por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 20 de outubro de 2014

COMO ENTENDO QUE MIGUEL ARRAES JAMAIS VOTARIA EM AÉCIO NEVES - José do Vale Pinheiro Feitosa

Meu pai tinha o sobrenome. Eu, no entanto, não o tinha. Carregava com orgulho o sobrenome da minha mãe. Mas o sofrimento familiar, a começar pelos primos, pelos filhos de Célia e Miguel que foram crianças como eu no mesmo ambiente, pelos tios, pela ignomínia de ver nas "revisas semanais" da época Miguel Arraes preso em Fernando de Noronha. Aquele homem que nunca pegou em armas, nunca se escondeu atrás de nomes falsos (por mera covardia), tudo que fez em política foi pelo voto e com o povo de Pernambuco e muita simpatia do Brasil inteiro. 

Quando retornou ao Brasil, uma geração de políticos jovens tinha ocupado o espaço Pernambuco da oposição. Ele voltou como um herói nacional, mas teve que ralar pelas cidades do estado para se colocar em liderança novamente. Miguel Arraes não foi um dos maiores políticos do Brasil do século XX apenas porque tinha projeção, ele tinha projeção porque não pertencia à elite pernambucana, era um homem dos sertões e ao lado de um projeto nacional se pôs. 

Entre o projeto de governo do PT e de Miguel Arraes tinha muita integralidade estratégica e diferenças táticas, até pela matriz social de um e de outro. Miguel Arraes nunca se pôs ao lado de FHC, nunca chegou perto do PSDB e sempre se posicionou contra a política do Estado Mínimo e da prevalência dos interesses do Sistema Financeiro (neoliberalismo). 

Pela proximidade, foram quatro anos que ainda vivi no Crato, eu sei, lembro, tenho testemunhas, a família lembra, recorda, não se esquece do comportamento escuso, ausente, até covarde de uma gente que apoiava o Golpe Militar a partir de 1964. Isso não se esquece e sempre que argumentos se manifestam tentando confundir o passado para justificar as próprias posições no presente, a lembrança se manifesta viva como o voto que daremos no próximo dia 26 de outubro.  

Miguel Arraes foi atacado porque defendia um país igualitário, com uma sociedade de direitos humanos, um país soberano, amigo das nações, mas livre para definir o seu destino no interesse do seu povo. Miguel Arraes nunca foi aliado do agronegócio, sempre pensou no progresso do camponês, nunca jogou com o destino do povo, jamais vacilou, mesmo quando por ordem tática havia de fazer acordos políticos.

Miguel Arraes, o grande líder da esquerda nordestina e brasileira, era um nome de realce na esquerda mundial. O próprio exílio o colocou ao lado dos grandes movimentos libertários da África e da Ásia. Viveu ao lado de refugiados, torturados, banidos, expulsos por toda a América Latina e especialmente do Brasil. Miguel Arraes, foi perseguido pelos organismos do governo americano que fizeram ampla campanha e sabotagens contra ele. 

Miguel Arraes, a unidade, a união, nunca se poria ao lado de Aécio Neves por tudo que conhecemos dele. Por toda a história de Arraes no campo da ação política fica claro que ele é um guia até hoje. É, pela sua história e a herança que nos deixou, quem vai orientar o nosso voto. 

Não esqueçamos que esta velha política dos surfistas da corrupção é o principal argumento da direita brasileira desde a República Velha. Como não podem demonstrar as verdadeiras intensões de suas políticas, eles destroem, criam enredos e histórias, gritam a pleno ódio e geram torcidas violentas como as de futebol, tudo com a fumaça de que corrupto são os outros. 


Quando Miguel Arraes retornou ao Brasil esta mesma direita que vocifera no ombro do Aécio Neves, pôs cartazes dizendo que ele era o homem de seis milhões de dólares, a baixaria típica destes privilegiados que temem a cada minuto perder a mamata. E nunca esqueçam que tentaram arrastar Eduardo Campos, há muitos anos atrás, no famoso caso das Precatórias. E agora mesmo lançam na sala o Senador Guerra já morto, do PSDB, só para justificar o vazamento de nomes do PT.

Um comentário:

Stela disse...

Pois é... também acho.
Abraço Zé do Vale.