por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 26 de fevereiro de 2011

Solta no azul- Por socorro moreira




Poeta insone
(para Domingos Barroso)

Coração desentendido
Olhos amorosos
Madruga nas estrelas
Seus versos pulam e dançam
Com baratas e pernilongos

É nome de santo
Tem qualquer coisa de anjo
Asas emplumadas de rimas
Profana( mente) desmente:
Todo poeta é sozinho!



Mais um dia pintado de azul

Quem não chora tem o coração seco
Vivo os meus estios
sem cios
-Deveria chorar porisso ...

A pele rasgada
o olhar cansado de esperar a noite
e o dia brincando com a minha paciência
Às vence vence o meu tédio
mas deixa a nostalgia

Começou a nublar
sinto um cheiro de manga no ar
Zoadas diurnas nos quintais
chaleira fervendo...
Mais um café com pão
No trem da vida.

Pensamentos noir - por socorro moreira


As lembranças escapam
quando tiramos a poeira das mágoas.
A saudade carrega um samba no pé
A vida pode durar um só verso
que às vezes se imortaliza!



Se você chegasse...Nem me despedia!


Palavras são como flechas ou bombas
quando atiradas provocam estragos!


Preciso encontrar meu olhar perdido na menina dos teus olhos!


Preciso do teu silêncio
que tudo entrega,
no escuro da tenda!


Busco um sinal
um arco-íris!
Chuva molha, estraga ou viça
o que há fora de mim!


Ninguém trafega, impunemente, nas curvas de uma mulher!

Elos e Elas- socorro moreira



Nos fazemos nos silêncios
nas ruas sem esquinas
nos poemas e pensamentos!



Nesta manhã distante de nós
Nós desatáveis
Querem ficar cegos

Solta no ar,
quero te caçar!
Depois te amassar...
folhinha por folhinha!


É normal esse desalento?
Esta incapacidade de salpicar estrelas
nos meus escuros?


Gotas nos olhos da cara
salpicam folhas...
(de papel e flores)
vento não apaga
a tinta borrada
Folha se gasta
e a lagarta pinta!


A vida é um tapete
feito por nossas mãos
pode ser de luz
estrelas, pedras, flores
de sonhos imaturos
como o rio que afoga enganos
como a estrada que não finda
como o sono que esconde o vinho...


Meu portal está aberto
Vou longe e alto
com todos elos e elas!

Versos com rosas - socorro moreira

Impossível ser zen
numa noite profana
impossível expulsar
o anjo que me acompanha!


as vezes deixo todas as velas ao vento
perco controle e velocidade
e deixo o mundo pensar
que ganhou a guerra!


Meu amor é teu
eco de todos os narcisos
ensina-me a dizê-lo
ensina-me a tê-lo!

Se a noite está do lado de fora
ela que cuide das estrelas
não sei olhar o céu
enquanto você não chega...


Apresento-lhes duas crianças lindas : Lourenço e Pedro !

Netos da nossa amiga Walda Arraes , que acompanha com atenção e carinho as nossas postagens diárias.

Entre o som e o silêncio - Emerson Monteiro


No enquanto da tarde imensa, buscava, no sono, o conforto, quando trovões sacolejaram de ribombos vagas distantes, entrecortando o canto intermitente de um sabiá na mata. Por dentro, porém, calma não veio, deixando apenas de si perguntas e a vontade de escrever, atender ao instinto da sintonia de pensamentos e frases, resposta prudente. Sem alternativas, deixei a rede e cheguei neste porto de papel.
Diante das muralhas intransponíveis das realidades em cada minuto, os dramas e as comédias. Velórios e folias, cascalhos e flores. Os verdes lodos, a crescer dos tijolos, brilham intensos das folhas, no verde das construções antigas. Luzes veludosas prorrompem as faixas de cor suave, em volteios de alegres pássaros nos arvoredos ainda molhados, penetrando curvas e caminhos de seus perfumes silvestres.
Aparências de matéria se acalmam, e, com isso, a fome preguiçosa das respostas e os gritos das farpas e do coração. Só o trilho e as peças do movimento agitando as entranhas. Trocar de passo no sabor dos ventos. Apreciar a paisagem de desenhos multiplicados, que chegam pelo sempre de toda vez que aparece. Agitação, tecnologia de janelas inúmeras, matemáticas, e pessoas chorosas ou sorridentes, nas ruas da lembrança. Enredos, montagens de espetáculos efetivos através das galerias acesas, nos finais de tardes transcendentes. Portas abertas da feroz imaginação; ubres espaçosos e leite derramado. Filhos nascendo e naves partindo a todo o momento.
Com isso, bruxos ou sacerdotes desfibram velas nas catacumbas, ao som de monótonas cantigas espalhadas no amplo firmamento. Catedrais dadivosas envolvem de mistério as maiores dimensões, na possibilidade arquitetônica das divinas ofertas. Natureza reluzente, e o pátio do infinito, onde, azuis, homens e feras vadias, envoltos em flores, amor e prudência, pastam felizes, silenciosos. Um paraíso de sonhos aberto aos viventes, que lhe sobrevoam e descem de olhos atentos ao segredo das árvores, dos rios, florestas e mares, calmos e fiéis ao Ser Supremo.
Nenhuma dúvida mais atiça o desejo realizado, de tudo, o nada absoluto, agora pleno de fragor, arfa satisfeito. Entregam-se, pois, das ondas às areias, guerreiros livres de tribunais e prisões; ausentes das abandonadas conquistas; o prazer completado no fastio. Dali, a convergência no ponto único da plenitude.
Após reunir tais palavras em sentimentos, vórtice impetuoso de energia sacudindo os anéis da garganta chegou cá fora, nessa colagem de versos, pelas cordas sonantes dos dedos nas teclas. Fluir das histórias de dentro em imagens presentes nos céus.
Ribombam trovões, nessa tarde, e um sabiá alimenta de chilreios o ar, maestro exclusivo, na vegetação sertaneja.

Curtas. Liduina Belchior.

Rosa no cabelo
sinaliza alegria,
bem estar, efervescência,
eventualmente harmonia.

ERMANO MORAIS: O SER DE SER UM MANO - por Ulisses Germano


Poeta que é poeta
Nasce feito, nasce pronto
Tem no peito uma seta
Que indica o confronto
Entre a idéia e o sentimento
No rimar do batimento
Zabumbando no desconto

Tem gente que nasce feito
Tem gente que nasce pronto
Tem gente que tem no peito
Um ponto que aumenta um conto
Ermano tem no tutano
O ser de ser um humano
Versejando sem confronto

Ulisses Germano 
Crato, 02/08/2010


Fazendo uso-Por Rosemary Borges Xavier

Gosto de gastar meu pensamento. Redigir umas palavras. Penso que assim refaço o caminho; antes que o dia seja breve.

Governos de conveniência - Emerson Monteiro

A onda que varre dos comandos governantes de países árabes deixa no ar uma séria lição, qual seja: o capitalismo ocidental brincou em serviço quando apoiou a maioria desses ditadores que o próprio tempo se encarrega de eliminar, atitude que demonstra por demais a irresponsabilidade das democracias ricas em relação aos países atrasados deste mundo. Ninguém avalie, portanto, sua posição acima do mal e do bem, como agem detentores da riqueza, nas poderosas economias nacionais.
Depois da crise do petróleo, verificada com a Guerra dos Seis Dias entre árabes e judeus, no ano de 1967, os países detentores das reservas decidiram aumentar o preço do barril do ouro negro a níveis pouco imagináveis. As nações árabes descobriam, enfim, o quanto vale o subsolo nesta civilização contemporânea. O Ocidente, principal consumidor, instalava, naquelas economias crescentes, através dos ardis de bastidores, líderes que lessem nas suas cartilhas, para, mais adiante, dado o despreparo da maioria deles, haver de exterminá-los ao preço das dores civis, notícias que, antes, vieram do Afeganistão, do Iraque, e, agora, num rastro de pó e sangue, das ditaduras de conveniência que afundam, impostas que foram às nações em crise pela barganha dos potentados capitalistas.
Eis uma história marcada, programada de longo prazo. Nas décadas de 60 e 70, as Américas sofreram da mesma fórmula, que serviu, durante 20 ou mais anos, ao pretexto de manter a ordem nesta parte do chão. Os custos disso, atraso na maturidade dos povos, taxa elevada em termos de aperfeiçoamento histórico negativo, subserviência e alienação de gerações inteiras.
Tais exercícios de intervenção alimentaram elites reacionárias e corruptas, ocasionando consequências perversas de vazios profundos no futuro, visando o lucro das conquistas do mercado imperialista.
Essa crise fenomenal que ora elimina titulares carimbados no Egito, na Tunísia, e se espraia pela Líbia, pelo Iêmen e outros países, representa, pois, a derrocada dos esquemas absolutistas impostos pelos ocidentais a povos do Oriente, engordando famílias e governos ilegítimos, quais novos cônsules da Antiga Roma dos césares.
Os resultados da ação equivocada sujeita, com isso, perder a humanidade, expondo conquistas democráticas, devido à injustiça que contagia vizinhanças e domínios equilibrados, pondo risco, por exemplo, na estabilidade da Europa, comunidade que, através dos séculos, ficava distante das convulsões da Ásia e da África. Já que existem, porém, nos tempos atuais, o excesso populacional e as facilidades do deslocamento das massas humanas, o Velho Continente sofre com as angústias do futuro., nuvens escuras crescem das bandas do Nascente, na geopolítica internacional, e, queira Deus, uma autocrítica honesta de quem responsável motive rumos novos aos tristes acontecimentos verificados.

Música na madrugada

"More" - Por Socorro Moreira




O sono está na rua.
Vadiando numa mesa de bar
Escreve em guardanapos, e amassa...
Não consegue dizer o que sente
Não sabe!
Teu sono está conciliado com o teu corpo.Eles sonham!
Vidas paralelas vivem o amor sem licença pros batismos.
E eu com isso?
Se me inspiro, se faço disso um ofício...?
Imagino as confissões juvenis, como se eu estivesse na puberdade, e catasse borboletas, colhesse  flores pra enfeitar o cabelo.
Quero este presente que não desiste da embriaguez amorosa.Que nada cobra do tempo, a não ser um arrepiar-se. É quando chegas; é quando soltas um panfleto poético, e eu cato nas entrelinhas um sinal vermelho ou verde... Mas a cor amarela ordena a espera. A espera por uma próxima visita, que vem lá do mar.
Canto um bolero. Tem coisa mais brega?
“Alguém me disse...”, “Ninguém é de ninguém!”.
Pra completar, eu relembro “Doce Amargura...”
“Provo do favo do teu mel”, sem conhecer o teu beijo.Ele fala comigo, quando é teu o meu desejo.

Mais que uma simples foto...

Achei linda essa foto. Peguei no orkut de uma grande amiga e comadre, Darineia (todos os créditos para ela).
Parece o vazio de pessoas [duas] diretamente ligadas, ou perdidas na imensidão do infinito. É uma imagem reflexiva... Um vazio nostálgico, sei lá...
Preste atenção...
E você, o que também sente ao ver essa imagem?
Mara

Eu acredito em Deus - Martha Medeiros

Esse é o Meu Deus...
Lindo texto!


EU ACREDITO EM DEUS
Eu acredito em Deus. Mas não sei se o Deus em que eu acredito é o mesmo Deus em que acredita o balconista, a professora, o porteiro. O Deus em que acredito não foi globalizado. O Deus com quem converso não é uma pessoa, não é pai de ninguém. É uma idéia, uma energia, uma eminência. Não tem rosto, portanto não tem barba. Não caminha, portanto não carrega um cajado. Não está cansado, portanto não tem trono. O Deus que me acompanha não é bíblico. Jamais se deixaria resumir por dez mandamentos, algumas parábolas e um pensamento que não se renova. O meu Deus é tão superior quanto o Deus dos outros, mas sua superioridade está na compreensão das diferenças, na aceitação das fraquezas e no estímulo à felicidade. O Deus em que acredito me ensina a guerrear conforme as armas que tenho e detecta em mim a honestidade dos atos. Não distribui culpas a granel: as minhas são umas, as do vizinho são outras, e nossa penitência é a reflexão. Ave Maria, Pai Nosso, isso qualquer um decora sem saber o que está dizendo. Para o Deus em que acredito só vale o que se está sentindo. O Deus em que acredito não condena o prazer. Se ele não tem controle sobre enchentes e violência, se não tem controle sobre traficantes, corruptos e vigaristas, se não tem controle sobre a miséria, o câncer e as mágoas, então que Deus seria ele se ainda por cima condenasse o que nos resta: o lúdico, o sensorial, a libido que nasce com toda criança e se desenvolve livre, se assim o permitirem? O Deus em que acredito não é tão bonzinho: me castiga e me deixa uns tempos sozinha. Não me abandona, mas me exige mais do que uma visita à igreja, uma flexão de joelhos e uma doação aos pobres: cobra caro pelos meus erros e não aceita promessas performáticas, como carregar uma cruz gigante nos ombros. A cruz pesa onde tem que pesar: dentro. É onde tudo acontece e tudo se resolve. Este é o Deus que me acompanha. Um Deus simples. Deus que é Deus não precisa ser difícil e distante, sabe-tudo e vê-tudo. Meu Deus é discreto e otimista. Não se esconde, ao contrário, aparece principalmente nas horas boas para incentivar, para me fazer sentir o quanto vale um pequeno momento grandioso: um abraço numa amiga, uma música na hora certa, um silêncio. É onipresente, mas não onipotente. Meu Deus é humilde. Não posso imaginar um Deus repressor e um Deus que não sorri. Quem não te sorri não é cúmplice."

Martha Medeiros

MANÉ DE JARDIM - ALÉM DA LENDA CONTADA...


 
Conheço um tal de Mané
Que nasceu lá em Jardim
Vivente como ele é
Talvez se lembre de mim
Prá ele compus um samba
Do viver da corda banba
Nas cordas do bandolim

        Fiquei sabendo que o Mané de Jardim costumava fazer uma pergunta para deixar algumas  pessoas aqui do Crato meio que embaraçadas. Com seu jeito elétrico de pirlimpimpim, indagava:
           -Você sabe o que é idiossincrasia?
           -Não - respondia o incauto. 
           Então, imediatamente o Mané revidava:
          -Vá estudar!!!
 
Mané de Jardim, pra quem não conhece,  faz parte do panteão dos grandes músicos que nasceram nas tocatas das noites cratense.  

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

POEMAS DE ISOPOR



"CORPOS DE PAPEL"

A intuição é um raio
E a poesia um trovão
Que anuncia o ensaio
De um poema em ação
As vezes a rima está
No sentimento que há
Na centelha da paixão

Por isso ninguém explica
A hora em que o verso nasce
A teoria não se aplica
No momento do impasse
Não escrevo por vaidade
E sim por necessidade
De revelar o disfarce

Quando a rima está oculta
Nas entrelinhas do verso
O mistério então avulta
Deixando o leitor disperso
Trazendo a tona os ensejos
Dos diferentes desejos
Dos seres do Universo:


As 
teorias
são
plausíveis
quando
passam
pelo
crivo
da
prática


Ulsses Germano
Crato, 25/02/2011

 

O pássaro e a pedra



 
                                                    
O PÁSSARO E A PEDRA


Um pássaro pousado numa pedra
um pássaro enorme
um pássaro muito maior do que a pedra
um pássaro só pássaro
muito mais do que a pedra só pedra
todo o ser do pássaro
sob sol a pino
sobre a pedra em fogo

De repente
o pássaro voou

A pedra em chamas sob o sol a pino
sem o pássaro
a ausência do pássaro
a ausência enorme do pássaro
a ausência muito maior do que a pedra
uma pedra só pedra
uma pedra sem o pássaro
a pedra sem o ser do pássaro
a pedra quase não é
a pedra sem

Nada maior que a solidão
da pedra sem o pássaro
o milagre do ser do pássaro



Costurando versos...-Por Socorro Moreira



Tenho um jardim de ervas e relvas
Com sempre-vivas
em todas as minhas pedras !

viajo no tempo
qualquer barulho
me acorda
iluminando a memória...
te encontro em bela época
te perco em cada volta

te acho lá no passado
num apático anonimato
mas de imagens bem fortes

Cansada de tanto andar
percebo teu respirar
adormecemos em sonhos
acabamos (de)vagar

recomeçar
palavra de ordem
o ponto é frouxo
a linha é tênue
mas é possível
remendar ou costurar
o sonho antigo da gente

socorro moreira

no deserto de Atacama - Por Domingos Barroso


Ninguém mesmo andará com tua bengala.
O pombo que solta mísseis pastosos
acertando em cheio o colarinho
da tua camisa polo

é só um aviso
que o tempo
é outro.

Encosta a bengala,
meu caro.

A saudade consumida
pelo mormaço do quarto
e pelas traças enjoadas
de livros empoeirados

é só um sinal
que a vida mudou.

O mundo do dia pra noite
não planta orquídeas nem
faz papa quentinha de bebê.

O mundo permanece
(graças a deus) o de sempre:
tuberculoso, frio e vão.

Não o mudes
[esse mundo
é uma prévia
da tua existência]

se fosse diferente
haveria no teu quintal
na tua área de serviço
na tua varanda

aqueles cavaleiros
de capa e capuz
e foices

abrindo os dentes
sob um ar sombrio
de queimar a espinha
de medo.

O teu olhar, meu caro
é que é totalmente

diferente hoje
diferente amanhã.

Graças ao teu deus
tu agora percebes

com os olhos fechados
debaixo do chuveiro

é mais fácil esquecer o tempo
não se importar com a vida.

Nem precisas especular
a tua ansiedade.

Ninguém mesmo andará suspenso
sobre os teus chinelos e nem arderá
encostada à parede a tua bengala.

Tu só mudaste
porque sabes:

um vacilo
é tenebroso
o prelúdio
da dor.

E dor (convenhamos)
só se for de parto
e de filho querido.

 por Domingos Barroso

"Salvador in Blue"








O Mar da Minha Terra

Nenhum mar é mais belo
que O Mar da Minha Terra.
Porque nenhum mar tem a espuma
mais branca
que “A Espuma do Mar da Minha Terra”.

Nenhum mar é mais temido
que O Mar da Minha Terra.
Porque nenhum mar tem as ondas
mais fortes
que “As Ondas do Mar da Minha Terra”.

Nenhum mar é mais cantado
que O Mar da Minha Terra.
Porque nenhum mar
tem “A Magia
das
Lendas do Mar da Minha Terra”.

Nenhum mar tem a cor
mais bonita
que A Cor do Mar da Minha Terra.
Porque nenhum mar tem um azul
Como “O Azul
do Mar da Minha Terra”.


E se Esse Mar é da Minha Terra ...

Me desculpem a pretensão,
mas Esse Mar é Todo Meu.

( Corujinha Baiana )
Inspirado no poema “ O Tejo é mais belo que o rio que corre na minha aldeia” de Alberto Caeiro ( Fernando Pessoa )
domingo, 25 de outubro de 2009


Edith Piaf: uma história para se contar...

Eu te amo meu Brasil - José do Vale Pinheiro Feitosa

Quem se espantará com alguém que diz amar. Principalmente se este amor é seu país e sua gente. É um amor lícito, sublime, pois amor à natureza deste território e à cultura que traduz gente. Pois foi isso que o compositor Dom da dupla Dom e Ravel fez com a música “Eu te amo meu Brasil” e divulgada pelos Incríveis.

A questão não era que a ditadura tivesse o direito de fazer a sua propaganda, pois ela não se importaria com algo em assunto de direito. A questão é que ela não amava os brasileiros, pelo menos na construção do seu marketing interno: o Brasil Ame-o ou Deixe-o, era uma verdadeira expulsão de brasileiros. E como deixar de ser brasileiro uma vez o sendo?

E os Incríveis cantaram quando seus colegas eram literalmente expulsos pelos militares do país: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque etc. Eles podem cantar aquela música pensando em ser igual ao Brasil, meu Brasil brasileiro, meu mulato inzoneiro, mas tomaram o partido de uma ditadura.

A música começa com uma ordem unida: Escola...Marche...E aí toque praias ensolaradas, a mão de Deus abençoando, a mulher com mais amor, o céu com mais estrela e o sol com mais esplendor. E diz que vai plantar amor, buscam os chavões das mulatas e as tardes mais douradas. Dom, Ravel e os incríveis “Incríveis” eram o motor, acho que oportunistas, para alienar a juventude do Brasil.

Para baixar um manto sobre a censura e a expulsão de brasileiros. Era uma estratégia para esconder as práticas e a ética do regime militar. Um regime tão picareta que se aproveitava da rebeldia de alguns jovens de classe média que resistia a ela, como se ali fosse um dia de juízo final.

Caetano Veloso em recente entrevista a Geneton Moraes Neto sobre aqueles anos lembra um episódio que bem traduz o jogo duro tentando se esconder atrás de um marketing ameno. Estava exilado e a irmã Betânia negocia seu retorno para apenas uma visita aos pais que comemoravam importante data. Caetano chega com a ex-mulher Dedé e ao descer no Galeão é imediatamente recolhido num carro, sem ao menos justificarem nada para os companheiros de viagem.

É levado para um prédio no centro da cidade do Rio e lá submetido a enorme pressão. Queriam que declarasse coisas a favor do regime. Que ele estava fora do país por vontade própria, quando isso não era verdade. Queria o mais incrível, que ele compusesse uma música para servir de marketing ao regime. Ele se recusou, mas teve que aceitar fazer dois shows na televisão globo para demonstrar que o regime não tinha nada com ele.

Impuseram-lhe estes dois programas e a rede globo estava a serviço da estratégia. Acontece que naqueles anos Caetano escrevia no jornal O Pasquim e todo mundo sabia por que estava fora do Brasil. E quanto ao Dom e Ravel?

Eram de Itaiçaba no Ceará. Irmãos migrantes ainda jovens para São Paulo. Um deles tinha talento musical e o professor lhe apelidou de Ravel, o Dom veio depois. Em 1969 gravaram o primeiro LP, intitulado Terra Boa, no qual havia a música “Você também é responsável”. O Coronel Jarbas Passarinho, ministro da Educação do Presidente Médici, a tornou o hino do MOBRAL (movimento de alfabetização de adultos). O sucesso do Eu te amo meu Brasil, foi tal para quadros do regime que o governador paulista Abreu Sodré teria sugerido ao presidente Médici transformá-lo em hino nacional.

A dupla virou, para sempre, símbolo da bajulação da direita e do regime. Mas foi quando em 1973, revelando a trajetória de sua família pobre gravaram a música “Animais Irracionais” denunciando as injustiças sociais. Era o fim do Milagre Econômico e eles eram povo. A direita não gostou e os dois sentiram na pele aquilo que o ufanismo daquela Eu te amo, tentava esconder na pele dos outros.

"Poemínimo" - Como Tiago ensina ...


Corpos de papel 

Barraco de versos

Se chover 

Vai borrar letrinhas

(socorro moreira) 


"Corpos de Papel" 

De catarse em catarse 
a gente vai dissolvendo o impasse...!

(Ulisses Germano)

Cadê ? - Por Isabela Pinheiro



Cadê?

Cadê meu amor?

Cadê teu amor?

Cadê nosso amor?

Cadê tudo isso?


Alguma coisa aconteceu

O nosso amor morreu

Como conquistar para o nosso amor voltar

E de repente você verá

Que conquistará

Para o nosso amor continuar.

foto de Isabela e Miguel by Joaquim Pinheiro

Das Dores- por socorro moreira




Das Dores
Tem o manto das noites
Viaja dias a fio
Nunca pára ,
nunca deita ,
nunca alcança o impossível

Espreitas aleatórias
Não tem país , nem história
Parece feita de pedra
parece feita de chão
Dança no ventre a paixão
mas gosta da solidão

Nunca escuta , nunca dita
Não liga o rádio da vida
Não canta alguma canção.
Seu mundo é tão obscuro
Feito nuvem condensada
numa ampla escuridão.

A loucura é seu destino
É assim desde menina ...
No céu da desolação.

Das Dores é minha alma
Pagã , em busca de fé
espera a compensação.

Uma luz que se aproxima
da agústia lhe desvia
mas a sina de Dasdores
é achar o seu condão.

Arte fotográfica - Por Emerson Monteiro

O escritor, fotógrafo, artista plástico, político e amigo é gente do nosso Azul!

Saudades do João...



* Editora Coqueiro em 20/04/2006 09:09


Violeiro João Nicodemus - Cebolão brasileiro
A AFINAÇÃO CEBOLÃO, típica da viola paulista, marca a apresentação de João Nicodemos (Foto: Divulgação).


Henrique Nunes

A tradução da viola e do cancioneiro brasileiros, influenciados pela convivência em São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Ceará, marca a trajetória do paulista João Nicodemos. Morando há seis anos na cidade de Crato, o músico faz sua primeira apresentação em Fortaleza hoje, no Centro Cultural Banco do Nordeste

Nascido no município paulista de Tupã, filho cearense e mineira, João Nicodemos rodou um bocado pelo Brasil, absorvendo a cultura destes vários Estados. Além de São Paulo, Goiás, Minas, Mato Grosso do Sul e Ceará, também passou pelo Rio de Janeiro. “Sempre acompanhado pela música, toco vários instrumentos. A viola trato para as raízes regionais, desde o Mato Grosso do Sul, por volta de 87, 88”, descreve.

O músico conta que o instrumento, comum às mais diversas regiões do país, teve um processo distinto de interação com o seu universo musical. “A viola foi a minha professora mesmo, enquanto os outros instrumentos, estudei com professores e tudo... Com a viola não, foi saindo, na ponta do dedo”. Entre outras linguagens desenvolvidas pelo músico, estão o choro (onde ele se acompanha por cavaquinho e sax soprano) e a bossa nova (já através do sax alto). Mas sua aproximação com a música nordestina de raiz acabou o levando a aproximar-se de outro instrumento, a rabeca. “Ia até levar praí, mas vou só com a viola mesmo”.

A viola e toda a sua expressividade musical, em que integram-se linguagens de várias regiões e épocas. Um arranjo simples de “Trenzinho Caipira” sugere o passeio pelo Brasil a bordo de sua viola Xadrez, um modelo com dez cordas de aço que acompanha o estilo paulista até mesmo na afinação “cebolão”. João Nicodemos conta que teve violas de luthiers (caboclos danados na fabricação de instrumentos), mas prefere usar o seu pequeno modelo Xadrez com afinação em ré. Em geral, entre as mais de 20 variações de afinação, a mais usada é em mi. “É ‘cebolão’ porque esta afinação emocionava as moças até as lágrimas em outros tempos”, conta.

Segundo o violeiro, este é um instrumento personalizado, em que você começa a estudar e a tocar, e que, como a rabeca, permite criar uma afinação diferente. “É um instrumento que tem uma história profunda na música brasileira, desde o começo do século passado se toca, se compõe, e que hoje tem um boom muito grande, até orquestras de viola, em Minas e São Paulo”, aponta, acrescentando de pronto: “Eu posso dizer que traduzo o meu sentimento de brasilidade tocando viola. Um violeiro aprende com o outro, aceitando as sonoridades, os ritmos, o timbre, o jeito de tocar, de cada região, cada tradição de cada lugar”.

Depois de embarcar no “Trenzinho” de Villa-Lobos, São Paulo dá o tom em bom “cebolão” com Angelino de Oliveira (“Tristeza do Jeca”), a popular “Cuitelinho” (resgatada pelo paulista Paulo Vanzolini), partindo depois para Goiás com Tião Carrero e sua “Rio de Lágrimas”, (Tião Carrero), Mato Grosso do Sul, via o paulista Mário Zan com “Chalana” e ainda com uma composição própria de Nicodemos, um misto de guarânia e rasqueado “Para Helena” (a violeira sul-matogrossense Helena Meireles).

“Depois de andar um pouco por ali, chego no Nordeste, com Luiz Gonzaga, um pout-pourri com ‘Matulão’, ‘Asa Branca’, ‘Juazeiro’, ‘Algodão’. Também passo pelos baiões estilizados, a bossa nordestina de Edu Lobo, ‘Arrastão’, ‘Ponteio’... E tem também ‘Cio da Terra’, representando um sentimento mineiro”, expõe o paulista bom de palavra. Segundo ele, a empatia com o público, através deste passeio interregional pela verdadeira música sertaneja brasileira, se torna, assim, uma possibilidade real.(...)


"Diário do Nordeste", 20/4/2006:
http://diariodonordeste.globo.com/