por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 2 de novembro de 2012

É A GRANA, ESTÚPIDO! - José do Vale Pinheiro Feitosa


É a grana, estúpido! Repetindo a frase do marqueteiro James Carville na campanha de Bill Clinton de 1992. A grana é fonte do poder absoluto e só a sociedade diretamente ou pelo Estado pode controlar este poder. Os liberais acreditam mais na liberdade das “mãos-cheias-de-grana” do que no bem comum da sociedade. O discurso desta corrente econômica evoluiu do dinamismo pessoal e das possibilidades criativas dos sujeitos para a defesa franca e bastarda dos ricos.

Os liberais navegaram tão mais além de suas raias singradas que se tornaram meros “capitães-do-mato” a “serviço” das “mãos-cheias-de-grana”. Por isso é que enquanto os comuns afiliados às correntes ideológicas da direita neoliberal, abrigadas no Brasil no PSDB e DEM, mas espalhada em todos os partidos, afinam sua fé confessional, apenas são a correia de transmissão daquelas ditas “mãos-cheias”.

Na verdade a essência, o núcleo ideológico, “núcleo duro” como os “intelectuais” do PSDB gostavam de dizer nos anos das privatizações, são economistas, jornalistas, dono de mídia e funcionários de bancos de investimento no jogo financeiro do mais absolutismo do capitalismo em todos os tempos.

Quando falamos de absolutismo estamos nos entendendo: é a contrarrevolução ao movimento liberal burguês dos velhos tempos. Afinal uma parcela “golpista”, por meio de uma enorme concentração financeira, criou a hegemonia absolutista que enforca as empresas produtivas, as contas dos Estados Nacionais e os caraminguás das famílias.

Na base de toda a crise atual está esse poder absolutista operando sob a forma da chamada “austeridade” gargalando as instituições, promovendo a recessão ampla geral e irrestrita e destruindo a renda das famílias. E o pior é que não existem reações “pacíficas” à “austeridade”, mesmo o exemplo da Islândia que levou o povo a escrever a própria constituição através de um plebiscito, não tem nada de manso ou mera passagem de bastão.

A verdade é que o salve-se quem puder dos momentos mais agudos deste abalo sistêmico levam os ratos a pularem dos barcos. E foi assim que um funcionário do Banco HSBC levantou os depósitos de lavagem de dinheiro e fuga fiscal de milionários de todo mundo. Entre estes “mãos-cheias-de-grana” muitos gregos. Isso mesmo: os gregos que hoje não têm emprego, passam fome e agitam as ruas. 

Esta lista acabou nas mãos de Cristine Lagarde, atual mandatária do FMI quando ainda era ministra francesa. Cristine por algum sentimento de raiva ou para criar instrumento para salvar o Euro e a União Europeia, entregou a lista para o Ministro das Finanças da Grécia. Esse não fez nada. Nada aconteceu no poder executivo, no poder legislativo e no judiciário. Todos fazem parte do mesmo esquema absolutista de enforcar o povo grego.

Há poucos dias o jornalista grego Costas Vaxevanis teve a lista em suas mãos e não mediu consequências. Publicou a lista das “mãos-cheias-de-grana” com suas contas ilegais na Suíça e outros países. Como o sobrenome do homem lembra para nós de fala portuguesa: foi um Vexame. Empresários, advogados, médicos, jornalistas, ex-ministros e até pessoas jurídicas de companhias gregas escondiam a mufunfa do fisco grego.   

O jornalista foi processado. O jornalista! Não os sonegadores. O jornalista foi processado e pegaria até três anos no xilindró. Só que o clima nas ruas da Grécia não está para peixe e os gregos devem muito aos europeus para que o espírito de grupo funcione favoravelmente a quem esconde grana quando os cobradores querem receber.

Ora o jornalista foi inocentado. Talvez esqueçam de fato das consequências para os nomes da lista, mas uma coisa é certa, o jogo desse povo está exposto. Mas não é impossível que algum leitor que chegue até estas últimas linhas diga: a culpa é do excesso de impostos. Mas como cara pálida? Você é contra o liberalismo? É pelo superávit primário e pelos juros que as “mãos-cheias-de-grana” recebem mais notas entre os dedos.

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