por José do Vale Pinheiro Feitosa
Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.
José do Vale P Feitosa
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Se eu morrer amanhã
Não levo saudade
Eu fiz o que quis
Na minha mocidade
Amei e fui amado
Beijei e fui beijado
Se eu morrer amanhã
Seu doutor
Morrerei feliz
Se eu morrer amanhã
Não levo saudade
Eu fiz o que quis
Na minha mocidade
Amei e fui amado
Beijei e fui beijado
Se eu morrer amanhã
Seu doutor
Morrerei feliz.
“Idiotas da objetividade” – José Nilton Mariano Saraiva
No teatro, peças como “Vestido de noiva”, “Perdoa-me por me traíres”, “O beijo no asfalto”, “Bonitinha, mas ordinária” e “Toda nudez será castigada” (dentre outras) marcaram pela ousadia (para a época), daí ter sido alcunhado (de certa forma com propriedade), de “anjo pornográfico”.
Em termos de romances, contos e crônicas (também pra lá de avançadas) o repertório era versátil e amplo, valendo lembrar "Asfalto selvagem", "A vida como ela é...", "A dama do lotação" e "O óbvio ululante: primeiras confissões" e por ai vai (foram centenas e centenas).
Deixou também frases antológicas, que ainda hoje repercutem aqui e alhures, algumas pra lá de polêmicas e outras tantas pra lá de atuais (vide abaixo):
1) "O Brasil é muito impopular no Brasil." 2) “Todo ginecologista devia ser casto. O ginecologista devia andar com batina, sandálias e coroinha na cabeça. Como um São Francisco de Assis, com luva de borracha e um passarinho em cada ombro”. 3) "Só acredito nas pessoas que ainda se ruborizam." 4) "Toda unanimidade é burra." 5) "Só os profetas enxergam o óbvio." 6) "Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico." 7) "Até 1919, a mulher que ia ao ginecologista sentia-se, ela própria, uma adúltera." 8) "A cama é um móvel metafísico." 9) "Nem toda mulher gosta de apanhar, só as normais." 10) "Hoje é muito difícil não ser canalha. Todas as pressões trabalham para o nosso aviltamento pessoal e coletivo." 11) "Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia." 12) "Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola." 13) "Deus me livre de ser inteligente". 14) "Não há nada mais relapso do que a memória. Atrevo-me mesmo a dizer que a memória é uma vigarista, uma emérita falsificadora de fatos e de figuras." 15) "O 'homem de bem' é um cadáver mal informado. Não sabe que morreu." 16) "Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhoras que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém." 17) "Nós, da imprensa, somos uns criminosos do adjetivo. Com a mais eufórica das irresponsabilidades, chamamos de "ilustre", de "insigne", de "formidável", qualquer borra-botas. 18) “O boteco é ressoante como uma concha marinha; todas as vozes brasileiras passam por ele". 19) "Acho a velocidade um prazer de cretinos; ainda conservo o deleite dos bondes que não chegam nunca." 20) "Amar é ser fiel a quem nos trai" 21) "O brasileiro é um feriado." 22) "As feministas querem reduzir a mulher a um macho mal-acabado". 23) "O homem começou a própria desumanização quando separou o sexo do amor." 24) “Deus está nas coincidências”. 25) “Invejo a burrice, porque é eterna”. 26) “Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida; não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos”. 27) “Não existe família sem adúltera”. 28) “Não se apresse em perdoar. A misericórdia também corrompe”. 29) “O amor entre marido e mulher é uma grossa bandalheira. É abjeto que um homem deseje a mãe de seus próprios filhos”. 30) “O brasileiro, quando não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte”. 31) “O pudor é a mais afrodisíaca das virtudes”. 32) “Qualquer indivíduo é mais importante do que a Via Láctea”. 33) “A platéia só é respeitosa quando não está a entender nada”. 34) “A liberdade é mais importante do que o pão”. 35) “Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém”. 36) “Só o rosto é indecente. Do pescoço para baixo, podia-se andar nu”. 37) “A prostituta só enlouquece excepcionalmente. A mulher honesta, sim, é que, devorada pelos próprios escrúpulos, está sempre no limite, na implacável fronteira”. 38) “As grandes convivências estão a um milímetro do tédio”. 39) “O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: o da inexperiência”. 40) “O sábado é uma ilusão”. 41) “Só o cinismo redime um casamento. É preciso muito cinismo para que um casal chegue às bodas de ouro”. 42) “Convém não facilitar com os bons, convém não provocar os puros. Há no ser humano, e ainda nos melhores, uma série de ferocidades adormecidas. O importante é não acordá-las”.
Uma das passagens que mais o marcaram, no entanto, foi quando resolveu deitar falação sobre os “idiotas da objetividade”. Na verdade, a transmutação, o processo de metamorfose ou gradual “americanização” da imprensa brasileira, que obrigava o jornalista a deixar de lado o floreio verbal, o detalhamento do fato, as minúcias da ocorrência e até o uso de um pouco de exagero, privando o leitor da expectativa sobre o desenlace da matéria; a partir de então, o objetivo era entregar-lhe um texto já mastigado, enxuto, insosso, sem nenhuma emoção ou capaz de provocar-lhe qualquer comoção. Para Nelson, os profissionais que se prestavam a essa nova realidade não eram jornalistas na essência, mas, sim, meros “idiotas da objetividade” (porquanto apenas transcreviam e assinavam os textos recebidos das agências de notícias).
A reflexão tem muito a ver como determinadas figuras jurássicas, que não tiveram o cuidado de se reciclar (e que pululam aqui e acolá), adeptas da tese estapafúrdia de que, por não viverem num determinado ambiente ou cidade, as pessoas estariam incapacitadas ou inabilitadas para opinar ou redigir sobre o que lá acontece, porquanto teoricamente desinformadas ou desprovidas daquela massa cinzenta que os faz pensar, agir, ter opinião própria a respeito das coisas e do mundo e sobre tal manifestar-se (a Internet, o telefone, o jornal, os correios e a comunicação familiar nada valeriam, mas, tão somente, a presença, a “matéria bruta” in loco, preferencialmente ao vivo e a cores).
E aí, será que Nelson Rodrigues os rotularia de “idiotas da objetividade” ???
Gilton Della Cella
O meu dia só começa
Quando olho pra você
Mesmo que desalinhada
Mais e mais vou te querer
Seja para dizer bom dia
Enquanto faz um café
Ou então pra te chamar de amor
Quando quiser
É você na minha vida
O meu vício, meu prazer
Encanto de fantasia
Que me faz enlouquecer
O pensamento vai longe
Quando você não está
Vai girando pelo mundo
Pra te encontrar
Além de linda, você me faz
Menino que navega num barco de papel
E ao te beijar nós somos iguais
Dois anjos que flutuam no céu.
Amor de verdade ! - por Socorro Moreira
O amor é de verdade na mentira
O amor é de mentira
Quando não pode ser de verdade.
Amor de verdade é feliz
Não conta com o desencanto
Não tem começo, nem fim
Ultrapassa o umbral da eternidade...
Quando o teu olhar se afasta
Eu fico com o amor que espia...
domingo, 19 de fevereiro de 2012
!9.02.2012- Momento inesquecível!
Já é carnaval! - Por José de Arimatéa dos Santos
sábado, 18 de fevereiro de 2012
A DEUSA FLORA (um epigrama)
GILTON DELLA CELLA
Nélson Cavaquinho
Lei da Ficha Limpa e o exercício da cidadania - Por José de Arimatéa dos Santos
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
que semente se pode lançar
no solo do futuro
para que dos olhos
se apaguem esses sinais
de um tempo
vestido de escuro?
quem poderá dar-me
a dica das veredas que desembocam
no perfeito caminho
já que não sei o perfeito caminhar?
lavar as mãos
varrer o pátio do templo
pequenos gestos onde cabem
as muitas sementes
suas tantas possibilidades
que a pouca luz nessa forma
impede a visão
isso, quem sabe...
abrir a porta
saltar sobre todas as construções
do engano
deixá-las dormindo no ontem
deixá-las secando em cinza
e continuar continuando...
Amor : abc da mentira
Envolto em meu luto,
Danço sem tocar tua mão,
Em quadro quase perfeito,
És valsa da última ilusão.
(Desata este adiado beijo).
Em arrebatados poemas,
Desvendas um sonho só teu,
Sabes princesa,
O príncipe encantado é um outro, não eu!
(Liberta-me de teu jugo).
Abrigando em mim tudo o que sou.
Finjo que parto, mas nunca vou.
E de novo me acorrento,
Em marés dissolventes,
Aguardo me vejas e me desvendes.
(Se um dia me olhares,
Para de novo me esquecer,
Serei miragem perdida,
Sem que me chegues a ver).
As letras que talho são enigmas da verdade.
Giraldoff
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
O Crepúsculo do Corno

Gilton Della Cella
Vou por onde a estrada me leva
Caminhando entre pau e pedra
Na miragem vi luz do sol no teu olhar
Cata-vento, gira moinho,
Vou cantando sempre sozinho
Só a solidão da lua vai me abandonar
E dedilhando na viola
Eu faço tudo pro coração entender
Que só quem ama
Sabe quanta falta faz um bem querer
Eu ouço o canto da cigarra
E a luz do vaga-lume ao meu redor
Sinalizando os pontos
Do perigo que eu já sei de cor
Descobri que já não tenho medo
Quando estou no olho do furacão
E se for só fogo de desejo
Eu aprendi a dizer não
Pra não ter que revelar segredos
Dos amores que vem e que vão
Seleção Genética em nome de quem? - José do Vale Pinheiro Feitosa
Expectativa. Liduina Vilar.
correr atrás da luz
correr em direção ao sol
correr para os braços do amor.
E...
Encontrar a brisa suave
encontrar o brilho luminoso
encontrar os raios solares
encontrar a carícia de Éros.
"Portal da Transparência" ( II ) - José Nilton Mariano Saraiva
Para tanto, há que oferecer atrativo e facilidades mil ao empreendedor potencial, do tipo: doação de terreno (indústria) ou ajuda na locação do ponto comercial (aluguel), isenção de impostos num período determinado (IPTU, por exemplo), garantia de participação percentual no pagamento de algum tipo de insumo (água, energia elétrica e por aí vai), mas, principalmente, a certeza de que colaborará como cliente/comprador (do comércio, principalmente) e incentivará/recomendará seus munícipes a se engajarem na empreitada consumista.
Pois bem, todos sabem que no Crato (e faz tempo) além da falta de indústrias, o movimento do comércio é “...devagar, devagarinho, quase parando” (na verdade, são um heróis, esses nossos comerciantes), gerando certo mal-estar sobre a possibilidade de que determinados empreendimentos encerrem suas atividades e “se mandem”, em razão dos custos sobrepujarem as receitas (lembram que certo tempo falou-se que a então recém-inaugurada Lojas Americanas ameaçou “tirar o time” ???).
Pois, tão chocante e surreal quanto a constatação de que a Prefeitura do Crato gastou um caminhão de dinheiro na compra de “HORTIFRUTISGRANGEIROS” (sic) em um Armarinho (???), e ainda por cima fugindo ao OBJETIVO da Licitação, é o que se esconde nas entrelinhas (ou por trás de tal transação): é que a empresa Marinete Vieira da Silva Armarinho-ME fica localizada na Av. Ailton Gomes, 1375, Bairro Franciscanos, em... Juazeiro do Norte, CE (63020-000).
Pergunta-se: por quais razões insossos “HORTIFRUTISGRANGEIROS” (sic) foram adquiridos fora da sede do município, sabendo-se que no Crato a área agricultável é bem mais generosa que a de Juazeiro do Norte e, portanto, os preços tendem a ser mais competitivos ???; será que no Crato o atraso é tanto (ou os comerciantes honestos demais) que essa coisa excêntrica (e mau cheirosa) que é um Armarinho... que vende “HORTIFRUTISGRANGEIROS” (sic), inexiste ???; há outros comerciantes de Juazeiro que transacionam com a Prefeitura do Crato, em detrimento dos abnegados que lá labutam, com extrema dificuldades ???; por que a Prefeitura do Crato deixa de comprar no comércio do Crato ???
Até como forma de estimular e dá uma sobrevida a quem é do ramo, deveria fazê-lo.
Ou não ???
Espelhos- José Flávio Vieira
Benedito Lacerda
Benedicto Lacerda (Macaé, 14 de março de 1903 — Rio de Janeiro, 16 de fevereiro de 1958) foi um compositor, flautista e maestro brasileiro.
Nasceu em Macaé do estado do Rio de Janeiro, e desde pequeno freqüentou a Sociedade Musical Nova Aurora.
JACÓ DO BANDOLIM- Norma Hauer
Norma
Receita de Risoto de Funghi Secchi
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Fui gulosa na intensidade de viver uma semana no Rio. Andei por todos os lugares, caí de boca, literalmente, na Gastronomia, e apreciei de um jeito ou de outro tudo que estava acontecendo na terrinha, misturada com os aposentados e trabalhadores do lugar.
Os cariocas ensinaram-me a ser mais gentil, e a ser feliz "por nada", como diria Martha Medeiros.
Sinto uma preguiça enorme de escrever, e uma disposição inusitada de viver.
A vida voltando ao ritmo normal trará de volta novos sonhos e suaves lembranças.
Tô ligada pra ver o desfile das Escolas de Samba, depois de uma passagem fantástica pelos seus Barracos.
É de arrepiar o trabalho árduo/artístico que acontece nos bastidores- a estrutura orgânica- garantindo o ensaio geral, e o desfile apoteótico.
Fiquei encantada com a Portela, Beija-Flor, Império Serrano,Mangueira... Sem deixar de torcer pelo Salgueiro!
Senti-me protegida no Rio. Gastei minhas havaianas, sem correr nenhum risco.
Tô feliz!
Pelé e Bidu - José do Vale Pinheiro Feitosa
Os vórtices da paixão humana - Emerson Monteiro

E quando o tempo fecha, vinda de dentro do coração a força descomunal dos rios cheios de arrancar as pedras, arrebentar e destruir, apertar o tórax a ponto de prender a respiração, faz nascerem os surtos maravilhosos dos planos imaginários do que se chamar paixão. Sem lugar de repouso, ímpetos de querer fugir lá para longe como objeto do desejo, e esquecer, no passado, as belas construções e a família, jogar fora os valores alimentados anos a fio, essa fome do impossível trava a boca do estômago, pedido surdo de espaço no território inexplorado das ilusões, os vórtices de paixões jamais experimentadas, que já invadem com farra a paz dos inocentes. Nisso a vontade incontida do sonho ciranda acelerada, de revirar o mundo e reconstruir as intenções pela vida afora, junto de quem chegou o momento fantástico da mudança.
Saber que possui os direitos da razão, eis missão das mais ingratas. Ninguém anda nos campos do coração, nem o próprio dono, livre de machucar, vez ou outra, os frágeis pés. Ali, aqui, sopram os ventos da ansiada liberdade recém adquirida nos bancos da Natureza. Dominar, no entanto, significa talento de sabedoria, inteligência maior de personalidade, gosto do equilíbrio em andar maneiro longe das destruições arriscadas da fria irresponsabilidade.
Contudo, ainda saíram até aqui só poucos professores neste assunto, formados na escola da experiência. Alguns poetas e romancistas trabalharam o tema, porém chegaram pouco no transmitir da certeza de controlar as batidas dos corações apaixonados. O cancioneiro popular talvez olhasse mais próximo, com suas modinhas doridas, marcas rumorosas das primas e dos bordões, a vibrar as madrugadas insones das curvas idolatradas do ser amado.
Bom, em matéria de sentimentos incontidos nas quatro linhas da razão restam fora de propósito quaisquer cogitações asseguradas na luz da consciência pura. Vira de lado, corre agitado, abandona o lar, o desespero parece querer tomar conta dos protagonistas presos nas garras de aço da paixão. Eis matéria viva das contradições humanas, circunscritas ao calendário das idades. Vem silenciosa, rasga o teto da tranquilidade na história pessoal e despeja os tonéis de tempestade no peito dos solidários boêmios da esperança e parceiros iluminados.
Houvesse justificativas nas tantas circunstâncias do inesperado, poucos achariam as jóias de explicar a dor da paixão nos pobres corações humanos. Respeitar, no entanto, a febre da paixão de todos cabe descobrir qual jeito de poder mora no íntimo do amor de cada ser.
Dentro de um abraço- Martha Medeiros
Onde é que você gostaria de estar agora, nesse exato momento?
Fico pensando nos lugares paradisíacos onde já estive, e que não me custaria nada reprisar: num determinado restaurante de uma ilha grega, em diversas praias do Brasil e do mundo, na casa de bons amigos, em algum vilarejo europeu, numa estrada bela e vazia, no meio de um show espetacular, numa sala de cinema assistindo à estréia de um filme muito esperado e, principalmente, no meu quarto e na minha cama, que nenhum hotel cinco estrelas consegue superar – a intimidade da gente é irreproduzível.
Posso também listar os lugares onde não gostaria de estar: num leito de hospital, numa fila de banco, numa reunião de condomínio, presa num elevador, em meio a um trânsito congestionado, numa cadeira de dentista.
E então? Somando os prós e os contras, as boas e más opções, onde, afinal, é o melhor lugar do mundo?
Meu palpite: dentro de um abraço.
Que lugar melhor para uma criança, para um idoso, para uma mulher apaixonada, para um adolescente com medo, para um doente, para alguém solitário? Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro. Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, tanto melhor. Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve.
Que lugar melhor para um recém-nascido, para um recém-chegado, para um recém-demitido, para um recém-contratado? Dentro de um abraço nenhuma situação é incerta, o futuro não amedronta, estacionamos confortavelmente em meio ao paraíso.
O rosto contra o peito de quem te abraça, as batidas do coração dele e as suas, o silêncio que sempre se faz durante esse envolvimento físico: nada há para se reivindicar ou agradecer, dentro de um abraço voz humana nenhuma se faz necessária, está tudo dito.
Que lugar no mundo é melhor para se estar? Na frente de uma lareira com um livro estupendo, em meio a um estádio lotado vendo seu time golear, num almoço em família onde todos estão se divertindo, num final de tarde à beira-mar, deitado num parque olhando para o céu, na cama com a pessoa que você mais ama?
Difícil bater essa última alternativa, mas onde começa o amor senão dentro do primeiro abraço? Alguns o consideram como algo sufocante, querem logo se desvencilhar dele. Até entendo que há momentos em que é preciso estar fora de alcance, livre de qualquer tentáculo. Esse desejo de se manter solto é legítimo. Mas hoje me permita não endossar manifestações de alforria. ...recomendo fazer reserva num local aconchegante e naturalmente aquecido: dentro de um abraço que te baste.
Serviço: FELIZ POR NADA, Martha Medeiros. Porto Alegre, RS: L&PM, 2011.