimento, padre Pedro Chevalier, opôs dúvidas à sua ordenação. Mas o bispo D. Luis dos Santos não achou que o exagerado misticismo do “formigão” apresentasse perigo à ação do futuro missionário. Achou que devia ser ordenado, e assim se fez”.

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“Se o chefe de Juazeiro tivesse podido acumular e manter, naquele meio, um sólido e brilhante cultivo do espírito, este, sim, seria o seu maior e mais legítimo milagre. Vivendo, há mais de meio século, em contato apenas com o sertanejo bruto, e ademais, num ambiente de delírio; não dispondo sequer de tempo para ler e meditar, pois que suas horas não bastam para atender a peregrinos e beatos; sem recursos de renovação de idéias, por livros e jornais, que até sua casa só raramente chegam; sem necessidade alguma que o leve a exercitar o espírito, para sadio objetivo cultural – é óbvio que só se possa encontrar nele, no termo de oitenta anos de vida, uma inteligência medíocre e fatigada, adstrita aos mesmos abusões, preconceitos e desvios mentais do sertanejo...

À vista de tudo isso, já seria inadmissível uma elevada cultura em qualquer indivíduo sujeito à sua vida especialíssima. E os fatos o comprovam, com toda a crueza. Em toda sua longa vida sacerdotal e política, jamais pronunciou um discurso memorável, uma conferencia ou série de pregações que tivesse produzido eco; jamais escreveu um artigo de propaganda ou defesa; uma obra modesta que fosse de doutrina ou combate.

Por que, por exemplo, não explicou, num livro, que seria fácil compor, se tivesse cultura, a sombria questão religiosa em que se envolveu ? Por que não consagrou  sua vida à propaganda dos meios científicos de combate à seca, não fez o estudo da história ou das necessidade atuais da região ? Por que não impulsionou, por meios eficazes, a evolução social do burgo que sempre dominou ? Por que não tem permitido que se desenvolva a instrução pública de Juazeiro ? Por que se deixou dominar, de modo absoluto, sem um reclamo ou desabafo, por meia dúzia de indivíduos que o têm manejado, e que o manejam, no próprio proveito deles ?

Necessariamente, porque, sobre a hipótese de uma psicose que o desadapta a elevada função social, falece-lhe, por inteiro, a cultura do espírito. A maneira pela qual o Padre Cícero se dirige aos romeiros e ouve lamentações e queixas, recebe dinheiro e outras dádivas, aconselha e receita, não é só a de uma pessoa que tivesse escapado à normalidade: é a de um homem manifestamente inculto”


(Lourenço Filho – que conviveu e foi recebido pelo próprio). 

Para Aloísio


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

OS NOVOS JAGUNÇOS – por José Almino Pinheiro


Quando alguns homens começaram a armazenar os excedentes agrícolas oriundos da recém descoberta agricultura, tornou-se necessário a proteção desses estoques, que é a origem de um novo poder, não mais baseado na força física ou em habilidade manual ou mental.  A consequência imediata foi o aumento do poder individual dos donos desses estoques que agora podiam manter alguns guerreiros da tribo para sua proteção, surgindo, então, o pré-histórico jagunço. Com o aprimoramento das técnicas agrícolas e aumento dos estoques, crescia também o poder do pré-histórico “coronel”. Este logo descobriu que esse poder poderia ser utilizado não só para proteção mas também para saquear vizinhos. Na história da humanidade, guerras e saques sempre existiram mas, nem sempre com a finalidade de aumentar estoques e poder, isso agora é novidade. Com a expansão patrimonial, esses “coronéis” logo descobriram que, para sua própria segurança, os membros do seu clã ou tribo deveriam ser mantidos sob rígido controle e com as mínimas condições de sobrevivência e segurança.
Essa já grande sociedade, controlada pelos “coronéis”, necessita de uma  administração mais elaborada para atender seus interesses. O Pajé agora vira rei, o qual não é necessariamente  o dono real dos “estoques”. O poder do rei é consensual, raramente era um dos verdadeiros “coronéis”. Os reis subsequentes, apesar de eventualmente ricos, não passam de uma espécie de gerente simbólico (jagunço moderno) das agora chamadas elites.  Existem muitos exemplos de degolas de reis, bastava que um deles tentasse se desviar do traçado dos “coronéis” que logo começavam as intrigas, assassinatos, etc. Para organizar melhor a tribo, agora reino, se forma o esqueleto administrativo, onde o rei e a corte controlam o judiciário, o exército, a religião, a polícia, cujos efetivos são todos herdeiros funcionais diretos do nosso pré-histórico jagunço.
Nas monarquias absolutistas a responsabilidade por algum evento que desestabilizasse o agora país, era logo identificado na figura do rei, tivesse ele culpa ou não, o que acarretaria instabilidade. Daí surgiram as monarquias parlamentaristas que preserva o modelo e não perturba o rei. Esse modelo, com suas leis não totalmente cegas, conta com a vantagem de que a responsabilidade por qualquer crise pode ser diluída ou, dependendo das circunstâncias, atribuída a alguém ou algo. Esse modelo de governo surge com intensidade durante o renascimento, época das grandes navegações e conquistas europeias. Além de limitar caprichos reais, surgem as ideias de nação, de país moderno, como também do nacionalismo geográfico. A ideia dessas elites em melhorar a vida das populações locais, para terem em troca lealdade e sua própria sobrevivência, é mais antiga só que agora mais fáceis de implementar.  O custo dessas novidades deveria ser pago pelos novos vassalos e escravos, longe das metrópoles.  Para o modelo funcionar e justificar o escândalo, foi preciso impor uma administração que atendesse aos interesses dos herdeiros dos pré-históricos “coronéis”.  Alguns países que tentam sair da área de influencia política dessas elites sofrem represálias. Com o crescimento econômico dos países e consequente aumento da poupança foi preciso modernizar a jagunçada, agora transformados, principalmente, em exércitos. Só como curiosidade vale a pena citar o Diário do ator Richard Burton, que na pagina referente ao dia 3 de dezembro de 1971 escreveu: "O Presidente Pompidou foi empregado de Guy de Rothschild antes e depois de ser primeiro-ministro e o novo primeiro ministro era para ter vindo ontem à noite, mas não pôde. (...) Então não admira que Guy possa requisitar toda a força policial de Paris se assim desejar. (Alusão a uma festa na qual, sua esposa a atriz Elizabeth Taylor compareceu com mais de 3 milhões de dólares do pescoço para cima).

A antiga poupança, hoje transformada em PIBs, não mais necessita estar fisicamente dentro das fronteiras oficiais de seus donos, basta apenas ter o controle efetivo sobre essas “poupanças” por meio econômico como é o caso das commodities, ou das armas, como no caso do petróleo, ou ambos. Olhando a relação dos mais ricos do mundo da revista Forbes, nenhum ou muito poucos da lista são políticos, eles preferem o anonimato, pois para o serviço sujo dispõem dos novos jagunços, presidentes, ministros, senadores, deputados, etc.
 

TUDO QUE EU PRECISO É VOCÊ - José do Vale Pinheiro Feitosa

“Às vezes quando estou triste e sozinho,
Sinto-me como uma criança fora de casa
O amor que você me dar preenche-me, querida
Tudo que eu preciso é você.”

All i ever need is you, de Jimmy Holiday and Eddie Reeves foi gravada a primeira vez por Ray Charles em 1971 no album The Volcanic Action of my Soul. Um dos maiores sucesso da música foi com Sonny e Cher e também a gravaram Ray Sanders e a dupla Kenny Rogers e Dottie West.

É inevitável que o título da música no remeta a uma canção muito famosa dos Beatles, de 1967, que intitulou-se All You Need is Love.

All You Need is Love - The Beatles que se inicia assim: amor, amor, amor,/não há nada que você possa fazer que não possa ser feito/ nada que possa ser cantado que não possa ser cantado/ nada que você possa dizer, mas você pode aprender o jogo/ é fácil.

“Você que é meu primeiro amor, você é meu derradeiro,
Você é o meu futuro, é o meu passado
Oh! Amar-te é tudo que peço, querida,
Tudo que eu preciso é você”

As canções restritas ao amor de dois, costumam falar de particularidades, de privacidades e têm dificuldade de alargar este mesmo amor para a humanidade inteira. São os sintomas de uma sociedade de bens privado, de muros a separar pessoas, do "meu" ao exagero do sucesso e do realce.

Mas não deixam de ser um ensaio sobre o amor sem trocas, sem esperar uma moeda de paga, uma compensação pelo próprio e espontâneo sentimento de amar. Não é incomum que uma vez abalado pelas intempéries dos dias, pelos ânimos que arrefecem, o amor seja traído ou até soterrado numa desculpa de que os elementos que o despertaram deixaram de existir.

É quando todas as condicionalidades, as particularidades e privacidades despencam como um grande muro naquele que deveria ser um amor sem concessões e trocas.

“Os invernos virão e depois passarão
E veremos o derretimento das neves,
Pronto o verão virá da primavera, tudo que você faz,
Dê-me razões para construir meu mundo ao seu redor.”

“Meu mundo girar ao teu sol”.

All i ever need is you - Ray Charles a primeira gravação da canção.

Nas estações do ano, mesmo quando não as há, as efemérides que os anos marcam, bicam as migalhas de pão que o amor deixou para marcar a rota de sua causa primeira. E uma das mais difíceis tarefas de quem se encontra nas rotas perdidas, é reencontrar as causas primeiras. Confessam-se frágeis diante do passar, acusam as mudanças externas, as conquistas de novos desejos, uma vez que o desejo é gêmeo da felicidade: sempre é a busca daquilo que lhes falta. Como diz Eduardo Galeano: um horizonte sempre a se afastar.

“Algumas pessoas seguem o arco-íris, disseram-me
Outras procuram prata, alguns o ouro,
Mas encontrei meus tesouros em minha alma
Tudo que eu preciso é você”.


All i ever need is you - Jerry Reeve e Chat Atkins uma das guitarras mais belas dos Estado Unidos.

Como encontrar a minha alma se a promessa é um mundo de sofrimento e a felicidade só após morte? Esta praga cristã transfere o amor integral, incondicional, para um limbo atemporal. Mas todas as chagas que minam meu sangue, todas as lepras que apodrecem minha carne, todas grades que impedem meus passos, não são suficientes para anular meus passos em busca do amor como o sujeito que ama o sujeito para que todos prediquem a vida. Com seus verbos e complementos.

“Sem o amor nunca encontrarei o caminho
Pelos de altos e baixos de cada dia
E ficarei insone por toda noite até que você diga
Querido(a), tudo que eu sempre preciso é você”

Lá, Lá, Lá, Lá, Lá,
O teu amor me mantém por sobre o tempo
Querida, tudo que realmente preciso é você

Lá, Lá, Lá, Lá, Lá
Afinal encontrei os tesouros de minha alma
Querida, tudo que realmente preciso é você


Lá, Lá, Lá, Lá," 

All i ever neede is your - Sonny e Cher - a gravação de maior sucesso desta canção.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Excentricidade ou Frescura ??? - José Nilton Mariano Saraiva

Recorrente - mas ainda assim impressionante - como aqueles que atingem certo destaque em alguma profissão, principalmente os que lidam diretamente com o público, se transmutam da noite pra o dia, tanto em comportamento como em termos visuais. Dentre estes se sobressaem, justamente pelo contato mais próximo com o povo, jogadores de futebol e cantores dos mais diversos estilos (sejam nacionais ou internacionais).
Os primeiros (jogadores de futebol) normalmente oriundos de famílias paupérrimas, quando finalmente “chegam lá” fazem questão de ostentar, de exibir, de ser “diferente”, como a querer mostrar que não são inferiores a ninguém, compensando de certa forma a “vida-de-cão” que levaram no passado. Assim, visando mandar para o espaço o complexo de inferioridade enrustido durante tanto tempo, além dos carrões, roupas de grife, jóias caras e mansões luxuosas, adotam os mais esquisitos e ridículos cortes de cabelo, que de pronto passam a ser adotados por seguidores fanáticos (que o diga o tal do Neymar e seu estilo moicano ou aquele horroroso corte exibido pelo tal Ronaldo Nazário, no final da Copa do Mundo do Japão, onde o Brasil foi vencedor).
Já no tocante aos cantores que se destacam, a “coisa” é mais “seleta, refinada e eclética”, a saber: uns, embora teimem em falar e pregar a “humildade”, nos seus shows exigem dos patrocinadores uma determinada marca de água mineral importada (preferencialmente de um país distante); frutas, preferencialmente aquelas oriundas dos cafundós do planeta Terra; também não dispensam um bebida de primeira qualidade, evidentemente que também de outras plagas; um outro só faz o show se o camarim for decorado unicamente na cor azul, com móveis confeccionados de uma madeira tal e outras extravagâncias.
Agora, entretanto, um deles nos aparece com uma exigência que, muito mais que excentricidade, poderia ser confundida com “frescura pura” (e não é pelo fato de ser um homossexual assumido); fato é que o renomado (e bom) cantor britânico Elton John exigiu para a turnê Follow the Yellow Brick Road, que empreenderá no Brasil, mimos que chegam às raias do absurdo.
Assim, além do cachê altíssimo que receberá, exigiu dos patrocinadores do seu show ( aqui em Fortaleza, no próximo dia 26.02.14 ), dentre outros itens: 01) que, toda a Arena Castelão, onde será realizado o evento, seja climatizada a 19 °C; (assim, embora normalmente a temperatura ambiente da Arena Castelão seja de 35 °C, em todas as áreas por onde ele for circular a temperatura não poderá passar dos 19 graus e PT saudações); 02) que, no seu camarim seja instalado um telão de alta definição, a fim que possa assistir a canais esportivos; 03) que, seja criado o “Espaço Elton John Hospitality” (espécie de sala de visitas) com ornamentação de plantas naturais com pelo menos 1,80 metro cada e que elas sejam exclusivamente palmeiras e fícus; e 04) que, para comer, estejam disponíveis saladas de frutas, de legumes e sopas vegetarianas (aqui, até que não foi muito exigente). Descartou, entretanto, qualquer proteína animal.
Será que os patrocinadores do evento conseguirão atender a todas as exigências do já decadente cantor ??? E se o não o fizer, será que o mesmo recusar-se-á a cantar pra os cearenses  ???
No mais, para os que se dispuserem a ir ao show foram colocados à venda 40 mil ingressos (a “preços de banana” em fim de feira, como se verá), a saber: gramado cadeira ouro (R$ 600) e platéia inferior direita (R$ 140), já esgotados. Há ingressos ainda para gramado cadeira prata (R$ 460), gramado cadeira bronze (R$ 360), camarote vip open bar (R$ 500), camarote privativo (R$ 800), platéia inferior esquerda (R$ 140), platéia superior especial (R$ 300), platéia superior esquerda (R$ 110) e platéia superior direita (R$ 110).

E aí, quem se habilita ???

autor desconhecido



As Pedras Se Cruzam
Paulo César Pinheiro

Apesar!
Da vida nos separar
A gente vai se encontrar
Em qualquer canto de rua
De manhã
Numa esquina de algum lugar
De tardinha num vão de bar
Ou numa noite de lua

àguas passadas não moverão moinho
Acho que a gente até pode se beijar
Mesmo que já não se tenha mais carinho
As pedras se cruzam no caminho
Que a vida foi feita pra rolar

Rolou, vida rolou, rolou a vida
Eu lhe dei casa e comida
Dei-lhe um nome e coração
Pra mim o que rolou na despedida
Foi só lágrima sentida
Mas inda lhe estendo a mão...

A CAMPANHA ELEITORAL JÁ ESTÁ NAS MANCHETES E CHAMADAS DA MÍDIA - José do Vale Pinheiro Feitosa

O Ministro Gilmar Mendes, a repórteres, põe em dúvida a lisura das doação de pessoas físicas para cobrir as multas de Delúbio Soares, Genoino e Dirceu. Ele acuso, sem citar evidências. A evidência, para ele, é o ato. Os jornais já vinham nesta linha e o líder do PSDB entra com um pedido de investigação sobre o mesmo assunto.

Enquanto isso o UOL, Universo Online, provedor de notícias e internet da Folha de São Paulo pega um fato (a divulgação do IBGE do crescimento da Indústria Brasileira em dezembro de 2013) e recria a manchete sobre ele ao longo do dia segundo a vontade política dos donos.

A manchete teve a seguinte evolução: primeiro foi PRODUÇÃO INDUSTRIAL DO BRASIL CRESCE 1,2% EM 2013, SEGUNDO IBGE. Alguém não gosto e reescreveu a manchete: COM FORTE QUEDA EM DEZEMBRO, INDÚSTRIA CRESCE 1,2%, DIZ IBGE. Mas era pouco para embate eleitoral da empresa e aí veio aquela que o satisfazia: INDÚSTRIA BRASILEIRA TEM O PIOR DESEMPENHO DESDE O GOVERNO COLLOR.

Isso quer dizer embate eleitoral. E em todos os embates os atores vão se mexer. Espera-se que nos limites legais. Considerando que até a lei será usada para acusar o outro. Mas aí é preciso saber que o uso do bem maior (Lei, Deus, o Pai, a Mãe ou outro bem maior da nossa sociedade) pode sempre ser uma artimanha da luta.

Em outras palavras o que não se pode é deixar de fazer a defesa e de participar do embate. É assim que funciona a democracia. Portanto nada a estranhar que os petistas e simpatizantes lutem em defesa, politicamente, por suas teses e patrimônios políticos e que nele estejam Gilmar Mendes, Globo, Folha de São Paulo e Estado de São Paulo além de uma récua de jornalismo familiar pelas províncias dependentes desse eixo em termos de jornalismo.


Sim, ontem houve uma apagão e os jornais lutam por colocar a culpa no governo. Isso independente do clima e do debate sobre meio ambiente com as fontes geradoras de energia. É propaganda eleitoral. Mas é um bom debate e deve ser exposto por todos os lados. 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A CORRUPÇÃO GENERALIZADA - José do Vale Pinheiro Feitosa

Essa vai dar uma roda no pessoal que vive o complexo de vira-latas. Ou seja o narciso ao contrário. E não apenas isso. Vai deixá-los sem referência em relação ao país mais corrupto do mundo que naturalmente para eles é o Brasil e os petistas que estão Papuda.

É deprimente o que o pessoal vai saber. Três em cada Quatro Europeus acredita que a corrupção está generalizada. É o resultado de uma pesquisa feita com os cidadãos da comunidade pela Comissão Europeia e li este resultado no Jornal El País da Espanha.

Na Grécia, Itália e Espanha esta opinião é praticamente e de todos (mais de 95% acha isso). Até no símbolo da Comunidade Europeia que é a Alemanha o índice atinge 59%. Mas tem mais. Os alemães se encontram no divisor mínimo que acham isso pois na imensa maioria dos demais países estes índices estão acima de 60%. Somente nos países escandinavos essa opinião foi menor que a Alemanha: Suécia com 44% (assim é alto para o que esperamos daquela sociedade), Finlândia (29%) e Dinamarca (20%).

Mas não isso que os analfabetos políticos brasileiros querem: fazer da corrupção uma bandeira para construir um povo. O “Lacerdismo” só vai desaparecer da cultura brasileira quando a geração que cresceu sob a ditadura desapareça. Essa é primeira observação a ser feita.

A segunda é óbvia. Isso é sistêmico e como coisa sistêmica se origina de um sistema e esse é o capitalismo. Portanto a percepção do povo europeu é a natureza da observação que irá se tornar crítica de certo liberalismo econômico (dando origem a propostas autoritárias, como o fascismo) e em segundo lugar, com algo mais aprofundado, a criação das bases de uma sociedade mais igualitária e menos movida apenas a negócios de corporações econômicas. Uma sociedade mais solidária já tem nome na história é só estudar suas bases teóricas e algumas práticas.


Em qualquer circunstância se não foi esse o resultado de uma resiliência fatalista, estamos diante de algo crítico do qual emergirá forças mais autoritárias em contraponto com forças democráticas. 

EU VOU CONTAR A DEUS! - José do Vale Pinheiro Feitosa

A ameaça que dá título a esta postagem teria sido feita por uma criança morrendo em decorrência da guerra na Síria. De tão revoltada com as malvadezas daqueles humanos em fúria destrutiva de si e dos outros, a criança disse que iria enredar a Deus sobre aqueles crimes todos. Disse isso enquanto morria.

E contar a Deus é contar para a história. Toda malvadeza se escuda no rompante e na finitude do contexto onde pratica o mal. Assim como o senso de impunidade. Tudo passa. Tem a possibilidade de adiar a culpa e assim, entre trancos e barrancos ir levando.

Sem contar que a malvadeza tem como justificativa a perenidade do mal entre todos. Se alguns as praticam então, como dado da realidade, a que este pratica se equivale a daquele. Afinal ninguém inventa a maldade em seu ato. Ele não inaugura a maldade. Ele se justifica pela agressividade sobre a dignidade do outro e se esconde no cipoal da maldade geral.

Mas contar a Deus, como já disse, é contar para a história. Aquela criança estaria contando para a história o horror que perdura contra pobres, crianças, idosos, etnias e tantos outros grupos vítimas de genocídios.

E esta denúncia me veio a respeito do premiado Humorista Danilo Gentili, que foi alçado ao SBT para continuar com um humorismo nascido junto com as redes sociais e todo tipo de neo-conservadorismo que empunha espadas, família e propriedade contra direitos humanos, sociais, solidariedade, políticas corretas e de compensações entre outras bandeiras dessa época.

Danilo, meio no estilo da perseguição da direita paulista aos nordestinos, fez piada com a pernambucana Michel Maximino que foi a maior doadora de leite materno do Brasil. Ela entregava todo o excedente para um banco de leite há 80 quilômetros de sua casa.

Os bancos de leite nasceram exatamente desse espírito de solidariedade. Do mesmo modo que os bancos de sangue. E Danilo Gentili atacou exatamente este esforço fazendo comparações de mau gosto com um ator pornô. Isso tudo pela Bandeirantes em rede nacional. A moça virou piada e foi hostilizada pelas redes sociais e pelas ruas da pequena cidade onde mora.

Tiveram que abandonar tudo, mudar de cidade e irem morar na capital para se esconder das bombas assassinas da rede de televisão em sua ação impune de praticar o mal.


DANILO EU VOU CONTAR PARA DEUS

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O MÚSICO QUE EXPRESSOU A MÚSICA DE PROTESTO - José do Vale Pinheiro Feitosa

“Onde todas as flores foram, tanto tempo que passou?
Onde todas as flores foram, há muito tempo atrás?
Onde todas as flores foram?
As garotas as colheram todas.
Oh, quando é que elas vão aprender?
Oh, quando é que elas vão aprender?”

Quando alguém amou a música de Bob Dylan, curtia Joan Baez, Leonard Cohen, Harry Belafonte, a sul-africana Miriam Makeba do Pata Pata e tanta gente que engajou sua música na luta social por direitos humanos e qualidade de vida, tinha como projeção de grandeza Pete Seeger.

Goodnight, Irene - na voz de Pete Seeger

“Onde todas as garotas foram, tanto tempo que passou?
Onde todas as garotas foram, há muito tempo atrás?
Onde todas as garotas foram?
Foram todas para seus maridos.
Oh, quando é que elas vão aprender?
Oh, quando é que elas vão aprender?”

Pete Seeger, a grande luz da protest folksong faleceu na última semana de janeiro de 2014 aos 94 anos. Ele teve influência nas canções de protesto contra a ditadura aqui no Brasil e por justiça social em vários países da América do Sul e incluindo os valores revolucionários cubanos. E a lista de grandes figuras influenciadas por Pete Seeger é grande incluindo, George Moustaki na França e os cubanos como Pablo Milanes e Silvio Rodriguez e os chilenos como Violeta Parra e Victor Jara.

If I Had a Hammer - Pete Seeger em 1956

“Onde todos os maridos foram, tanto tempo que passou?
Onde todos os maridos foram, há muito tempo atrás?
Onde todos os maridos foram?
Foram todos se engajar nas forças armadas.
Oh, quando é que eles vão aprender?
Oh, quando é que eles vão aprender?”

Pete Seeger participou dos movimentos de esquerda nos Estados Unidos desde os anos 30. E não pensem que ser de esquerda além da fronteira liberal, junto à causa operária, seja mais ameno do que o contrário na União Soviética naqueles idos. Ele esteve nos movimentos antifascistas e pacifistas, lutou contra o marcatismo nos anos 50, juntou-se ao movimento pelos direitos civis, junto com Luther King pelos direitos dos negros, contra a guerra do Vietnã e denunciou todas as invasões imperialistas dos EUA pelo mundo todo.

We Shall Overcome - se tornou o Hino do movimento pelos direitos civis e contra o racismo

“Onde todos os soldados foram, tanto tempo que passou?
Onde todos os soldados foram, há muito tempo atrás?
Onde todos os soldados foram?
Foram todos para o cemitério.
Oh, quando é que eles vão aprender?
Oh, quando é que eles vão aprender?”

Poucos ícones da cultura americana foram tão perseguidos quanto Pete Seeger. A mídia o pôs no ostracismo. A indústria de difusão cultural igualmente. Foi preso por desacato ao Congresso ao se negar depor numa comissão de atividades anti-americanas, propondo ao invés disso cantar as músicas que representavam sua participação na cultura mundial.

Guantanamera - para realçar a Cuba revolucionária 

“Onde todos os cemitérios foram, tanto tempo que passou?
Onde todos os cemitérios foram, há muito tempo atrás?
Onde todos os cemitérios foram?
Foram todos para as flores.
Oh, quando é que eles vão aprender?
Oh, quando é que eles vão aprender?”

Nos últimos anos ele se engajou na luta em defesa do meio ambiente, participou de grandes concertos em defesa de direitos humanos. À margem do showbusiness, Pete Seeger viveu a plenitude do ser humano sem as concessões do dinheiro e do poder que envelopa a dignidade humana com a chamada indústria cultural.

Where Have Al The Flowers Gone? - uma das músicas mais conhecidas de Pete Seeger. O poema que acompanha esta postagem é a tradução da letra dela. Ela se tornou o hino do movimento pacifista internacional. Aqui um versão do famoso trio Pete, Paul and Mary.

“Onde todas as flores foram, tanto tempo que passou?
Onde todas as flores foram, há muito tempo atrás?
Onde todas as flores foram?
As garotas as colheram todas.
Oh, quando é que elas vão aprender?
Oh, quando é que elas vão aprender?”


Where Have Al Flowers Gone? Na voz de Marlene Dietrich. Marlene cantou esta música em versão em alemão e a apresentou em Israel. Foi a primeira vez que alguém se apresentou em público usando alemão. Escolhi esta versão em inglês porque de fato ela é muito bonita.


Quem gosta da humanidade e de pesquisar busque Pete Seeger e suas músicas que muito bem lhes fará.