por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 1 de maio de 2012


FAZENDO AS PAZES COM UMA TANGERINA – por Stela Siebra
Sabe aquela história de procurar uma coisa e achar outra? Na bagunça suportável de uma estante, encontrei hoje um livro do monge budista Thich Nhât Hanh , que tenho desde 1989. Eu procurava um dos meus livros de Astrologia e eis que “O Milagre da mente alerta” se apresenta para mim, como me dizendo: ‘nesse momento você precisa reler minhas lições’. Bom, como eu sempre estou precisando aquietar minha mente... fui reler o livro, cuja base é o ato de respirar consciente, é o foco na ação que se está fazendo, como caminho para a unidade, para a percepção da realidade como um todo e não compartimentos estanques. Parece simples, mas o pensamento gosta de voar, é preciso disciplina para se chegar à concentração. Pelo menos para mim é assim. E lá vem aquela música que diz “o pensamento parece uma coisa à toa/ mas como é que a gente voa/ quando começa a pensar”.
Hum... mas onde é que entra a tangerina nessa história? No livro, Thich Nhât Hanh conta o fato de que um amigo seu estava chupando uma tangerina com toda sofreguidão, colocando um gomo atrás do outro na boca, sem mastigar, enquanto falava empolgado de seus planos para o futuro. O monge, então, chama sua atenção, pois se não saboreava um gomo de cada vez, não conseguiria tampouco saborear a tangerina inteira. Lembra-lhe que ele não está presente na ação, e que junto com a tangerina está engolindo seus planos.
Quando li o livro pela primeira vez lembrei-me de um fato semelhante que acontecera comigo: estávamos eu e uma prima saboreando umas tangerinas, quer dizer...minha prima saboreava, mas eu devorava as tangerinas, sem me dar conta que estava perdendo o melhor daquele momento. De repente, minha prima percebeu minha avidez e falou: “Oxe, que agonia é essa, menina? Tu nem respira!”. E começou a rir; também ri, porque nesse tempo eu tinha fama de estabanada, alvoroçada. Bom... ainda hoje essa fama me acompanha um pouquinho. A partir daí sempre que tenho uma tangerina em mãos, recordo-me da história e escolho saboreá-la com vagar, sorvendo seu sabor com prazer, lembrando-me do ensinamento recebido.
“Se você não está presente, você olha e não vê, escuta mas não ouve, come mas não saboreia”.

Um comentário:

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Uma saborosa tangerina de um pensamento que voa, pois voar é contemplar do alto. Com as asas se viaja e quem viaja saboreia a tangerina a cada gomo. Stela provando sua tangerina relativiza a velocidade, a agilidade com que voa na memória revela uma lição do tempo de cada um. O de Stela não se iguala à do mestre e nem a da prima e por isso ela pode falar no sabor da tangerina.