por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Encontros com os amigos de Salvador- acervo de Aloísio




Divani Cabral homenageando o músico Gilton Della Cella



A nossa escritora Tetê Barreto


Entre o casal Aloísio Paulo: amei-os!
Eles fizeram o meu Carnaval!
Gracias, Marcos Barreto!

A cultura nordestina foi bastante prestigiada pelo Carnaval Carioca/2012.

Salgueiro, Vice-Campeã!
Cordel  Branco e Encarnado 
Unidos da Tijuca: a Campeã!  
A Escola  vencedora , coroou o Rei do Baião, na Avenida!

Sarau no Carnaval

Dona Almina, presença ilustre, simplicidade em pessoa!

Nicodemos, prata da casa!

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Gilton Della Cella deixará saudades...Aguardamos breve retorno!

Conversa musical entre os músicos:Gilton, Nicodemos e Abidoral Jamacaru.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012


Solidão
Luz
Vida...
Tudo isso nos remete
a necessidade de estar
em bando, como as aves
do céu.

Meu abraço bem apertado de final de carnaval.


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Se Eu Morrer Amanhã


Se eu morrer amanhã
Não levo saudade
Eu fiz o que quis
Na minha mocidade
Amei e fui amado
Beijei e fui beijado
Se eu morrer amanhã
Seu doutor
Morrerei feliz

Se eu morrer amanhã
Não levo saudade
Eu fiz o que quis
Na minha mocidade
Amei e fui amado
Beijei e fui beijado
Se eu morrer amanhã
Seu doutor
Morrerei feliz.


Gilton X Aloísio: Foi bonito de se ouvir a conversa musical entre os dois.Haja inspiração!

Aloísio, o poeta baiano, deixou de ser apenas um amigo virtual...Gente fina!


Aloísio, Gilton e Abidoral Jamacaru- noite de encontro!


Recentemente resolvi cortar o cabelo e assumir meus grisalhos.Não adianta ficar lembrando como éramos no passado...É preciso encarar o espelho.



De perdas as figuras se fizeram. Envelhecer é uma merda. A idade do “com dor”. As rugas, carnes flácidas, pele sem brilho, cabelos de fubá. Cabelos brancos e pinturas por obrigação. Esta é a figura.

Mas por isso mesmo é que envelhecer é um barato. Uma luta contra a figura e a imagem. O enquadramento no consumo e a covardia por aceitar o beicinho da juventude. Ora que venha a juventude, a criancice e os muito mais velhos. Não existe velhice, nem adolescência, nem juventude e menos ainda a infância: existe a possibilidade do acontecer após respirar, beber água e comer.

Aí é que está a luta, o trabalho e a exploração do trabalho. E por isso mesmo é o carnaval, a folia por sobre a ordem que classifica. Quando estamos fora da ordem, temos a liberdade de entender melhor o tempo já inventado e aquele que ainda precisa ser respirado.

Uma das coisas a considerar: a saudade e o conservadorismo do “meu tempo foi melhor”. As marchinhas de carnaval, os samba enredos, o Brasil foi melhor. Pois não foi de modo geral e no restrito até que foi. Afinal não podemos desconsiderar que a cultura tem seus ciclos de acontecer. Depois muda para outra que pode ser mais humana ou não, mais popular ou não, mais democrática ou não.

Como esta música aí em cima da Escola de Samba Caprichosos de Pilares de 1985. Tem o olhar pelo retrovisor, mas tem a crítica daquele momento. O samba foi composto ainda em 1984 o ano do grande comício das Diretas Já na Candelária. O Brasil se libertava de uma ditadura política e se abria para um novo tempo.

Estávamos na Marquês de Sapucaí. Era a noite do desfile da Caprichosos e seu samba “E por Falar em Saudade” já estava nos nossos corações. Naquele ano de 85 as escolas ainda não perdiam pontos se atrasassem o desfile e aconteceu. A Caprichosos entrou no dia seguinte já por volta de 9 para 10 horas. Uma noite toda acordados no assento de cimento da avenida. E quando a escola entrou o mundo ficou igual ao povo pernambucano ouvindo o frevo Vassourinha.

Eu queria outra palavra mas a preguiça me remete mesmo para o mundo explodiu não só de alegria, nem de emoção, o mundo da rotina, das escalas de poderes, dos cansaços do corpo e das angústias existencialistas era outro. Foi aí que uma moça com quem não paquerei pois tinha a minha querida Tereza ao lado, deu seu grito de mulher parindo a humanidade num só ato: se eu morresse agora não faria qualquer diferença. Já tenho tudo neste momento.

Ia me esquecendo de uma parada mais antiga do que fui. A famosa disputa entre os fãs da Marlene e os da Emilinha Borba. A Marlene tinha sensibilidade política e Emilinha cantava a música açucarada. Duas marchinhas de carnaval em Marlene são emblemáticas: Lata D´água de Luiz Antonio e Jota Júnior e o Zé Marmita do mesmo Luiz Antonio e Brazinha. Aliás, quem já viu Marlene cantando Meu Guri do Chico Buarque entenderá o que digo.

“Idiotas da objetividade” – José Nilton Mariano Saraiva

Competente, personalista, criativo, extremamente polêmico, “biriteiro” e fumante (de marca maior, tanto que vitimado pela tuberculose) e sem papas na língua (ou ao teclado da sua velha “Remington”), Nelson Rodrigues (natural de Pernambuco, mas desde a mais tenra idade radicado no Rio de Janeiro) foi um grande romancista, contista, cronista e dramaturgo (além de torcedor apaixonado pelo seu “Fluminense Futebol Clube”, tricolor das Laranjeiras).

No teatro, peças como “Vestido de noiva”, “Perdoa-me por me traíres”, “O beijo no asfalto”, “Bonitinha, mas ordinária” e “Toda nudez será castigada” (dentre outras) marcaram pela ousadia (para a época), daí ter sido alcunhado (de certa forma com propriedade), de “anjo pornográfico”.

Em termos de romances, contos e crônicas (também pra lá de avançadas) o repertório era versátil e amplo, valendo lembrar "Asfalto selvagem", "A vida como ela é...", "A dama do lotação" e "O óbvio ululante: primeiras confissões" e por ai vai (foram centenas e centenas).

Deixou também frases antológicas, que ainda hoje repercutem aqui e alhures, algumas pra lá de polêmicas e outras tantas pra lá de atuais (vide abaixo):

1) "O Brasil é muito impopular no Brasil." 2) “Todo ginecologista devia ser casto. O ginecologista devia andar com batina, sandálias e coroinha na cabeça. Como um São Francisco de Assis, com luva de borracha e um passarinho em cada ombro”. 3) "Só acredito nas pessoas que ainda se ruborizam." 4) "Toda unanimidade é burra." 5) "Só os profetas enxergam o óbvio." 6) "Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico." 7) "Até 1919, a mulher que ia ao ginecologista sentia-se, ela própria, uma adúltera." 8) "A cama é um móvel metafísico." 9) "Nem toda mulher gosta de apanhar, só as normais." 10) "Hoje é muito difícil não ser canalha. Todas as pressões trabalham para o nosso aviltamento pessoal e coletivo." 11) "Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia." 12) "Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola." 13) "Deus me livre de ser inteligente". 14) "Não há nada mais relapso do que a memória. Atrevo-me mesmo a dizer que a memória é uma vigarista, uma emérita falsificadora de fatos e de figuras." 15) "O 'homem de bem' é um cadáver mal informado. Não sabe que morreu." 16) "Tudo passa, menos a adúltera. Nos botecos e nos velórios, na esquina e nas farmácias, há sempre alguém falando nas senhoras que traem. O amor bem-sucedido não interessa a ninguém." 17) "Nós, da imprensa, somos uns criminosos do adjetivo. Com a mais eufórica das irresponsabilidades, chamamos de "ilustre", de "insigne", de "formidável", qualquer borra-botas. 18) “O boteco é ressoante como uma concha marinha; todas as vozes brasileiras passam por ele". 19) "Acho a velocidade um prazer de cretinos; ainda conservo o deleite dos bondes que não chegam nunca." 20) "Amar é ser fiel a quem nos trai" 21) "O brasileiro é um feriado." 22) "As feministas querem reduzir a mulher a um macho mal-acabado". 23) "O homem começou a própria desumanização quando separou o sexo do amor." 24) “Deus está nas coincidências”. 25) “Invejo a burrice, porque é eterna”. 26) “Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida; não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos”. 27) “Não existe família sem adúltera”. 28) “Não se apresse em perdoar. A misericórdia também corrompe”. 29) “O amor entre marido e mulher é uma grossa bandalheira. É abjeto que um homem deseje a mãe de seus próprios filhos”. 30) “O brasileiro, quando não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte”. 31) “O pudor é a mais afrodisíaca das virtudes”. 32) “Qualquer indivíduo é mais importante do que a Via Láctea”. 33) “A platéia só é respeitosa quando não está a entender nada”. 34) “A liberdade é mais importante do que o pão”. 35) “Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém”. 36) “Só o rosto é indecente. Do pescoço para baixo, podia-se andar nu”. 37) “A prostituta só enlouquece excepcionalmente. A mulher honesta, sim, é que, devorada pelos próprios escrúpulos, está sempre no limite, na implacável fronteira”. 38) “As grandes convivências estão a um milímetro do tédio”. 39) “O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: o da inexperiência”. 40) “O sábado é uma ilusão”. 41) “Só o cinismo redime um casamento. É preciso muito cinismo para que um casal chegue às bodas de ouro”. 42) “Convém não facilitar com os bons, convém não provocar os puros. Há no ser humano, e ainda nos melhores, uma série de ferocidades adormecidas. O importante é não acordá-las”.

Uma das passagens que mais o marcaram, no entanto, foi quando resolveu deitar falação sobre os “idiotas da objetividade”. Na verdade, a transmutação, o processo de metamorfose ou gradual “americanização” da imprensa brasileira, que obrigava o jornalista a deixar de lado o floreio verbal, o detalhamento do fato, as minúcias da ocorrência e até o uso de um pouco de exagero, privando o leitor da expectativa sobre o desenlace da matéria; a partir de então, o objetivo era entregar-lhe um texto já mastigado, enxuto, insosso, sem nenhuma emoção ou capaz de provocar-lhe qualquer comoção. Para Nelson, os profissionais que se prestavam a essa nova realidade não eram jornalistas na essência, mas, sim, meros “idiotas da objetividade” (porquanto apenas transcreviam e assinavam os textos recebidos das agências de notícias).
A reflexão tem muito a ver como determinadas figuras jurássicas, que não tiveram o cuidado de se reciclar (e que pululam aqui e acolá), adeptas da tese estapafúrdia de que, por não viverem num determinado ambiente ou cidade, as pessoas estariam incapacitadas ou inabilitadas para opinar ou redigir sobre o que lá acontece, porquanto teoricamente desinformadas ou desprovidas daquela massa cinzenta que os faz pensar, agir, ter opinião própria a respeito das coisas e do mundo e sobre tal manifestar-se (a Internet, o telefone, o jornal, os correios e a comunicação familiar nada valeriam, mas, tão somente, a presença, a “matéria bruta” in loco, preferencialmente ao vivo e a cores).
E aí, será que Nelson Rodrigues os rotularia de “idiotas da objetividade” ???

Além de Linda
Gilton Della Cella

O meu dia só começa
Quando olho pra você
Mesmo que desalinhada
Mais e mais vou te querer

Seja para dizer bom dia
Enquanto faz um café
Ou então pra te chamar de amor
Quando quiser

É você na minha vida
O meu vício, meu prazer
Encanto de fantasia
Que me faz enlouquecer

O pensamento vai longe
Quando você não está
Vai girando pelo mundo
Pra te encontrar

Além de linda, você me faz
Menino que navega num barco de papel
E ao te beijar nós somos iguais
Dois anjos que flutuam no céu.



Feliz Aniversário, Verônica Moreira!

Amor de verdade ! - por Socorro Moreira


O amor é de verdade na mentira
O amor é de mentira
Quando não pode ser de verdade.

Amor de verdade é feliz
Não conta com o desencanto
Não tem começo, nem fim
Ultrapassa o  umbral da eternidade...

Quando o teu olhar se afasta
Eu fico com o amor que espia...

uma palavra puxa
a outra empurra

num judô
sem fim...

ai de mim...

(Nicodemos)

Jardel Filho


Jardel Frederico De Bôscoli Filho, (São Paulo, 24 de julho de 1927 — Rio de Janeiro, 20 de fevereiro de 1983) foi um ator brasileiro.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

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!9.02.2012- Momento inesquecível!



Com a presença de pessoas queridas, GILTON DELLA CELLA surpreendeu com a sua poética//filosófica musicalidade.
Agradecemos à generosidade de Della Cella, que nos presenteou com um show inesquecível!
A maestrina Divani Cabral fez um pronunciamento no final da apresentação, ressaltando as qualidades do artista, já comprometida em incluí-lo na programação do Coral do qual é regente há mais de 40 anos.
A surpresa do evento foi a presença querida de Aloísio Paulo e esposa, pessoas ligadas ao Azul Sonhado desde a sua origem.
Parabenizamos a Administração do "4 Estações", sempre impecável nas recepções, e ao Marcos Barreto e Tetê Barreto, canais providenciais para esta alegria concretizada.
Com música de raiz, alma nordestina, vivemos um Carnaval sem frevo, axé ou samba... Mas com marchas,ritmos contemporâneos, e até valsas, que mexeram com as nossas emoções.



Já é carnaval! - Por José de Arimatéa dos Santos

Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Olinda o carnaval começa bem antes dos outros lugares do país. Festa que aqui no Brasil com a grande diversidade cultural se agigantou de tal maneira que tem alguns que falam que o ano só começa para valer na quarta feira de cinzas. Não deixa de ser exagero, mas de certa forma convenhamos que há uma pontinha de razão quem defende essa tese.
Como amante da cultura brasileira eu acho incrível como o carnaval tem a capacidade de juntar tanta gente na rua para a folia. Seja em São Paulo ou em Santa Luzia do Oeste, Rondônia ou Rio de Janeiro e Crato  no Ceará. Com as devidas ressalvas é carnaval em qualquer ponto desse país verde e amarelo.
Alguns torcem a cara para a festa mais brasileira do mundo. Mas mesmo em casa, em retiros espirituais ou na rua todos nós não deixamos de ser foliões. É nessa época que o país fica mais alegre.
Até os grandes problemas nacionais entram em pauta quando os foliões se caracterizam nos personagens políticos da vida real. Há o protesto contra os poderosos da república e contra os corruptos de plantão dos mensalões, dinheiros na cueca e afins.
Lembro-me que quando criança brincávamos carnaval jogando água nos outros com tubos de desodorantes usados. Enchia de água e tome esguicho nos amigos. Sem falar nas máscaras que às vezes assustavam as criancinhas de colo. Ah! Mas esse tempo a rua era o local de encontro das brincadeiras de criança. Não existiam o vídeo game e muito menos o computador.
Tudo é carnaval nesse período que vai até terça feira. O importante é aproveitar da melhor maneira possível para descansar, ir para a folia e também para a reflexão espiritual. Isso é carnaval. Festa do colorido e também de muito cuidado com a violência. O que vale é a moderação em tudo para que na quarta feira de cinzas fique só a saudade da alegria e os ânimos renovados para a continuidade da vida. Paz e felicidade!

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Lual - José do Vale Pinheiro Feitosa

A DEUSA FLORA (um epigrama)


A deusa Flora deita numa cama de flores
como a dizer o que é uma vida sem dores


aos pobres mortais que nasceram da dor
e pensam que vieram do sonho do amor.



GILTON DELLA CELLA


"Nascido na cidade de Ubaíra- Ba, no verde vale do Jequiriçá, Gilton Della Cella, lançou- se ao público em 1984 no Festival dos Bancários da Bahia, onde arrebatou o 2º lugar com a música “ Grande Circo Brasileiro” , ganhando também naquela noite, o prêmio de melhor letrista. Em 1997 voltou a vencer o mesmo festival desta vez com a música “ Canto de Açoite” , interpretada por Anna Magdalla, aliás, nos festivais, Gilton Della Cella teve presença marcante, vencendo o Festival Disparada – 1984, promovido pelo Sistema Nordeste de Comunicação , com a música “ Destino Lavrador” , de parceria com Kleber Ramos e Renato Fechine , festival de música de Itaberaba 1984 e 1985 com as músicas “ Grande Circo Brasileiro” e “ Canto de Açoite” , participante do projeto Banco de Talentos, promovido pela Febraban em 1994- 1998- 2000- 2002- 2004 e 2006, com apresentações no Memorial da América Latina, Tom Brasil e Citibank Hall – São Paulo, sob a batuta dos maestros Nelson Ayres e Marco Romera. Selecionado pelo projeto Circuito Cultural Banco do Brasil - 2003, dividiu o palco com Luiz Melodia. Classificado no festival da rádio Educadora da Bahia em 2004, 2005 e 2006 com as músicas “ Brasis” e “ Navegador de Sonhos” e " Solidão Pirata"; classificado no festival Canta Nordeste 1996; finalista dos festivais de Serra Negra- SP- 2004, Toledo- PR – 2004 e Tatuí- SP 2005, Seabra- Ba 2007, Ribeirão Preto- Sp 2007, Angra dos Reis- Sp 2007, Festival de samba paulista no Tuca- Sp 2007, Garanhuns- Pe 2007. Já participou de eventos junto com Fagner, Ney Matogrosso, Zé Ramalho e Dominguinhos.

É com grande satisfação que anunciamos a vitória de GILTON DELLA CELLA no Festival da Rádio Educadora da Bahia com a música "NAÇÃO INDÍGENA" que foi a primeira colocada."


A boa nova é que o músico encontra-se de passagem na nossa cidade, e teremos o prazer de assisti-lo, numa única apresentação, amanhã, dia 19.02.2012, no Restaurante "Quatro Estações"  , a partir do meio-dia.

A gente se encontra por lá!

Abraços.

Anísio Silva (Rio do Antônio, 29 de julho de 1920 – Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 1989) foi um cantor e compositor brasileiro de estilo romântico bolero.


Nélson Cavaquinho


Nelson Cavaquinho, nome artístico de Nelson Antônio da Silva, (Rio de Janeiro, 29 de outubro de 1911[1] — Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 1986) foi um importante músico brasileiro. Sambista carioca, compositor e cavaquinista na juventude, na maturidade optou pelo violão, desenvolvendo um estilo inimitável de tocá-lo, utilizando apenas dois dedos da mão direita.

Lei da Ficha Limpa e o exercício da cidadania - Por José de Arimatéa dos Santos

A decência e a honra são obrigações de todo cidadão e assim é importante na vida política que seus entes tenham um comportamento exemplar no trato do dinheiro público e nos atos da administração pública. Nesse contexto uma lei de iniciativa popular tem agora a sua validade para as eleições deste ano confirmada pelo Supremo Tribunal Federal a mais alta corte do país.
O filtro da Ficha Limpa deveria ser feito pelos partidos já no nascedouro das candidaturas. Indivíduos com dívidas com a justiça já seriam eliminados logo de cara e dessa maneira o partido político teria como propagar aos quatro ventos que seus candidatos são homens e mulheres de caráter e conduta ilibadas.
Quem sabe agora os candidatos que se apresentarem nas próximas eleições possam mudar a visão de grande parte da população que todo político é ladrão e que se faça uma política em que a corrupção seja a exceção da regra.
Sabemos que uma lei não impedirá a ascensão de corruptos, mas  já é um grandioso passo para que cada cidadão fiscalize mais seus representantes políticos. E hoje em dia os recursos para fiscalizar são grandes, principalmente através das redes sociais em que as informações correm numa velocidade estonteante e onde é possível ser o local para encontros na rua para protestar e exigir os direitos de todo cidadão.
A lei da Ficha Limpa valendo já para as eleições de outubro força uma certa modificação nos quadros dos partidos em que novas lideranças poderão surgir e assim a tão esperada oxigenação se fará sentir. Só nos resta agora a escolha de políticos com ética e projetos consistentes em que a transparência aliada ao trabalho pela comunidade sejam o mote. E que o eleitor acompanhe seus representantes em todo momento. Isso é cidadania e a lei da Ficha Limpa já um bom começo.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Vejo que agora tudo está mudado
A vida trouxe surpreza ingrata
Que a desatenção do olhar no passado
E o orgulho  em si mesmo compenetrato
Transmutou o dimante em prata






que semente se pode lançar

no solo do futuro
para que dos olhos
se apaguem esses sinais
de um tempo 
vestido de escuro?


quem poderá dar-me
a dica das veredas que desembocam
no perfeito caminho
já que não sei o perfeito caminhar?


lavar as mãos
varrer o pátio do templo
pequenos gestos onde cabem
as muitas sementes
suas tantas possibilidades
que a pouca luz nessa forma
impede a visão


isso, quem sabe...


abrir a porta
saltar sobre todas as construções
do engano
deixá-las dormindo no ontem
deixá-las secando em cinza
e continuar continuando...



Um presente para quem vai passar Carnaval no Crato!



Almoço musical no "Quatro Estações" com apresentação do cantor, músico e compositor GILTON DELLA CELLA.
A partir das 12:00h do dia  19.02.2012.
Divulguem esta boa nova!

End: Rua Carolino Sucupira, 288

Aguardamos a presença  de todos !


Amor : abc da mentira


Envolto em meu luto,
Danço sem tocar tua mão,
Em quadro quase perfeito,
És valsa da última ilusão.

(Desata este adiado beijo).


Em arrebatados poemas,
Desvendas um sonho só teu,
Sabes princesa,
O príncipe encantado é um outro, não eu!

(Liberta-me de teu jugo).


Abrigando em mim tudo o que sou.
Finjo que parto, mas nunca vou.
E de novo me acorrento,
Em marés dissolventes,
Aguardo me vejas e me desvendes.


(Se um dia me olhares,
Para de novo me esquecer,
Serei miragem perdida,
Sem que me chegues a ver).


As letras que talho são enigmas da verdade.

Giraldoff

Do  meu coração lavado
Do bolso descosturado
Pingam gotas
do amor partido
E aquele olhar inquieto
mentolado
assusta com carinho
meus dias compridos !

socorro moreira

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O Crepúsculo do Corno


E não há carga de fel que não traga juntinho sua xícara de mel, né mesmo ? As limitações que os anos nos vão impingindo nos carreiam alguma dose de experiência. O leitor pode até pensar : mas que o preço é muito alto ! No que preciso concordar, não sem antes inquirir : e tem outro jeito? A outra opção, infelizmente, mostra-se bem pior, assim: dêem-me a carga dos anos com sua infâmia e seus efeitos colaterais , ficarei brincando com o carrinho de rolimã da experiência. Ele não serve prá muita coisa, mas ao menos me engabelará um pouco e esquecerei o nervosismo inexorável dos ponteiros do relógio.
Fiquei esses dias a matutar quanto à mudança nos costumes, não tão diferente da que vemos na paisagem da nossa cidade. Há alguns anos, estudando alemão, perguntei ao meu professor sobre palavrões da língua germânica ( facílimos de um aluno decorar, pela curiosidade que despertam). Aos poucos os fui citando em português e o professor , oriundo de Berlim, me ia traduzindo. Em determinado ponto, gritei : Corno.! Ele não compreendeu e eu precisei explicar do que se tratava. Qual não foi minha surpresa quando, explicado o palavrão, o mestre simplesmente concluiu: --- Não existe este palavrão na Alemanha, isso lá não é nome feio. Fiquei surpreso pois ,no Nordeste brasileiro, existia uma pena de Talião para os casos de infidelidade feminina, não tão diferente daquela aplicada ainda hoje em alguns países da África e Ásia. Firmei bem a infidelidade como feminina, porque a do gênero masculino sempre foi perfeitamente aceita como tolerável , normal e necessária. Nem mesmo existe o substantivo feminino de Corno. Em compensação , o peso que recaia sobre o homem em caso de cair nessa condição era simplesmente terrível: um cargo vitalício e quase impossível de transportar , tamanha a ignomínia que impingia ao agraciado.
As gerações anteriores à minha tinham uma perspectiva muito diferente de casamento. Geralmente não acontecia qualquer envolvimento romântico, muitas vezes havia acordos de famílias, não muito diferente dos enlaces matrimoniais da monarquia. O casal firmava-se no ideal de gerar e criar os filhos e manter o patrimônio familiar. O prazer o homem procurava nos bordéis e nas senzalas: era um absurdo fornicar com a mãe dos próprios filhos, uma verdadeira tara sexual. E à mulher não se permitia ser muito mais que uma fábrica de bruguelos. Mas as folhinhas do calendário foram pouco a pouco sendo desfolhadas. As autoridades familiar e religiosa terminaram com seus grilhões arrebentados. As gerações subseqüentes , principalmente após os libertários anos 60, vislumbraram horizontes até então invisíveis. Caíram por terra os mitos da virgindade, da gravidez indesejada, do casamento arranjado, do papel de ator coadjuvante da mulher, das galés perpétuas do matrimônio. O prazer deixou de ser um pecado execrável e tornou-se uma busca importante e necessária. E o Tesão terminou por ser aceito e cultivado. E o casamento alçou um outro patamar: são mais voláteis e mais verdadeiros, existem sobre as mais variadas formas ( chamegos, ficas, amizades coloridas, rolos, ajuntamentos ) e prescindem muitas vezes da bênção religiosa, civil e social.
Todo esse vendaval levou ao franco declínio do Corno. Deixou de ser palavrão como na Alemanha, tem até Associação que os congrega e também aliviou um pouco o peso sobre os maridos traídos e , principalmente, sobre as mulheres que já não são apedrejadas em praça pública como outrora. A avalanche dos meios de comunicação abriu infinitas possibilidades no ramo da infidelidade. Os tipos tradicionais do folclore popular se desvaneceram com as imensas variedades aparecidas : Corno Facebook, MSN, I Pod, I Pad, Virtual, Maria da Penha. E o corno já não mais faz sucesso, já não é mais apontado na rua , nem corre o risco de ser cadastrado pelo IBAMA. De tão freqüente , perdeu a graça e, também, os outros se eximem de criticar porque, no fundo, todos os homens sabem que como num consórcio, participando do jogo, um dia cada um pode ser contemplado.
Um querido amigo que partiu recentemente dizia que a Cornagem tinha se tornado uma coisa tão séria que, inclusive, já seguia rigorosamente as Leis da Física. “Um Corno em movimento, tende a continuar em movimento”, ou seja tende a repetir a carga por outras vezes : primeira Lei de Newton. “A Toda ação do homem em procurar de cornear a Mulher, existe uma Reação da companheira de mesma intensidade e em sentido contrário” , segunda Lei de Newton. “Um corno atrai outro na razão direta da cornagem recebida e no inverso do quadrado da distância dos ricardões” , Lei da Gravitação Universal que explica a necessidade dos cornos se reunirem e associarem. Inclusive, dizia esse amigo, já houve repercussão até na Física Moderna. Existe, segundo ele, A Teoria da Relatividade da Cornagem. Ou seja : ser corno é relativo. Se eu descobrir que sou corno em Salitre, eu mato a mulher e o amante ; se eu descobrir o mesmo aqui em Crato, mato o amante; se em Fortaleza não mato ninguém, só me separo; agora se morar no Rio de Janeiro e não for corno, vou ficar preocupado e deprimido: por que ninguém quer essa mulher, meu Deus? Aí sou capaz de me suicidar.

J. Flávio Vieira


No Olho do Furacão
Gilton Della Cella

Vou por onde a estrada me leva
Caminhando entre pau e pedra
Na miragem vi luz do sol no teu olhar
Cata-vento, gira moinho,
Vou cantando sempre sozinho
Só a solidão da lua vai me abandonar

E dedilhando na viola
Eu faço tudo pro coração entender
Que só quem ama
Sabe quanta falta faz um bem querer

Eu ouço o canto da cigarra
E a luz do vaga-lume ao meu redor
Sinalizando os pontos
Do perigo que eu já sei de cor

Descobri que já não tenho medo
Quando estou no olho do furacão
E se for só fogo de desejo
Eu aprendi a dizer não
Pra não ter que revelar segredos
Dos amores que vem e que vão

Seleção Genética em nome de quem? - José do Vale Pinheiro Feitosa

Quando vivemos uma civilização cuja natureza é a mudança contínua, as nossas dúvidas são mais dramáticas por que mudar é a natureza do próprio universo. Certo que um viés no nosso pensamento existe por conta desta natureza mutável da realidade que nos cerca, mas as nossas dúvidas emergem o tempo todo.

Seja por questões morais, éticas, por medo das mudanças, por um conservadorismo inerente a toda sociedade estável, a verdade é que muitas dúvidas surgem por tais motivos. O tempo todo estamos questionando o sentido de certas mudanças, os motivos pelos quais se iniciam tais questões.

Uma das características mais marcantes da natureza tem sido a sua diversidade. A diversidade que é necessária para as condições mutáveis do clima do planeta, das radiações físicas, das mudanças de solo, dos movimentos da água e assim por diante. A diversidade dentro de uma espécie tem sido a condição de seu prolongamento na história natural do planeta.

O sistema de produção capitalista em busca de lucros se baseia na eficiência das forças produtivas. O aumento de produtividade tem tido a marca do crescimento contínuo do capitalismo desde o século XVI. É bem verdade que muito desta eficiência é conquistada com ganho numa ponta e enormes perdas na outra. A exploração imperial é um exemplo clássico destas perdas nos povos produtores de matéria prima.

O exemplo da China é comovente. Não é incomum que a esquerda e a direita critiquem o processo produtivo Chinês: aumenta a produtividade massacrando o trabalhador com salários baixos, enormes horas de trabalho e nenhuma proteção social. Muitos esquecem que as perdas dos trabalhadores chineses estão desovadas nos ganhos de consumidores em outros continentes.

Mas retornando à eficiência com base científica ou tecnológica. Neste dias visitei uma fazenda de produção de espécies selecionadas de uma determinada raça de carneiros. Tais carneiros selecionados ampliam enormemente a eficiência da carcaça do animal com ganho de até 60% em relação às espécies atualmente existentes no nordeste.

Ali eles não só praticam a seleção de espécimes, como se utilizam de técnicas de fertilização “in vitro” e transferência de embriões. Uma fêmea selecionada que em condições naturais disseminaria seu patrimônio genético para no máximo oito ou dez descendentes, hoje pode chegar até 30 ou 40 embriões viáveis na barriga de outras ovelhas num único procedimento.

Imediatamente eu pensei sobre aquela letra da música Disparada do Geraldo Vandré: por que gado a gente marca, tange, ferra e mata, mas com gente é diferente. Ora a eugenia é velha em certos desejos, especialmente no fascismo alemão. Uma espécie humana eugênica é um ganho da engenharia genética, mas tem tudo para ser uma perda da manutenção da espécie na natureza mutante.

Padronizar o ser humano é um desejo de hegemonias, de povos dominantes, de civilizações decadentes e exploradoras. Padronizar é a reprodução dos escolhidos e o aborto dos excluídos. Padronizar o ser humano é cessar o seu movimento histórico. É assim como a tese máxima do neoliberalismo dos anos 90 pela voz de Fukuyama com seu “fim da história”.

A respeito disso evoco um exemplo, procurando não exibir comentários sectários. Nesta semana tivemos a seguinte notícia: “Nasceu sábado passado o primeiro bebê brasileiro selecionado geneticamente em laboratório de modo a não carregar genes doentes e ser totalmente compatível com a irmã - que sofre de talassemia maior, uma doença rara do sangue que, se não for tratada corretamente, pode levar à morte. Maria Clara Reginato Cunha, de apenas 4 dias, nasceu no Hospital São Luiz para salvar a vida de Maria Vitória, que tem 5 anos e convive com transfusões sanguíneas a cada três semanas e toma uma medicação diária para reduzir o ferro no organismo desde os 5 meses.”

Sem dúvida uma notícia em causa nobre, mas não deixa de ser a geração de um ser em benefício de outro em si mesmo. Agora imagine tais laboratórios como aquele exemplo das ovelhas acima para produzir espécies humanas em busca da eficiência da máquina capitalista desconsiderando a diversidade do planeta.

Boas-vindas ao artista baiano GILTON DELLA CELLA !

Comemoraremos sua passagem  pelo Cariri, no período de 17 a 22.02.2012.

Expectativa. Liduina Vilar.

Correr atrás do vento
correr atrás da luz
correr em direção ao sol
correr para os braços do amor.
E...
Encontrar a brisa suave
encontrar o brilho luminoso
encontrar os raios solares
encontrar a carícia de Éros.

Julio Iglesias

Sugestão de hoje, no Anonymus Gourmet


"Portal da Transparência" ( II ) - José Nilton Mariano Saraiva

Qualquer indivíduo que se proponha a administrar uma cidade (de pequeno, médio ou grande porte), há de ter o bom-senso e clarividência de seguir uma lição básica (e rudimentar), objetivando atrair e posteriormente manter uma empresa qualquer (comercial, industrial ou de serviços, seja micro ou de maior estrutura) naquela urbe, capaz de gerar empregos e redistribuir renda.
Para tanto, há que oferecer atrativo e facilidades mil ao empreendedor potencial, do tipo: doação de terreno (indústria) ou ajuda na locação do ponto comercial (aluguel), isenção de impostos num período determinado (IPTU, por exemplo), garantia de participação percentual no pagamento de algum tipo de insumo (água, energia elétrica e por aí vai), mas, principalmente, a certeza de que colaborará como cliente/comprador (do comércio, principalmente) e incentivará/recomendará seus munícipes a se engajarem na empreitada consumista.
Pois bem, todos sabem que no Crato (e faz tempo) além da falta de indústrias, o movimento do comércio é “...devagar, devagarinho, quase parando” (na verdade, são um heróis, esses nossos comerciantes), gerando certo mal-estar sobre a possibilidade de que determinados empreendimentos encerrem suas atividades e “se mandem”, em razão dos custos sobrepujarem as receitas (lembram que certo tempo falou-se que a então recém-inaugurada Lojas Americanas ameaçou “tirar o time” ???).
Pois, tão chocante e surreal quanto a constatação de que a Prefeitura do Crato gastou um caminhão de dinheiro na compra de “HORTIFRUTISGRANGEIROS” (sic) em um Armarinho (???), e ainda por cima fugindo ao OBJETIVO da Licitação, é o que se esconde nas entrelinhas (ou por trás de tal transação): é que a empresa Marinete Vieira da Silva Armarinho-ME fica localizada na Av. Ailton Gomes, 1375, Bairro Franciscanos, em... Juazeiro do Norte, CE (63020-000).
Pergunta-se: por quais razões insossos “HORTIFRUTISGRANGEIROS” (sic) foram adquiridos fora da sede do município, sabendo-se que no Crato a área agricultável é bem mais generosa que a de Juazeiro do Norte e, portanto, os preços tendem a ser mais competitivos ???; será que no Crato o atraso é tanto (ou os comerciantes honestos demais) que essa coisa excêntrica (e mau cheirosa) que é um Armarinho... que vende “HORTIFRUTISGRANGEIROS” (sic), inexiste ???; há outros comerciantes de Juazeiro que transacionam com a Prefeitura do Crato, em detrimento dos abnegados que lá labutam, com extrema dificuldades ???; por que a Prefeitura do Crato deixa de comprar no comércio do Crato ???
Até como forma de estimular e dá uma sobrevida a quem é do ramo, deveria fazê-lo.
Ou não ???

Espelhos- José Flávio Vieira




Eric Arthur Blair... Este nome , caros leitores, não parece nos significar muito. Ele está estampado numa lápide simples - sem quaisquer outras maiores indicações- em um cemitério em Oxfordshire, ali aposta desde janeiro de 1950. Este senhor nasceu na Índia há exatos 107 anos e morreu de tuberculose, prematuramente aos 47 . Desvendado, porém, o pseudônimo atrás do qual se mascarava, George Orwell, facilmente nos orientamos. Trata-se de um dos mais visionários escritores do Século XX. A sua importância literária , certamente, não suplanta outros monstros sagrados do século como : James Joyce, Albert Camus, João Guimarães Rosa, Italo Calvino, Marcel Proust, Julio Cortazar, Jorge Luiz Borges. Existem, no entanto, alguns vieses que explicam não só a popularidade de Orwell, como a excelência de sua arte. Primeiro ,há que se exaltar o vigor dos seus ensaios e, antes que tudo, a profunda capacidade profética da sua visão política. Nascido na Índia, em pleno regime colonial britânico, George, inclusive, fez-se agente da polícia na Birmânia, experiência que o pôs em contato com as mais terríveis formas de autoritarismo. Vivenciou, depois, a inescrupulosa experiência do nazifascismo, o que o levou a pular,rapidamente, para a extremidade oposta do totalitarismo, enveredando por uma experiência marxista-lenista. Lutou ainda numa milícia trotkista e anti-franquista, na Guerra da Espanha. Tantas experiências desastrosas, certamente, terminaram por forjar na sua alma uma aversão ao imperialismo e ao autoritarismo nas suas mais diversas manifestações. Orwell levou à sua arte esta desilusão ao escrever a fábula “Revolução dos Bichos”(1945) e, depois, um dos livros mais visionários do Século XX : “1984”, publicado , não por mera coincidência, em 1948 e traduzido já para 65 países.
Nele , George narra o sonho de uma humanidade futura, pós apocalipse nuclear. Um novo país, a Oceânia, engloba a Inglaterra, as ex-américas, as ex-Austrália e Nova Zelândia e parte da África. O líder máximo da nova Nação é o Grande Irmão, o Big-Brother, uma figura misteriosa, que ninguém vê, mas que controla a todos através das teletelas que estão espalhadas por todo canto e vigiam a todos os habitantes. A comunidade era controlada física e mentalmente através da Polícia das Idéias e não havia leis, mas regras que eram jogadas goela abaixo. O romance de Orwell é quase premonitório no que tange à quebra de toda a privacidade. O futuro mostrou que uma rede tecnológica imensa tem cindido todas as barreiras individuais : comunicações por satélite, Internet, filmadoras minúsculas, GPS, satélites espiões, há até a possibilidade de leitura do pensamento através de exames de ressonância magnética. Há um aspecto dessa profecia orwelliana, no entanto, que George não conseguiu ler no seu oráculo. Ele jamais imaginou que esta perda de privacidade poderia vir a ser interessante para muitas pessoas e, inclusive, passar a ser perseguida. Artistas se mancomunam com paparazzi ; pessoas comuns filmam-se em momentos íntimos e põem as fotos na Internet; mulheres instalam câmeras em casa e transmitem as imagens em tempo real para toda a rede mundial de computadores. Hoje, o mundo busca , a todo custo, alguns momentos mínimos de fama, a qualquer preço.
Recentemente desenrolou-se, por mais de dois meses, o Big Brother na sua décima versão. O chamado Reality Show foi criado por John de Mol , um milionário magnata da mídia holandesa. O nome BB, certamente, não é mera coincidência, sorveram-no do 1984 de Orwell. O programa , de audiência expressiva, mostra um grupo de homens e mulheres, previamente escolhidos, vivendo reclusos e filmados e gravados continuamente. Em tempos em que se escancarou completamente o buraco da fechadura, entendem-se os altos números do IBOPE. Este ano, muitas polêmicas se abriram. Toda uma trupe de coloridos assumidos teve acesso à casa. Inúmeros preconceitos foram abertamente expressos: homofobia, machismo, preconceito racial, informações deturpadas quanto o contágio da AIDS. Além de barracos eventuais , erros imperdoáveis emitidos em inúmeras informações e uma mal-educação reiterada por parte de alguns membros do BBB. Houve protestos, a Globo teve que , por ordem judicial, se retratar algumas vezes, reafirmando que as opiniões dos membros da Casa não eram, necessariamente, a opinião da emissora, embora ela servisse ali de amplificadora para muitas sandices.
Vamos refletir um pouco sobre a questão. Primeiro, no que se refere à responsabilidade da promotora do BBB. Acredito que a cúpula da emissora não tem opiniões tão retrógradas sobre muitas questões levantadas pelos participantes do Reality Show. Só que, no momento em que se promove um programa deste quilate, com regras claras e bem estruturadas, sabe-se que este risco existe, logo à emissora se deve imputar a responsabilidade de servir de um disseminador de verdades questionáveis e opiniões deformadoras e deturpadas.Em segundo lugar, há de se concluir que tudo que ali foi dito, em tempo real, não é muito diferente do pensamento médio do brasileiro comum. Basta ouvir papos em rodinhas de praia e mesa de bar. A homofobia ainda está bem sedimentada entre os brasileiros, o analfabetismo funcional é evidente, o machismo é arraigado, o preconceito étnico ainda é uma realidade. Como do outro lado da telinha, existe uma concorrência desleal em busca do trono; os homens usam muitas máscaras e as amizades ,a maior parte das vezes, se alimenta de conveniências.
O mais preocupante, no entanto, é que , no caso do BBB, a população é quem escolhe os vencedores. E quem ela manda para o trono ? Os carreiristas, os desonestos, os brutamontes, os mal-educados, os trapaceiros. Narciso encanta-se com a própria imagem no espelho. O problema maior é que quando a casa do BBB se estende por todo país, a votação se repete. Basta vir a eleição e elegemos um sem número de corruptos para assumir o cargo do Grande Irmão e do seu Ministério. Depois, nós mesmos nos pomos a reclamar dos desvios, das falcatruas, dos combinemos por baixo dos panos. Se a imagem refletida no cristal é feia, deve-se providenciar a plástica, não adianta apenas quebrar o espelho para resolver o problema.


Benedito Lacerda



Benedicto Lacerda (Macaé, 14 de março de 1903 — Rio de Janeiro, 16 de fevereiro de 1958) foi um compositor, flautista e maestro brasileiro.

Nasceu em Macaé do estado do Rio de Janeiro, e desde pequeno freqüentou a Sociedade Musical Nova Aurora.

JACÓ DO BANDOLIM- Norma Hauer






Foi a 14 de fevereiro de 1918 que nasceu, aqui no Rio de Janeiro, Jacob Pick Bittencourt, que ficou conhecido no meio musical como JACÓ DO BANBOLIM.

~Desde pequeno interessou-se por instrumentos musicais, primeiro o violão, depois o violino e, por úlyimo, aquele que representou sua vida:o bandolim. Sendo autodidata, aprendeu a tocá-lo sozinho.

O primeiro choro que lhe chamou a atenção e fê-lo interessar-se por esse ritmo,foi o “È do Que Há”, de Luiz Americano, gravado pelo autor. A partir daí fundou o conjunto “Época de Ouro”, ainda existente, embora sem sua presença, mas com vários “chorões” que semanalmente se apresenta na Rádio Nacional..

Podemos citar como de sua autoria, os choros “Noites Cariocas” e “Doce de Coco”

Em um espetáculo realizado no Teatro João Caetano, em benefício do Museu da Imagem e do Som, no ano de 1968, apresentou-se com Elizeth Cardoso, Zimbo Trio e o conjunto “Época de Ouro” Esse espetáculo foi gravado em dois LPs em edição limitada, o que é pena porque merecia uma edição comercial..



Atuou até o fim de sua vida no programa “ Jacob do Bandolim e seus Discos de Ouro”, na Rádio Nacional sendo que o último foi ao ar na véspera de seu falecimento ocorrido no dia 13 de agosto de 1969.

Nesse dia, chegando em casa, acompanhado de Pixinguinha, com quem acertara a gravação de um LP só com músicas do compositor, teve um infarto fulminante, sem mesmo conseguir entrar em sua casa.



Após seu falecimento, seu filho Sergio Bittencourt, também compositor, compôs “Naquela Mesa”, que gravou com Elizeth Cardoso, ficando tão emocionado que não conseguiu cantar o último verso.



NAQUELA MESA



Naquela mesa ele sentava sempre e me dizia sempre
O que é viver melhor

Naquela mesa ele contava estórias
E hoje na memoria eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele juntava gente e contava contente
O que fez de manhã e nos seus olhos era tanto brilho
Que eu mais que seu filho eu fiquei seu fã



Eu não sabia que doía tanto uma mesa no canto
Uma casa um jardim

Se eu soubesse o quanto doi a vida
Essa dor tão doída não doía assim
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguem mais fala no seu bandolim
Naquela mesa tá faltando ele e a saudade dele
Está doendo em mim.


Norma

Gostei!


Receita de Risoto de Funghi Secchi



Ingredientes (receita para 4 pessoas)
- 1/2kg de arroz arbóreo (arroz para risoto)
- 1 cebola pequena corta bem miudinha
- 3 colheres de manteiga sem sal + 1 colher cheia para finalizar
- 1 taça de vinho branco seco de boa qualidade
- 2 litros de caldo de legumes
- 1 mão cheia de funghi secchi
- sal à gosto

Pré-preparo do funghi
Numa vasilha com água coloque o funghi para hidratar, uns 20 minutos antes de começar a preparar o risoto. Olha aí o aspecto dele, antes de hidratar. É esquisito mesmo, afinal, são cogumelos secos, ou melhor dizendo, fugos desenvolvidos.

Preparo
Etapa 1
Aqueça o caldo. Em uma outra panela “grande” aqueça as 2 colheres de manteiga. Adicione a cebola e refogue. A partir daí a receita pede a sua atenção total e você não deve se afastar da panela. Aumente o fogo e adicione o arroz e comece a fritá-lo. Mexa ele constantemente de forma a não queimá-lo, ele não deve ficar dourado. Depois de 2 ou 3 minutos diminua o fogo para médio e adicione o vinho branco sem parar de mexer. Ele vai chiar e você deve misturar todos os ingredientes da panela, nesta etapa todo o álcool da bebida vai evaporar.

Etapa 2
Assim que o vinho for absorvido pelo arroz, acrescente a primeira concha de caldo quente. Você agora não deve parar de mexer, não se esqueça de esfregar o fundo da panela deixando o fundo bem limpo para que o arroz não grude. Vá acrescentando mais caldo a medida que ele for evaporando, tome cuidado para que ele não fique com muito caldo e fique empapado demais. Essa etapa deve demorar uns 15 minutos. Vá experimentando o arroz e observando a textura. Reduza aos poucos a quantidade de líquido que vai acrescentando e continue mexendo.

Etapa 3
Retire o funghi da água e pique os pedaços maiores. Acrescente o funghi no risoto e mexa bem. O funghi irá tingir o arroz. Quando o arroz estiver no ponto, abaixe o fogo e experimente para ver se haverá necessidade de colocar sal. Se sim, adicione uma pitada e prove novamente. Adicione a última colher de manteiga, que deverá deve estar gelada, no centro da panela. Misture delicadamente, sem encostar a colher na manteiga, ou seja, misture na lateral da panela, de forma que manteiga fique no meio e vá se desfazendo aos pontos.


http://cozinhatravessa.com.br/post/risoto-de-funghi-secchi/

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012





Ainda não me livrei do bom cansaço.
Fui gulosa na intensidade de viver uma semana no Rio. Andei por todos os lugares, caí de boca, literalmente, na Gastronomia, e apreciei de um jeito ou de outro tudo que estava acontecendo na terrinha, misturada com os aposentados e trabalhadores do lugar.
Os cariocas ensinaram-me a ser mais gentil, e a ser feliz "por nada", como diria Martha Medeiros.
Sinto uma preguiça enorme de escrever, e uma disposição inusitada de viver.
A vida voltando ao ritmo normal trará de volta novos sonhos e suaves lembranças.
Tô ligada pra ver o desfile das Escolas de Samba, depois de uma passagem fantástica pelos seus Barracos.
É de arrepiar o trabalho árduo/artístico que acontece nos bastidores- a estrutura orgânica- garantindo o ensaio geral, e o desfile apoteótico.
Fiquei encantada com a Portela, Beija-Flor, Império Serrano,Mangueira... Sem deixar de torcer pelo Salgueiro!
Senti-me protegida no Rio. Gastei minhas havaianas, sem correr nenhum risco.

Tô feliz!


Pelé e Bidu - José do Vale Pinheiro Feitosa

Conheci a vida em pessoa. Alcoolista a ponto de ter o álcool como um veneno que lhe subtrai o mundo e a vida. Por isso milita no AAA de sua cidade. Alto, magro, um gingado da raça, tão bom de bola na adolescência que recebeu o apelido de Pelé e até hoje o é.

Na altivez da vida. Aos setenta e dois anos terminando a terceira série do segundo grau. A razão? O que mais gosta na vida é o conhecimento. Agora tomando aos goles de teoria a mesma eletricidade que soluciona nos automóveis. E eis que a física que é sua prática e hoje a teoria escolar, está na razão da sua síntese. O quê expressa Pelé? Este que vos falo!

A síntese dialética entre fim e eternidade. De todos os conceitos o “fim” é o terminativo de todos os demais conceitos. Os conceitos expressam o mundo em movimento, se não como dinâmica própria seja como parte a contrapor-se (ou complemento) a outro conceito. Já o fim é a cessação do movimento.

Como Pelé, somos mortais, portanto chegados a um fim. Tomamos conceito de fim como absoluto. A bíblia o radicaliza como o fim dos tempos. Afinal é contundente que a antiguidade já tenha reconhecido que o tempo expressasse o movimento do mundo (ou, seja contundente que ainda continuemos com a antiguidade em nós).

Mas o fim de Pelé se encontra numa dinâmica exterior a ele, que se prolonga muito além do último Pelé que o mundo criar. Então: Pelé é a finitude que se estica neste momento na eternidade. O conhecimento é prova da eternidade. E digo com toda certeza apesar dos grandes quilômetros a nos separar neste momento.

E foi no compasso dos dias que tomei conhecimento da história amorosa de Bidu. Um cão pincher, com aqueles olhos saltados mas um contraponto de personalidade que lhe é comum pela raça. Bidu era amoroso. Nada nervoso. Latia para estranhos, mas não com todos aqueles tremores da raça.

Um dia apareceu uma gatinha, ainda na fase de crescimento, e resolveu adotar o nicho ecológico de Bidu. Ao invés de Bidu fazer a explosão da espécie quais os humanos caricaturam como cão e gato, ele cai de amores pela gatinha. Sei, os mais velhinhos que diziam gatinha logo pensam no acerto, mas convenhamos que a lei humana é: cão persegue gato.

E Bidu faz a corte, lambidas, patas abraçando, tentativas de contato físico. A gatinha se esquivava dos carinhos como podia, mas adotara além do nicho. Adotara Bidu. E Bidu sendo aceito, se desmanchava em tentativas. Todas cruzadas pela divisão das espécies, mas a zoologia não era a classificação dos dois.

Bidu fazia outra classificação: a do amor. Tomado de amores não se afastava nem para alimentar-se. Onde ela fosse, iria atrás. Onde estivesse também estaria. Onde se encontra lá está. Foi aí que o dono de Bidu, tomado de pena com a cena contraditória dizia:

- Bidu! Rapaz! Isso não vai dar certo. Bidu! Não vai dar certo!

Bidu nem aí para os conselhos. Se não fosse um cão enorme e de dentes afiados a destroçar a cabeça da gatinha, a história teria um tempo de Romeu no jardim e Julieta na sacada a se prolongar. E Bidu não largou sua amada no transcurso do seu último respirar.

Os vórtices da paixão humana - Emerson Monteiro


E quando o tempo fecha, vinda de dentro do coração a força descomunal dos rios cheios de arrancar as pedras, arrebentar e destruir, apertar o tórax a ponto de prender a respiração, faz nascerem os surtos maravilhosos dos planos imaginários do que se chamar paixão. Sem lugar de repouso, ímpetos de querer fugir lá para longe como objeto do desejo, e esquecer, no passado, as belas construções e a família, jogar fora os valores alimentados anos a fio, essa fome do impossível trava a boca do estômago, pedido surdo de espaço no território inexplorado das ilusões, os vórtices de paixões jamais experimentadas, que já invadem com farra a paz dos inocentes. Nisso a vontade incontida do sonho ciranda acelerada, de revirar o mundo e reconstruir as intenções pela vida afora, junto de quem chegou o momento fantástico da mudança.


Saber que possui os direitos da razão, eis missão das mais ingratas. Ninguém anda nos campos do coração, nem o próprio dono, livre de machucar, vez ou outra, os frágeis pés. Ali, aqui, sopram os ventos da ansiada liberdade recém adquirida nos bancos da Natureza. Dominar, no entanto, significa talento de sabedoria, inteligência maior de personalidade, gosto do equilíbrio em andar maneiro longe das destruições arriscadas da fria irresponsabilidade.


Contudo, ainda saíram até aqui só poucos professores neste assunto, formados na escola da experiência. Alguns poetas e romancistas trabalharam o tema, porém chegaram pouco no transmitir da certeza de controlar as batidas dos corações apaixonados. O cancioneiro popular talvez olhasse mais próximo, com suas modinhas doridas, marcas rumorosas das primas e dos bordões, a vibrar as madrugadas insones das curvas idolatradas do ser amado.


Bom, em matéria de sentimentos incontidos nas quatro linhas da razão restam fora de propósito quaisquer cogitações asseguradas na luz da consciência pura. Vira de lado, corre agitado, abandona o lar, o desespero parece querer tomar conta dos protagonistas presos nas garras de aço da paixão. Eis matéria viva das contradições humanas, circunscritas ao calendário das idades. Vem silenciosa, rasga o teto da tranquilidade na história pessoal e despeja os tonéis de tempestade no peito dos solidários boêmios da esperança e parceiros iluminados.


Houvesse justificativas nas tantas circunstâncias do inesperado, poucos achariam as jóias de explicar a dor da paixão nos pobres corações humanos. Respeitar, no entanto, a febre da paixão de todos cabe descobrir qual jeito de poder mora no íntimo do amor de cada ser.

Dentro de um abraço- Martha Medeiros





Onde é que você gostaria de estar agora, nesse exato momento?

Fico pensando nos lugares paradisíacos onde já estive, e que não me custaria nada reprisar: num determinado restaurante de uma ilha grega, em diversas praias do Brasil e do mundo, na casa de bons amigos, em algum vilarejo europeu, numa estrada bela e vazia, no meio de um show espetacular, numa sala de cinema assistindo à estréia de um filme muito esperado e, principalmente, no meu quarto e na minha cama, que nenhum hotel cinco estrelas consegue superar – a intimidade da gente é irreproduzível.

Posso também listar os lugares onde não gostaria de estar: num leito de hospital, numa fila de banco, numa reunião de condomínio, presa num elevador, em meio a um trânsito congestionado, numa cadeira de dentista.

E então? Somando os prós e os contras, as boas e más opções, onde, afinal, é o melhor lugar do mundo?

Meu palpite: dentro de um abraço.

Que lugar melhor para uma criança, para um idoso, para uma mulher apaixonada, para um adolescente com medo, para um doente, para alguém solitário? Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro. Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, tanto melhor. Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve.

Que lugar melhor para um recém-nascido, para um recém-chegado, para um recém-demitido, para um recém-contratado? Dentro de um abraço nenhuma situação é incerta, o futuro não amedronta, estacionamos confortavelmente em meio ao paraíso.

O rosto contra o peito de quem te abraça, as batidas do coração dele e as suas, o silêncio que sempre se faz durante esse envolvimento físico: nada há para se reivindicar ou agradecer, dentro de um abraço voz humana nenhuma se faz necessária, está tudo dito.

Que lugar no mundo é melhor para se estar? Na frente de uma lareira com um livro estupendo, em meio a um estádio lotado vendo seu time golear, num almoço em família onde todos estão se divertindo, num final de tarde à beira-mar, deitado num parque olhando para o céu, na cama com a pessoa que você mais ama?

Difícil bater essa última alternativa, mas onde começa o amor senão dentro do primeiro abraço? Alguns o consideram como algo sufocante, querem logo se desvencilhar dele. Até entendo que há momentos em que é preciso estar fora de alcance, livre de qualquer tentáculo. Esse desejo de se manter solto é legítimo. Mas hoje me permita não endossar manifestações de alforria. ...recomendo fazer reserva num local aconchegante e naturalmente aquecido: dentro de um abraço que te baste.


Serviço: FELIZ POR NADA, Martha Medeiros. Porto Alegre, RS: L&PM, 2011.