por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 9 de maio de 2012

Os equídeos que foram á beira do rio e não beberam água - José do Vale Pinheiro Feitosa


A história é a que seguirá. Havia um povo muito esforçado, morando nas terras baixas por onde corria um rio de águas limpas e puras. As águas do rio eram a riqueza daquele povo: dela vinha a irrigação dos alimentos, a solução da sua cozinha e o cuidado dos produtos trocados com outros povos. 

O povo descobriu que os cavalos que habitavam as estepes poderiam ser utilizados para transportar os produtos trocados à distância, em maior quantidade e sem o sacrifício próprio.

Por isso alguns foram destacados para laçar e cuidar dos animais. Logo se deram conta da importância daqueles animais para as pessoas e passaram a exigir cada vez mais recursos para fazer a parte que lhes cabia.

As pessoas, na sua terra, com o rio de águas limpas e puras virava o dia de sol a sol em seus afazeres, fizesse inverno ou seca, fosse calor ou frio. Os cuidadores dos cavalos nada mais faziam do que subir e descer das estepes. Passaram a morar no único estreito da montanha que ligava a planície e o planalto e pelo controle exigiam cada vez mais parcela dos produtos fruto do trabalho de todos.

Ficaram tão espertos e egoístas que ao levarem os cavalos a se saciarem nas águas puras e limpas do rio, se desleixavam e os animais urinavam, turvavam as águas com as patas, defecavam na correnteza e o povo sofria a poluição das águas. Os cuidadores tinham naquela atitude o poder de força capaz de fazer o que bem quisessem sem que ninguém nada pudesse em contrariedade.

Quando o povo começava a se irritar com aquela arrogância, eles corrompiam os mestres do povo para dizerem que o mundo era assim mesmo e que nada se podia contra. Se um mal-estar se generalizasse eles mandavam porta-vozes anunciarem o pior por vir se as coisas não fossem mais como eles queriam que fosse.

O povo foi perdendo capacidade de plantar e produzir e assim os cavalos foram ficando ociosos. Com os cavalos ociosos os cuidadores perderam parte da boa vida que levavam. Eles rebaixaram algumas exigências, mas não o teor das ameaças e do medo não.

Naquela situação o povo se lixou para os mestres e porta-vozes e começou a fazer juízo da própria realidade. Até que um dia chamaram uma mulher muito simples, vivia anotando o estoque dos produtos trocados e disseram: “vamos lhe dar uma nova tarefa. Você irá dizer aos cuidadores de cavalos que só poderão beber água no nosso rio se deixarem a água limpa e pura. Como é a natureza da água.”

A moça foi e deu o recado. Missão cumprida foi para casa descansar. No dia seguinte um porta-voz muito importante anunciou para que todos ouvissem: os cavalos foram levados até a beira do rio e como não têm a liberdade de beber a água do modo que sabem se recusaram a beber a água.

O porta-voz gritava bem alto para que o povo soubesse que os cuidadores de cavalos estavam se lixando para o recado da moça. A moça ficou uma arara. Sacrificara-se indo até o estreito onde os cuidadores moraram, fora educada e ao invés de ameaça, soube argumentar com as vantagens da água limpa e pura para todos, inclusive para a capacidade de produzir mais e gerar necessidade de utilizarem-se os cavalos. Agora ela via todo este esforço tornado em nada pelo anúncio do porta-voz.

Só podia ficar uma arara. Além de ter chamado o porta-voz e demonstrado a irritação, chamou o companheiro que fora na viagem para negociar com os cuidadores de cavalos e disse: os cavalos não bebem mais e transportaremos os produtos com alguns cavalos que vivem por aqui mesmo.

Os cuidadores se desesperaram. Não é bem isso, este porta-voz é um idiota. Não representa as nossas intenções. Nós queremos mais produção, água limpa e pura e levar os produtos. Não queremos outra coisa, foi tudo um mal entendido.

Ficou tudo bem? Acabou de acontecer. Vamos assistir aos desdobramentos.  
  


A "óia" como a "óia" é - José Nilton Mariano Saraiva

VERGONHOSO
ESCRACHO E
JORNALISMO
ABJETO

Vertigem - Emerson Monteiro


Certa vez, em plena manhã de um final de ano, novembro ou dezembro, na brisa fria e suave do sopé da Serra, lia Ilusões (As aventuras de um Messias indeciso), de Richard Bach, quando fui surpreendido no peito por sentimento de abismo que invadiu a alma do mesmo frio lá de fora daquela manhã; extático, entrou pelos corredores do tórax qual visitante calmo e silencioso; e agora retorna para ser lapidado nas palavras que nascem aqui comigo. 

Mexeu, sim, por dentro, e, descuidado, acionou qualquer botão, que abriu fenda descomunal de solidão, espécie de lava gelada dos vulcões cósmicos, escorrendo medo intenso pelas encostas da montanha do ser, extrato das ausências múltiplas, misto de todas as presenças, eco de galáxias sem aparente final, porta de mergulhos individuais distantes, longe, bem longe, fora das distâncias, nos subúrbios de nossa Via Láctea. Esse tal silêncio de solenidade exótica falava nos meus ouvidos de outras eras, outros planos, dimensões estapafúrdias. Confesso medo aterrador naquele momento, vontade enorme de mais companhia, gentes aos milhares, sede das multidões, das festas, zoada, movimento, quermesses animadas, pois a dor contundia numa condição e velocidade incontidas, lâminas cortantes da matéria, espécies de chamamento às origens dos vários elementos, amálgamas de esferas rolando em plenitude. 

Busquei calor, o calor dos sóis abertos lá em cima. As pálpebras da consciência, contudo, fechavam de falta de sentido os cômodos da personalidade, para virar, logo adiante, na energia fluída de calor na pele, sem, no entanto, alimentar novas chances quanto a retornar ao presente, salvar o passado conhecido, durante a só e única Eternidade que cresceu e abraçou o mundo em torno. 

Olhava o horizonte aberto na essência de mim absorto na grandiosidade da total integração, e fatores internos convergiam, crise das individualidades postas na mesa de planície colossal, e inúmeras tradições fugiram qual névoa desfeita. Sumidas as referências até então preservadas a sete chaves, cigano das estrelas, o eu vagava desarmado pelas espirais do salão imenso, no turbilhão da queda livre, através do antigo espaço indiferente que fugiu. Palco aberto e folhas jogadas ao firmamento, mãos sangrando de absurdo e sonhos, recebiam marcas de saudades profundas, emoções avassaladoras, moléculas e perfumes, soltas pelos ares rasgados em Si próprio. Uma dor translúcida e disforme devorou, assim, doces e ferventes reações inúteis de preservação dos valores arcaicos. Guardei das lembranças o inexplicável desse testemunho, notícia maior da experiência de ver bem perto o mistério abissal das idades, razões primeiras e derradeiras dos fundamentais motivos da existência. Naquele instante, isso veio à tona na voz de forte berro aos céus, entre as letras que dançavam soltas na vista do livro, em meio ao pudor das palavras e no clarão poderoso dos raios do Sol.

Como operava o esquema Cachoeira

Pelas primeiras avaliações dos parlamentares que compõem a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) funcionava assim a associação criminosa entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e a construtora Delta. 1. A Delta se habilitava a uma licitação na qual houvesse garantia de aditamento do contrato (isto é, de reajuste posterior do contrato). 2. Tendo essa garantia, apresentava um preço imbatível, muitas vezes inexeqüível. NO CASO DO AEROPORTO DE SÃO PAULO, POR EXEMPLO, O MAIOR LANCE FOI DE R$ 280 MILHÕES. A DELTA APRESENTOU UMA PROPOSTA DE APENAS R$ 80 MILHÕES. 3. Ganhava a licitação e depois aguardava o aditivo. Enquanto isto, a empresa ficava sem caixa para bancar seus fornecedores - de peões de obra a vendedores de refeições e cimentos. Aí entrava Cachoeira garantindo o capital de giro da empresa com dinheiro clandestino, do jogo. Ou com o fornecimento de insumos, através de empresas-laranjas. Estima-se que o desembolso diário do bicheiro fosse de R$ 7 milhões, mais de R$ 240 milhões por mês. 4. Quando vinha o aditivo, a Delta utilizava o recurso - legal - para quitar as dívidas com Cachoeira, através das empresas-laranja. Era dessa maneira que Cachoeira conseguia legalizar o dinheiro do jogo.
QUANDO ALGUM SETOR RELUTAVA EM FAZER O ADITIVO, CACHOEIRA RECORRIA AO SEU ARSENAL DE ESCÂNDALOS E CHANTAGENS, VALENDO-SE DA REVISTA VEJA. Foi assim no episódio do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte). Aparentemente houve um conflito entre Cachoeira e o diretor Luiz Antonio Pagot. Providenciou-se a denúncia, destinada apenas a derrubar as resistências de Pagot. Como dizia um bom observador das cenas brasilienses, Cachoeira pretendeu assar o porquinho e acabou colocando fogo na choupana. O que era para ser um alerta para Pagot coincidiu com a ação do governo de demitir a diretoria do DNIT.
O rastreamento das ações de Cachoeira pela CPMI se concentrará nos aditivos contratuais. E também nos pagamentos efetuados pela Delta a fornecedores. A partir daí será possível identificar o enorme laranjal que constituía o esquema Cachoeira, assim como os esquemas de corrupção nos órgãos contratantes.
Outro trabalho será identificar as reportagens da revista que serviram aos propósitos de Cachoeira. No caso da propina dos Correios, por exemplo, SABE-SE QUE O GRAMPO FOI ARMADO ENTRE CACHOEIRA E O DIRETOR DA REVISTA, com vistas a expulsar um esquema rival dos Correios. Detonado o esquema, o próprio Cachoeira assumiu o novo esquema, até ser desmantelado pela Polícia Federal.
EM TODO ESSE PROCESSO, FOI CRUCIAL A LIGAÇÃO DO BICHEIRO COM A REVISTA. FOI GRAÇAS A ELA QUE CACHOEIRA CONSEGUIU TRANSFORMAR SEU PRINCIPAL OPERADOR POLÍTICO - SENADOR DEMÓSTENES TORRES - EM FIGURA INFLUENTE, CAPAZ DE PRESSIONAR A MÁQUINA PÚBLICA EM FAVOR DO BICHEIRO. E FOI GRAÇAS A ELA QUE INTIMIDAVA RECALCITRANTES NA MÁQUINA PÚBLICA.
Ontem O Globo saiu em defesa da Veja, com um editorial em que afirma que "Civita não é Murdoch". Referia-se ao magnata australiano Rupert Murdoch, cujo principal jornal, na Inglaterra, foi flagrado cometendo escutas ilegais para gerar reportagens sensacionalistas.
Em uma coisa O Globo está certo: Murdoch negociava os grampos com setores da polícia; já Roberto Civita (Revista VEJA) negociou com o crime organizado.


ORESTES BARBOSA- por Norma Hauer



Estávamos ainda no século 19 quando veio ao mundo um dos maiores poetas da música popular de nossa terra : ORESTES BARBOSA, nascido aqui no Rio de Janeiro, no dia 7 de maio de 1894.

Autor de versos maravilhosos, muitos musicados por Francisco Alves (14), outros por Sílvio Caldas (também 14) e inúmeros outros compositores.

ORESTES foi autodidata e muito cedo começou no jornalismo, sendo sempre um lutador pela democracia, a ponto de, em 1945, fundar um jornal exatamente com o nome de "Democracia", que não durou muito, mas foi combativo quando estávamos saindo da ditadura Vargas e enfrentaríamos as primeiras eleições livres.

A primeira gravação de uma composição sua foi "Flor do Asfalto", com J.Thomaz, gravada por Francisco Alves em 1928. Chico só passou a fazer parceria com Orestes em "Abelha da Ironia"(1932).

Seguiram “”A Mulher que Ficou na Taça; “Não Sei”; “Romance”;. “Dona da Minha Vontade”; “Por Teu Amor”...

Somente em 1936, Sílvio começou a gravar Orestes Barbosa, com "Santa dos Meus Amores".

No ano seguinte gravou, pela primeira vez, o clássico "Chão de Estrelas", tendo na outra face do disco de 78 rotações outra valsa: “Arranha-Céu”.

CHÃO DE ESTRELAS

Orestes Barbosa e Sílvio Caldas

Minha vida era um palco iluminado

Eu vivia vestido de dourado

Palhaço das perdidas ilusões

Cheio dos guizos falsos da alegria

Andei cantando a minha fantasia

Entre as palmas febris dos corações

Meu barracão no morro do Salgueiro

Tinha o cantar alegre de um viveiro

Foste a sonoridade que acabou

E hoje, quando do sol, a claridade

Forra o meu barracão, sinto saudade

Da mulher pomba-rola que voou

Nossas roupas comuns dependuradas

Na corda, qual bandeiras agitadas

Pareciam estranho festival!

Festa dos nossos trapos coloridos

A mostrar que nos morros mal vestidos

É sempre feriado nacional

A porta do barraco era sem trinco

Mas a lua, furando o nosso zinco

Salpicava de estrelas nosso chão

Tu pisavas os astros, distraída,

Sem saber que a ventura desta vida

É a cabrocha, o luar e o violão


VESTIDO DAS LÁGRIMAS

Sílvio Caldas e Orestes Barbosa

Vou me mudar soluçante

Do apartamento elegante

Que tem do antigo fulgor.

Lindos biombos ornados

,De crisântemos dourados

Cenário do nosso amor

A nossa vida calma,

Mas eu senti em minh'alma

Um medo não sei de que;

E um dia quanta tristeza,

Achei a lâmpada acesa

E não achei mais você..

.Fechei a luz com vergonha

Da minha face tristonha.

Para mim mesmo esganar..

.Para não ver nos espelhos

Meus olhos muito vermelhos

De tanto, tanto, chorar...

E solucei, vou ser franco,

Só o luar,-cisne branco-

Ouviu meu soluçar.

O soluçar comovido

Com que eu molhava o vestido

Que você deixou ficar.


"Vestido das Lágrimas" foi gravada por Floriano Belhem, um cantor que pouco gravou. É que Sílvio e Orestes tiveram uma desavença e Sílvio negou-sae a gravar essa e a valsa "Soluços".

Quem acabou levando a melhor foi Floriano Belhem.

Além dessas composições, Sílvio e Orestes foram autores de "O Nome Dela eu Não Digo"; "Suburbana "; "Serenata"; "Santa dos Meus Amores"...

Quando do centenário de nascimento de Orestes (7 de maio de 1994) a Caixa Econômica, pelo fato de ele ter uma composição com esse nome, fez uma homenagem especial a Orestes, em sua agência no Boulevard, na qual Sílvio Caldas, já com 86 anos, interpretou "Chão de Estrelas "(o óbvio) e "Serenata"(outra valsa da dupla Orestes e Silvio Caldas, de difícil interpretação).

Foi a última vez que vi Sílvio Caldas e penso que foi sua última apresentação em público.

Nessa mesma festa, Roberto Barbosa, neto de Orestes, lançou um livro sobre seu avô, com o nome de "Passeio Público", no qual se podem conhecer as várias etapas da vida de Orestes e a relação de todas suas composições.

Ali confirmamos que a primeira gravação de uma composição sua foi exatamente "Flor do Asfalto", com J.Thomaz, gravada por Francisco Alves .

Na capa do livro de Roberto Barbosa tem o manuscrito de "Chão de Estrelas", que desmente uma informação que Sílvio Caldas gostava de repetir dizendo que o nome "Chão de Estrelas" fora dado à composição por Guilherme de Almeida, porque a música chamar-se-ia "Sonoridade que Acabou".

Conversando a esse respeito com Roberto Barbosa, ele disse que Sílvio gostava de "inventar" histórias.

Em um dia de Nossa Senhora da Glória (15 de agosto de 1966) Orestes Barbosa partiu para a Glória do céu.

Sílvio, Orestes e mais Francisco Alves hoje se encontram “do outro lado da vida” , mas suas passagens por este mundo foram de grande riqueza para nossa música popular


CASTRO BARBOSA- por Norma Hauer



Ele nasceu em Sabará/MG em 07/05/1905 e recebeu o nome nada simpático de Joaquim Silvério (este nome lembra alguém?) de Castro Barbosa, mas ficou conhecido no meio artístico apenas como CASTRO BARBOSA.

Em 1931, quando trabalhava no Lóide Brasileiro, fez um teste na Rádio Educadora, do Rio de Janeiro e foi apresentado a Almirante, que o convidou a participar de um programa radiofônico, em cuja emissora conheceu Noel Rosa, Custódio Mesquita, Nonô e Francisco Alves.

Convidado pelo compositor André Filho, gravou seu primeiro disco em fevereiro de 1931, com a marcha Uvinha (André Filho) e o samba”Tu hás de sentir (Heitor dos Prazeres), e no mesmo ano o samba “Tá na Mona”, com o Bando La Lua.

Foi quando conheceu Jonjoca (João de Freitas Ferreira), e com ele formou uma dupla para concorrer com Mário Reis e Francisco Alves.

A dupla que se formou (Jonjoca e Castro Barbosa) gravou entre 1931 e 1933 pouco mais de 20 discos, incluindo o Fox-samba “Flor do Asfalto”, de Orestes Barbosa e J.Tomás. A primeira gravação de uma composição de Orestes.

Mas “estourou” mesmo no carnaval de 1932, quando gravou, de Lamartine Babo e Irmãos Valença a marcha “O Teu Cabelo não Nega”. Sucesso de um lado, problemas do outro.

No disco original não constou o nome dos Irmãos Valença o que provocou uma verdadeira celeuma entre a Victor e os irmãos pernambucanos, autores do estribilho da marcha e... Os Irmãos Valença exigiram indenização e a Victor pediu que enviassem outras músicas (frevos) e a quem coube gravar o primeiro? A Carlos Galhardo que, iniciando sua carreira, foi requisitado para gravar um frevo dos Irmãos Valença. Sua primeira gravação.

A partir daí foram vários os seus sucessos carnavalescos de Castro Barbosa, como, em 1937, Lig-lig-lig-lé (Osvaldo Santiago e Paulo Barbosa); em 1942, Praça Onze (Herivelto Martins e Grande Otelo) e, em 1943, China Pau (João de Barro e Alberto Ribeiro).

Mas o que marcou a vida artística de Castro Barbosa foi sua participação (ao lado de Lauro Borges) na famosa PRK-30, primeiro na Rádio Mayrink Veiga e depois na Nacional. Fazia a caracterização de um português.

A PRK-30 foi um dos programas humorísticos mais apreciados nos tempos áureos do rádio.

CASTRO Barbosa chegou a trabalhar na TV Rio, ao lado de Chico Anísio no Chico Anísio Show e, ainda no rádio, com Renato Murce nas “Piadas do Manduca”.

Castro Barbosa faleceu em 20 de abril de 1975, sem completar 70 anos, porque foi outro que morreu em seu inferno zodiacal.


[Norma Hauer]

KLÉCIUS CALDAS - por Norma Hauer




No dia 6 de maio de 1919 nasceu, no bairro de Jacarepaguá ( Rio de Janeiro) o compositor KLÉCIUS CALDAS, que, ao lado de Armando Cavalcanti, compôs músicas humorísticas ou descritivas de coisas do momento.
Quando se estava explorando a ida dos americanos à Lua, elas disseram que :



"todos eles estão errados, a Lua é dos namorados", na voz de Blecaute. ..



O próprio Blecaute gravou "Maria Candelária", uma gozação com as funcionárias que "caíam de paraquedas" na letra O.
Foi uma época em que se ingressava no serviço público sem concurso, quando o DASP estava perdendo sua força.
A letra O era a mais alta do serviço público e "cair de paraquedas" era ingressar por meio de pistolão, ou como se diz hoje pelo QI (quem indica).
Daí Klécius Caldas e Armando Cavalcanti dizerem, pela voz de Blecaute:

"Maria Candelária
É alta funcionária,
Pulou de paraquedas
Caiu na letra Ó, ó, ó...



Começa ao meio dia

Coitada da Maria

Trabalha, trabalha, trabalha...

De fazer dó,ó,ó..



À uma, vai ao dentista,

Às duas vai ao café

Às três vai à modista

Às quatro assina o ponto e dá no pé.

Que grande vigarista que ela é”


Depois vieram : ”Maria Escandalosa”; ”Marcha do Gago”; ”Papai Adão”; “A Lua é dos Namorados” e baiões como “Sertão do Jequié”, gravado por Dalva de Oliveira.

“Boiadeiro”, que Luiz Gonzaga tornou seu prefixo musical e que muitos pensam ser de sua autoria, também é da dupla Klécius Caldas e Armando Cavalcanti.

Quando completou 80 anos, em 6 de maio de 1999 foi homenageado por Ary Vasconcelos em um belo espetáculo na ABI.
Klécius Caldas faleceu em 22 de dezembro de 2002, após sofrer um enfarte, aos 83 anos.

Norma

terça-feira, 8 de maio de 2012

Na Rádio Azul



"Rogerio, o Fazedor de Pipas"- por Ignez Olivieri



Quando te vejo, Rogerio és minha infância
Que vem de longe e me faz lembrar
Das nuvens brancas como carneirinhos
E tuas pipas entre elas pelo ar
Presas por um fio que só tu sabias guiar.
Tu eras meu herói criança,
Tudo sabias sem precisar perguntar.
Gostavas da rua e eu tinha medo
Da liberdade que ias buscar.
Lembro-me do som da pesada corrente
Que o portão trancava e vagarosamente
Tu desenrolavas para voar.
Voaste tanto, voaste pela vida,
Voaste nos amores e nas paixões.
Voaste tão alto como as pipas
Que sempre tão feliz soltavas
E sempre carregaste no coração.


Ignês Olivieri

Correia de Transmissão - José do Vale Pinheiro Feitosa

Não sei se acontece com vocês: receber e-mails furibundos contra Fidel, Chávez, Kirchner, Morales e, claro, Lula e seus derivados. De vez em quando ao sabor do mais evidente na mídia: Kadhafi, Assad, Putin, a China e o Irã. Fechamos a lista? Não existem outras coisas como as FARCs, os Sandinistas, e eventuais movimentos de mesmo naipe que desagradam os emissores de tais e-mails. 

Algum tempo passado alguém me cobrou uma posição sobre Ingrid Bettencourt naquele tempo uma prisioneira vítima de sequestro das FARCs. Parecia querer-me colocar em contradição talvez pensando que defenderia sequestros odientos e de impacto político negativo. Acontece que Ingrid foi solta e logo depois se envolveu em notícias extremamente negativas para ela, entre as quais o fato de ser herdeira milionária e ter financiado de modo fraudulento a campanha presidencial de Sarkozy. Nem um murmúrio daquela provocação surgiu sobre a evolução dos fatos. 

Associo esta prática como a um motor que já tem uma estrutura pré-definida e que existe meramente para servir de correia de transmissão ideológica de um tipo de escolha da história. Estes motores simplesmente passam adiante aquilo que chega pronto e mesmo quando existem resíduos sólidos no combustível que os movem, não são capazes de reclamar nem a pureza necessária ao seu bom funcionamento. Existe a mesma prática e a mesma natureza no campo oposto da ideologia exposta. Funcionam do mesmo modo e com o mesmo comportamento mecânico. O que de nós temos conta é que os motores são invenções nossas, somos críticos, aceitamos a pluralidade da realidade e buscamos caminhos que universalize o bem estar geral da humanidade. Mas considerando suas contradições, inclusive com a natureza. 

Hoje mais de um milhar de palestinos prisioneiros de Israel faz uma greve de fome e não se ler ou se ouve a repercussão do fato. Pelo menos nas dimensões que refletem, por exemplo, se for algum dissidente cubano ou chinês manchetes estampariam – alguém duvida que a história do dissidente cego fosse uma narrativa para juntar “emoções” às negociações de Hillary Clinton em visita à China? 

O Governador da Flórida deixou furibundo os anticastristas do estado: após promulgar uma lei que punia empresas que operassem na Flórida e em Cuba (atingia a Odebrecht), escreveu uma carta pedindo à União que referendasse sua lei. Acontece que o estado não pode legislar sobre questão exterior, mas a ação da dissidência cubana queria impor a lei com base na decisão federal de manter o boicote a Cuba. 

E o caso Valladares? Armando Valladares praticou atos de sabotagem no interior de Cuba, foi preso por isso e virou um herói paraplégico a “sofrer numa cadeira de rodas”. A pressão foi tanta que o governo cubano resolveu liberá-lo num avião que o levaria à França. Os policiais que transportavam Valladares, empurrando a cadeira de rodas disseram: "explicamos-lhe que ou se levantava sem ajuda e subia ao avião para ir a França, ou seguia fingindo e o devolvíamos ao cárcere. Ele saltou disparado da cadeira de rodas como um gato e subiu correndo ao avião." Isso não lembra o caso Cachoeira e a Veja? Fraude e farsa e o pessoal transmitindo.

"Efeito Retardado" - José Nilton Mariano Saraiva

Uma bomba de efeito retardado e com um poder de destruição fenomenal, aguarda e espreita aquele que tomar posse na Prefeitura do Crato, a partir de 01.01.2013. Por essa razão, tornar-se-á imprescindível que os senhores pretendentes ao trono desde já tenham como obrigatória e principal bandeira a realização de uma preventiva e rigorosa auditoria por parte de uma empresa especializada, visando não receber gato por lebre.
Sim, porque, embora o bom senso recomende e a responsabilidade imponha que às vésperas de transferir o cargo para o sucessor, aquele que está no poder cuide de arrumar a casa, limpar as gavetas e recolher seus pertences, no Crato a coisa funciona de modo um tanto quanto diferenciado ou, pra ser mais preciso, impregnada de um perigoso determinismo heterodoxo.
Senão, vejamos: ao apagar das luzes dos seus dois mandatos, que em termos práticos perfizeram longos oito anos de pasmaceira, isolamento e retrocesso (nunca dantes experimentado pelo município), e coincidentemente às vésperas de uma eleição em que tenta viabilizar o candidato oficial (que certamente terá dificuldade imensa em razão do abandono a que a cidade está relegada), o atual prefeito, numa atitude inadmissível para os dias atuais, resolveu “admitir-contratar” centenas de novos funcionários (embora saibamos que tem gente sobrando e sem ter o que fazer nos quadros do poder municipal), onerando, conseqüentemente, a folha de pagamento do município num valor bastante expressivo (cálculos modestos apontam para um valor suplementar estimado em mais de R$ 1 milhão, entre salários e encargos, com os novos contratados, se forem chamados os 360 aprovados no recente, extemporâneo e dispensável concurso patrocinado pela prefeitura).
E aqui, algumas interrogações clamam por respostas: 1) em termos de custo-benefício (ou de “praticidade”, em português bem claro) o que os novos contratados poderão oferecer ao gestor-contratante (em final de mandato) e à própria comunidade cratense, já que só disporão de quatro, cinco meses para adaptar-se à máquina; 2) como se acha na melancólica fase crepuscular do seu reinado, não seria mais sensato, coerente e responsável, da parte do prefeito-sainte, deixar para o novo inquilino do paço municipal a tarefa de decidir pela contratação ou não de novos colaboradores; 3) ou essa contratação, presumivelmente desnecessária, objetivaria, desde já, dificultar a vida do sucessor, já que mui provavelmente terá que assumir o desgastante ônus político de demitir muitos, no início do mandato; 4) se procedente a informação de um dos (amadores) membros do staff municipal, de que o valor atualmente arrecadado com o IPTU (de todo o município) se situa na faixa aproximada de meio milhão de reais (daí a esfarrapada desculpa para a falta de investimento),  como se admitir ou explicar o inchaço exponencial do item “despesas com pessoal”, exatamente na hora do adeus; 5) se for constatado, como tudo leva a crê, que há excesso de gente prestando serviço à prefeitura, quem contratou desnecessariamente deverá ou não ser responsabilizado pelo incremento das despesas, assim como por possíveis indenizações do tal excesso; 7) já não estaria na hora de alguma ONGs, clube de serviço, associação comunitária e por aí vai, convidar-acionar o Ministério Público Federal a participar incisivamente desse jogo, porquanto o artigo 19 da Lei de Responsabilidade Fiscal, ancorada no artigo 169 da Constituição Federal, reza que a despesa total com pessoal, em cada período de apuração, não poderá exceder o percentual de 60% (sessenta pro cento), em todo e qualquer município da federação (e com a nova e extensa leva de contratados, é perfeitamente plausível a perspectiva de que o município de Crato esteja incorrendo no grave crime de “irresponsabilidade fiscal”, objetivando fins meramente eleitoreiros).
           

Billy Blanco





William Blanco Abrunhosa Trindade, mais conhecido como Billy Blanco (Belém, 8 de maio de 1924 — Rio de Janeiro, 8 de julho de 2011), foi um arquiteto, músico, compositor e escritor brasileiro.

Entre seus sucessos destacam-se "Sinfonia Paulistana", "Tereza da Praia", "O Morro", "Estatuto da Gafieira", "Mocinho Bonito", "Samba Triste", "Viva meu Samba", "Samba de Morro", "Pra Variar", "Sinfonia do Rio de Janeiro" e "Canto Livre". "Sinfonia do Rio de Janeiro" é composta por dez canções, escritas em parceria com Tom Jobim, em 1960. As canções que formam a suíte são "Hino ao Sol", "Coisas do Dia", "Matei-me no Trabalho", "Zona Sul", "Arpoador", "Noites do Rio", "A Montanha", "O Morro", "Descendo o Morro" e "Samba do Amanhã".



Keith Jarrett


Keith Jarrett (Allentown, 8 de maio de 1945) é um compositor e pianista estadunidense. Suas técnicas de improvisação conjugam o jazz a outros gêneros e estilos, como a música erudita, o blues, o gospel e outros.

Por um período da minha vida, só ouvi  Keith Jarrett.
Consegui absorvê-lo, integrá-lo nas minhas gavetas musicais.
Grande músico!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Vê, Veja, Vejam, Vede, Vejam - José do Vale Pinheiro Feitosa


Vamos considerar o razoável no limite das possibilidades: a Revista Veja tem que ser preservada neste imbróglio Cachoeira posto que é fonte de vigilância ao Congresso governista e ao governo petista. Neste último vagão a Veja continua a ser a pluralidade contra o esquerdismo, o populismo e a demagogia. Vamos acordar que seja isso.

Acordemos que todos os criminosos, corruptos, ditadores, terroristas, assassinos, mentirosos, manipuladores estejam no campo exclusivo da esquerda e a Veja precisa ser preservada. Acordemos que o mercado é a bondade severa de Deus a distribuir tudo aquilo que o homem produz em busca da felicidade e a Veja terá sempre razão.

Acordemos que os esquerdistas são sujos, barbudos, fedorentos, uma classe de gente ociosa, a mamar nas tetas do Estado que apenas o defende, pois é o úbero farto que a alimenta e a Veja está no altar da verdade. Acordemos que a direita é a esperança da fé em Deus, a ética do capital, a lisura de propósitos e a paz sob rígida ordem e a Veja dormirá em segurança esplêndida.

Acordemos que uma nova técnica médica salvará, como se todos fossem beneficiados, aquela exótica doença da minoria que, biblicamente, multiplica os ganhos em bolsa e a Veja receberá a aura santa. Acordemos que a força da ameaça, a virulência das denúncias, o porrete numa mão e a argola nas narinas seja o verso salvador e à Veja deo gratia.

Acordemos. Recordemos. De olhos abertos tanta Veja que não cabe na maior Civita da história.

Discordemos. Acordados na luz que diferença alguma faz à cegueira.  

Ode a Meu amor. Liduina Vilar.


Menino veio de longe
habitar meu coração
vindo do Norte Rio Grande
chegou sem apelação.

Será que veio nos ares, por terra,
ou mesmo por mar?
Sei que chegou numa hora
em que estava eu, no meu limbo,
querendo muito amar...

Vivo  paixão sem compromisso
vibrando com o presente
despreocupada com o futuro
vivendo contentemente.

Encontrar-te é maravilhoso
são dias , noites de espera
planejo viagens e adereços
preparo o amor com cautela.






O Crato, a cana, o algodão e o arame farpado – por José Almino Pinheiro

Que aconteceu com o Crato?  A Princesa do Cariri, não faz muito tempo, era a segunda cidade em importância do Ceará.  Usando os superlativos tão ao nosso gosto, se dizia que o Crato concentrava os maiores e melhores colégios da região, tinha dois grandes seminários, uma das primeiras hidroelétricas do nordeste, a maior concentração de fábricas de algodão da região, o município era o maior fabricante de rapadura do nordeste, tinha quatro cinemas, duas emissoras de rádio, e muito mais. 

Segundo o trabalho “Resgatando a História de uma cidade média: Crato Capital da Cultura” dos autores João César Abreu Oliveira e Roberto Cruz Abreu, publicado na Revista Historiar, ano II, n. I (2010), o município do Crato no início dos anos 50 tinha 46.408 habitantes dos quais 24.786 na sede. Contava, entre outros, com 28 estabelecimentos atacadistas, 323 varejistas, 413 indústrias. No mesmo trabalho consta que o Crato, na década de 90, contava com 90.519 habitantes, sendo na cidade 57.714. Contava com um total de 209 indústrias, com destaque para a implantação da Grendene. Ainda segundo os autores do estudo, a cidade hoje está com cerca de 131.000 habitantes e nesse período desapareceram 204 indústrias.  

O jornal O Povo, on line, do dia 31.10.2011, no caderno de economia, divulgou a relação dos 15 municípios do estado por importância econômica: 1. Fortaleza, 2. Maracanaú, 3. Juazeiro do Norte, 4 Caucaia, 5. Sobral, 6 Eusébio, 7 Horizonte, 8. Maranguape, 9. Crato, 10. São Gonçalo do Amarante, 11. Iguatu, 12. Aquiraz, 13. Itapipoca, 14. Limoeiro do Norte, 15. Pacatuba. O que chama a atenção é que apesar do aumento populacional, em pouco mais de 50 anos, a cidade do Crato cai do segundo para o nono lugar no ranking das cidades do estado. Quando se observa o comportamento das administrações municipais do período, não fica difícil imaginar o que aconteceu com o Crato. Como é mais fácil acusar os outros, do que reconhecer a própria incompetência, sempre surgem desculpas de perseguição política e econômica. Quase sempre os governadores levam a culpa por retaliar o Crato. Mas com uma pequena olhada nos informativos do governo e câmara legislativa, constatamos a quase ausência de projetos para a cidade. Sem projetos específicos, claros e viáveis, realmente fica difícil que alguém de fora da cidade, sem informações, ofereça soluções ou financiamento para executá-las.  

Vale a pena dar uma olhadela em uma atividade econômica regional interessante que se aprimorou ao longo do tempo e depois entrou em decadência e logo foi abandonada. Não houve nenhuma preocupação de se entender o que ocorria, para que, com esse conhecimento, se procurassem alternativas ao grande investimento financeiro e humano efetuado nessa atividade em tantos anos.

A região do Cariri, com sua geografia, é formada pela grande serra e estreitas faixas de terras férteis que acompanham os cursos da água das fontes, onde se desenvolvia a agricultura permanente, como a cana de açúcar, hortaliças, fruteiras, etc. A outra parte, grandes áreas de terra seca, os ariscos, eram usados principalmente para o plantio de algodão e capim. Na época das chuvas, nesses ariscos, se plantava também culturas de ciclo curto como milho e feijão. No processo de divisão dessas terras, existia a particularidade comum em que a principal fronteira do novo sítio era o rio ou riacho, as outras duas principais fronteiras eram quase perpendiculares ao curso da água. Desta forma, as propriedades dispunham de dois tipos de terras: as margens dos riachos, úmidas e férteis e a parte mais acima, os secos ariscos. Com esse arranjo fundiário peculiar, foi possível que os proprietários desses sítios desenvolvessem uma cadeia de produção que na realidade foi um dos principais motores do desenvolvimento econômico do Cariri.

Tomando como ponto de partida o final da estação das chuvas começamos o processo. Concluídas as colheitas das culturas de ciclo curto, começavam as colheitas do algodão e da cana de açúcar. Com a moagem da cana vinha a respectiva produção de rapadura e cachaça. Das três atividades, essas duas, eram as principais fontes de renda agrícola dos sítios da região, o algodão e a cana, resumidamente descritas acima, que têm maior visibilidade.  A terceira fonte de renda, a pecuária, tão ou mais importante que as outras passa quase despercebida.

Com o arranjo fundiário, a produção agrícola dos sítios e a grande serra, foi possível aos proprietários dos sítios possuírem e manterem  grande quantidade  de gado, e o que é importante:  a baixo custo. O tamanho do rebanho de cada proprietário era determinado pela capacidade do seu sítio em produzir alimentos para o gado por pelo menos 5 ou 6 meses. A alimentação dos animais na época seca consistia, basicamente, nas sobras das culturas de ciclo curto deixadas naturalmente nas roças (milho e feijão), do capim existente na área seca e principalmente das sobras da moagem da cana de açúcar. O gado ainda prestava um bom serviço gratuito aos seus donos, pois soltos nos ariscos, faziam a poda dos arbustos do algodoeiro, comendo suas folhas ricas em proteínas.  O plantio intensivo de capim em pequenas áreas úmidas destinava-se principalmente às vacas produtoras de leite de quem as possuía e não para o grosso do rebanho.

A chegada das chuvas deveria coincidir com o final das colheitas e da moagem da cana dos sítios onde já fatalmente rareava a comida para os animais. O gado, então, era simplesmente levado e solto à sua própria sorte em cima da serra, o grande planalto da do Araripe. Terras públicas, reservas da união, onde por princípio todos tinham o direito de usar. Carente de água, mas com pequenos arranjos em forma de “barreiros” para acumular água das chuvas era possível dispor de água e manter o gado. Em cima da serra, existe o capim nativo e grande variedade de plantas onde os animais soltos, andando livremente, podiam fazer a sua dieta.

A temporada acabava com a chegada da estiagem. Os barreiros começavam a secar inviabilizando a permanência do gado. Com a falta das chuvas, os proprietários de gado enviavam seus vaqueiros para recolher o rebanho, o que era feito indistintamente. Para facilitar o trabalho, os animais líderes naturais do rebanho, e as fêmeas, portavam chocalhos, avisando sua presença aos ouvidos atentos dos vaqueiros que os recolhiam e os encaminhavam para antigas clareiras abertas no “meio” da serra, conhecidas como os “Cá te espero.”  Em dias predeterminados, geralmente de algum santo, o “Cá te espero” da vez, cheio de animais, vaqueiros, caboclas, barracas de bebida, comida, era preparado para a noite que  passava a ser dos sanfoneiros,  e o rela-bucho esquentava os dançarinos do frio da serra. Pela manhã começava a separação do gado, de acordo com os símbolos da comarca e marca individual de cada “coronel”, marcados com ferro em brasa nos quadris dos animais. Era a ocasião de grandes negócios, rebanhos eram vendidos, transferidos e os coronéis levavam de volta para casa apenas o gado que o interessava.  Novo ciclo começava.

Com o declínio do algodão e a chegada do arame farpado, barato, vendido com financiamento a juros irrisórios, para ajudar na sustentação financeira da recém instalada siderúrgica, começou uma espécie de suicídio, com os próprios coronéis tomando posse ilegalmente de terras em cima da serra e cercando-as com o tal arame. Com as cercas e consequente limitação das áreas, o gado fica sem condições de andar e procurar sua própria comida.  As consequências são imediatas, os donos de engenho, de repente são obrigados a reduzir drasticamente seus rebanhos.

Assim, melancolicamente acaba um ciclo de produção engenhoso e barato. De forma que os sítios, sem fontes de renda compatível para seus donos, começam a desmoronar, e a antiga produção agrícola é substituída pela especulação imobiliária selvagem, sem controle algum, que não leva em conta os cursos d’água, as terras férteis nem produção agrícola de qualquer ordem. Tudo isso sob os olhares complacentes das autoridades.

Este foi o fim das três principais fontes de renda dos sítios: o algodão a pecuária e a rapadura. A rapadura, o açúcar bruto da cana de açúcar é um alimento cobiçado, importante e antigo, que chegou a nós pelas mãos dos árabes. O interessante é que no decorrer desse tempo, uns 700 anos, as regiões produtoras de cana, na medida em que se desenvolviam, transferiam para outras mais pobres a produção de açúcar. Descobriram que se o açúcar em geral é um ótimo alimento para humanos também é para animais. Com essa observação e a preocupação de sempre se adaptar às mudanças, não perder os investimentos já realizados e, quando possível, agregar valores a seus produtos, muitos países aumentaram os plantios de cana. O excedente da produção da cana ou dos subprodutos da fabricação do açúcar é destinado para ração animal.

O balanço financeiro não é complicado, não precisa elaborações econômicas; observando apenas a prateleira da mercearia ou a bomba de combustível do posto, constatamos que um quilograma de açúcar custa cerca de R$ 2,00 e um litro de álcool R$1,50, enquanto um quilograma de carne custa em média R$ 20,00. A cana de açúcar no Brasil, de forma geral, por acaso o único, diferentemente dos demais países produtores de cana, optou por fabricar álcool para carro em detrimento de comida.

Alguns países, a Holanda, por exemplo, importa grande quantidade de melaço para compor a ração bovina e suína de seus rebanhos. Em Cuba, o subproduto da fabricação do açúcar é usado na fabricação de energia elétrica, de rações, indústria química e farmacêutica. As usinas de açúcar cubanas ainda têm a obrigação de fornecer a alimentação para as escolas, hospitais e outras instituições que estão em sua área de influência. Nos do Cariri, nesse meio tempo, simplesmente não sabíamos o que fazer. 

Banda Sol na Macambira e Tambores do Encantado se apresentarão no Crato



A Praça Siqueira Campos na cidade do Crato nesta quinta-feira, dia 10, a partir das 18h00, se transformará no terreiro para apresentação e brincadeira da Banda Sol na Macambira e Tambores do Encantado, além performances teatrais e distribuição gratuita de cordéis. 


Isso tudo é para fugir dos padrões formais de lançamento de livros e documentários, o espaço fechado e as formalidades serão substituídas pela Praça e a interação com o público no lançamento do livro e do documentário “Entranhamentos entre Arte, Estética, Política, Cultura e Educação” do artista/educador Alexandre Lucas. Essa é mais uma realização no caráter do Coletivo Camaradas. 


TAMBORES DO ENCANTADO 
 O grupo Tambores do Encantado é fruto do projeto “Arte e Cultura para Pessoa com Deficiência” resultado da parceria entre a APAE Crato e a Petrobras Distribuidora. 

A banda nascida em 2009 é formada pelos alunos da APAE-Crato a partir das aulas de prática instrumental e das reflexões sobre as culturas afro-brasileira, indígena e manifestações populares do nordeste, em especial as tradições kariris. 

Traz na música “cafuza” a possibilidade de discutir a inclusão da pessoa com deficiência, democratizar o acesso a cultura Cariri e assim estimular o respeito e preservação da nossa memória cultural. 

Em 2011 foi classificada e contemplada com o Prêmio Arte e Cultura Inclusiva 2011 – Edição Albertina Brasil – “Nada Sobre Nós Sem Nós” da Escola Brasil e Ministério da Cultura. 

BANDA SOL NA MACAMBIRA 

A Sol na Macambira nascida em Juazeiro do Norte-CE, 2005 conquistou grande expressividade na musica regional e está fincada nas raízes caririenses. Faz de suas canções um instrumento de estudo, divulgação e crítica a exploração do homem do sertão. 

No espetáculo Canto Novo, inaugura uma fase de recriação que vai da nova formação ao passeio sonoro pelo Cariri, conta histórias e canta o cotidiano por meio da mistura de linguagens artísticas e ritmos regionais traz elementos como Palhaço Mateus e Jaraguá. 

Proporciona valiosa degustação de sua original construção musical e encanta a todos os públicos com seus pífanos, rabecas e tambores perfumados com poesia. 
  
Serviço: 
Banda Sol na Macambira 
(88)88212644 – Jean Alex/Jessika Bezerra

O que "VEJA" sabia mas não disse

O envolvimento do tal Policarpo (Diretor da Revista VEJA, em Brasília), parece invocar diversos artigos do código penal (e de outros códigos, claro). Primeiro: Policarpo (e por extensão a VEJA) sabia de crimes do Cachoeira e não revelou. Pelo contrário, maquiou. Segundo: sabia do envolvimento do Demóstenes com esses crimes e nao revelou. Pelo contrário: maquiou o senador como paladino da lei. Terceiro: operou de modo a favorecer o grupo criminoso Cachoeira na perseguição de seus eventuais concorrentes. Quarto: buscou, utilizou e, aparentemente, estimulou o uso de recursos criminosos (subornos, criação de testemunhas forjadas, gravações e filmagens ilegais).
Não é novo na América Latina nem no Brasil (vide Jango). Resta saber qual a 'inteligência' que está por detrás da trama maior (o golpe) e qual a participação de forças externas (isto é, se e como se relacionam com os quinta-colunas daqui). Quem acha que isso é teoria conspiratória nunca estudou história dos golpes na América Latina. Conspiração não é fruto de imaginação minha ou sua - é fruto da 'imaginação' dos conspiradores. E eles têm muita.
(transcrito do blog do Luis Nassif)

domingo, 6 de maio de 2012

Maria Bonita - José do Vale Pinheiro Feitosa

Por incrível coincidência de datas em 8 de abril de 2002 morria, aos 88 anos de idade, uma das maiores artista da cultura mexicana: Maria Félix que nascera em 8 de abril de 1914. Neste filmete Plácido Domingo canta Maria Bonita, música composta por Agustin Lara em homenagem a Maria Félix, com ela estando presente na platéia. Naquela altura já com mais de 75 anos de idade e ainda uma belíssima "doña".  


Maria Bonita


Ambos, o mar e minha alma, vagueiam sentidos,
Teu corpo molhado,
Cabelos assentados,
Partes pelo todo,
Bonita e exuberante, coroada de lua cheia.

Acapulco é nada desse tudo sem noves fora,
Maria Bonita,
Substantiva inflexionada,
Indivisível noite,
Deste pacífico revolto em ondas de calor.

O núcleo momentoso desta eternidade enluarada,
Maria Félix,
Agustin Lara,
Reverberação do instante,
Nestas águas platinas do azul cobalto nas manhãs prometidas

Deixe-me tudo dizer, as sílabas soletrar,
Teus olhos debulhar,
Beber os lábios,
Inebriar-me de odores.
Respirar fundo até a ponta no fim do novelo.

Não diga nada, nem ao menos balbucie sobre a lua cheia,
Teu corpo ora,
Teu sopro faz-me vida,
Eis o universo,
Aquele pelo qual, de braços levantados, canto em ser parte.






São João - Aloísio



São João

Vou fazer uma longa prece
Aos santos do mês junho
Se precisar eu escrevo
Uma carta do próprio punho

Nesta prece eu vou pedir
A volta do meu São João
Com canjica, milho e licor
E a música de Gonzagão

E não esquecer a quadrilha
Que aqui não é palavrão
É muita dança, é festa
Completando a animação

Quero ouvir Luiz Gonzaga,
Dominguinhos e Severino
Jacinto Silva e Jackson,
O primeiro Trio Nordestino

Vamos escutar Maciel Melo,
Targino Godim, Irah Caldeira
Petrúcio Amorim, Elba Ramalho
Que é uma grande cantadeira

Zabumba, triângulo e sanfona
São os instrumentos principais
E um cantador com talento
Fazem a festa boa demais

Por isso vou agradecer
Aos santos, a Mãe Maria,
Aos que fazem o São João
Sem nos deixar nostalgias.


Aloísio
Foto: Internet