por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 22 de junho de 2019

A "MALANDRAGEM" DA PROCURADORA - José Nilton Mariano Saraiva


Chancelados pela   Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), foram dez os candidatos inscritos para a função de Procurador Geral da República, a ser eleito no mês de setembro próximo, a saber: Antonio Carlos Fonseca Silva, subprocurador; Blal Dalloul, procurador regional; José Bonifácio Borges de Andrada, subprocurador; José Robalinho Cavalcanti, procurador regional; Lauro Cardoso, procurador regional da República; Luiza Frischeisen, subprocuradora; Mário Bonsaglia, subprocurador; Nívio de Freitas Silva Filho, subprocurador; Paulo Eduardo Bueno, subprocurador; Vladimir Aras, procurador regional da República.
De praxe, os três candidatos mais votados têm seus nomes e currículos submetidos ao Presidente da República, a fim que o ungido seja oficialmente anunciado e empossado.
Escorregadia, matreira e inconfiável, embora não tenha se inscrito a atual procuradora Raquel Dodge trabalha denodadamente nos bastidores tentando se viabilizar junto ao Presidente da República, porquanto este já afirmou que poderá escolher um candidato da sua preferência, não constante da tal lista tríplice.
Sabedora do ódio visceral que o atual ocupante do Palácio do Planalto nutre em relação ao ex-presidente Lula da Silva (a quem deseja que “mofe na cadeia”), a atual procuradora encontrou um meio de tentar obter a sua simpatia, visando uma possível recondução à função: em expediente ao Supremo Tribunal Federal, manifestou-se radicalmente contrária à concessão do habeas corpus interposto pela defesa do ex-presidente, solicitando sua soltura, com base em robustos argumentos.
Duas são as irregularidades de tal posicionamento da atual procuradora: de pronto, vai ela de encontro à preferência manifesta dos colegas procuradores, que optando pela renovação sequer lembraram do seu nome; num segundo momento, fica mais que explicitado ter havido um ato de corrupção pontual, porquanto a senhora Dodge, pra tentar manter-se na função, desfraldou vigorosamente a bandeira anti-Lula da Silva, no pressuposto de obter a simpatia do Presidente da República, em benefício próprio.

“Malandragem” em toda a sua plenitude (e que ignora aquilo que de mais sublime um homem possa auferir: a liberdade).   

quinta-feira, 20 de junho de 2019

"BATOM NA CUECA" - José Nilton Mariano Saraiva


Sabe aquele marido boçal e metido a esperto que, ao chegar em casa pela manhã e ante todas as evidências de que estivera “mijando fora do penico” ou mesmo “pulado a cerca” durante a noite passada, teima em continuar a mentir e mentir para a fiel esposa, com a desculpa esfarrapada que estivera no velório de um amigo, findando por convencê-la; até que, no banheiro, é traído espetacularmente quando a digníssima descobre “marcas de batom” impregnadas em sua cueca, evidentemente que oriundas dos lábios de uma mulher ???

Pois essa foi a impressão que nos deixou o ex-juiz Sérgio Moro, na sua fala, ontem, numa dessas comissões de congressistas (repleta de governistas), quando negou até não mais poder que houvesse cometido algum tipo de ilegalidade/irregularidade durante a lavratura de sentenças condenatórias no decorrer da Operação Lava Jato ou, mesmo, durante as conversas “in petto” (secretamente, em caráter sigiloso) mantidas com o seu “parceiro-preferencial”, procurador Deltan Dallagnol .

E, no entanto, os brasileiros sabem que eivada e repleta de tão “nobres predicados” (ilegalidades/irregularidades) estão as sentenças e os posteriores diálogos com o dito procurador, embora Sérgio Moro insista e persista em não reconhecer o “óbvio ululante”, como se o entendimento das pessoas “normais” não alcançasse o provindo das mentes privilegiadas das “excelências togadas”. Espetáculo de quinta categoria, deprimente e preconceituoso, do princípio ao fim.

Mas que nos leva a deduzir que Sérgio Moro deve ser um visceral adepto do ministro de propaganda de Adolf Hitler, Josepf Goebbels, que segurou até a morte a sua verdade, como primeira e única: “uma mentira repetida mil vezes se torna verdade”.

Será que os togados do Supremo Tribunal Federal permitirão que Sérgio Moro continue a trafegar impunemente, ad eternum, nesse mar de lama, ou afinal se insurgirão buscando redimir-se de todas as cabeludas lambanças perpetradas até aqui ???

Afinal, e isso é altamente preocupante em termos de desapego à democracia, já circulam boatos de que a reunião da 5ª Turma daquele colegiado, programada pra acontecer no próximo dia 25.06.19, que julgará o habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Lula da Silva, será mais uma vez adiada, até que assuma a presidência da turma a nauseabunda Carmen Lúcia, inimiga de primeira hora do ex-presidente e que, naturalmente, o remeterá (o habeas corpus) às calendas gregas.

E aí, estaremos diante de duas indesejáveis e horripilantes alternativas: a ditadura dos “milicos” (assumindo de vez e de fato o poder, ou sustentando o grupo miliciano que lá já está)  ou a ditadura dos “togados” (que barrará qualquer projeto representativo da ascensão dos menos favorecidos, através da escolha de um seu representante).  

Materializando-se, a “sua” escolha será “compulsória”.  

É mole ou quer mais ???

"IN FUX WE TRUST" (NO FUX A GENTE CONFIA) - José Nilton Mariano Saraiva


E os integrantes da nossa outrora Corte Maior (Supremo Tribunal Federal) continuam a chafurdar na lama e, por consequência, a demolir o que restava de respeitabilidade daquela instituição, já que, dia-a-dia,  denegrindo-a paulatinamente.
É o que se pode depreender da denúncia pelo site Intercept de conversas entre o então juiz Sérgio Moro e seu “parceiro-preferencial” o procurador Deltan Dallagnol, tratando especificamente do ministro do STF, Luiz Fux.
À vontade, num dos trechos de um dos vazamentos disponibilizados ao público, o citado procurador assegura ao juiz Sérgio Moro ter tido uma “conversa reservada” com o ministro Fux, oportunidade em que este teria, sub-repticiamente, deixado a impressão de “temer” o juiz, no pressuposto que Teori Zavascki, então integrante do STF, houvera se “queimado” num embate com o próprio.
E o temor/pavor demonstrados era tanto, que o ministro teria afirmado categoricamente que os procuradores da Lava Jato poderiam contar com ele no que fosse preciso, dali por diante. Ou seja, a força-tarefa contava com (mais um) homem de confiança dentro do STF (Barroso, Fachin e Carmen Lúcia tendem a cerrar fileiras). Coincidentemente, todos eles com “rabo preso” por conta de malfeitos num passado recente, que lhes permite serem alvos de chantagens diversas).
Ante o exposto, a pergunta, séria, que se impõe, é: depois desse imoral e vergonhoso oferecimento, será que não estaria na hora de entrar com um pedido de “suspeição” do ministro Fux  quando se for tratar da Operação Lava Jato, especialmente envolvendo o ex-presidente Lula da Silva ???

    


domingo, 16 de junho de 2019

NÃO ESQUEÇAMOS O TAL "SUPREMO" - José Nilton Mariano Saraiva


Ante um Supremo Tribunal Federal leniente, frouxo e passivo, o juiz de primeira instância, Sérgio Moro, de par com a turma do Ministério Público Federal do Paraná, usaram e abusaram de transgredir nossa Carta Maior (Constituição Federal) sem que fossem obstados por aquela Corte Superior.

A esfarrapada desculpa apresentada na oportunidade foi a de que, dada a “excepcionalidade” de que se revestia a tal Operação Lava Jato, o interesse da população se sobreporia às leis e à própria Carta Maior do país (pelo menos foi isso que declarou um dos ilustres Desembargadores que trataram da causa).

Eis que agora, com a entrada em cena do jornalista Glenn Greenwold (The Intercept), a “trama mafiosa” arquitetada pela quadrilha do Sérgio Moro para condenar Lula da Silva revela-se em toda a sua plenitude e desfaçatez.

Temos, então, a dolorosa constatação de algo vexatório, aético e imoral: membros do Ministério Público (Dallagnol e outros) sendo devidamente instruídos e orientados pelo próprio juiz da causa (Sérgio Moro) de como proceder e que caminhos seguir, a fim de que a peça acusatória (a lhe ser dirigida) tenha a consistência desejada por ele, juiz.

A irrefutabilidade da denúncia do The Intercept se constata a partir do instante que nenhum dos citados contesta o que foi denunciado, já que centraram seu descontentamento no “como” tais informações foram obtidas.

Assim, bradando sobre a “ilegalidade” (mas não sobre o conteúdo) das escutas veiculadas por The Intercept, Sérgio Moro e parceiros “esqueceram momentaneamente” que foram eles os “pioneiros” em tal tipo de procedimento, quando por quase cinco anos grampearam gregos e troianos, chegando ao cúmulo de gravar a própria Presidenta da República e findando por influir decisivamente no resultado de uma eleição presidencial.

O resultado é essa tragédia que está aí, com um grupo de milicianos à frente do país, “desconstruindo” tudo o que foi feito até aqui (conforme promessa de campanha).

Portanto, nessa hora gravíssima que atravessamos, tem o Supremo Tribunal Federal a oportunidade ímpar de se redimir perante a nação, ao reconhecer as arbitrariedades e abusos perpetrados pelo juiz Sérgio Moro, anulando “in totum” a sentença condenatória e, consequentemente, libertando de imediato o ex-presidente Lula da Silva.




quinta-feira, 13 de junho de 2019

A "ENTREGA" DE UM PAÍS - José Nilton Mariano Saraiva


A “ENTREGA” DE UM PAÍS – José Nilton Mariano Saraiva
Ainda com relação à matéria do The Intercept, convém atentar que num dos diálogos mantidos pelo ex-juiz Sérgio Moro com o Procurador Deltan Dallagnol, em 31.08.2016, temos a confirmação explícita de que a tal Lava Jato já àquela época atuava em defesa dos interesses dos “gringos”, o que configuraria crime de lesa-pátria. Veja abaixo (ipsis litteris):
31 de agosto de 2016
Moro – 18:44:08 – Não é muito tempo sem operação ?
Deltan – 20:05:32 – É sim. O problema é que as operações estão com as mesmas pessoas que estão com a denúncia do Lula. Decidimos postergar tudo até sair essa denúncia, menos a op do taccla (sic) pelo risco de evasão, mas ela depende de Articulação (sic) com os americanos.
Deltan 20:05:45 – (Que está sendo feita)
Deltan – 20:05:59 – Estamos programados para denunciar dia 14
Moro – 20:53:39 - OK
(Fonte: The Intercept)

Falta, agora, que após nos servir tão suculenta “entrada”, Glenn Greenwald nos sirva o "prato principal" do banquete, que seria as “confidências/combinação” (que tendem a ser apimentadas e explosivas) entre Sérgio Moro e o Desembargador Gebran Neto, à época a frente do Tribunal Regional Federal 4, de Porto Alegre, onde o ex-presidente Lula da Silva teve a pena imposta por Sérgio Moro não só confirmada, mas substancialmente aumentada (e de forma orquestrada) pelos três componentes daquele Tribunal, de forma que a condenação fosse “acelerada” (a pedido do Sérgio Moro ???), independentemente do processo não ter transitado em julgado e, portanto, “ainda” se achar inconcluso (é bom lembrar que Gebran Neto foi colega de Sérgio Moro na academia por anos e com ele guarda “afinidades” mil).
Em outras palavras, pelo andar da carruagem a tendência é que o gravíssimo crime perpetrado pela dupla Sérgio Moro/Dallagnol não ficou adstrito à primeira instância, já que seus tentáculos se espraiaram como rastilho de pólvora de Curitiba a Porto Alegre (segunda instância), o que caracterizaria “formação de quadrilha”.
Fato é que, após Sérgio Moro a Petrobras foi esquartejada (uma equipe da Lava Jato, junto com o ex-Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, foi aos Estados Unidos entregar informações e documentos que serviram para que a Petrobras fosse acionada judicialmente), o pre-sal (nosso passaporte para o futuro) foi entregue às grandes petrolíferas internacionais a preço de banana em fim de feira, a nossa indústria naval abandonada, assim como a competente e respeitável indústria pesada brasileira desmontada, resultando por tornar possível que um elemento absolutamente despreparado e incompetente ascendesse à Presidência da República, mesmo com a promessa de “desconstruir” tudo que havia sido construído até então (o que está sendo feito com celeridade).
E ainda tem babaca que aplaude essa merda toda.



quarta-feira, 12 de junho de 2019

O BOBO DA CORTE - José Nilton Mariano Saraiva


A BANCA DO DISTINTO (autor Billy Blanco, intérprete Elis Regina)
Não fala com pobre, não dá mão a preto
Não carrega embrulho
Pra que tanta pose, doutor
Pra que esse orgulho
A bruxa que é cega esbarra na gente
E a vida estanca
O enfarte lhe pega, doutor
E acaba essa banca
A vaidade é assim, põe o bobo no alto
E retira a escada
Mas fica por perto esperando sentada
Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão
Mais alto o coqueiro, maior é o tombo do coco afinal
Todo mundo é igual quando a vida termina
Com terra em cima e na horizontal
O “cancioneiro popular” tem o condão de nos propiciar pérolas raras e que refletem o dia a dia de todos nós, tal a assertiva dos seus versos. Tal reflexão se encaixa como uma luva no atual momento brasileiro, quando se descobre que o ex-todo poderoso juiz Sérgio Moro e seus comparsas do Ministério Público, da tal Operação Lava Jato (sediados em Curitiba e Porto Alegre), conhecidos como intransigentes combatentes da corrupção, não passam de... corruptos potenciais, já que capazes de se associarem para negociar a condenação de alguém por interesses outros (e isso, quer queiram ou não, é corrupção).
Pois bem, literalmente pegos com a “mão na massa” (figura retórica que aqui se aplica) o juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol bem que tentaram desqualificar a séria denúncia do site The Intercept, comandado pelo jornalista Glenn Greenwald, onde os dois “tramam” o “como fazer” para denunciar/condenar o ex-presidente Lula da Silva, com o então juiz “orientando” pari passu e “apontando pistas” que deverão ser seguidas pelo procurador, a fim de viabilizar uma sua decisão condenatória, que se verificou a posteriori.
Flagrante e humilhantemente desmascarado e sem argumentos ante a contundência dos fatos Sérgio Moro não negou absolutamente nada do que foi denunciado pelo The Intercept, mas, tentou sair pela tangente ao alegar que... “basta ler o que se tem lá e verificar que o fato grave é a invasão criminosa do celular dos procuradores”.
Ao ser lembrado pelo próprio jornalista que foi ele que estuprou a Constituição Federal ao captar e divulgar em pleno horário nobre uma conversa entre a então Presidenta da República Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula da Silva, que viria a influenciar mais tarde no resultado da eleição presidencial, a desculpa esfarrapada foi que
“O problema ali não era a captação do diálogo e a divulgação do diálogo, era o diálogo em si, o conteúdo do diálogo, que era uma ação visando burlar a justiça. Este era o ponto” (ou seja, ele pode burlar a justiça, transgredir, fazer e desfazer, os outros, não).
Fato é que, mais tarde, “premiado” com o Ministério da Justiça por um medíocre franco-atirador que ascendeu ao poder graças às suas trapaças (em conluio com o Ministério Público Federal do Paraná), e com a promessa de que seria guindado ao Supremo Tribunal Federal, dentro de pouco tempo, Sérgio Moro nunca imaginou que
A vaidade é assim, põe o bobo no alto
E retira a escada
Mas fica por perto esperando sentada
Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão
Mais alto o coqueiro, maior é o tombo do coco afinal
Todo mundo é igual quando a vida termina
Com terra em cima e na horizontal
E como o jornalista Glenn Greenwald foi peremptório ao afirmar que apenas 1% do arquivo que recebeu foi divulgado, a nação inteira está na expectativa do que virá por aí (não devem ser boas as notícias para os mafiosos integrantes da “República de Curitiba”).
No mais, como já desconfiava que dada à soberba que se apossou de Sérgio Moro este não iria se conformar com uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, mas, sim, sem nenhum escrúpulo iria “bater de frente” com ele nas eleições de 2022, intimamente Jair Bolsonaro está em pleno estado de orgasmo.
Fica a “inquietante” pergunta: como não passou nem no exame da OAB (e portanto não está habilitado a advogar) para onde irá Sérgio Moro ???



segunda-feira, 10 de junho de 2019

RECORDAR É VIVER ??? - José Nilton Mariano Saraiva

Com relação à seríssima denúncia do site The Intercept, do intrépido, sério e corajoso jornalista Glenn Grenwald (laureado com o prêmio Pulitzen de jornalismo investigativo), e a quem o americano Snowden escolheu para divulgar ao planeta as safadezas da CIA com gente do mundo todo, entendemos que se tivéssemos um Corte Suprema digna de tal expressão Sérgio Moro e Deltan Dallagnol já deveriam ter amanhecido vendo o sol nascer quadrado (ou seja, atrás das grades) por chefiarem uma "quadrilha", na mais completa acepção do termo. 

A propósito, permitimo-nos repostar/transcrever uma postagem de nossa autoria, com o título "De: Sérgio Moro - Para: Sérgio Moro", que fizemos nos blogs para os quais colaboramos, em setembro de 2016, tratando exatamente sobre o mesmo tema. 

Premonição ??? Confiram abaixo.

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terça-feira, 20 de setembro de 2016

DE: SÉRGIO MORO - PARA: SÉRGIO MORO (José Nilton Mariano Saraiva)



Se alguém por essas bandas (Brasil) duvidava que o deprimente espetáculo patrocinado meses atrás pela Câmara Federal para aprovar a cassação (sem crime de responsabilidade) da Presidenta Dilma Rousseff, algum dia poderia voltar a acontecer, dada à palhaçada de que se revestiu e a consequente repercussão negativa resultante, quebrou a cara.
Nem o banco esfriou e a “República de Curitiba” não só o bisou, como tratou de armar um circo bem mais amplo e repleto de holofotes, que abrigasse a imprensa nacional e internacional, com direito a um sem número de “transparências” (power point), mas com um só mote: acusar Lula da Silva de ser o “maestro”, o “general” e o “comandante” de todas as ações irregulares havidas no decorrer dos tais “mensalão” e “petrolão”. 

E aí, empolgado e visivelmente picado pela mosca azul, o pastor evangélico Deltan Dallagnol, com o seu ar messiânico não economizou nos adjetivos e deitou falação sobre a culpabilidade de Lula da Silva nos dois processos e, alfim, antecipou ali mesmo o veredicto final: deve ser preso e pagar por tudo aquilo. Bastou, entretanto, que um repórter mais perspicaz fizesse uma simplória pergunta para que o circo literalmente desabasse: “Doutor, e as provas ???”. E a resposta foi um misto de bizarrice e hilaridade: “Não temos prova, mas temos convicção”. 

Ou seja, sem tirar nem por, aconteceu exatamente o que presenciamos no julgamento do tal “mensalão”, quando a ministra do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber (à época assessorada por um então desconhecido juiz de primeira instância, Sérgio Moro), inquirida sobre a existência de provas, disparou: “Não tenho prova cabal contra o Dirceu, mas vou condená-lo porque a literatura jurídica me permite”. E assim foi feito, vapt-vupt. Sem choro e nem vela. E já com as digitais do Moro.

Fato é que, apesar do vexame propiciado por Dallagnol e sua troupe na apresentação da denúncia contra Lula da Silva, ela tem toda a chance de ser aprovada e, enfim, se anuncie a prisão do ex-presidente, e por uma razão simplória: existe uma gritante anomalia na “República de Curitiba”. Lá, Sérgio Moro manda e desmanda, casa e batiza, bate e assopra e, enfim, determina como e quando as coisas devem acontecer. Dallagnol e demais procuradores do Ministério Público não passam de caixa de ressonância, ouvintes atentos e "cordeirinhos amestrados" prontos a executar o que o Juiz lhes determinar; Moro e o Ministério Público Federal curitibano são como carne e unha, visceralmente ligados, constituem uma mesma entidade, agem em conjunto, se confundem.

Assim, não há que se duvidar que o próprio Sérgio Moro instrua-os como devem apresentar a denúncia e por onde seguir. Ou seja, o que Dallagnol envia para o Sérgio Moro é o que o Moro lhe enviou para que seja devolvido em forma de denúncia. Ou mais precisamente: seria uma espécie de correspondência de MORO para MORO (com a desonesta tabelinha do procurador). Não há, pois, como referida denúncia não ser aceita, apesar da comédia pastelão patrocinada pelos procuradores curitibanos. Simplesmente porque em assim acontecendo, Moro estaria a negar o próprio Moro. 

Em razão de tais arbitrariedades, a pergunta que então se impõe é: afinal, para que serve mesmo o “livrinho” (Constituição Federal) ??? Para que serve um Supremo Tribunal Federal cuja missão maior é exatamente ser o “guardião” do livrinho, fazendo-o ser respeitado ??? Ou o marginal Sérgio Machado estava coberto de razão quando disparou: “Nunca tivemos um Supremo tão merda como esse”. 
A conferir.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

A MÃE, O JUAZEIRO E O PADRE CÍCERO - Dr. Demóstenes Ribeiro (*)


O menino despertou com o canto do galo, e a mãe já preparava a viagem ao Juazeiro. Ela dormiu pouco. O trem ainda apitava ao longe, mas estavam todos ansiosos. Haveria a compra das passagens e era grande o burburinho do povo.
Eles logo tomariam assento. Aquela, quase aventura, era uma viagem especial. A irmã querida, frágil e magrinha, quase morreu de sarampo, e a família iria demonstrar ao Padre Cícero toda a sua gratidão. E próximo à estação, pela janela do trem, vendo a Igreja dos Franciscanos, logo chegaram ao Juazeiro.
O pai, a mãe e as crianças desceram pela rua São Pedro, vaguearam pela São José, andaram na Santa Luzia, na Conceição, no Mercado, talvez na José Marrocos e na Floro Bartolomeu. E o pai conduzindo a todos, certamente deslumbrado com “A Aliança de Ouro”, “As Casas Pernambucanas”, o BNB e o Banco do Brasil: mil sonhos e temores no seu coração guerreiro.
E em meio aos romeiros, na capela do Socorro, no túmulo do Padre Cícero, eles pagaram a promessa. Muitas vezes depois, agora sozinho, no mesmo trem ou de ônibus, o menino voltaria. Compraria gibis e enfeites de bicicleta; na praça principal tomaria sorvete de abacate ou pegaria uma Kombi para o Crato, onde nesse tempo estudava.
E as promessas continuaram com a mãe pedindo a aprovação dele no vestibular e a formatura em Medicina. O milagre se repetiu e todos voltaram, subiram o horto e agradeceram ao “meu Padim” pelo ingresso improvável daquele menino velho na universidade.
Juazeiro do Norte, lugar abençoado, onde meu irmão é feliz. Terra da fé e milagre do Padre Cícero. No teu povo humilde e bom, e não nos ladrões do dinheiro público, existe a força divina a construir a tua história.
E dias atrás, ao ver na televisão tantos “padres cíceros” na bateria de uma escola de samba no carnaval do Rio de Janeiro, ele se lembrou do Cariri e da sua gente, chorou em silêncio e novamente agradeceu ao santo da mãe e da irmã, da infância e da família, pela proteção presente nessa caminhada.
Outro dia em Fortaleza, dia treze, ao passar em frente à Igreja de Fátima, dentro de um automóvel, ele, como um menino antigo, também se juntou às vozes que cantavam e murmurou “com minha mãe estarei na santa glória um dia...” E lembrou do pai, de terno branco e gravata, - velhos tempos - para a missa do domingo na cidadezinha.
Então, fez uma prece e agradeceu muito à mãe. Pois ela, tão devota do Padre Cícero, ainda muito pequeno lhe ensinou a rezar e com imensa sabedoria lhe transmitiu toda a fé. Porque somente um milagre, acreditem ou façam pouco, era a sua vida até aqui.

(*) Médico-Cardiologista, natural de Missão Velha e residente em Fortaleza-CE

terça-feira, 30 de abril de 2019

“NUVEM PASSAGEIRA, QUE COM O VENTO SE VAI” - José Nilton Mariano Saraiva


É de certa forma incompreensível que, repentinamente, os blogs particulares, que serviam de estuário às manifestações de colaboradores dos mais diversos matizes e perfis ideológicos, progressivamente se esvaziem em razão da migração dos seus participantes para a rede Facebook.

E incompreensível porque, enquanto as postagens nos blogs se caracterizam pela disponibilização contínua do que lá é postado (a quem interessar possa), no Facebook é como se fora uma “nuvem passageira, que com o vento se vai”;  assim, “rolam” rapidamente dentro de instantes, ficando difícil até de acha-las a posteriori (ou 01 minuto depois).

Além do que, nos blogs particulares o espaço é “generoso” e convidativo à reflexão, porquanto fixo e facilmente acessível a qualquer momento, permitindo até o surgimento do contraponto daqueles que pensam diferentemente, trazendo, como consequência, o “debate” de ideias conflitantes.

Referimo-nos, particularmente, ao “abandono” verificado nos últimos meses nos blogs cratenses “No Azul Sonhado” (de Socorro Moreira) e “Cariricult” (do Salatiel), outrora prestigiados por diversos colaborares de reconhecido gabarito e competência (José Flávio, José do Vale, Emerson  Monteiro e outros), mas que, agora, apresentam uma “secura” de dar dó, com postagens esporádicas de um ou outro.

Portanto, senhores, não vamos deixar que os blogs morram de inanição; postem, divulguem, exponham, estimulem outros a o fazerem, independentemente do viés ideológico.

Afinal, blogs são ou não difusores de cultura e informação ???


sábado, 20 de abril de 2019

OS "LAVAJATEIROS-VAZADORES" - José Nilton Mariano Saraiva

Já alertávamos, lá atrás, em uma de nossas postagens, que após permitir que a tal Lava Jato impunemente pintasse e bordasse (através do estupro diuturno da Constituição Federal), algum dia os integrantes do Supremo Tribunal Federal haveriam de sentir-se “ameaçados” na sua teórica condição de “guardiões da Constituição” e tenderiam a partir para o revide, a fim de mostrar “quem manda mesmo no pedaço” (definição jurídica final).

Pois bem, como a “corda” foi generosa e magnânima, capaz de afagar o ego até do mais insensível dos seres, (por parte de uma mídia desonesta e parcial), os ”lavajateiros”, à frente Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e Gelbran Neto,  perderam as estribeiras e abertamente assumiram a condição de “semideuses”, capazes de tudo e abrangendo todos, quer através de chantagens e mentiras, quer pela disseminação de um clima de terror generalizado, capaz de transformar a simpática Curitiba (sede da Lava Jato) numa terra a ser evitada de qualquer maneira, por gregos e troianos. Até porque, guardada as devidas proporções, “descer” pra Curitiba seria como que adentrar Auschwitz, o famigerado campo de concentração nazista (afinal, até prova em contrário, a tortura psíquica, especialidade de Sérgio Moro, é tão ou mais dolorosa e devastadora quanto à física).

E o retrato emblemático das ilegalidades nos interrogatórios que ocorriam em Curitiba pode ser observado pela transcrição de parte do embate entre a defesa de Marcelo Odebrecht e o então todo poderoso Sérgio Moro, a saber (ipsis litteris):
Defesa de Marcelo Odebrecht — Antes que Vossa Excelência encerre a gravação, estou vendo aqui, no site Antagonista, que o depoimento do senhor Marcelo está sendo transmitido, neste exato momento, EM TEMPO REAL, de sorte a desrespeitar a determinação de Vossa Excelência do segredo de Justiça. Está aqui. Quer que eu coloque para Vossa Excelência? (…) E SÓ PODE TER VAZADO AQUI DE DENTROEntão, nós estamos numa situação de flagrância. É só entrar no site e ver.
Juiz Sergio Moro — Tá… Ehhh… A gente trata disso sem precisar da gravação aqui.
Defesa de Marcelo Odebrecht – Não, não, faço questão que isso fique registrado aqui.
Juiz Sergio Moro – Não, sim, mas…
Defesa de Marcelo Odebrecht – Vossa excelência não quer ver a fidelidade da transmissão?
Juiz Sergio Moro – Sim, doutor. Mas é uma questão pertinente ao interrogatório dele [Marcelo Odebrecht]. Nós tratamos na ata. Pode interromper a gravação.

Ou seja, surrealisticamente, com autorização expressa do juiz Sérgio Moro, um depoimento tido como “segredo de justiça” estava sendo transmitido (vazado) “ao vivo” para um site pra lá de suspeito, na Europa, a fim que fosse divulgado quando se tornasse conveniente à bandidagem.

Não é de se estranhar, pois, que hoje, quando (até que enfim) os integrantes do Supremo Tribunal Federal parecem ensaiar um “bater de frente” com os “lavajateiros” (depois que o “objeto de desejo” – condenação e prisão de Lula da Silva, foi alcançado), estes se apeguem aos mesmos métodos sujos para “vazar” ao mesmo site (O Antagonista) possíveis malfeitos do atual Presidente do STF, praticados lá atrás. É o “método Moro” de agir e fazer (e o seu “banco de dados”, convenhamos, deve contemplar milhões de patrícios, todos sujeitos à “deduragem” a qualquer momento).

Fato é que, se tivéssemos um Corte Maior expedita, atuante e que se fizesse respeitar, a essa altura Sérgio Moro e seus procuradores estariam pagando caro pelas cabeludas e infindáveis barbaridades que perpetraram desde o nascimento da tal Operação Lava Jato (mas, pagarão, mais cedo ou mais tarde).

E o país não estaria a experimentar a vexatória situação que atravessa, refletida na esculhambação jurídica vigente, permissiva a que alguém seja condenado por "atos de ofício indeterminados" antes mesmo do processo acusatório chegar ao seu desenlace final, ao arrepio, pois, do que preconiza a Constituição Federal.  




quarta-feira, 17 de abril de 2019

A AULA DE ZAVASCKI


O MÉTODO MORO DE MANTER PRESAS PESSOAS SEM CULPA CONFIGURADA, EM BUSCA DE “DELAÇÕES”, É “MEDIEVALESCO” E ENVERGONHA QUALQUER SOCIEDADE CIVILIZADA (TEORI ZAVASCKI).

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A pergunta é: se vivo estivesse Teori Zavascki, Sérgio Moro teria tido a oportunidade de impedir que Lula da Silva concorresse à Presidência da República, influindo decisivamente no resultado do pleito (que findou por nos legar esse idiota que assumiu o poder) ???

segunda-feira, 15 de abril de 2019

ELEGIA PARA RANÚSIA - (LURILDO SARAIVA - PROF. TITULAR DE CARDIOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO)


Eu a conheci durante as inúmeras passeatas, que fazíamos contra a Ditadura Civil-Militar de 64. Era uma quase meninota, magrinha, de olhar meigo, olhar faceiro, olhar puro, pernas finas, tez branca, nariz adunco, cabelos alourados e muito lisos. Era extremamente generosa, dócil, apegada à profissão de Enfermagem, que escolhera para ajudar ao próximo. Valente e guerreira. Incursa no Decreto-Lei 477, feito pelos generais para afugentar os jovens da conscientização política e da luta pelas liberdades democráticas, não se furtou a continuar o seu trabalho de ajudar fundamentalmente os enfermos pobres, ontem, como hoje, a sofrerem pela própria doença e pelo descaso com os hospitais universitários, carentes de tudo.
Lembro-me que a vi no enterro do Padre Henrique Pereira Neto, este uma das primeiras vítimas do terror da era Médici, de olhos úmidos, em plena Avenida Caxangá, ao lado da minha irmã, como ela, enfermeira. No ano de 1970, quando eu era interno no Hospital Pedro II, por volta das nove horas das sextas feiras, quase sempre me trazia um enfermo pobre para medicar e, sobretudo, companheiros, que militavam em luta clandestina, mostrando na pele estigmas das torturas ocorridas no DOPS. Eu os via de modo sorrateiro, com nomes falsos, tentando burlar a vigilância dos agentes direitistas, que pululavam nas unidades da UFPE, que, ulteriormente, viria a saber ser um dos centros de tortura política no país.
Em fins de 1970, ela me chama com discrição e diz estar partindo para a luta armada. "Tem certeza, Ranúsia, que é este o caminho? - Sim, Lurildo, não há outro, esta ditadura só será exterminada na bala. Tu não queres ir comigo? - Não, Ranúsia, não tenho coragem, não. - Mas, companheiro, a gente adquire na luta! - Não, amiga, prefiro atuar como médico". Foi este o nosso último encontro. Em 1973, leio no Estadão, em frente ao apartamento, onde recém casado residia na Rua Teodoro Sampaio, em São Paulo: "Terrorista é morta em tiroteio contra as Forças de Segurança em Jacarepaguá". Enchi os olhos de lágrimas, eu e todos sabíamos que aquela notícia era falsa, devia ter sido morta pelas torturas medievais, comandadas por Fleury, o sádico serviçal da ditadura, desumano e cruel.
De fato, as cinco maiores organizações da esquerda armada - VAR-PALMARES (fusão da VRP e COLINA), da qual era uma dos dirigentes a companheira Dulce, e que iria futuramente sofrer a metamorfose direitista atual como Presidente Dilma; a ALN, do Mariguella e Joaquim Câmara; a VPR, do Comandante Lamarca; o PCBR, do Mário Alves; o MR8, de Palmeiras e Gabeira; e a APML, do Mata Machado - se juntaram no justiçamento de famoso torturador paulista, íntimo do Delegado Fleury, que havia morto vários companheiros da guerrilha urbana, em violentas torturas no DOI-CODI de São Paulo. Ranúsia representou o PCBR em plena Avenida Copacabana. Por este ato político, Fleury jurou diante dos seus asseclas, que nenhum dos componentes do grupo guerrilheiro, se salvaria da tortura e da morte.
Ranúsia foi apanhada em 27 de outubro de 1973. Viríamos a saber que durante dois dias, ininterruptamente, foi torturada sem piedade pelos comparsas de Fleury, sob seu comando pessoal. Como era comum nesses atos criminosos, deve ter sofrido no pau de arara, deve ter recebido choques elétricos na sua intimidade de mulher, deve ter tido unhas e dentes extirpados a cru, deve ter padecido horrores, com gritos lancinantes.
Ainda assim, quase exangue, foi obrigada pelo monstro humano, a reconhecer, naquele bairro distante da cidade do Rio, companheiros com quem iria encontrar-se. É possível, com a coragem da mulher sertaneja, que tenha se recusado a cumprir o papel de delatora, mas há um limite para a atrocidade e a dor. E, ali mesmo, teve o que restava do seu corpo, metralhado por balas, sendo jogado em cova rasa e tempos depois, em vala comum. Antes disso, meses antes, teve a prudência de entregar a sua filhinha, gerada e nascida na repressão, a uma senhora doméstica da casa dos pais na infância em Garanhuns, para dela cuidar, criança não de todo aceita, face à clandestinidade em que vivia a mãe, não compreendida por muitos.
Posso avaliar já distante no tempo, o que deve ter pensado aquela menina, sequiosa de Justiça, amante do Socialismo, durante as sessões de tortura:" Onde estaria Zane, sua irmã, membro do mesmo PCBR? Como estaria sua filhinha, de quem foi forçada a se separar, pelo amor à Pátria? Como estaria seu pai, o senhor Moisés Rodrigues, de quem cuidei pessoalmente como médico, observando diariamente o seu semblante triste, com o afastamento de quatro filhos, todos em luta clandestina contra aquela mistificação de “Revolução”?
E os algozes que se desfaziam daquele corpo violentado, como nos dizia o nosso Dom Helder - "Templo vivo do Espírito Santo", mal sabiam que estavam a enterrar uma Heroína Pernambucana, que deu a própria vida por Justiça, preenchendo, assim, plenamente, uma das Bem-Aventuranças de Jesus Cristo, para adentrar no seu Reino de Paz. Sequer sabiam aqueles "homens bichos", que tinham em suas mãos um corpo quase imaculado, pois que legara à Pátria os seus anos juvenis, na luta contra uma sangrenta ditadura civil-militar, serviçal do Capitalismo sem Pátria, mantenedora de um regime excludente, que ainda hoje persiste, sob a égide de uma coligação de centro-direita, a enriquecer, de modo exponencial, os que sempre foram ricos, como agora fez, praticamente doando aos Capitalistas o campo petrolífero de Libra, o maior já descoberto na História.
Querida Ranúsia, ainda ecoa em nossos corações a gargalhada do sádico Coronel Perdigão, "que ria, ria muito alto", naquela noite sombria de 28 de outubro de 1973, na Praça Sentinela, em Jacarepaguá, quando terminava a sua heroica vida, atirando na sua cabeça, os dois últimos tiros que a exterminaram. Nós, permanecemos fiéis aos mesmos ideais que nos levaram às ruas deste país nos anos 60, continuamos seus irmãos. Sua vida não será nunca esquecida, você, inesquecível amiga, hoje Heroína Pernambucana, Heroína da sua Garanhuns, está e estará sempre, no Altar da Pátria, nos lares dos empobrecidos do nosso país, nos que padecem nas filas de hospitais sucateados pela ex-companheira Dulce, para facilitar a sua privatização, nos ônibus que são uma ofensa ao deslocamento dos operários, em ruas entupidas de carros, pois o modelo neoliberal de direita assim o quis, para aumentar o lucro gigantesco dos fabricantes de veículos.
Ao contrário do que queríamos, querida Ranúsia, quem organiza e orienta as nossas cidades, não são os representantes do povo, são as empreiteiras, são as construtoras de gigantescos e feios megaprédios, que vão destruir, dentro de poucos anos, a beleza da Recife, que conhecemos em 1962, aquela linda Veneza Brasileira, querida amiga. E você jamais pensou, na grandeza da sua valente luta, que Dulce, aquela mulher valente da VAR-Palmares, que chegou a considerar o Comandante Lamarca um "frouxo", e que participou do planejamento da expropriação do cofre de Ademar de Barros da casa da sua amante no Rio, para o financiamento da guerrilha urbana, agora, neotransformada pela coligação de centro direita, que nos comanda, traindo o seu passado, vítima do Exército na tortura cruel que sofreu, jogaria esse mesmo Exército contra o seu povo, que protestava nas ruas do Rio contra a doação do riquíssimo campo petrolífero de Libra aos mesmos capitalistas que mataram Getúlio e a torturaram, em crime de Lesa Pátria, a merecer o devido " impeachment" do cargo mais honroso da Nação.
Mas, Ranúsia, diga ao grande Prestes, diga ao João Amazonas, diga ao Padre Henrique, diga ao nosso Dom, diga ao Frei Tito de Alencar, que apesar de estarmos entrando na etapa final da vida, agora surgem jovens tão valentes como fomos, a invadirem as nossas ruas, clamando por Justiça e Liberdade, por um modelo econômico autenticamente nosso, não subordinado ao Capital Internacional, como atualmente reina e nos sufoca. Amiga, a semente vingou, vingou Companheira Ranúsia!

Que você ouça, Ranúsia, no Altar da Pátria, o que nos disse o nosso Dom Helder: "Felizes os que sonham, alimentarão a Esperança de muitos, e correrão o doce risco de um dia ver os sonhos realizados".


sábado, 13 de abril de 2019

LULA É CULPADO (ROBERTO REQUIÃO)


Lula é culpado (Roberto Requião*)

Definitivamente, Lula é culpado. Desde sempre. Nasceu culpado, viveu sob o estigma da culpa e haverá de morrer no pecado. Lula é culpado há gerações. O seu sangue está contaminado por cepas indígenas e, provavelmente, africanas.

Lula é malnascido. E mal-agradecido: em vez de se conformar à sorte de ter sobrevivido a uma taxa de mortalidade infantil que transformava em anjinhos, pela graça de Deus, mais de 90 das 100 crianças nascidas no sertão pernambucano, quis alçar-se além de sua condição de sobrevivente, de sobra do destino, de raspa do tacho. Quis - oh falta de senso da ordem natural das coisas! - ser presidente da República.

Lula não é inocente. Pode até ter sido ingênuo, por acreditar que fosse aceito ou tolerado pela Casa Grande e seus sabujos. Pode ter sido confiado, crédulo. Mas não inocente.

Dizer, gritar, espernear que Lula é inocente, é dar legitimidade às acusações e condenações de Moro, Dallangnol, daqueles patéticos juízes do TRF-4, talvez a mais completa corte de pascácios da história do judiciário brasileiro. Dizer que Lula é inocente é certificar todas as manchetes, todos os textos, todos os artigos, toda as opiniões que a mídia comercial, e monopolista, verte em caudais todo os dias. Dizer que Lula é inocente é reconhecer e validar o que o Jornal Nacional, na voz marcante de William Bonner ou com a sisudez para a ocasião de Renata Vasconcelos, comunica aos brasileiros todas as noites há mais de mil noites.

Dizer que Lula é inocente, corresponde até mesmo a aceitar a bizarrice do power point de Dallangnol, a militância aecista de Igor Romário, a incompetência letal de Erika Mareka e o cavanhaque indecoroso do Santos Lima.
Dizer que Lula é inocente é como que ratificar as acusações dos nazistas a Dimitrov, pelo incêndio do Reichstag; autenticar a culpa de Dreyfus por traição à França; é escolher Barrabás; é filiar-se ao Santo Ofício na condenação de Giordano Bruno; é adotar como sua a sentença contra Tiradentes; é atuar como assistente de acusação da Savonarola; é botar fogo nas piras que consumiram todos os cristãos novos e os muçulmanos recalcitrantes, as bruxas, os hereges e a longa procissão dos desajustados às normas da Santa Madre.

Lula é inocente do quê? De um apartamento que nem Moro reconheceu que fosse dele? De um sítio, cuja propriedade escriturada, de papel passado e testemunhada foi sonegada a troco - mais uma vez - da convicção de um juiz, da delação de um torturado?

Não, não há inocência em Lula. Ele não é inocente de roubo, porque não roubou. Lula é culpado!

Como a Joana D’Arc de Bernanos e de Bressan, Lula é culpado de sua inocência. Como a Santa, foi relapso, desavisado, confiante, demasiadamente confiante. Afinal, ele imaginou que poderia fazer tudo o que fez impunemente? Que poderia arrostar os poderosos e seus interesses transnacionais, desafiar um a um os proprietários da política, os donos do dinheiro, os donos da opinião pública e à sempre desfrutável classe média? Em que país pensou que vivesse? É desta ordem a culpa de Lula.

Lula é culpado porque resgatou dos porões do gigantesco navio negreiro que é este país, dezenas de milhões de brasileiros. É culpado porque introduziu essa gente no maravilhoso mundo das três refeições diárias, mesa há 500 anos reservada a apenas uma minoria. É culpado por essa fantástica e ciclópica (que mais superlativos poderia usar?) obra de combate à fome, à desnutrição, à mortalidade materno-infantil, à degradação física e moral da nossa gente. É culpado porque botou anel de doutor no dedo dos filhos de operários e trabalhadores rurais. É culpado porque inventou um programa para dar aos brasileiros uma moradia digna, sadia e financeiramente acessível. É culpado porque, operário e pau-de-arara, entendeu mais que os ilustrados antecessores, especialmente mais que o sociólogo boquirroto, ciumento, fútil e ocioso, que um país sem ciência e tecnologia estaciona no tempo e no espaço e torna-se mero e servil caudatário das nações imperiais. Daí a magnífica rede federal de educação profissional, científica e tecnológica, a rede de escolas técnicas, as universidades plantadas em todo o país, para horror dessa nossa elite tacanha, obtusa, inculta, grosseira e preconceituosa que ainda hoje sonha com a senzala.

Lula é culpado pela mais fabulosa descoberta em território pátrio dos últimos séculos, o petróleo na camada do pré-sal. Os muxoxos dos tucanos, à frente, na vanguarda do atraso, como sempre, o invejoso FH; e a reação blasé dos economistas e dos jornalistas de mercado, da grande mídia comercial e do mercado financeiro, revelaram não apenas despeito, mas, sobretudo, decepção com as possibilidades abertas à consolidação da soberania nacional e, acima de tudo, da cimentação de um poder popular, nacional e democrático.

Lula é culpado por ter aberto a mais formidável possibilidade para remir o Brasil do atraso, da pobreza e da dependência. Lula é culpado por insurgir, desafiar, confrontar aquela que, talvez, seja a pior, mais daninha, a mais colonial, a mais estúpida, a mais iletrada, ignorante e xucra das classes dominantes mundiais, a elite brasileira.

Lula é culpado por tornar o Brasil respeitado, ouvido e acatado internacionalmente. Jamais, em tempo algum, o nosso país teve tal protagonismo e liderança. Lula enterrou o complexo de vira-lata, de que os sapatos do chanceler dos tucanos são o mais vergonhoso exemplo. E isso foi imperdoável!

Lula é culpado, mil vezes culpado, por ter libertado a Polícia Federal e o Ministério Público das injunções políticas, dando-lhes, é verdade, uma autonomia excessiva.

Lula é culpado (por favor, nunca relevem essa culpa que, para a classe média metida a sebo, esse é um pecado mortal) por transformar os aeroportos em rodoviárias.

São por essas culpas que Lula foi condenado e é mantido preso. São as culpas de Mandela, de Spartacus, de Frei Caneca, de Zumbi dos Palmares, do Conselheiro. O tal do triplex, cuja propriedade permanece em um incômodo e escandaloso limbo? Os pedalinhos dos netos em um sítio em Atibaia?

Ora, vão à merda!


quarta-feira, 10 de abril de 2019

UM RARO MOMENTO DE SINCERIDADE DO MINISTRO


Em reunião acontecida no sexto andar do ministério da Economia, no dia 12 de março de 2019, presentes seis presidentes de Tribunais de Contas estaduais (Thiers Montebello – Presidente TCM/RJ; Antônio Roque Citadini – Presidente TCE/SP ; Adircélio de Moraes Ferreira Júnior- Presidente TCE/SC ; Edilberto Carlos Pontes Lima- Presidente TCE/CE;  Celmar Rech – Presidente TCE/GO, Cláudio Couto Terrão, que deixava a presidência do TCE de Minas Gerais , além do  conselheiro Antônio Renato Alves Rainha do TC/DF), o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou peremptoriamente:

“Estamos convencidos de que Lula não roubou um tostão. E seu patrimônio prova isso. Ele não teve foi quem o avisasse do que acontecia em torno de seu governo. Acabou vítima do jeito de fazer política no Brasil. Serve como exemplo”.