por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 10 de março de 2012

Quem é Hugo Linard? José do Vale Pinheiro Feitosa


Quem é Hugo Linard? O estudante, o músico, o pai de família, o aniversariante em sua cidade? Em 16 de abril, na estação da colheita, se houvesse uma praça central de toda a humanidade, neste dia haveria uma retreta. Irineu Sisnando de Alencar e Helena Gomes Alencar Linard, admirando o recém nascido e seus mistérios de futuro desde aquele remoto ano de 1947.
E tenho que me esforçar muito para responder quem é Hugo Linard. A primeira coisa é fugir de minhas próprias lembranças, dos momentos quando crianças aprendíamos a cartilha de ABC com Dona Elvirinha ou Dona Bernadete Cabral.
E aquele acordeom imenso nos braços pequenos da criança. Grande como foram os cem anos de fundação da cidade, imenso e inexplicável como aquela linguagem particular da música qual um Mozart tão precoce já decifrava.
A segunda coisa a me esforçar para entender quem é Hugo Linard, pertence à superação dos próprios impulsos, ações e lembranças dele mesmo. Não saberemos quem é Hugo Linard apenas perguntando a ele mesmo.
E para mim está claro: ele não se explica pelas minhas lembranças e nem pelas próprias lembranças dele. É que há muito aquele modo silente de hoje, econômico nas palavras, deixou de ser explicado apenas por sujeitos individuais. Nem eu e nem ele somos suficientes.
Não adianta acompanhar os graves e agudos de suas travessuras no colégio e a transcendência de seu semblante enquanto os dedos dançam com os baixos e a melodia. E seu Irineu, com o rosto branco e avermelhado de sol e trabalho, um homem forte a comprar gado nos currais e retalhar suas carnes na retidão honesta do seu ganha pão no box do mercado.
O pai empresário, o filho profissional, o músico por nascença, o profissional por expressão, a música por cotidiano. Hugo Linard está narrado, mas ainda não compreendido. Como disse: as lembranças não são suficientes para as dimensões dele.
Então superemos estas limitações e avancemos até a fonte que traduz Hugo Linard. Nem o pequeno Mozart, nem o talento, nem todas as ligações que seus conjuntos enfeitiçaram entre casais. Mesmo que busquemos as estrelas e a lua que brilham contemporâneas às performances dos músicos não serão suficientes a nos explicar. Mesmo por que as longas e ensolaradas tardes de ensaio numa casa da Vila Jubilar também eram Hugo e seu Azes do Ritmo.
A questão central é que a resposta em responder quem é Hugo Linard não está aqui nestas palavras e nesta crônica. A resposta está em mais ou menos 7 gerações de seres que nasceram ou viveram no Cariri e nas redondezas da bacia sedimentar da Chapada do Araripe.
A resposta é... Um patrimônio intangível deste povo. O mesmo que com riso de compreensão comemora o aniversário de Hugo Linard neste 16 de abril de 2012. E que o baile comece.




Um comentário:

socorro moreira disse...

Linda crônica !

Arte não se explica...é emoção!
Você é tocador de letras!